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O POUCO QUE NOS FALTA E O MUITO QUE TEMOS

1/23/2013

Chove e chove e chove, sem parar...

O dia fica mais escuro e nos remete, sem querer, ao passado. Em uma viagem onde tudo era simples e brincar na chuva, nada mais era do que uma maneira de se divertir e ser feliz. 

Me lembro que quando ameaçava chuva, esperava ansiosa para poder correr pra ela e me molhar e andar debaixo do beiral da casa, onde formava uma cortina de água. Depois corria pra rua e quando a chuva já estava mais forte a ponto de formar uma enxurrada na beira do meio fio, eu me sentava para bloquear o caminho da água e fazer com que passasse por cima das minhas pernas. Ou, ainda, quando não me atrevia a tanto, colocava meus pés, um na frente do outro pra fazer a mesma barragem. E ficava ali, olhando, como se fosse a coisa mais legal do mundo. Sem falar no barquinho improvisado que fazia, de papel, e deixava correr como se tivesse rumo certo e pressa em chegar ao destino: “bueiro”.

Não me lembro de ter ficado doente ou pego alguma bactéria por ter cometido tamanho desatino...rs

Me lembro também, das vezes em que passava férias na casa da minha avó, no sítio, e lá me deparava com uma outra espécie de chuva. Uma que chegava apavorando, gritando e esparramando tudo o que via pela frente. Com direito a pedras e tudo mais. E quando a coisa ficava mais séria, minha avó mandava a gente se esconder debaixo da mesa, pois havia o risco do granizo quebrar as telhas e elas caírem sobre a gente. É, porque não tinha forro, nem laje como é tão normal nos dias de hoje. Na hora era um pavor só, mas ao mesmo tempo, uma aventura que, duvido muito, que alguma criança tenha nestes tempo.

Antigamente as casas eram pequenas, as pessoas ficavam mais unidas, tanto no carinho quanto nas horas de medo. Não tinha muito pra onde correr, era só rezar pra que a chuva fosse embora sem fazer muitos estragos.

Hoje temos construído casas gigantes, com muitos cômodos, muitas salas e muitos banheiros, sendo que, na verdade pouco usufruímos de tudo isto. Já não nos satisfazemos com uma casa térrea, precisamos ter um andar, dois... e nem sempre  sente-se o calor e a sensação de um lar, de que ali abriga uma família. Parece mais uma caixa grande, dividida em várias caixinhas, com pessoas espalhadas por ali.

Temos salas, que em metros quadrados, tem o mesmo tamanho de pequenas residências. O mesmo tamanho das nossas casas na infância, onde éramos felizes e o pouco espaço não diminuía em nada esta felicidade.

Li uma frase estes dias no Facebook, onde dizia “sofremos demais pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos”. É a mais pura verdade. Somos exigentes demais e quando pensamos em uma fase em que a vida tenha sido maravilhosa, vamos direto para a infância, onde tínhamos muito menos, mas éramos muito mais.

A chuva ainda continua, o domingo vai se acabando devagar e amanhã talvez venha o sol ou mais chuva (quem sabe?!), mas com certeza uma nova oportunidade de diminuir os erros e sermos melhores que hoje.

Solange Grignolli
A partir do Angel Blog. Leia no original

DEPRESSÃO EM JOVENS LEVA À AUTOMUTILAÇÃO

10/26/2012

Você conhece seu filho? No fim da infância e durante a adolescência o diálogo com ele se torna difícil. Nesse período da vida pais e filhos podem se afastar por causa disso. Os jovens podem viver dramas, experiências e riscos que os pais nem imaginam. Na primeira reportagem da série especial, exibida pelo Jornal da Record, a repórter Cleisla Garcia mostra uma prática secreta de adolescentes que choca os pais e os especialistas: a automutilação.

A partir do R7. Veja no original

SOU UM SUICIDA DESDE A INFÂNCIA'

7/15/2012
"Sou um suicida desde a infância, mas naquela época não percebia isso. Quando algo não dava certo, tomava Dramim para poder dormir e não ter que encarar os problemas de frente. Desde muito pequeno, nunca encarei as coisas de frente (sempre fugi).

Meus pais sempre me super-protegeram e acredito que isso é que me tornou emocionalmente invalido. Invalido sim pois não tenho capacidade para lutar por meus sonhos e para enfrentar as dificuldades da vida. Eles resolviam meus problemas e, por isso, acho que não aprendi a resolver.

Tenho a sensação que a maneira como fui educado na minha infância determinaram a porcaria que sou hoje. Porcaria que - por infinitas vezes tentei superar. Mas, quando me vejo, repito sempre o mesmo comportamento.

Minha primeira tentativa de suicídio foi ainda aos 17 anos, quando percebi que não conseguiria passar no vestibular de medicina. Sonhava ser medico, mas sempre estudei em escolas ruins que jamais me deram uma base boa de ensino. E, quando fui estudar para o 'vestiba', percebi que não tinha capacidade para passar no vestibular de medicina (pois não entendia nada do que os professores falavam no cursinho). Ate tentava estudar, mas tinha dificuldades em entender a aprender aquilo que era ensinado no cursinho.

No més de agosto, quando percebi que não passaria no 'vestiba' de medicina, tentei o suicídio (de modo ridículo e ineficaz), mas tentei. Minha primeira tentativa de suicídio foi realizada com a ingestão de 20 comprimidos de Dramim (imaginei que a dose era tao grande que seria impossível eu acordar).

Lembro, como se fosse hoje, que acordei cambaleante uns 2 dias depois e fiquei frustrado, porque não tinha conseguido morrer. Minha família nunca soube dessa minha tentativa pois eu morava só, e havia dito que iria viajar para a chácara de um amigo - e naquela época não existiam celulares.

Aos 18 anos fiquei diabético. Fiquei feliz com tal fato pois isso me permitiria morrer. Resolvi então deixar de tomar insulina.  Fui para o hospital infinitas vezes e sempre me faziam sobreviver (as pessoas não imaginavam que eu deixava de tomar insulina com o objetivo de morrer - sequer imaginavam que eu deixava de tomar insulina). AS pessoas achavam que eu era revoltado por ser diabético (nunca fui revoltado por ser diabético). Era revoltado por ter de viver e de não conseguir lutar pelos meus sonhos. Morrer seria bem mais fácil.

Assim que descobri que não morreria por não tomar insulina, resolvi morrer tomando insulina. Tomei uma overdose de insulina (10.000 unidades de insulina). Infelizmente um infeliz de um parente foi me visitar e me pegou inconsciente em casa. Ligou para o resgate e eles conseguiram, depois de muitas tentativas, me acordar. Fui para a UTI e fiquei la, mais de uma semana tomando glicose na veia ate que toda a insulina deixasse de fazer efeito. Durante uma semana tomeis glicose sem que fosse necessário tomar insulina. Até hoje amaldiçoo esse meu parente intrometido que me impediu de realizar meu sonho (que é morrer).

Acabei não conseguindo passar em medicina e então resolvi fazer vestibular para outro curso. Virei advogado e tentei estudar para o Ministério Público (mas não consegui perseverar nestes estudos - como não consigo perseverar em nada). Sou um absoluto fracasso. Não sei porque as pessoas insistem em querer que eu viva, se eu não quero viver.
Já fui casado, mas não quis ter filhos e isso fez com que acabasse me separando.

Como posso por alguém nesse mundo se acho que viver não vale de nada? Apenas colocarei alguém para sofrer.

Penso em tentar me matar novamente. Escrevo aqui para dizer que quero morrer e que não existe pessoa ou fato que me faça desistir desse meu objetivo. Sou um fracasso e a única coisa boa e útil (para mim e para a humanidade) que vislumbro é o fim de minha vida. Quero morrer! Preciso morrer! Desejo apenas morrer! Algo que vai acontecer com todas as pessoas do mundo!" 
Depoimento anônimo em Suicídio: Viver vale a pena?

  * * *

A professora Regina Reis, coordenadora do Projeto Ansiedade e Depressão na Infância e Adolescência (Proadia), ligado ao Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Instituto de Saúde da Comunidade (CCM) da Universidade Federal Fluminense (UFF), é especialista em diagnósticos e tratamento de depressão na infância e recentemente, no Rio de Janeiro, participou de um simpósio sobre suicídio infantil e adolescente.

Segundo ela, "a
 taxa de suicídio vem aumentando progressivamente nas últimas quatro décadas e, nos Estados Unidos, já é a 4ª causa de morte em crianças de 10 a 15 anos e a 3ª causa entre jovens de 15 a 25 anos". A psiquiatra observa que os principais fatores de risco para o suicídio infantil e adolescente são: a depressão, o fato de ser do sexo feminino, o abuso de drogas ou álcool, situações psicosociais recentes (como a mudança de escola e casa ou a separação dos pais e o fim de um namoro), baixa auto-estima, acesso a armas de fogo, tentativas anteriores de se matar e a ausência de tratamento psicológico após a primeira tentativa.

O número de tentativas de suicídio é muito maior entre o sexo feminino e, diferentemente dos homens que em geral apresentam apenas uma tentativa, “as mulheres passam mais tempo durante a vida planejando a própria morte”, afirma Regina, acrescentando que mesmo que a criança não tenha acesso a armas de fogo, a sua convivência cotidiana com elas constitui uma área de risco que facilita a idealização do suicídio. “As principais tentativas entre crianças e jovens acontecem por armas de fogo, enforcamento e super-dosagem de drogas e medicamentos”, disse.

Os pais devem estar atentos para os indícios da possibilidade do suicídio de seus filhos.  Dentre os fatores que o pronunciam estão a tristeza freqüente, o desespero, a fácil irritabilidade e a manifestação do desejo de estar morto. Nem sempre esses sintomas são nítidos nas crianças. A depressão, a causa mais comum do suicídio, não é tão facilmente identificável na infância como é na vida adulta. “Nem sempre a tristeza é aparente e por isso é importante observar se há na criança a perda de interesse pelas atividades que habitualmente eram interessantes e um aborrecimento ou falta de ânimo diante das atividades de recreação”, resume.

"É muito comum que jovens que pretendem o suicídio distribuam pertences seus entre amigos e familiares ou escrevam cartas e bilhetes aos mais próximos. Frases como ‘Eu sou um peso para vocês’ e ‘Eu nunca vou ser feliz’ também são freqüentes em casos de suicidas em potencial",  esclarece Regina. Logo após a tentativa de morte, a criança ou o jovem deve ficar hospitalizado por um período mínimo de 48 horas, em que estará sob observação e recebendo tratamento farmacológico. Passada a internação o correto é encaminhar a pessoa para um ambulatório de psiquiatria infantil e adolescente onde ela receberá o tratamento adequado que deverá ser continuado.

A grande maioria das depressões em adolescentes e crianças, de acordo com a especialista, pode ser superada e controlada pela intervenção ambulatorial e através do apoio familiar e da escola, evitando chegar ao estágio de suicídio. Em muitos casos, a tentativa de suicídio infantil não é levada a sério, é vista como forma de chamar atenção e deixada de lado pelos pais e familiares que não provêm à criança a assistência psicológica necessária. ”O mito de que as crianças não cometem suicídio impede que o psiquiatra investigue essa condição clínica e atrasa o começo do tratamento”, concluiu Regina. (saiba mais)
 
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