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A FACE FELIZ DE QUEM SOFRE DE DEPRESSÃO

10/05/2017
O vocalista do Linkin Park, Chester Bennington, com a mulher Talinda, em 2012; ele se matou neste ano

Trinta e seis horas antes de cometer suicídio, Chester Bennington, do Linkin Park, se divertia com a família num vídeo divulgado por sua mulher. "A depressão não tem rosto ou mau humor", escreveu Talinda, no Twitter.

Não sei como é para outras pessoas que sofrem com a doença, mas ouvi muitas vezes que eu parecia ótima. Eu queria estar bem, me divertir, voltar a experimentar aquilo que chamamos de felicidade. Desejava reencontrar a pessoa que sempre fui até sofrer uma crise de pânico e mergulhar numa tristeza profunda. Era a vontade de superar o problema que fazia com que, na maioria das vezes, eu não parecesse triste. Mas eu sabia que estava.

Durante mais ou menos um ano a hora mais feliz do meu dia era quando eu deitava na cama e fechava os olhos, com a esperança de que aquela noite de sono não terminasse nunca. Não era vontade de morrer, mas eu imaginava que se dormisse muito talvez acordasse mais disposta a ser feliz de novo.

Nunca era o suficiente. Nem o sono, nem os remédios, nem a paciência do meu psicanalista ou o infinito amor que recebi do meu marido e dos meus pais naquele período.

Eu queria estar bem. Me esforçava a reagir e parecer recuperada. Não podia decepcionar quem estava em minha volta. Então, eu tentava alcançar dentro de mim a pessoa que havia se perdido, mas durante a maior parte do tempo não tive forças para mergulhar tão fundo para resgatar aquela parte que havia naufragado.

Lembro que alternava entusiasmo exagerado em qualquer coisa que fizesse com dias e dias em que não queria sair de casa para nada. E era durante os episódios em que bancava a esfuziante que eu mais me enganava. E os outros acreditavam. E eu confiava no que eles viam.

Gostava de ouvir que estava bem, talvez eles conseguissem ver nitidamente o que eu não conseguia sentir. Em alguns momentos pensei que pudesse estar fingindo. Não estava. Estava tentando me arrancar daquele buraco. Mas entendi que a felicidade que eu transmitia era só a tarja preta que anestesiava a tristeza.

Funcionava. Cheguei a interromper a medicação, tudo com acompanhamento médico, porque me sentia melhor. Achava que tinha uma parte naquele processo que dependia apenas de vontade. Não adianta só querer. Levei um tombo. Mas foi dessa vez que entendi que dá para conviver pacificamente com a doença, embora os sintomas estejam apenas adormecidos.

Quase tudo que vivi naquele período parece meio nublado agora. Mesmo as lembranças dos bons momentos nem sempre têm a nitidez que a felicidade carimba em nossa memória. O cérebro não conseguia assimilar.

Não sei o que a depressão causa nos outros. Em mim, era como se a doença sufocasse no peito a pessoa alegre, divertida e bem-humorada que sempre fui. Era como se, por mais que eu tentasse, não conseguisse sentir prazer em pequenas coisas ou euforia nos grandes acontecimentos. Me olhava no espelho e não me enxergava. Passei um ano e meio da vida chapada de tristeza.

Deixei de fazer muitas coisas que gostava. O único prazer que eu tinha era afundar no sofá e beber. Beber até anestesiar os sentimentos e dormir noites intermináveis de sono. Tenho sorte. Muita gente não tem. Tornam-se alcoólatras, viciados em drogas, tiram a própria vida, tudo para fugir da dor de sentir-se triste.

Pessoas passam a vida lutando diariamente contra a depressão, algumas conseguem colocar a cabeça para fora da lama e respirar. Não sei o que funcionou no meu caso. Mas quando isso aconteceu, percebi que a doença tinha causado transformações em mim, inclusive fisicamente. Foi como se eu estivesse ficando sóbria aos poucos e me dando conta do estrago que ela tinha feito. E a ressaca é grande. Mas ela passa.

Imagine que você consegue recuperar o seu HD inteiro e ele te ajuda a lembrar quem você é, te mostra os caminhos que costumava fazer para sentir-se feliz. Dançar, correr, comer ovos mexidos no café da manhã, fazer piadas bobas, soltar o verbo. Você consegue se lembrar de como era antes da doença, que nem sempre teve que lidar com o desequilíbrio causado por suas emoções. Foi o que aconteceu comigo. E eu me agarrei a isso. E todos os dias faço um baita esforço para não soltar essa corda.

Hoje, sinto-me sóbria, e não porque não tomo mais remédios, mas porque voltei a experimentar sentimentos na intensidade que eles têm de fato. Fico feliz, alegre, decepcionada, animada e triste também. Faz parte da vida experimentar disso tudo no dia a dia. Já a depressão é um mergulho profundo na tristeza, mas nem sempre ela parece, aos olhos de quem está de fora, tão triste e devastadora quanto pode ser.

A partir do UOL. Leia no original

'SURTO DE SUICÍDIOS' NA USP MOBILIZA ALUNOS E PROFESSORES

9/03/2017
Marcos Santos/USP Imagens

Um série de tentativas de suicídio entre alunos do quarto ano de medicina da USP tem mobilizado estudantes e professores de uma das melhores faculdades do país.

Ao menos seis casos foram registrados neste ano –três nas últimas semanas de abril.

O clima de tensão aparece em páginas do Facebook dos estudantes –que citam "surto de suicídios"– e em textos de professores aos alunos.

"Ficamos muito chocados com os acontecimentos recentes envolvendo a saúde dos alunos. Há uma grande apreensão e tristeza pairando em todos nós", escreveu o coordenador do curso de clínica médica do quarto ano, Arnaldo Lichtenstein.

Em outra carta, um grupo de profissionais do serviço de psicoterapia do IPq (Instituto de Psiquiatria da USP) fala sobre a angústia dos alunos.

"Esgotamento, ansiedade, depressão, internações psiquiátricas, tentativas de suicídio, mortes. Os relatos [dos estudantes] nos parecem crescentes em frequência e intensidade, e soam como um pedido de ajuda."

O texto fala sobre as dificuldades em lidar com o assunto no ambiente acadêmico e termina com um convite para que os alunos saiam do silêncio e falem "do que não se fala, a não ser na privacidade dos corredores".

Na condição de anonimato, a Folha conversou com seis estudantes. Eles relatam que, no quarto ano, o aluno fica mais vulnerável porque as pressões se multiplicam.

"A formatura está próxima e a realidade da profissão vai matando as ilusões dos tempos de calouros. Há disputas infantis por notas, muitas divulgadas nominalmente."

Outro afirma que não existe tempo suficiente para atividades que não estejam ligadas ao mundo médico. As aulas começam às 8h e terminam às 18h quase todos dias.

"Além do cansaço mental, da desumanização cotidiana, temos que ter a cabeça tranquila para estudar doenças."

Os alunos apontam como um dos focos do problema a disciplina de clínica médica. "Em apenas dez semanas de duração, somos cobrados sobre fisiopatologia das doenças, sobre diagnósticos e sobre quais exames solicitar para excluir ou confirmar hipóteses", relata um deles.

Ele se queixam também que a saúde mental do aluno não é considerada quando se trata de faltas. "As notas de conceito [quase 50% da nota final] são multiplicadas pela frequência. Se o aluno está deprimido, não consegue ir às aulas. Mas não podemos faltar sem punição. Não temos tempo para cuidar da nossa saúde mental e física."

Outro fator de estresse são as "panelas". No quarto ano, são formados grupos de cerca de 15 alunos para o estágio obrigatório (internato).

Em várias universidades, como na Unicamp, os grupos são formados por sorteio, mas, na USP, é por livre escolha. São os alunos que decidem com quem se agruparão, o que gera grupos de exclusão e perseguição.

"Alunos mal vistos ou que não são bem relacionados, por inúmeros motivos, acabam sobrando e formando a famigerada 'panela lixo' ou são excluídos e têm que mendigar uma vaga entre os grupinhos já formados."

APOIO PSICOLÓGICO

Para Francisco Lotufo Neto, professor de psiquiatria indicado pela diretoria da FMUSP para falar sobre o assunto, as tentativas de suicídio estão relacionadas a uma soma de fatores.

"São jovens em amadurecimento, enfrentando a entrada numa profissão que tem contato com o sofrimento humano. É um curso difícil, que exige das pessoas. Também há a pressão pelo sucesso."

Em sua opinião, isso tudo leva a uma maior predisposição à depressão, que é mais prevalente entre os estudantes de medicina do que na população em geral.

Segundo ele, na comissão de graduação já existe um grupo que acompanha os alunos com dificuldades (por exemplo, que foram mal nas provas ou que têm faltado às aulas), mas que agora, após as tentativas de suicídio, foi criado um grupo de atendimento psicológico para atendimento individualizado.

Foi instituída também uma linha telefônica que funciona 24 horas para onde os alunos podem ligar em situações de emergência. "Fiquei como plantonista o fim de semana todo, mas ninguém ligou", diz Lotufo.

Sobre as queixas relativas à falta de tempo dos alunos, ele afirma que a nova grade curricular da medicina, implantada a partir de 2015, já prevê mais tempo livre aos alunos. "O atual quarto ano ainda segue a grade antiga."

Em relação às panelas, disse que já houve uma proposta da direção em adotar sorteios na formação dos grupos, mas que a maioria dos alunos foi contrária à ideia.

Sinais de Alerta

Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
  • falar sobre querer morrer
  • procurar formas de se matar
  • falar sobre estar sem esperança ou sobre não ter propósito
  • falar sobre estar se sentindo preso ou sob dor insuportável
  • falar sobre ser um peso para os outros
  • aumento no uso de do álcool e drogas
  • agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável
  • dormir muito ou pouco
  • se sentir isolado
  • demonstrar raiva ou falar sobre vingança
  • ter alterações de humor extremas
  • quanto mais sinais, maior pode ser o risco da pessoa
Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
O que fazer
  • não deixar a pessoa sozinha
  • tirar de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes
  • ligar para canais de ajuda
  • levar a pessoa para uma assistência especializada
Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
Alguns pontos de alerta para depressão em adolescentes:
  • Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos
  • Piora do desempenho na escola, no trabalho e em outras atividades rotineiras
  • Afastamento da família e de amigos
  • Perda de interesse em atividades de que gostava
  • Descuido com a aparência
  • Perda ou ganho inusitado de peso
  • Comentários autodepreciativos persistentes
  • Pessimismo em relação ao futuro, desesperança
  • Disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade e acessos de raiva)
  • Comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática
  • Doação de pertences que valorizava
Cerca de 90% das pessoas que morrem de suicídio possuíam transtornos mentais. Elas poderiam ser tratadas e acompanhadas


Mitos em relação ao suicídio

Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir uma pessoa a isso

Questionar sobre ideias de suicídio, fazendo-o de modo sensato e franco, fortalece o vínculo com uma pessoa, que se sente acolhida e respeitada por alguém que se interessa pela extensão de seu sofrimento.

Ele está ameaçando o suicídio apenas para manipular...

Muitas pessoas que se matam dão previamente sinais verbais ou não verbais de sua intenção para amigos, familiares ou médicos. Ainda que em alguns casos possa haver um componente manipulativo, não se pode deixar de considerar a existência do risco de suicídio.

Quem quer se matar, se mata mesmo

Essa ideia pode conduzir ao imobilismo. Ao contrário dessa ideia, as pessoas que pensam em suicídio frequentemente estão ambivalentes entre viver ou morrer. Quando falamos em prevenção, não se trata de evitar todos os suicídios, mas sim os que podem ser evitados.

Veja se da próxima vez você se mata mesmo!

O comportamento suicida exerce um impacto emocional sobre nós, desencadeia sentimentos de franca hostilidade e rejeição. Isso nos impede de tomar a tentativa de suicídio como um marco a partir do qual podem se mobilizar forças para uma mudança de vida.

Uma vez suicida, sempre suicida!

A elevação do risco de suicídio costuma ser passageira e relacionada a algumas condições de vida. Embora a ideação suicida possa retornar em outros momentos, ela não é permanente. Pessoas que já tentaram o suicídio podem viver, e bem, uma longa vida.

Telefones e sites de ajuda

Centro de Valorização da Vida (CVV): 141

Também é possível entrar em contato e receber apoio emocional do CVV via internet, a partir de email, chat e Skype 24 horas por dia


Fontes: American Foundation for Suicide Prevention; Centro de Valorização da Vida; "Comportamento suicida: vamos conversar sobre isso?", de Neury José Botega, membro-fundador da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio; "Preventing Suicide: A Global Imperative", da Organização Mundial da Saúde

A partir da Foilha de S.Paulo. Leia no original

PÂNICO : ALGUNS SINTOMAS DA DOENÇA

8/30/2017

A saúde mental ainda é considerada um tabu por muitos, apesar dos dados alarmantes: cerca de 15,1% da população brasileira sofre com algum tipo de transtorno, segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado em 2017. Deste percentual, 9,3% têm ansiedade, um dos principais problemas de saúde que desencadeiam a síndrome do pânico.

No último ano, apesar do receio em falar sobre o tema, diversas celebridades têm ajudado a derrubar o preconceito em torno da enfermidade. Giovanna Antonelli foi uma delas. Ela afirmou ter sofrido crises de pânico, aos 12 anos, assim como o padre Fábio de Melo que disse, recentemente, estar lutando contra a síndrome.

Ao compartilhar o momento difícil e sua melhora ao buscar tratamento médico, tanto o padre quanto Giovanna puderam alertar pessoas que sofrem com o mal ou que têm familiares na mesma situação a enfrentar ou até identificar transtorno.


Síndrome do pânico: o que é?


A síndrome que acomete três vezes mais mulheres que homens faz parte do que os especialistas enquadram de transtorno de ansiedade. De acordo com Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), só é considerado transtorno do pânico quando os ataques não acontecem imediatamente a uma situação de estresse ou de ameaças físicas reais, como por exemplo um assalto.

"As crises duram cerca de 10 a 20 minutos e se repetem com frequência semanal ou diária", explica Mario Louzã, psiquiatra e doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, na Alemanha, e que atende em São Paulo. "Os ataques podem ocorrer até mesmo durante o sono", diz. "A síndrome deve ser compreendida como um transtorno de causa multifatorial, com impacto genético, dos hormônios e até do ambiente socioeconômicos", diz Triana Portal, psicóloga clínica, também de SP. Traumas, frustrações, preocupações financeiras ou perdas emocionais são alguns gatilhos que causam a crise.

Tratamento

O tratamento do transtorno do pânico é acompanhado por psiquiatras que prescrevem medicamentos e também indicam psicoterapia, que ajuda a identificar o pânico e criar mecanismos para manter o controle durante a crise. O tratamento é contínuo, mesmo que o indivíduo entre em um quadro assintomático, "já que a suspensão abrupta dos medicamentos podem provocar crises ainda mais severas que as iniciais”, afirma Louzã. O especialista diz ainda que não há uma "cura", mas, sim, uma diminuição da dosagem dos remédios e espaçamento das consultas.




Veja alguns sintomas da síndrome do pânico

  • Palpitação ou taquicardia

    É uma das reações mais comuns. O coração bombeia mais sangue enquanto as amígdalas cerebrais --estruturas responsáveis pelas emoções de medo e apreensão e que não têm nada a ver com as glândulas da garganta-- entram em intensa atividade. E como acontece em um susto, elas descarregam adrenalina no organismo, como se preparassem o corpo para fugir de um perigo. Esse é o sintoma que mais assusta pessoas durante as crises, que acham que estão sofrendo um ataque cardíaco.
  • Suor excessivo e tremor
    O corpo e a mente estão completamente interligados. Com a descarga do homônio da adrenalina no organismo, o estado de apreensão causa tais reações físicas de nervosismo.
  • Falta de ar e asfixia
    A dificuldade de respirar acontece em decorrência da aceleração cardíaca e do medo de não entender o que está acontecendo com o corpo.
  • Enjoo, tontura, calafrios e boca seca

    O estresse experimentado pelo organismo também causa essas reações fisiológicas. 30% dos pacientes dos pacientes apresentam algum problema no sistema vestibular --conjunto de órgão do ouvido interno, responsável por perceber os movimentos do corpo--, fazendo com que o cérebro receba informações errôneas sobre a posição em relação ao espaço, causando a sensação de queda e flutuação.
  • Despersonalização e desrealização

    Percebidos em crises mais severas, esses episódios são descritos como uma separação do corpo, de não se identificar durante a crise nem reconhecer o ambiente. Há pessoas que relatam não reconhecer o quarto e seus objetos pessoais, por exemplo.
Fonte: Mario Louzã, psiquiatra e doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, na Alemanha. Yuri Busin, psicólogo e diretor Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio (SP). Triana Portal, psicóloga clínica (SP).

A partir do UOL. Leia no original
Imagem: Pexels

FÁBIO DE MELO FALA SOBRE SÍNDROME DO PÂNICO

8/09/2017

O padre e cantor Fábio de Melo, que atua na diocese de Taubaté, no interior de São Paulo, falou a respeito da síndrome do pânico da qual sofre atualmente em entrevista ao programa “No Ar”, na Rádio Globo.

“Eu sou extremamente aberto a contar minhas fraquezas. Acabei de te dizer que estou enfrentando uma síndrome do pânico. Não tenho medo da minha humanidade, sei que sou afetivamente exigido o tempo todo, faz parte do meu trabalho, as pessoas se aproximam de mim e chegam muito afetuosas, cheias de histórias. E é claro que há um desgaste emocional natural de tudo aquilo que eu faço”, contou.

“Estou vivendo um tempo muito difícil na minha vida, mas com muita disposição, também, não me sinto vítima. Não gosto desse ‘ai, coitadinho, tá cansado’. Quero continuar minha vida e fazer o que eu faço”, disse Melo.

Nas redes sociais do religioso, fãs dele estão pedindo correntes de oração pela melhora da sua saúde e enviando mensagens positivas. No programa, padre Fábio também falou sobre o sucesso que faz nas redes sociais.


"Gosto dos personagens que me ajudam no snap, me ajudam no Instagram a dizer o que nem sempre eu posso diretamente dizer. Mas eu sou eu. Não me escondo atrás de ninguém. Gosto dessa verdade. A autenticidade é a fatura que a gente tem que pagar com gosto todos os dias."

A partir da Revista IstoÉ. Leia no original
Imagem :  Divulgação

PÂNICO : ESTUDANTES CRIAM APLICATIVO PARA AJUDAR PESSOAS EM CRISE

8/02/2017
Be Okay inclui recursos para acalmar durante ataques e possibilita montar histórico
Gabriella Lopes (à esquerda) e duas colegas da PUC-Rio elaboraram um app para ajudar pessoas com crise de pânico

Três universitárias desenvolveram um aplicativo de celular para ajudar pessoas que têm crises de pânico ou de ansiedade. Batizado de Be Okay, o app já está disponível para aparelhos com sistema iOS, de forma gratuita. A intenção é ajudar tanto no exato momento da crise quanto a longo prazo. Quando o ataque está acontecendo, o usuário pode acessar uma animação para acompanhar um exercício de respiração — já que a falta de ar é um dos principais sintomas —; pode ver fotos que o acalmam, selecionadas previamente por ele mesmo; pode acionar uma discagem rápida para alguém capaz de ajudá-lo nessa hora, entre outros recursos.

Uma das criadoras, Gabriella Lopes, de 20 anos, conta que nunca experimentou ela própria uma crise de pânico, mas tem amigos e familiares que já passaram por tal situação.

— Conforme pesquisávamos para desenvolver o app, nos demos conta de que todos com quem nós falávamos conheciam pelo menos uma pessoa que já teve crise de pânico. É algo comum, e muitas vezes essas pessoas se veem sem qualquer ajuda — diz ela, que é estudante de Design de Mídia Digital.

A plataforma doi desenvolvida dentro do Programa de Formação para Desenvolvimento de Aplicativos iOS, coordenado pelo Laboratório de Engenharia de Software do Centro Técnico Científico (CTC) da PUC-Rio. Além de Gabriella, participaram da criação as alunas Ana Luiza Ferrer, do curso de Engenharia de Produção, e Helena Leitão, de Sistemas de Informação.

— Várias das funções do app foram fruto de sugestões de pessoas que já passaram por crises. Uma delas nos disse que o que a acalmava nessas horas era ver fotos de cachorrinhos pug — lembra Gabriella. — Então nós criamos a possibilidade de o usuário do app selecionar algumas fotos para que, nos momentos de crise, ele possa acessar. São as fotos que fizerem algum sentido para ele, que provoquem relaxamento. O app é uma zona de conforto, como gostamos de chamar.

Além da ajuda imediata, é possível fazer um histórico, por meio de registros com detalhes da crise que ocorreu. Passado o ataque de pânico, o Be Okay oferece a opção de preencher um formulário com hora, duração, local e sintomas. Essa ferramenta foi acrescentada com o objetivo de dar ao usuário a possibilidade de identificar quais são os gatilhos que o levam à crise e verificar qual a frequência que isso acontece.

— Todas as técnicas de auxílio são muito úteis no momento que você está tendo o ataque. Mas e depois? É aí que entra a parte de registros. Você tem um controle muito maior. E um dos pontos do nosso aplicativo é exercer esse controle sobre algo que afeta a sua vida como um todo — destaca Gabriella.

A partir de O Globo. Leia no original
Imagens : Divulgação 

'SÍNDROME DO PÂNICO ME FEZ TER MAIS RESPEITO PELO SOFRIMENTO', DIZ PADRE FÁBIO

7/04/2017

Padre Fábio de Melo, famoso nas redes sociais por suas publicações divertidas e por ser amigo de celebridades como Evaristo Costa, Lucas Lucco e Alcione, deu detalhes sobre a síndrome do pânico, doença diagnosticada há dois anos e que voltou a se manifestar nos últimos dias.

"As vezes eu me pegava me escondendo debaixo da cama tamanho era o pavor que eu sentia", disse o religioso a Poliana Abritta, apresentadora do "Fantástico", da Globo –a entrevista foi ao ar neste domingo (20).

Segundo Melo, no auge da angústia, era à mãe a quem recorria. "Teve um dia que meu desespero era tão grande que eu não queria falar com outra pessoa que não fosse ela", disse.

"Eu sou o padre Fábio de Melo, eu tenho muita responsabilidade como o padre Fábio de Melo, mas eu continuo sendo o Fabinho da minha mãe", completou.

A doença, que afirma já está sendo tratada e acompanhada por especialistas, "abalou a sua fé" e o fez pensar em desistir da batina.

"Foram dias em que eu decidi tanta coisa rapidamente dentro de mim que pensei 'eu não quero mais ser padre, eu não tenho mais coragem de enfrentar as pessoas, eu não tenho mais condições de ser quem eu sou'."

Melo também afirmou que a doença o fez "mais confiante". "Retomei essa fé que me move. Eu acho que foi extremamente providencial eu ter vivido isso porque, se eu já tinha um respeito pelo sofrimento humano e pelo mistério que é o ser humano, hoje eu tenho muito mais".


'PARTILHE SUAS DORES", DIZ PADRE FÁBIO DE MELO

6/30/2017

No programa "Direção Espiritual" do dia 16 de agosto de 2017, na TV Canção Nova,  Padre Fábio de Melo fala sobre as perdas que enfrentamos para sermos quem somos, e sobre a importância de partilhar nossas dores, pois isso nos dá força para seguir em frente. Padre Fábio partilha as dificuldades que tem vivido ultimamente, em que tem sofrido com crises de síndrome do pânico.

Por outro lado, no Fantástico deste domingo (20/08), Poliana Abritta conversa com o padre Fábio de Melo sobre a síndrome do pânico, doença que o afetou no último mês. Em uma rede social, o padre admitiu que ficou uma semana trancado em casa, com sensação de morte e tristeza profunda. "Nunca chorei tanto na minha vida", disse. Ele se emocionou ao falar sobre a relação com a família, a fé, a morte recente da irmã e as redes sociais, além de assumir que pensa em fazer terapia. Fábio de Melo chegou a se esconder embaixo da cama por causa do medo, mas agora está medicado e cumprindo seus compromissos.

Acompanhe abaixo o trecho do programa em que Padre Fábio de Melo fala da dificuldade que tem vivido.


CANSAÇO PODE PROVOCAR DEPRESSÃO E PÂNICO

9/23/2012

O programa "Bem Viver" da Rede Globo exibiu recentemente reportagens com uma série de depoimentos e explicações  sobre depressão e síndrome do pânico, doenças que podem ser causadas pelo cansaço. Trabalhar sem dúvida é muito bom. Faz parte da vida, do crescimento. Mas e quando as cobranças e a competitividade sobrecarregam? O resultado é um só: doenças causadas pelas emoções. Depressão, transtorno do pânico, síndrome de Burnout. Essas doenças têm feito muita gente se afastar do trabalho, da escola e até do convívio social. Mas o que fazer para que a doença não tome conta? Qual o caminho para encontrar o equilíbrio?

A psicóloga Kátia Beal e a apresentadora Mônica Cunha falaram no "Bem Viver" do dia 1 de setembro sobre os transtornos mentais causadas pelo estresse. Como foram muitas perguntas de telespectadores, não foi possível responder a todas. Mas a especialista, gentilmente, respondeu de casa as que sobraram.  Veja abaixo as respostas:

Suely – Acho que sou uma das vítimas dos transtornos causados pelo estresse. Cheguei a perder os sentidos na rua. Não conseguia trabalhar, meu emprego me sufocava. Dei uma de maluca e pedi uma semana de férias. Descobri que o meu serviço não está me fazendo falta, e que todos os meus problemas estão vindo de lá.

Kátia Beal - É isso mesmo, às vezes não tem nada de errado conosco, mas com o trabalho ou com líderes despreparados. Tem momentos que precisamos avaliar e ver o que é melhor para a gente!!!
E o que você tem pensado em fazer? Pelo que entendi você está em férias e está bem. Já avaliou o que pretende fazer? Tem condições de mudar de emprego?

Natália - Já fui diagnosticada com depressão há quatro anos. Fiz o tratamento por um tempo, mas acabei me dando alta, sem consultar meu médico. Dois anos depois tive crises de ansiedade que culminaram em crises de pânico. Hoje sou medicada e faço tratamento, mas até quando? Qual é o período médio para retirada dos remédios? As doses aumentaram, mudaram os laboratórios, os preços e não tenho previsão de alta. Me sinto escrava dos remédios, o que é muito frustrante. Não posso nem me imaginar sem as medicações e já fico extremamente preocupada e aparentando os sintomas físicos do pânico. Estou me tratando há ano e meio.

Kátia Beal - com relação aos medicamentos, é preciso realmente avaliar com o seu médico. O tempo de tratamento, qual a melhor medicação e a quantidade somente o especialista é quem pode avaliar. Isso varia de pessoa pra pessoa, há quem use a medicação por um ou dois anos, e há quem fique mais tempo. Daí a importância do acompanhamento com o médico associado à psicoterapia. Porque associar os dois?  Porque os medicamentos controlam e reestabelecem neurotransmissores responsáveis pela desorganização mental. Eles atuam no que chamamos de "doença", como se fosse uma doença física mesmo, uma dor nas costas, por exemplo. Já a psicoterapia é uma forma de tratamento que faz com que a pessoa mude a maneira de ver, de perceber as coisas, mudando o comportamento. É dessa forma que a associação faz com que se encontre o equilíbrio. Um erro bastante comum é "se dar alta" e sabe por quê? Porque a maioria dos medicamentos precisa de um tempo para agir no organismo, e quando a gente para de repente, o organismo se descontrola novamente. Daí a importância da orientação médica. Não sei se foi assim com você, mas a dosagem aumenta gradativamente, por exemplo, só um quarto de comprimido, depois meio, depois um inteiro, não é assim? É justamente para o organismo se reorganizar. A maioria dos medicamentos só começa a fazer efeito depois de 14 ou 15 dias de uso. E aí quando a gente para sem a avaliação médica é como se a depressão ou a ansiedade voltassem com mais força.

Você faz terapia?  Se não faz, deveria começar a pensar na possibilidade para não ficar se sentindo tão dependente da medicação. Terapia demanda tempo e engajamento, é verdade, mas pode ser muito mais vantajoso do que procurar a solução aparentemente mais fácil (os remédios).

Não quer se identificar  - Estou fazendo tratamento há meses contra síndrome do pânico, incluindo terapia. A psicóloga suspeitou que talvez fosse devido ao trabalho, mas como sou extremamente ansiosa desde a infância pode ser que não seja apenas esse o motivo. Fui parar várias vezes no pronto socorro achando que iria morrer com taquicardia e pressão alta. Foi um verdadeiro tormento, mas graças a Deus, estou tendo um bom retorno com o tratamento, com medicação e terapia. Incluindo fazer coisas que gosto, como caminhadas, lazer. Mas a questão é que depois que comecei a tomar a medicação vi a balança saltar em quase 10 quilos e a libido foi embora. A psicóloga disse que precisarei fazer uma dieta. Será que o peso volta ao normal quando parar com a medicação? E a libido, volta?

Kátia Beal - A ansiedade, assim como os outros componentes e características dos perfis de personalidade podem vir desde a infância ou até mesmo pela genética e aí encontra terreno fértil nas situações do dia a dia, quando as pessoas são mais vulneráveis psicologicamente. Alguns medicamentos podem fazer elevar o peso e ocasionam também a perda ou diminuição do desejo sexual. Eu recomendo a você que converse com o seu médico, pois atualmente existem várias medicações que não provocam tantos efeitos colaterais. Há muitas opções e talvez seja o caso de apenas fazer um ajuste com o médico que te acompanha. Com relação à dieta, é importante procurar um nutricionista para te ajudar a se alimentar direitinho, procurar fazer um exercício físico, algo que você goste e também avaliar com a sua psicóloga se a ansiedade ainda está tão grande que te faz "atacar a geladeira", por exemplo. Muitas vezes comemos por ansiedade ou por tristeza.

Não quer se identificar -  Tenho 36 anos. Sofro de uma angústia enorme, uma falta de ar, palpitações e muita tristeza. Além de orar, não sei mais o que fazer. Acho que minha vida só anda pra trás. Durmo muito tarde e quando acordar pela manhã, pra mim é o fim do mundo. Com essa ansiedade enorme, minha vida é comer e comer. Engordei muito e minha autoestima foi parar no chão. Não tenho forças para lutar, mas quando luto por um sonho e consigo realizá-lo não tenho forças nem vontade de prosseguir. O tempo está passando e nada consegui na minha vida por ser assim. O que faço?

Kátia Beal - pelos seus sintomas, está mais para depressão ou transtorno depressivo ansioso. Uma característica forte da depressão é batalhar pelas coisas e quando consegue, não aproveita. Há duas situações: o deprimido que de tanta tristeza e angústia acaba se sentindo sufocado e ansioso. E o ansioso que por tentar conseguir as coisas e não acontecer do jeito que queria, acaba ficando triste. O correto para um diagnóstico mais preciso é você procurar um terapeuta que vai te avaliar e verificar a gravidade do caso, o comprometimento na sua vida pessoal e profissional e se precisar fazer uso de medicação irá te encaminhar ao psiquiatra.  Eu acho que você precisa de um direcionamento, busque uma psicoterapia, tenho certeza que vai te fazer bem!!!

Daiana Carina de Araxá-MG  - Passei por uma separação há pouco tempo, tenho um filho de 5 meses e está tudo muito recente. Estou sem vontade de sair, me sinto horrível perto de outras pessoas e às vezes choro sem motivo. Isso pode ser o começo de uma depressão?

Kátia Beal - A gravidez traz muitas mudanças na vida da mulher e depois que o filho nasce ela se depara com uma nova vida, que de repente pode não estar tão preparada. Leva mesmo um tempinho para tudo se ajustar com o novo membro na família. A mulher pode se achar feia, ter aumentado um pouco o peso. Estas questões mexem demais com a autoestima feminina. Também sou mãe e posso afirmar que a maternidade traz muitas mudanças. Algumas muito boas, mas outras nem tanto assim, não é mesmo? A separação também traz consigo muitos sentimentos, muitas mudanças de vida. Dependendo do caso traz mágoa, tristeza, dor. Agora junte as duas coisas e poderá sim haver um desequilíbrio emocional. Se é ou não começo de depressão a gente precisa avaliar melhor. Mas se você acha que não está se sentindo bem e esse chorar sem motivo já acontece há mais de um mês é importante você procurar ajuda.

Mais de um mês por quê?  Porque para diagnosticar como depressão há alguns critérios, um choro de vez em quando pode não ser depressão, mas uma tristeza momentânea devido aos acontecimentos.
De qualquer forma, acho que seria interessante você conversar com um profissional que vai te dar as devidas orientações e avaliar com mais detalhes a sua historia de vida.

Não quer se identificar - Tenho 43 anos, sou divorciada e tenho duas filhas já adultas, sou professora. Há anos venho sentindo praticamente todos os sintomas da depressão, já fiz tratamento com psiquiatras, tomei remédios que me deixavam fora de mim. Mas parei com tudo, mudei-me para Uberlândia para tomar conta de minhas filhas sozinha. Tanto na educação, como financeiramente. Tinha muito medo de não conseguir e deixar faltar alguma coisa a elas. De dois anos para cá ando perdendo a vontade de fazer tudo. Amava dançar e ser professora. Mas agora parei de vez com a dança. Quanto ao trabalho hoje o faço porque sustento a minha casa. Não sinto vontade de me levantar da cama, o que ainda me impulsiona são as contas a pagar. Sorrir nem sei mais. Ando nervosa com pessoas que vivem próximas a mim, como amigas e namorado. Sinto dores no corpo, principalmente no peito, tonturas, mãos dormentes e com dores. Estou desatenta e às vezes chego a ter vertigens. Dores de cabeças são frequentes e não sinto mais prazer sexual. Me sinto feia. Ano passado retirei o útero e engordei 20 quilos. Gostava de viajar, hoje faço tudo pra não sair de casa. Não sinto mais vontade de viver. Cansei de ter de sustentar toda a casa, de ser boa mãe, boa filha, boa professora e boa namorada.

Kátia Beal - fico muito sensibilizada com a sua história. Mas veja, eu já vou começar te respondendo pelo final do seu e-mail. Quem disse que você precisa ser a namorada perfeita, boa mãe, boa filha, boa professora? De onde vêm essas cobranças? Será que é externa ou interna?

Quem exige que vc seja assim tão perfeita?

Será que conseguimos ser perfeitos? Será que as coisas sempre saem do jeito que a gente queria que fosse? Eu sei que você não se orgulha em ser assim, mas também sei que não deve se culpar tanto. Você parece querer carregar o mundo nas costas. Ter um problema emocional não é vergonha. Mas pode escolher mudar o rumo dessa história.

Pelo seu relato percebo muita insegurança, muita ansiedade, baixa autoestima, medo, depressão, desesperança. Talvez pra sair dessa tristeza só falte um estímulo e aprender que não precisa ser perfeita. Aprender a não se cobrar tanto e entender que não pode controlar tudo! Procure um psicólogo, ele vai ajudar a mudar a sua maneira de pensar, de ver as coisas. Você precisa sair dessa nuvem negra que parou sobre sua cabeça. Você é muito jovem, tem uma vida inteira pela frente, que tal fazer algo por você para mandar essa depressão embora? Vamos lá, coragem e tenho certeza de que tudo vai ficar bem.

Cristina Garcia de Souza - Uberlândia - Tive minha primeira depressão mais ou menos aos 25 anos. Foi de repente sem uma causa. Queria ficar só na cama e não dormia. Procurei ajuda profissional e melhorei. Há três anos estava no quarto mês de gravidez quando deu o surto da gripe h1n1. As pessoas só falavam da tal gripe e soube que grávidas estavam morrendo e deixando seus bebês. Comecei a ter pensamentos obsessivos compulsivos, tive crises de pânico. Os exames mostravam que estava tudo bem comigo e com minha filha, mas eu não acreditava. Foi uma fase muito ruim porque não curti minha gravidez. Minha filha nasceu em 28/11/2009 e muito bem. Na hora do parto não tive nenhum pensamento ruim. A partir do momento que ela nasceu os pensamentos foram todos embora. Como me senti aliviada! Tenho 35 anos um filho de 15 e a menina de quase 3. A médica não quis me operar pelo problema emocional que estava passando. Pergunta: será que se eu engravidar posso ter esses pensamentos obsessivos compulsivos?  Recentemente estava com crises de ansiedade no trânsito. Começava sentir taquicardia, mal estar. Ficava ansiosa para chegar logo ao meu destino. Também tenho um pouco de fobia. Resolvi procurar ajuda de um profissional, a psiquiatra me disse que sou ansiosa crônica. Há quatro meses comecei o tratamento e estou me sentindo outra pessoa. Ela me passou um ansiolítico e um remédio para dormir porque deito e fico pensando em coisas pendentes, no que vou fazer no outro dia, enfim sofrendo por antecipação.

Tenho consciência do mal que isso me causa, mas não tenho controle sobre meus pensamentos. Eu acho que tem mais gente do que pensamos com algum distúrbio emocional. Será que é essa vida corrida?

Kátia Beal - Muito importante o que você falou. Tem muita gente sim que sofre com os problemas emocionais, mas por vergonha ou por outros motivos acabam não procurando ajuda e é quando ficam crônicos. Se as pessoas procurassem ajuda no primeiro sinal de alerta, seria bem melhor pra todo mundo. Mudou muito de uns tempos para cá, mas infelizmente as pessoas ainda tem muito preconceito.
Eu não gosto de dar um diagnóstico, sem conhecer a pessoa e sua história de vida (até porque acho mais importante a intervenção do que os rótulos), mas pelo seu relato, me parece mais um caso de perfil de Personalidade Obsessivo-Compulsivo.

O que é isso? É quando a pessoa sofre por antecipação, mas isso não chega a prejudicar significativamente a vida. Quando não conseguimos mais realizar atividades normalmente e sofremos muito com os pensamentos a ponto de ter prejuízos sociais, no trabalho e nas relações aí sim podemos considerar um transtorno. Você relata também sintomas de ansiedade generalizada. Eu, inicialmente, por meio do relato, diria que você está com TPOC - Transtorno de Personalidade Obsessiva Compulsiva, pois tem medos, os pensamentos obsessivos, as crises de pânico, a ansiedade crônica. Pessoas com estas características gostam de ter tudo sob controle, acham que os outros são irresponsáveis, ou não tão responsáveis como ela, que se quiser algo bem feito, tem de fazer ela mesma.

Tudo isso que eu falei está dentro dos TRANSTORNOS ANSIOSOS, e se você está se sentindo bem, é porque os medicamentos foram prescritos adequadamente.

Você disse que teve depressão. Alguns transtornos podem existir juntos, são as comorbidades. Uma pessoa deprimida pode vir a ficar ansiosa, assim como um ansioso pode vir a se deprimir, quando vê que as coisas não saem do jeito que queria.

Talvez fosse interessante pensar na possibilidade de uma terapia como uma ferramenta para modificar os pensamentos distorcidos e a maneira como a pessoa percebe as coisas a sua volta.

Patrícia Marangon - tenho tido muita dificuldades em dar conta do trabalho doméstico da minha casa. Sou só dona de casa há cerca de um ano e meio e desde o nascimento da minha terceira filha, há dois anos, não consigo mais me organizar e executar as tarefas que sempre fiz. Fico nervosa, irritada, muitas vezes tenho vontade de chorar. Essa tensão piora ainda mais no período pré-menstrual. Tenho tomado valeriana, mas acredito que não tem sido suficiente, pois não tenho mais vontade nem de sair de casa. Estou preocupada! Pode ser depressão?

Kátia Beal – você pode estar se sentindo pouco valorizada por não estar mais trabalhando fora. Infelizmente o trabalho doméstico ainda não é tão valorizado, embora seja de extrema importância. Pelo jeito que vc escreve me passa a ideia de ser uma pessoa organizada, que gosta de ter controle e não fica feliz quando as coisas não saem do seu jeito.

Por exemplo, quando se programa para lavar a roupa e limpar a casa em uma manhã e por algum motivo não deu pra terminar tudo, você sofre? Por que tem que terminar tudo hoje? Tem alguém te cobrando ou é uma cobrança interna? Não acho que seja depressão, mas sim ansiedade ou transtorno depressivo ansioso, que é quando a pessoa, por não conseguir fazer as coisas do jeito que gostaria fica triste, se sentindo inferior, pensando que não dá conta de fazer as coisas. Por que você não conversa com um terapeuta? Ele pode te ajudar a reorganizar o seu tempo, priorizando as coisas mais importantes, fazendo o que de fato precisa ser feito e deixando as menos importantes para segundo plano. Quando estamos envolvidos com o problema não conseguimos ver onde estamos errando e o psicólogo pode ajudar nesse sentido. A Valeriana é um antiansiolítico natural, que funciona mais ou menos como um placebo, se você acredita que vai fazer bem, então ele vai fazer. Mas se vc já toma com desconfiança, aí não faz efeito. E como um último conselho, procure cuidar de você. Não é porque é dona de casa que não mereça uma ida ao salão de beleza ou ir ao cinema com uma amiga ou tomar um café. Cuide mais de você e procure algo que te motive, que te dê prazer.

Ordanael - Uberlândia - 28 anos  - Tenho cargo muito importante, trabalho como gerente. Tenho rotina muito cansativa. Não tenho folga há três meses. Estou muito estressado.

Kátia Beal - um cargo de tamanha responsabilidade pode sim trazer problemas, porque as cobranças podem ser demais, a rotina de trabalho estressante, desgastante, os prazos curtos. Normalmente gerentes têm responsabilidade e dedicação exclusiva não é mesmo?

Mas é importante tirar um tempo pra você, ainda mais tão jovem. Tente reorganizar seus horários de maneira que sobre um tempinho para você fazer o que mais gosta. Um jogo de bola com os amigos, por exemplo, ou uma saidinha depois do expediente para relaxar.

Lembre-se que trabalhar é importante, resultados e produtividade também. Mas, já parou para pensar que se o seu organismo adoecer, o único a sofrer com isso vai ser você? As empresas pensam e valorizam os seus funcionários, mas quando não tiver saúde para continuar, sua vaga será preenchida rapidamente, pense nisso!!! Não quero ser radical, mas a nossa saúde em primeiro lugar. Na verdade é preciso um equilíbrio . As folgas são importantes e todo funcionário tem direito a folgas semanais. Cuide-se, o seu corpo e mente agradecerão!

A partir da Rede Globo. Leia no original

CICATRIZES DO PASSADO

8/07/2012
Algumas pessoas carregam dentro de si marcas que a vida (e as pessoas que por ela passaram ou que ainda permanecem nela) deixou.Essas pessoas se dividem entre as que conseguiram passar por cima disso tudo e as que ainda vivem e remoem essas marcas,esses traumas,enfim.

Eu sou uma dessas pessoas que não conseguem superar as pancadas que a vida me deu. E graças a isso tenho Síndrome do Pânico e Depressão, resultados de inúmeras frustrações e constantes humilhações que vivi ao longo dos meus 20 e poucos anos.Alguns dizem que é preciso esquecer o que já passou,mas não é tão fácil quanto falar,é preciso ter uma força que muitas vezes não possuimos,e este mesmo comentário nos faz sentir o quanto somos frágeis e dá até uma sensação de impotência perante o resto do mundo.

Pessoas como eu,que foram (e são) vítimas de outras vítimas de traumas ou até mesmo da ignorância vivem buscando uma saída desse circulo,dessa prisão que é o passado.Digo passado porque muito do que vivemos em nossa infância e adolescência é acrescentado em nosso caráter ou no modo como vemos a vida.

Você,que assim como eu,vê o passado como causador de seus atuais problemas,acredite,você não é o único.
A.C.

PÂNICO E DEPRESSÃO TÊM CONTROLE E REMÉDIO

7/09/2011
Há vários anos tive síndrome do pânico. Na época, quando a doença ainda não era muito conhecida, passei por uma verdadeira peregrinação em especialistas médicos. Foi uma verdadeira ‘via crúcis’ em busca de um diagnóstico – a certa altura, estava tão desesperada em não saber o que se passava comigo, que preferia até ouvir o pior a não ouvir nada.

Pelo menos no meu caso, posso resumir a síndrome do pânico em uma sensação, entre tantas outras terríveis: a de morte iminente. Imagine-se acordando daquele pesadelo onde está caindo de uma enorme altura, levando um tiro ou se afogando... A sensação é parecida com essa, exceto pelo ‘alívio’ de acordar. A síndrome do pânico é uma espécie de ‘ante-sala’ do inferno. É horrível, mas o que vem a seguir parece ser sempre pior.

Taquicardia, falta de ar e de apetite, choro fácil e, como o próprio nome diz, pânico. De nada específico e de tudo ao redor: pânico de morrer antes de chegar ao hospital, pânico de existir, de tomar banho, de comer, de sair de casa... Pânico do real e do imaginário. Do máximo e do mínimo.

Durante os poucos meses (parecerem uma eternidade, é claro!) em que não fui diagnosticada, mas descartaram-se todas as possibilidades clínicas, a tristeza de não entender o que se passava comigo me paralisou e tive depressão.

Magérrima e debilitada física e emocionalmente, uma noite telefonei para a minha avó paterna, a figura que sempre foi meu porto seguro, mas quem atendeu foi uma tia que é médica. Costumo dizer, desde então, que ela salvou a minha vida. No telefone, enquanto ela perguntava o que estava acontecendo, eu só conseguia chorar e repetir que ia morrer. Pior: ia morrer sem saber o que tinha me matado, já que nenhum médico descobria a minha ‘doença terminal’.

Ela me levou à casa dela, conseguiu que eu tomasse água (neste momento, até isso era difícil para mim) e um calmante. Explicou que, pelo conjunto de sintomas, eu estava em depressão. Fiquei surpresa e, na hora, pensei: deprimida? Logo eu que sempre fui tão bem humorada? Estava terminando a faculdade de jornalismo, a profissão que sempre quis e, aparentemente, nada ia mal na minha vida.

Nesse dia, dormi pela primeira vez uma noite inteira. E, no dia seguinte, o diagnóstico da síndrome do pânico que evoluiu para uma depressão – ou vice-versa - foi confirmado por uma clínica geral, que me encaminhou a um psiquiatra. Esse, aliás, foi um novo desafio: vencer o preconceito em torno dessa especialidade da medicina afinal, eu não era ‘louca’. Mas, a essa altura, o meu desespero era tanto que nem pensei nisso.

Ele, o meu psiquiatra, foi a pessoa que salvou pela segunda vez a minha vida. Explicou tudo o que eu ainda não sabia sobre as ‘doenças da alma’ e até desenhou – literalmente – para que eu entendesse melhor, as diferenças entre o cérebro de uma pessoa sã e uma deprimida. Descobri, com ele, que as doenças da alma, causadas por um desequilíbrio na produção de substâncias no cérebro, eram tão físicas e reais quanto qualquer outra.

Desfez-se o mito em torno das frases que tantas vezes ouvi: “Isso é coisa da sua cabeça”... “Vai a um cinema... Se distrai que passa”. Sim, a síndrome do pânico e a depressão eram coisas da minha cabeça, mas, não da forma como muita gente pensava. A cura não estava em minhas mãos, nem está nas mãos, nem na mente de ninguém que sofra desse mal. É injusto, cruel ou simplesmente, desconhecimento total de causa colocar a solução do problema nas mãos de quem está sofrendo.

Após poucos dias de tratamento com antidepressivo e de meses de terapia, posso dizer que renasci. Voltei a me alimentar, a estudar e trabalhar – cheguei a perder o período na faculdade e o estágio devido à doença -, a sair e a sentir prazer nas atividades diárias. O medo também se foi e, junto com ele, a falta de ar, a taquicardia...

Desde então já se vão uns dez anos. Confesso que tive algumas recaídas, mas, nunca, nenhuma, comparada à primeira crise que descrevi aqui, quando sequer sabia o que estava vivendo. Andrew Solomon, o autor do livro ‘O demônio do meio-dia’, um tratado sobre a depressão, disse durante uma entrevista que, para quem já teve, a depressão está sempre à espreita.

Vanessa Alencar
Eu sei disso. Sei que ela está à espreita e reconheço seus olhos frios e traiçoeiros, mas, depois que você conhece os sintomas e os mecanismos da doença, fica mais fácil cortar o mal pela raiz, antes que ele se alastre. Por isso, não me envergonho de procurar ajuda quando, mais uma vez citando Solomon, “aquela sensação turva impregna a minha alma”.

A depressão tem controle e tem remédio e, muitos precisam desse controle para sempre, assim como qualquer outra doença. Se for necessário remédio, eu tomo. Se for necessário voltar para terapia, eu volto. Hoje, o meu ‘demônio do meio-dia’ está adormecido. Não tenho medo de ser feliz, nem tenho medo de acordá-lo.

Resolvi escrever esse artigo na tentativa de ajudar os que se reconheceram neste relato e, encerro, citando um depoimento que também consta do livro ao qual me referi. Se você está deprimido hoje, lembre-se: ‘Não vai ser sempre assim. É assim neste momento, mas não vai ser sempre assim’.


Vanessa Alencar

É POSSÍVEL CONTROLAR O PÂNICO, DIZ MÉDICO

6/29/2011
Falando sobre depressão e síndrome do pânico, o psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello, do Hospital das Clínicas, esteve no programa Bem Estar, da Rede Globo, e colaborou ao traçar um painel atual sobre as doenças. Informou, como demonstra o vídeo abaixo, que estudos mostram que o aumento de transtornos de ansiedade na família podem aumentar a probabilidade de uma pessoa ter algum tipo de síndrome. Uma boa dica para quem possui a doença é aprender a controlar a respiração.


No vídeo a seguir, você conhecerá os sintomas mais comuns da síndrome do pânico são tontura, falta de ar, taquicardia, medo e suor frio. O tratamento da doença é feito através de remédios e terapia. Segundo os médicos, é possível controlar a crise de síndrome do pânico.

 
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