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Emoções merecem existir, mesmo o medo e a solidão

4/11/2021

Novos livros tratam dos sentimentos desconfortáveis que todo mundo tem

Pode ser porque uma coisa saiu diferente do planejado, ou porque teve briga ou bronca. Talvez tenha sido por causa daquilo que alguém disse de manhã. Ou vai ver ninguém nem lembra direito o motivo, mas a verdade é que agora, neste exato momento, há uma criança com raiva em casa. Muita raiva.

Tem gente que compara a raiva com uma grande tempestade —como se as duas funcionassem parecido. O céu está azul, e todo mundo brincando feliz. Do nada, aparece uma nuvem. Esta nuvem vai ficando mais cinza, mais escura, mais pesada, até que começa a chover forte.

"Às vezes a gente vai ficando com raiva e nem sabe o porquê. E, quanto mais raiva sente, mais raiva vem. Tudo se acumula como uma nuvem e, de repente, vem aquela chuvarada de palavras saindo da boca”, resume Christian Dunker, que é psicanalista, professor e escritor.

Christian explica uma coisa importante sobre a raiva: que ela pode criar a sensação de que as pessoas sabem mais de nós do que nós mesmos.

“Os outros veem no meu rosto uma coisa que eu ainda nem sei que estou sentindo. E isso me faz ficar com mais raiva. É como se o outro estivesse controlando aquilo que sinto. Por isso, a gente às vezes tem vontade de sumir.”

Nestes casos, é legal parar e examinar o que está causando a frustração, e até avisar aos outros, se for possível.

A raiva é algo que todo mundo sente, e que gostaria de poder controlar mais, diz Christian. “Às vezes a gente acha que sentir raiva é uma coisa errada, mas não é”, garante.

Para falar sobre sentimentos como este, o escritor Yuri de Francco chamou o ilustrador Renato Moriconi e, juntos, fizeram “O Menino que Virou Chuva” (editora Caixote, 144 páginas, R$ 48). Eles também acham que a raiva pode se parecer com uma tempestade.

"Quis contar a história de um menino que, de tanto chorar, virou chuva. Ele passa por todas as etapas, depois vem o sol, e ele termina com um momento de acolhimento, em um abraço”, adianta Yuri.

Para retratar ainda melhor a ideia de que tudo acontece rápido quando alguém muda de humor, o livro foi desenhado como um flipbook, ou folioscópio, que é quando as imagens parecem ganhar movimento ao ser folheadas.

Ninguém sabe dizer por que o menino do livro está chorando. “Sensações são coisas muito pessoais. A gente sabe que existe até choro de felicidade.”

“Todas as emoções que a gente sente merecem existir, não tem nenhuma que precisa ser tirada da roda”, promete o psicanalista Christian.

"Eu era um menino tempestade”, lembra Yuri. Ele conta que, quando criança, chorava muito, e alto. “Na adolescência tinha mais dificuldade para chorar. Acho que dei uma segurada nas emoções”, diz.

“Escrevi o livro para falar para as crianças que chorar é bom e é transformador, seja pelo motivo que for.”

Quando pequeno, o ilustrador Renato Moriconi era melancólico. Ele conta que até se relacionava, e gostava de fazer as pessoas rirem, mas que também sentia esta melancolia, que é como uma tristeza sem motivo concreto.

“Eu estudava em uma escola que ficava em frente ao prédio onde minha mãe trabalhava. Ela era minha heroína, me criou sozinha. E, no recreio, as crianças ficavam brincando, enquanto eu ficava deitado na gangorra olhando para o prédio dela”, lembra.

O músico e escritor americano David Ouimet publicou recentemente “Eu Fico em Silêncio” (Companhia das Letrinhas, 56 páginas, R$ 54,90), um livro sobre uma menina que não se sente compreendida pelos outros, e acha que não se encaixa no mundo.

“Sinto que não há livros infantis suficientes sobre as emoções desconfortáveis que todos nós sentimos”, explica David. “Se pudermos falar sobre estas coisas, podemos vê-las mais claramente e entender que estar triste, solitário ou assustado são sentimentos que todas as pessoas têm.”

Na história, a protagonista é uma menina que algumas vezes usa uma máscara, e que, por todos os lugares onde passa, seja na escola ou andando pelas ruas, se acha deslocada.

“Ela está ansiosa. Sente que todos estão falando sobre ela, e se sente pequena”, conta.


"A garota no centro do livro está muito perdida em seu próprio mundo. Ela parece diferente, fala de forma diferente. Como resultado, ela simplesmente escolhe ficar quieta. Eu acredito que são emoções que todos nós experimentamos ao crescer, e até mesmo quando somos adultos”, completa o escritor.

David conta que foi uma criança muito parecida com a menina de “Eu Fico em Silêncio”. “Eu era perdido em meu próprio mundo. Foi isso que me fez ser quem eu sou hoje, um autor, artista e músico. Foi como encontrei minha voz.”

“É muito importante a gente descobrir e respeitar quando quer ficar quieto”, ensina o psicanalista Christian. “Às vezes a gente quer inspecionar o que tem dentro do armário da nossa cabeça, sem dar satisfação para os outros.”

“Já reparou que os adultos não dão satisfação pra gente?”, questiona. “Mas eles querem saber da gente, e isso é chato. Porque às vezes eles perguntam e a gente não sabe responder. E, outras vezes, a gente diz uma coisa e eles escutam outra, e isso é terrível.”

Christian  diz que, quando parece que ninguém acha a palavra certa para conversar, e tudo que se diz gera mais confusão e incompreensão, é normal ter vontade de “entrar no buraco”.

“E está muito certo fazer uma pausa. Vai para a sua estação de tratamento de pensamentos e emoções, mas volta o quanto antes. Pede desculpas. Isso pode ser meio chato, mas é o melhor caminho. Porque os outros não estão lendo a nossa cabeça, e a gente não está lendo a cabeça dos outros.”

A partir  da Folha de S.Paulo 

VIVO NA SOLIDÃO SEMPRE

4/13/2012

"Já são 3 dias que não sou mais a mesma, recebi um balde de água fria na cabeça e esta demorando pra secar, talvez não seque nunca.  Não tiro as coisas que vi da cabeça, o vento sempre dá o seu jeito de me trazer as imagens, palavras, tudo que não me faz bem. O único momento que me sinto bem é quando estou dormindo, mas é só acordar que as sombras vem me atormentar e perturbar o juízo.

Eu sempre fui uma pessoa fria, calada, e agora eu sou bem mais. As pessoas me obrigaram a ser assim, e assim vou seguir. Não quero que as pessoas sintam raiva de mim, nem ódio, nem pena.

Já não sei mais o que falar, não tenho companhia de ninguém. Ultimamente tem sido eu comigo mesma. Eu sou sozinha, vivo na solidão sempre, e passa muita coisa ruim na minha cabeça.

Acho que é só isso, então ..."
C.V.
A partir da Comunidade Q.M.

O QUE FAZ A VIDA PARECER SEM SENTIDO ?

7/07/2011
"O que faz a vida parecer tão frequentemente sem sentido a uma pessoa?" Esta é uma pergunta que você já pode ter se feito durante algum tempo, ou que esteja se fazendo agora... O que para os pássaros é a muda - época em que trocam de plumagem, os tempos difíceis -, a depressão é para os seres humanos. Talvez tenhamos um conceito muito negativo desta que se tornou a doença do século XX. Por isso, gostaria de propor-lhes uma visão diferenciada, um outro modo de encarar o que para nós possa ser sinônimo apenas de fracasso. Acredito que muitos frutos podem ser colhidos nesse tempo; lembro-me agora de algumas frutas próprias do inverno e de como alegram os dias chuvosos e sombrios. Passada essa época, permanece a lembrança, não das chuvas e do frio, mas dos frutos da estação.

Porém, antes de falarmos mais sobre este assunto, é imprescindível estabelecer a diferença entre a depressão de caráter endógeno e a depressão decorrente de lutas e angústias, que também podemos chamar de psico-espiritual. Esta definição é necessária, pois o nosso objetivo é tratar apenas desta.

As depressões endógenas, podem ser desencadeadas por um fator psicológico, mas são condicionadas bioquimicamente e até hereditariamente alicerçadas. Nesse caso, é preciso uma farmacoterapia adequada e acompanhamento médico. Pode acontecer, inclusive, que esse tipo de depressão não esteja vinculado a nenhuma crise pessoal ou estressor social. Por exemplo, uma pessoa depressiva que traz em sua história familiar a depressão em gerações anteriores, ou que apresenta um déficit de serotonina, quando está livre da crise, consegue dedicar-se ao seu sentido de vida. Mas existem também os casos em que os dois tipos de depressão vêm juntos.

Vejamos agora o que é a depressão psico-espiritual, que tem acometido tantas pessoas, independentemente de faixa etária, nível sócio-econômico, profissional e religioso. Segundo Victor Frankl, psicoterapeuta existencialista, essa depressão é causada por um vazio existencial, decorrente de uma falta de sentido de vida, podendo ser encontrado por trás de uma vida profissional excessiva, no refúgio de uma atividade desportiva, na fuga para o mundo dos romances ou televisão, nos fenômenos psicológicos de massa, no decaimento psicofísico dos aposentados, na necessidade de nunca se deixar descansar ou na febre de novas ações e novas experiências. Esse vazio não chega a ser uma enfermidade, salvo quando acompanhado por sintomas na dimensão psicofísica, mas provoca um quadro depressivo - apatia, desânimo generalizado, desinteresse por tudo ao redor, podendo causar inclusive o suicídio -; adição - desespero frente ao tempo, corre-se atrás de um relógio, sem nunca parar, com receio de enfrentar seu próprio vazio -; e agressividade - pode ser explícita, como a que vemos tomar as manchetes de jornais de todo o mundo, e implícita, presente nos relacionamentos, nas discussões no trânsito etc.).

Pronto! Agora que você já sabe do que se trata a depressão, podemos voltar a falar de um assunto mais interessante: do inverno e dos frutos, dos pássaros e suas plumagens... Você já havia pensado na depressão como algo assim? Olhando-a desta maneira, não nos parece tão terrível, não é mesmo?!

Muitos de nós consideramos a depressão um tempo sombrio, uma página vergonhosa de nossa história, uma doença que aleija a alma. Difícil considerá-la um tempo de crescimento, de maturidade, de transformação... Será por causa da pergunta que se faz? Aquela acerca do sentido da vida? Afinal, reconhecer-se confuso, admitir que o mundo não lhe satisfaz, que a felicidade é simples, que o trabalho não lhe preenche, não é lá muito fácil! É preferível não mexer nisso, vestir o luto e ver no que vai dar. Sim ou não?! Não! Vejamos o porquê: a depressão enquanto condição humana, se bem orientada, deve conduzir o ser humano à tomada de consciência da sua própria vida e do seu sentido último (nada de fugir de si mesmo!). Quando isso acontece, estamos falando de maturidade espiritual, uma vez que é reconhecida a necessidade de orientar-se para algo que o transcende, para uma missão a realizar e/ou uma pessoa a conhecer e amar. Isso é próprio do ser humano, é uma lei inscrita em seu coração, não dá para negar esta verdade!

Consideremos, então, a depressão uma prova. A crise consiste em admitir que se está vazio e que é preciso encher-se; que se tem sede e precisa-se de água, e para isso é preciso romper com muitas coisas. Se conseguirmos entender a depressão desta forma, aceitaremos que possa haver um Deus e que todo o vazio será ocupado por sua presença que se encarregará de dar sentido à nossa vida.

Termino com uma citação de Santa Teresinha, intercedendo a Deus por você que passa hoje por esta dor. Não esqueça: Ele não nos prova acima de nossas forças!

MINHA ALMA COMEÇOU A CHORAR

7/05/2011
Por mais que dissesse que minha alma sofria com a minha situação, com a minha dor, na verdade sempre acreditei que a alma fosse algo sagrado (não no sentido religioso), protegida de toda a influência externa. Ela seria nada mais que a marca da existência no universo, como as pinturas rupestres em rochedos antigos, denunciando que ali esteve presente, em algum momento, um determinado ser vivo.

Mas hoje, de repente, senti realmente uma lágrima escorrendo dentro de mim. Uma tristeza diferente, que não pude identificar direito de onde vinha, muito menos alcançá-la para fazer algo a respeito. Logo parou, mas senti muito medo, pois nunca havia sentido isso antes.

Todo esse sofrimento parece finalmente ter se infiltrado num lugar muito profundo, que deveria estar protegido de todo o mal. E para começar a chorar, é preciso estar sofrendo há algum tempo já.

Desculpe, minha alma, por tê-la feito passar por tudo isso injustamente.

Enquanto isso a vontade de morrer vai crescendo, crescendo...

R.H.

MEU PROBLEMA É INCOMPETÊNCIA SOCIAL

6/21/2011
"Eu realmente estou no fundo do poço, mas não necessariamente queria morrer.

Queria ser um fantasma, um espírito, para poder vagar pelo mundo e aproveitá-lo sem a necessidade de interagir com humanos. Desde sempre fui incompetente nisso. Nunca sei como agir, sempre queria me afastar, e nunca gostei das pessoas em geral. Mas o pior é que, na condição humana, sempre sentia a necessidade de fazer parte de um grupo, de socializar.

Como um espírito, isso não seria necessário. Poderia me livrar desses sentimentos que tanto me atrapalham e deixar minha mente livre para fazer o que ela gosta: observar. O mundo é tão belo, o universo tão cheio de possibilidades. A natureza, os seres vivos, a dinâmica da vida.

Morrer significaria parar de sofrer junto à humanidade, mas também significaria abrir mão de todo o resto. Ultimamente minha vontade de morrer tem crescido assustadoramente. Inclusive, faz uma semana que tive uma tentativa mal sucedida. Mas eu não queria isso. Queria apenas me livrar das limitações que esse corpo impõe. A minha alma nesse recipiente só encontrou barreiras e imposições que a fizeram sofrer. Minha mente está uma desgraça, e comecei a perder memórias.

Quero ficar livre.

Alguém sabe como consigo?"

SAÚDE : O LADO MAIS TRISTE DA SOLIDÃO

6/11/2011
Quando ela deixa de ser uma escolha, é a saúde que sai prejudicada. Um estudo americano revela os efeitos do isolamento nos genes e comprova seus riscos ao corpo

por MARIANA AGUNZI
ilustração ANNA CUNHA

Quem pensa que a falta de vínculos sociais e afetivos é um drama com repercussões restritas às emoções se engana. A ciência alerta, agora, que a solidão pode até mesmo nos provocar doenças — e não apenas psíquicas. Uma leva de pesquisas recentes mostra que os avessos à família e aos amigos têm tanta tendência a ficar enfermos quanto os fumantes ou sedentários convictos. Há indícios também de que os solitários estariam na linha de frente dos problemas de fundo inflamatório, caso de artrites e doenças cardiovasculares.

Segundo um estudo recém-concluído na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, pessoas que se queixam de uma vida reclusa possuem genes menos ativos na proteção contra vírus. "Os sociáveis estão naturalmente mais propensos a contrair viroses porque estão em maior contato com outros indivíduos", raciocina o psicólogo Steve Cole, que liderou o trabalho. Já a turma que vive afastada do mundo, menos exposta a esse tipo de micróbio, acaba apresentando um sistema imune que não tem tanta necessidade de enfrentá-lo. Em tudo na vida, porém, há uma compensação. Nessa gente, as defesas passam a se concentrar nas bactérias, o que gera uma reação inflamatória recorrente — e nem sempre bem-vinda, já que inflamação demais abre alas a descompassos em diversas áreas do corpo.

É claro que nem todo solitário está fadado a cair de cama. O perigo surge quando a sensação de isolamento é constante e isso, inclusive, independe de ter ou não uma companhia. "A partir do momento em que a solidão começa a interferir no comportamento e no estilo de vida, ela se torna patológica", afirma a psicóloga Denise Pará Diniz, coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Universidade Federal de São Paulo.

A questão é que o bem-estar físico e mental está interligado. O desarranjo de um lado não raro desestabiliza o outro. Os indivíduos reclusos apresentam maior tendência à depressão, algo que repercute nos hormônios e nas defesas. "Essa condição está associada a quedas imunológicas, pressão alta, perda de sono e alcoolismo. Por isso, é um fator de risco comparável ao cigarro e à obesidade", acusa o psicólogo John Cacioppo, especialista em neurociência social da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.

Mas, calma, tantas evidências não significam que quem prefere viver mais só tenha que sair às ruas caçando companhia. Os estudiosos advogam que nem toda solidão é prejudicial. Não há problema algum se ela é fruto de uma escolha consciente, ou seja, quando nos afastamos do grupo para descansar, ler, refletir... situações que são até prestativas, especialmente antes de tomar uma decisão. O perigo, vale frisar, é perder o controle e deixar-se levar pela clausura absoluta, evitando inclusive os entes próximos. De qualquer forma, mais importante do que a quantidade é a qualidade dos relacionamentos que construímos ao longo da vida. E, se você estiver satisfeito com eles, pode se dar ao luxo de conceder um espaço na agenda para si mesmo — e só para si mesmo.

Vida longa e acompanhada
Manter uma rede de relaciona mentos ajuda a espantar doenças que aparecem com o avançar da idade, como o Alzheimer. É que o contato social garante uma cabeça mais ativa. "Com o tempo, muita gente tem menos necessidade de usar o cérebro e as ligações entre os neurônios enfraquecem. Os vínculos afetivos auxiliam a conservar essas conexões", diz o psiquiatra Paulo Inecco, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Para domar a solidão

Cuide dos seus pensamentos: se você se sente bem permanecendo um tempo sozinho, não foque em problemas, mas em assuntos positivos.

Gerencie seu tempo: apesar da correria, é importante manter um momento para os amigos e a família e para cuidar de si mesmo.

Abra o leque de relacionamentos: permita-se conhecer novas pessoas e controle a ansiedade para evitar possíveis decepções.

A partir da revista Saúde é Vital. Leia no original

EU, SOZINHO, PRECISANDO DE AJUDA

5/07/2011
"Agir é algo que só parece ser possível para aqueles que têm força, vontade, fé, ou seja, para pessoas 'de bem com a vida' e, como quase nunca estou legal, sinto existir uma bola de ferro invisível amarrada ao meu calcanhar e me impedindo de progredir na vida. As coisas que faço parecem pequenas e inúteis para combater minhas angústias, minha extrema solidão, meu medo da vida... Eu tenho quase 47 anos, sou tímido, não tenho amigos, só me comunico com as pessoas para coisas de trabalho, não sorrio nem brinco com o padeiro, com o caixa da pizzaria ou do mercado, enfim, não tenho vida social que me satisfaça e me faça sentir-me feliz. Não creio que me isolo das pessoas por eu ser Gay, afinal, tenho vários conhecidos Gays que vivem felizes, conversam, brincam...

Meus sentimentos oscilam entre a solidão, o medo de morrer sozinho e abandonado e a vontade de morrer logo, para que meu sofrimento teha fim. Tirei férias e viajei sozinho (como sempre!!!) pra Ubatuba, no Litoral Norte Paulista. Vi praias lindíssimas, mas a solidão de ir desacompanhado dói muito, e não me deixou aproveitar nada do passeio. É muito triste não ter ninguém pra sair comigo nem nas férias. Na Pousada só havia pessoas acompanhadas de namorado(a) ou da família e só havia eu alí sozinho, sem ninguém, tendo que passear desacompanhado.

Da Escuna eu olhava a imensidão das águas profundas do mar, e pensava em pular. Mas era uma vontade parada, porque eu não teria coragem, por medo, e por pensar na minha mãe e nos meus irmãos...

Eu tô tão triste e ainda tenho mais uma semana de férias. Volta e meia eu pago para transar com garotos de programa, mas isto é algo que só me satisfaz naquele momento; depois fico com raiva de mim, achando que isto não é bom, que não me completa, que é algo gostoso mas muito artificial, pois a pessoa está comigo só porque estou pagando...

Eu queria ter amigos pra sair, passear, mas as pessoas fogem de mim por eu ser esquisito, chato e não conversar ...

Esta situação acaba comigo dia após dia .... Preciso de ajuda e peço Ajuda".

L.F.

SINTO QUE SOU INVISÍVEL, NINGUÉM ME VÊ

1/16/2011
"Não me sinto ninguém. Não tenho amigos e sou bastante 'maria-rapaz'. As pessoas até me confudem, mas gosto de um rapaz, mas sei que nunca vou conseguir conquistá-lo.

Pelo menos com esta roupa. Só que tenho vergonha de mudar de estilo, porque há anos que me visto assim e as pessoas conhece-me assim. Ele é a unica pessoa com quem falo.

Estou triste porque ando sempre sozinha estou sempre sozinha.

Eu sinto-me diferente de todos, sinto que sou invisivel ninguém me vê.

Não tenho medo de morrer mas tenho medo do que venha a seguir da morte, senão fosse isso já o tinha feito.

Agora, a todos que estejam infelizes e que querem morrer e que tem pelo menos um amigo, pensem bem. Daria tudo para ter um amigo que seja, mas nunca tive."

L.M.A.
Depoimento na Comunidade Q.M.
Imagem: por Crucsou-Barus

SINTO-ME COMO UM FANTASMA

12/12/2010
"Por vezes sinto-me como um fantasma sem o que fazer, dispersada no meio de uma multidão onde todos vão para o mesmo lado e eu ali parada a pensar se vou com eles ou se fico ali apenas para sempre;  ou, ainda, se crio o meu próprio caminho. O mais fácil seria seguir a multidão. O mais difícil seria criar o meu caminho e o pior, sem dúvida, é ficar parada... Apenas quero encontrar-me.. Sou uma pessoa bastante alegre, mas a vida é demasiada cruel, e por vezes, mesmo estando rodeada de pessoas, sinto-me sozinha e triste".

Aurea (Comunidade QM
Imagem: por Cpt

SENTIDO DA VIDA E A FELICIDADE

12/25/2009
Muitos adolescentes (talvez eu e você) já pensaram em sair para a escola e abandonar o barco da sociedade: queimar os documentos, abandonar pais e amigos, colégio, compromissos e, principalmente, planos. Tudo para por o pé na estrada, sem rumo, pensando em viver uma silenciosa vida de protesto contra um mundo com o qual não concordamos. No filme "Na Natureza Selvagem", inspirado na história real de Christopher McCandless (Emile Hirsch), um jovem rapaz abandona sua vida de conforto para buscar a liberdade pelos caminhos do mundo, uma viagem que o leva ao Alasca selvagem. Escrito e dirigido por Sean Penn, foi tido pela crítica norte-americana como "perturbador, envolvente e impressionante quanto belo". Não se trata, numa exceção à nossa lista de filmes selecionados, de um filme de temática espiritualista; mas fala da vida com uma profundidade que merece a recomendação.

Este é o quarto longa do também ator Sean Penn e venceu o Oscar em duas categorias (melhor ator coadjuvante e montagem). O roteiro também é assinado por Penn e se baseia no livro homônimo de não-ficção de Jon Krakauer, que conta a vida de Christopher McCandless, um rapaz que no início dos anos 1990 abandonou tudo, entregou à caridade todo o dinheiro guardado para custear seus estudos e caiu no mundo em direção ao Alasca, sem sequer avisar a família. Pode-se encarar Chistopher de duas maneiras: como um egoísta arrogante, impulsivo e mimado que fez essas escolhas para agredir seus pais ou como uma espécie de herói romântico.

Em seus escritos, como um diário, Chistopher enfatiza o que há de belo na natureza, rejeitando os bens materiais e se autodefinindo como "viajante estético". Adotando o pseudônimo de Alexander Supertramp, o rapaz desistiu de ter documentos, dinheiro e residência fixa. Fez de tudo para não ser encontrado por sua família, vivendo em plena liberdade, seguindo textos de escritores como Leon Tolstói, Henry David Thoreau e Jack London. Em seu caminho, o personagem faz alguns amigos, como um casal de hippies; um fazendeiro; uma garota por quem se interessa e um viúvo solitário, que vê nele o neto que nunca teve. Para conferir autenticidade, muitas das cenas foram rodadas nos lugares por onde Chris passou realmente. Depois de hesitar por dez anos, a família McCandless concordou em dar o seu aval à produção.

Doloroso e verdadeiro, o roteiro traz a realidade da busca pelo sentido da vida e fala sobre a dor da solidão. E toca quando o personagem, num momento extremo, conclui que "a verdadeira felicidade tem que ser compartilhada". Veja o trailer abaixo.

Ficha Técnica - Duração: 140 minutos - Ano de Lançamento (EUA): 2007 - Direção: Sean Penn - Roteiro: Sean Penn, baseado em livro de Jon Krakauer - Música: Michael Brook, Kaki King e Eddie Vedder - Elenco : Emile Hirsch (Christopher McCandless)Marcia Gay Harden (Billie McCandless)William Hurt (Walt McCandless) Jena Malone (Carine McCandless)

A FELICIDADE SÓ EXISTE QUANDO COMPARTILHADA

12/25/2009
Logo após acabar o curso na Universidade de Atlanta (EUA), em 1990, o jovem Christopher McCandless tomou uma decisão que iria mudar sua vida. Doou os 24 mil dólares que tinha no saldo bancário a instituições de caridade e desapareceu sem avisar a família.

Já não era a primeira vez que Chris decidia fazer uma viagem pelos vários Estados americanos, sozinho, dependendo da natureza e do que encontrava no caminho.
Mas, daquela vez foi diferente. A sua raiva quanto à civilização em que vivia, quanto aos pais e à mentalidade materialista da época, foi fundamental para a sua tomada de decisão.

A partir daquele dia não mais regressaria à sua casa. Viveu assim, por muito tempo, desbravando o país, andando a pé, ou contando com caronas de estranhos para se locomover. Trabalhava aqui e acolá. Ganhava um pouco de dinheiro, comprava suprimentos e continuava sua caminhada, livre, em busca de uma felicidade há tanto sonhada. Sua história ficou conhecida através de escritos que deixou por vários cantos, sob um pseudônimo, e que depois foram colecionados pelo escritor Jon Krakauer.

O solitário andarilho, então, foi ao encontro daquela que seria a maior de todas as suas aventuras. Embrenhou-se no Alasca, buscando sobreviver apenas do que a natureza lhe daria. Passaram-se meses. Através de um diário que mantinha, o jovem ia descrevendo seus dias. Seu corpo foi encontrado em decomposição no ano de 1992, dentro de um saco de dormir, no interior de um pequeno ônibus abandonado na floresta. Calculou-se que já havia falecido há cerca de duas semanas. A causa oficial da sua morte : fome.

O autor do livro, que conta a história dramática do jovem, relata que uma das frases mais significativas encontradas em suas anotações dos últimos dias de vida, foi a seguinte: A felicidade... só é verdadeira... quando partilhada.

* * *

Não nascemos para vivermos sós. Somos seres sociais por natureza, a ponto de nosso isolamento em excesso se fazer prejudicial ao corpo, à mente e ao Espírito. Logo, toda fuga da vida, toda tentativa de escapar da dor, dos desconfortos dos relacionamentos, será sempre frustrada. Precisamos uns dos outros, esta é a lição.

A partir de artigo do Momento Espírita. Leia texto integral

SOLIDÃO : QUANDO NOS PERDEMOS DE NÓS MESMOS

12/13/2009
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe às vezes, para realinhar
os pensamentos...
isto é equilíbrio.

Tampouco é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente,
para que revejamos a nossa vida...
isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado ...
isto é circunstância.

Solidão é muito mais que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos
e procuramos em vão, pela nossa Alma...

OS VENTOS SOPRAM NA DIREÇÂO DE QUEM SONHA

12/12/2009


Caminho por uma aldeia deserta na Espanha, e escuto uma banda de música. É feriado, todos estão se divertindo numa festa em uma casa particular - menos eu. Estou só, e não tenho com quem conversar.


Há quatro meses estou viajando para a promoção dos meus livros, e me pergunto se afinal vale a pena tudo isto - se não devia largar tudo agora, e voltar para o Brasil.


As ruas da aldeia são estreitas, anoitece, e a solidão fica mais difícil de aguentar.
De repente, ouço a voz de um homem cantando; deve ser o único na cidade que não foi à festa.
“Por que?”, pergunto para mim mesmo. Será que não gostam dele? Será que ele não gosta de festas? De qualquer maneira, escuto sua voz, e sinto que está alegre. Consigo entender alguns versos da canção:


“Nestes dias, todos os ventos do mundo sopram na direção de quem sonha. Nestes dias, a chuva sempre desenha o rosto de quem amamos”.


Anoto os versos num bloco que as vezes carrego comigo. Nunca conhecerei este homem. Nunca saberei seu rosto ou sua idade. E ele nunca saberá que, nesta tarde gelada, me ensinou que eu não estava sozínho, e me devolveu a alegria e a coragem.


(Paulo Coelho)

O SUICÍDIO E SUA FALSA SOLUÇÃO

12/10/2009
De facto não dá para julgar.acto de cobardia!!!! não , acto de coragem. E se a o suicídio vai fazer quem amamos feliz? pois se somos nós o problema também somos nós a solução.deixem-me morrer em paz.
Comentário à postagem "SUICÍDIO", deixada por leitor que identificou-se por Teshi71

Caro amigo(a). Sinto não saber se vai ou não ler o que penso...
Sinto muito também por você pensar assim... Eu jamais julgaria ser ato de coragem ou covardia o suicídio. Só acho (e acredito piamente no que digo) que o preço a ser pago por tal ato é muito alto, mesmo que seja pra fazer alguém feliz. Por mais que esta pessoa mereça a solução de um problema (no caso você), ela, e só ela deve achar a solução para este problema, afinal, o problema é dela e não seu por amar demais. Talvez você não tenha percebido que somos livres e por isto mesmo, temos o direito de não mais querer uma pessoa ou situação.

Um amigo meu se suicidou por alguém e sinto muitíssimo por ele, pois não acredito que ele se sinta melhor agora... deve ser horrível acabar com a própria vida e do lado de lá perceber que nada mudou, que só aumentamos o nosso problema. Deve ser horrível chegar diante de Deus e ele te perguntar o que fez com a vida que ele te confiou e ter de responder que jogou no lixo, que não deu valor a ela...

Não sei, mas acho que se você pensar melhor e ler "Memórias de um Suicída" de Yvonne A. Pereira, você mudará de idéia. Espero sinceramente que você acorde a tempo de fazer tão grande loucura. Espero que não tenha jamais de se arrepender pela prática de um ato tão danoso ou teu espírito. Beijos carinhosos e que você sinta Deus em seu coração o quanto antes.

FLORBELA : O ESPÍRITO E A ALMA DE UMA FLOR

11/26/2009
Por Altamirando Carneiro

A poetisa portuguesa Florbela de Alma da Conceição Espanca nasceu em Vila Viçosa, Portugal, em 8 de dezembro de 1894. Desencarnou na véspera do seu 36° aniversário, confessando que se suicidou, conforme psicografia registrada no livro "Antologia do Mais Além", do médium e escritor Jorge Rizzini. Florbela iniciou seus estudos nos liceus de Évora e, dois anos depois, ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa, onde estudou até o terceiro ano.

PARA QUÊ?

Publicou "Livro de Mágoas", "Livro de Soror Saudade e Charneca em Flor", sua obra-prima, considerado um dos mais notáveis livros de poesias em língua portuguesa. Contudo, Florbela não viu a obra editada; morreu semanas antes.


À poesia de Florbela Espanca caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude.

Vamos apresentar dois sonetos da poetisa, o primeiro dela encarnada e o segundo, já como Espírito. Em Para quê?, Florbela Espanca demonstra toda a contrariedade, tristeza e desencanto que lhe vai na alma e que poderiam ser melhor compreendidos com a convicção de que, estando num mundo de expiações e provas, todas essas contrariedades são infortúnios passageiros, na caminhada evolutiva do Espírito. Já em Minha Cruz, Florbela fala do suicídio que cometera. Esse poema pode ser conferido no livro "Antologia do Mais Além", de Jorge Rizzini.

Altamirando Carneiro é jornalista e escritor. Dirige o jornal O Semeador e a Sociedade de Arte Poética Castro Alves. Texto publicado originalmente na Revista Universo Espírita, n. 30, pág. 16.

Tudo é vaidade neste mundo vão...
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada!
E mal desponta em nós a madrugada,
Vem logo a noite encher o coração!

Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisem pelo chão!...

Beijos de amor! Pra quê?... Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Só neles acredita quem é louca!
Beijos de amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta!


MINHA CRUZ

Revejo novamente a minha cruz!
Voltam com ela todos os cansaços...
Quem me cortou os pulsos?
Doem-me i os braços!
E essa morta? Quem trouxe à meia luz?

Tem a face de mármore... os pés nus...
Por onde, dize lá, foram teus passos?
Tens nos olhos tristes, puros, olhos baços.
-Essa morta sou eu! Cristo Jesus!

Ninguém tanto sofreu num só momento
Estava viva e soluçava ao vento!
E eu era a louca que tombara morta...

Trinta anos a minha alma a vaguear...
Por certo alguém a viu nesse lugar,
A bater, sempre em vão, de porta em portal

SUICÍDIO : A MORTE AMEDRONTA E EXCITA

11/20/2009
A morte nos amedronta e excita ao mesmo tempo. Não é só o cineasta Eric Steel que se sente atraído pela morte. Basta lembrarmos das inúmeras vezes em que espichamos a cabeça para fora da janela do carro diante de um acidente na estrada ou de como nos esforçamos em saber como foi a morte de Fulano ou de Sicrano.

Guilherme Dota, um analista de sistemas de Campinas (São Paulo), foi mais além. Ele é o criador da comunidade “Profiles de gente morta”, no orkut. Guilherme observou que, se de repente uma pessoa que tem seu perfil no orkut morre, o profile dela fica vagando como se nada tivesse acontecido, como a lenda daquele navio fantasma, o "Holandês Voador" (que dizem que navega até hoje pelos mares com uma tripulação fantasma).

Para André Camargo Costa, mestre em psicologia pela USP e autor da palestra "Aprender a morrer", tudo o que gera medo tende a gerar atração. “Essa curiosidade pode parecer mórbida mas, no fundo, é apenas uma tentativa de elaboração da própria. Afinal, não é fácil aceitar - quer estejamos preparados, quer não - que um dia todos devemos morrer."

A comunidade "Profiles de gente morta" tem 40 mil membros e a procura por ela cresce vertiginosamente. A parte mais triste ao navegar nessa comunidade é perceber que maioria dos perfis é de jovens que morreram em acidentes de carros ou que - pasme! - se suicidaram. Infelizmente, a quantidade de suicidas no planeta não é nada pequena e é exatamente aqui onde essa matéria quer chegar: existem bem mais pessoas desiludidas com a vida, a ponto de se livrar dela, do que podemos imaginar. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são 8 mil por ano. No mundo, 1,5 milhão.

SUICÍDIO: O PONTO DE PARTIDA É A SOLIDÃO

11/18/2009

A dúvida - “Não sei o que leva uma pessoa a fazer isso” – está presente muitas vezes no documentário "A Ponte" -- veja na mensagem "Por quê as pessoas se suicidam?". Se já é difícil aceitar a nossa própria morte que, sabe-se lá quando vem, imagine aceitar a do outro que se desfaz da vida como alguém que joga uma casca de banana no lixo. Certamente, muitos motivos levam uma pessoa a cometer suicídio. Para o psiquiatra Roberto Shinyashiki, existem dois tipos de suicidas em potencial: “Um é o depressivo, que tem falta de enzimas cerebrais e portanto realmente precisa tomar remédio. O outro é o que está passando por uma crise existencial profunda e ele, na verdade, não tem coragem de destruir o mundo que criou e destrói a si próprio”.

O CVV recebe entre 80 e 100 ligações por dia

Para entender melhor esse processo, procuramos Carlos M., voluntário há 10 anos do Centro de Valorização da Vida (CVV). “Nesses anos, atendi milhares de telefonemas de pessoas desesperadas porque perderam o emprego, descobriram uma gravidez indesejada, foram avisados de uma doença terminal, perderam o emprego, se separaram da pessoa amada... Mas acredito que todas elas tenham um ponto de partida em comum: a solidão", relatou Carlos.

"Nosso foco no CVV é o que o ser humano, do outro lado da linha, está sentindo, não a história em si. Estamos presentes no momento agudo, sem julgamentos”. O CVV não dá conselhos. Apenas pergunta para a pessoa como ela está se sentindo naquela momento. “Essa pergunta mexe na veia e ajuda. Queremos que a pessoa tenha uma visão de si mesma e perceba sua capacidade de aguentar as pressões. Todo mundo é capaz de superar a crise, de se acalmar e refletir”. completa Carlos. Segundo ele, a data em que as pessoas mais procuram o CVV é no Dia dos Namorados.´

SUICÍDIO: A FALSA SOLUÇÃO DO PROBLEMA

11/14/2009

“Quando você quer morrer, não pensa na dor que as pessoas que gostam de você sentirão e sim no alívio que vai dar a eles”
A escritora paulista Stella Florence, 40, viu a morte bem de perto quando tinha 24 anos. “Eu era muito apaixonada por um cara e nós fomos para o Rio de Janeiro passar uns dias. Numa noite, ele estava muito alterado e quis transar comigo. Eu recusei e ele me bateu e fez sexo comigo à força. Eu me senti péssima. Depois disso, ele chegou em casa com uma mulher muito bonita. Aí que fiquei arrasada de vez. Quando eles saíram, só tive forças para chegar até a varanda do apartamento e me debruçar. Quando fui pular, um copo de vidro que estava ao meu lado se estilhaçou, do nada. Isso me assustou e ajudou a sair do transe. Percebi que, quando você quer morrer, não pensa na dor que os outros vão sentir e sim no alívio que vai dar. Pensa que as pessoas vão ficar melhor sem você, sem sua presença triste, nefasta”, desabafa Stella.

M.R., 32, designer, tentou o suicídio por overdose aos 22 anos. “Desde que eu era adolescente sofria pela falta de compreensão da minha família e amigos. Eu me senti excluída por todos e até de mim mesma. Isso gerou um grande conflito de personalidade. Quando a gente está deprimida tenta fugir completamente da realidade. E vale tudo!” – revela M.R. Aos 22 anos, ela teve uma nova fase de depressão. Foi a época em que se envolveu com drogas. “Eu quis acabar com meu sofrimento e apelei para as drogas pesadas. Mas alguma coisa me impediu de morrer. Depois disso, descobri que todo buraco tem mola e virei a mesa. Hoje não me deixo mais afundar...”, finaliza.

A maioria das tentativas de suicídio é cometida pelas mulheres

A explicação, segundo a psiquiatra Alessandra Diehl Reis, da Universidade Federal de São Paulo, é que os homens buscam formas mais brutais de suicídio, como tiro ou enforcamento. Raramente as mulheres usam essas técnicas, preferem os soníferos, e, portanto, têm mais chances de serem socorridas e sobreviver. Para a psicóloga Rejane Bronhara Puttinni, diferentemente do homem, a mulher quando não consegue mais expressar suas emoções ligadas a fatos que a contrariam, acaba se fechando. "Elas realmente adoecem e é uma tristeza muito profunda no coração, no sentimento e na emoção", conta a psicóloga.

Por Gisela Rao
Reportagem publicada originalmente no Portal iTodas

QUE FAZER QUANDO ALGUÉM PENSA EM SUICÍDIO

11/12/2009
Alexandrina Meleiro, médica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, sugere três atitudes:

1- A primeira coisa é vencer o tabu de falar sobre morte e suicídio com a pessoa que está com essa idéia na cabeça. Enfrente o tema. Não tente disfarçar a situação. Cerca de 70% das pessoas que se mataram comunicaram antes de alguma forma suas intenções e ninguém deu ouvidos. Preste muita atenção no que ela tem a dizer. A pessoa precisa perceber que tem um fator de proteção em sua vida, ou seja: família, amigos, alguém de confiança que esteja disposto a ouvir.

2- Tente mostrar para ela que, por pior que seja a situação, sempre existe um plano B. Muitas pessoas se suicidam porque perderam muito dinheiro, ou romperam algum relacionamento onde eram dependentes afetivamente, por serem jogadores patogênicos, por gravidez na adolescência etc. Mas sempre existe uma saída para qualquer um desses becos.

3- Se a situação for muito grave, você deve levá-la a um profissional para que ele avalie o diagnóstico. Se é o caso de dar remédios, de internar, de indicar uma psicoterapia.

 
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