SUICÍDIO : NECESSIDADE DE VIGILÂNCIA CONSTANTE

Drauzio – Nessas situações de risco evidente o que deve fazer a família? Esconder as facas, sumir com as armas que porventura existam em casa, e o que mais?

Alexandrina Meleiro – Em algum momento da vida, diante de uma situação difícil, as pessoas podem experimentar o desejo de morrer. A complicação começa quando o desejo de morrer está associado ao desejo de se matar. Nesse caso, a pessoa deve passar o quanto antes pela avaliação de um psiquiatra que entenda do assunto e que irá dizer se o paciente pode permanecer em casa. Se puder, os familiares têm de não só guardar as facas, mas também os remédios da vovó, cordas e lençóis. Se moram em apartamento, janelas e portas precisam ser trancadas. Esses cuidados são indispensáveis porque às vezes, numa fração de segundos, o que não se deseja acontece.

Orientar a família é importante, porque precisamos de um tempo para reverter o quadro, o que pode levar de uma a duas semanas. Muitas vezes, a internação se faz necessária, mas o paciente precisa estar sob vigilância constante, porque alguns acabam atentando contra a própria vida mesmo dentro dos hospitais, o que é mais trágico ainda.

São situações delicadas, mas que trazem muita satisfação quando se consegue resgatar a pessoa e ouvi-la dizer: Puxa! Ainda bem que estou fora!

Drauzio – Como você resolve a questão do sigilo profissional?

Alexandrina Meleiro – Sob juramento, o médico promete não comentar o que ouviu de seu paciente. Em se tratando de risco de suicídio, nos meus 25 anos de carreira, aprendi que essa prática posso desrespeitar e que todos me agradecem por isso. Portanto, chamo a família, conto o que está acontecendo, explico como pretendemos intervir e se há necessidade de internação. Como falei, eles não viam saída naquele momento, mas quando a pessoa sai da depressão descobre que há alternativas. É fundamental manter a esperança, mostrar que existe um raio de sol. A esperança ajuda a vencer o período sombrio da depressão.

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