LIVRO ABORDA DOLOROSO CAMINHO DA DEPRESSÃO


Lana Valentim. Foto: Divulgação
Em 2012, a jornalista e escritora Svetlana Valentim deu entrada em um pronto-socorro do Recife tomada pelo desespero. Com as pernas doloridas e inchadas, implorava para os médicos amputá-las. Hoje, ao olhar para trás, ela reconhece que os sintomas eram todos psicológicos, frutos de uma das várias crises depressivas sofridas ao longo da vida. Não por acaso, o último episódio veio à tona justamente quando Lana transformava as agruras do passado em bandeira contra as doenças sociais. O projeto começa a tomar corpo nesta terça-feira (28), com o lançamento de Caminhos de Lana - como venci a depressão (Carpe Diem, 200 páginas, R$ 35).

Por meio de textos escritos durante uma grave crise depressiva, a pernambucana revela as muitas facetas da doença e os caminhos possíveis para a cura. De um lado, estão poesias densas e obscuras, capazes de lançar luz sobre as dores, a falta de interação com o mundo e a impotência diante da enfermidade psíquica. Do outro, as crônicas caminham leves, serenas, e são quase didáticas ao encarar o problema como um desequilíbrio biológico que precisa ser tratado.

“Não escrevi pensando em fazer livro, e sim como uma maneira de interagir comigo mesma e com a vida. Quando estava em crise profunda, me isolava, não falava com ninguém, mal me alimentava. Perdi todo o contato com o mundo”, diz. Após a superação do problema, Lana Valentim decretou como missão de vida o combate aos males da alma. “Quero ajudar o máximo de pessoas que sofrem bastante e muitas vezes nem sabem qual o problema”.

Além da própria doença, Lana Valentim destaca o preconceito como outro vilão de relevância no contexto. Ela própria foi vítima, inclusive dentro de casa. “Você se transforma em um peso. Se antes era uma pessoa produtiva e de repente não tem mais condições de manter o ritmo, ninguém aceita ou entende. O preconceito parte da sociedade e dos amigos, que privilegiam os vitoriosos e se afastam de quem está mal. Isso é desumano”, critica a autora.

Simultaneamente ao lançamento no Recife, entra no ar o portal www.lenteinterior.com.br, para expandir ainda mais o debate acerca da temática. Em seguida, estão agendados eventos de divulgação em livrarias de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e Salvador. Terminada a maratona, Lana vai lançar novamente o livro, desta vez no formato de história em quadrinhos. “O esforço é no sentido de alcançar todo mundo. Em HQ, teremos um apelo visual maior, e tornaremos a obra mais interessante”.

Ainda na agenda de divulgação do livro e da página na internet, estão palestras em escolas, abrigos e instuições para jovens infratores. “Quero falar também para adolescentes que desde cedo têm a alma machucada, massacrada. São abandonados pela família, cobrados pela sociedade, sofrem diante dos apelos consumistas… e acabam seguindo caminhos errados. Essas são vítimas da vida”. Todas as apresentações serão gravadas e disponibilizadas na internet.

A partir do Diário de Pernambuco. Leia no original

SAIBA MAIS
Outros livros que abordam o tema
  
Sociedade x a depressão (Letras do Pensamento, 184 páginas, R$ 29), Roberto Hristos Ioannou
Depressão e autoconhecimento (Dufaux, 235 páginas, R$ 42), de Wanderley Oliveira
Depressão - teoria e clínica (Artmed, 248 páginas, R$ 79), de Antônio Geraldo Da Silva
Vencendo a depressão (Nossa Cultura, 363 páginas, R$ 44,90), de Richard O'Connor

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4 comentários :

  1. Anônimo2/10/14

    Sofrer pela doença já é muito difícil, mas o sofrimento pelo preconceito é muito mais cruel, porque quando estamos doentes, precisamos de apoio e compreensão... e de cuidados. Não de censura e críticas.

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  2. Anônimo10/4/15

    Já estou com 40 anos, vejo como se estivesse na metade da vida, sofro de depressão desde a infância, mas até agora não consegui melhorar. Formei família, sou casada há 5 anos, temos duas filhas muito bem educadas, sou estudante em uma Universidade particular. Já tomei muitos remédios para dormir de vez... Mas... sempre acordo, acho que estou sempre usando pouca dosagem, já cheguei a tomar 10 comprimidos tarja preta, dormi e nada aconteceu. Já estou em tratamento, mas infelizmente a depressão não é como as ciências exatas. A nossa subjetividade faz com que a depressão seja única em cada ser. Sendo assim a cura é muito difícil, porque acredito que a atenção para pessoas depressivas poderia ser extremamente individual, sabendo que somos seres humanos que pensamos e criamos imaginações. Além de ter sempre a percepção da exclusão até mesmo dentro da família, aquela em constitui. Todos me veem como louca, mimada e preguiçosa. Todos não compreendem que isso é doença.

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  3. Anônimo13/10/16

    Tenho depressão a alguns anos, pior que a depressão é o bullying que você sofre por isso, os livros do "Augusto Cury" me ajudaram bastante, mas não o suficiente, não acredito mais em deus, minha família sempre me desprezou,ja tentei suicídio diversas vezes, só digo que, em minha opinião, depressão não tem cura, tomo antidepressivos e antipsicticos a anos e nunca vi diferença, a vontade de morrer prevalece..

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  4. Anônimo13/10/16

    Tenho depressão a alguns anos, pior que a depressão é o bullying que você sofre por isso, os livros do "Augusto Cury" me ajudaram bastante, mas não o suficiente, não acredito mais em deus, minha família sempre me desprezou,ja tentei suicídio diversas vezes, só digo que, em minha opinião, depressão não tem cura, tomo antidepressivos e antipsicticos a anos e nunca vi diferença, a vontade de morrer prevalece..

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