AMOR GAY : MEDO FRUSTRAÇÕES E SUICÍDIO

"Amei (amo) muito uma pessoa , mais ela se foi não sei onde esta. Às vezes meu coração sente tanta falta que parece que vai explodir. Sei que ainda vamos ser felizes juntos, mais a falta de paciência me agonia, já faz quase três anos, já tentei outras pessoas, mas não consigo... O nome dele e S., ele é de fortaleza e eu também... Tudo se torna complicado, porque sou gay (ele também ), mas tem medo da familia. Daí me deixou ... Nunca mais o vi... (Anônimo - Comentário à postagem "Minha alma gêmea foge de mim")

O amor entre iguais não é um tema abordado explicitamente no "Amor de Almas", simplesmente pelo fato de que tratamos de um único sentimento (o Amor) e este não conhece os limites das convenções e do preconceito. Mas fatos recentes e a postagem emocionada de uma amiga, no Angel Blog, me fez retornar ao assunto. E foi justamente nos comentários que colhi o gancho para falar disso, mas acabei sendo levado ao blog de Hermano Barrios, onde ele próprio conta, com palavras que não seria capaz de usar tão bem, o drama e o desconforto de quem vive esta opção sexual. Decidi, então, reproduzir seu texto exemplar.

* * *

Infelizmente ontem mais um conhecido meu tirou sua própria vida. Comecei a pensar nas pessoas que conheço que cometeram suicídio e notei que todas tinham algo em comum, ERAM GAYS. Isso me fez pensar, gays são mais infelizes?

As pesquisas indicam que sim.

As possibilidades de tentar terminar com sua vida são treze vezes maiores para os homossexuais que para o restante da população de sua mesma idade e condição social.

Em um ano, 906 garotos vão preferir morrer a continuar sofrendo humilhação. 150 garotas vão escolher desaparecer a ter de lutar pelo direito de amar quem elas quiserem. Mil e cinquenta e seis ao todo.

Quanto de talento não estamos perdendo a cada ano?
Quantos artistas, escritores, músicos, arquitetos, médicos, engenheiros, designers, advogados, professoras?

Quem sabe o que eles poderiam trazer de benefícios para a humanidade?

Em estudo lançado pelo departamento de Medicina Preventiva e Social da Unicamp atestou que a principal causa de suicídio entre jovens gays se relaciona com frustrações no âmbito familiar e afetivo.

Quando um pai ou uma mãe diz "Se você continuar com essa viadagem, você pra mim morreu," e o jovem sabe que NÃO PODE MUDAR ISSO?

Machuca, né? Não só o fato da família julgar, mas até mesmo amigos e meros desconhecidos no meio da rua.

Uma das conclusões que cheguei após uma longa reflexão e pesquisa é que isso é um assassinato social. A pessoa acaba tirando sua própria vida por causa dos outros. Isso é tão errado.

Imagine estes MIL E CINQUENTA E SEIS que vão morrer este ano, se tivessem a chance de pensar um pouco mais de tempo, de serem ajudados, de ver que a culpa não é deles, e sim da sociedade. Gente, são mais de mil vidas!

Mais de mil famílias sofrendo a cada aniversário, a cada Natal, a cada lembrança... Fora os amigos...

Tem solução?

Assumir para as pessoas da sua vida a sua orientação sexual e parar de sofrer em silêncio talvez seja uma das soluções. Sou da teoria de que se todos os gays saíssem do armário, não existiria mais homofobia. Porque se tornaria algo "normal" ser gay. Ainda não entendo porque as pessoas se preocupam tanto com a sexualidade dos outros. Deixem as pessoas em paz!

Uma palavra basta: RESPEITO.

Que tal buscar conhecer um pouco mais sobre o que é ser gay ou ser lésbica (ou até ser travesti ou transexual) em vez de recriminar o que desconhece, por puro susto?

Se você é religioso, que tal procurar saber o que realmente a Bíblia diz sobre a homossexualidade antes de sair repetindo as besteiras pregadas por pastores e padres que mal leram as escrituras?

Caso contrário, a próxima vez que você disser que prefere ter um filho morto a ter um filho gay, seu pedido pode se tornar realidade.

Abaixo, vídeo de um menino que sofria bullying na escola e se suicidou, reportagem do "Profissão Repórter".




* * *

A seguir o comentário de outra blogueira, Manuela Medeiros, que foi o que na verdade me levou a conhecer a página de Hermano Barrios (veja no original).

"por isso amo tanto a minha mãe. ela não consegue ainda lidar com o fato de eu ser gay e eu também não fico tentando empurrar isso goela abaixo. eu respeito a dificuldade dela porque ela foi criada em outros tempos e ela respeita minha escolha, porque ela sabe que eu gosto simplesmente de ... PESSOAS.
ela nunca me humilhou, nunca me bateu e jamais diria ou ousaria pensar que prefere que eu morra do que seja gay.
minha mãe é muito linda, tão linda de coração que só de falar dela as lágrimas veem.
desejo que os pais e mães dos homossexuais tenham por seus filhos o amor que minha mãe tem por mim: incondicional, acima de preconceitos e valores distorcidos impostos pela sociedade e igreja.
parabéns pelo texto e meus sentimentos por seu amigo.
um beijo".

Imagem: Made Underground (Flickr)

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16 comentários :

  1. Anônimo27/2/10

    Todos os dias desejo a morte, desejo recomeçar - caso exista um recomeço - desejo não causar as humilhações que causarei no futuro. Reflito todos os dias buscando me aceitar, buscando migalhas de aceitaçaõ para minha situação. Dizem que ser gay é um doença, acredito que nao seja. É pior! Pois uma doença ou se cura ou te mata, a homossexualidade não. Ela estará com você para sempre, até o dia em que Deus, em sua mais egoísta misericordia, decide acabar com isso. Invejo os gays que se aceitam e são felizes... Infelizmente este não é meu caso.

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    1. Anônimo25/7/14

      Estou com vc.mesma situação se posso dizer assim...e muito difícil pra nos mesmos...se um dia eu mim liberta de mim mesmo...e tiver recursos desejaria criar uma associação para pessoas que esteja nessa situação....

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  2. Não se culpe, nem tenha desejo de morrer. A homossexualidade não é uma escolha e também não há cura já que não é uma doença. Não há nada de errado com você.

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  3. Anônimo16/12/12

    Vc eh perfeito.Vc nasceu assim.Se ame

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  4. Anônimo29/4/13

    Eu realmente não sei mais o que fazer, desde muito pequeno já sabia quem eu era e já sofria com os dizeres das pessoas em volta, das correções grosseiras do meu pai me corrigir pelo modo que eu agia. Todos os dias acordando e sabendo que começaria tudo de novo. Indo para uma igreja que dizia que homossexuais iriam para o inferno. Eu sempre estive sozinho, mesmo indo à igreja e tentando ser normal como os outros

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  5. Anônimo29/4/13

    Hoje mesmo assim, sofro, com mais de 20 anos... Sob um silencio que me mata aos poucos... Escutar todos os dias que as pessoas tinham pena dos gays começou a me massacrar. Eu trabalhava, tinha uma vida normal, eu estudava, mas nem quero mais sair de casa. Minha mãe me olha estranho e não sabe quem realmente sou. Meus irmãos namoram, menos eu, nunca se quer beijei alguém, todos os dias desde que me conheço por gente desejo não existir

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  6. Anônimo29/4/13

    Não vejo mais o meu sorriso no espelho, só vejo um dia massante a cada dia, em saber que talvez nem ao menos Deus me aceitaria. Tenho medo de fazer amizades, sofro de depressão a mais de 4 anos, aviso minha mãe que preciso de ajuda, mas ninguém me ajuda. Procuro psicólogos públicos, mas sempre estão de licença

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    1. Anônimo25/7/14

      A melhor coisa não e se matar...eu to em uma faze de procura psicólogo...

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  7. Anônimo29/4/13

    É a primeira vez que tento desabafar, tento tirar essa agonia de dentro de mim, mas escrever não adianta mais... Tenho nojo de mim mesmo. É como se eu fosse um esgoto para minha família. Amei uma pessoa, cujo melhor amigo em silencio sem nem ao menos poder ter a liberdade de dizer q eu o amava mais do que tudo. Ser impedido de expressar meus sentimentos. Desejar não acordar mais por horas e horas procurando um modo de aliviar a dor. Eu só queria Ser feliz.

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  8. Anônimo29/4/13

    Desde que me entendo por gente nunca fui feliz. Meu sorriso sempre foi falso, dizendo que estava tudo bem, mas nunca estava. Isso não foi uma escolha! Eu nunca quis escolher isso! Por que eu nasci assim? O que eu fiz de errado? Eu só queria amar e ser feliz, pq não me dão esse direito? Eu não agüento mais ficar dentro da igreja ouvindo falar mal da homossexualidade e ouvir um salve de pena. Não agüento mais

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  9. Anônimo29/4/13

    Não comemoro meu aniversario desde meus 8 anos de idade. Não viajo com minha família desde os meus 13 anos, nao vejo mais graça em viver desde meus 8 anos... Nao vejo mais vontade de voltar a trabalhar, nao tenho forças para continuar. Meu pai nunca aceitaria, na minha frente e dos meus irmãos enquanto vê tv e visualiza noticiários sobre gays sofrendo agressões, ele diz que eles merecem, pq são uma vergonha para a família

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  10. Anônimo29/4/13

    Nao tenho olhos para a vida desde pequeno. A depressão que veio agora por estes fatores... Me fez sair da igreja, nao ajudar na organização da casa, a dormir tarde e acordar 3 horas da tarde, ficar sozinho sem ter alguém pra conversar.

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  11. Anônimo29/4/13

    Meus irmãos, minha mãe, meus cunhados e cunhadas me chamam de gay, boiola, bicha no sentido de brincadeira, mas na verdade eu estou me remoendo por dentro. Nao agüento mais! Eu quero sair daqui, quero ir embora, nao quero mais viver, minha vida nao trás liberdade, eu prefiro morrer e ter pelo menos uma chance. Do que ouvir políticos achando que isso é uma brincadeira! Se sabemos o que é bom pq escolheríamos o lado ruim? Pq escolheríamos?

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  12. Anônimo29/4/13

    Eu só queria ser feliz. Por que tem que ser assim?

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  13. Anônimo29/4/13

    Toda minha infância eu fui zombado por todos ao meu redor. Eu nao tenho lembranças boas da minha infância a nao Ser um cachorro que era meu único e melhor amigo. Onde eu contava pra ele meus problemas, somente ele. Ele era o único q sabia, mas ele se foi em 2005. Ninguém mais sabe a nao ser eu. Uma vida no silencio. Até hoje nunca fui eu mesmo para com outras pessoas. Minha mãe nunca soube quem sou de verdade e me sinto tão mal por isso. Nao sei o dia de amanha. Nao sei

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  14. Anônimo25/5/13

    Sabe, pela primeira vez na minha, já perto do 39 anos de idade, pensei seriamente em morrer. É porque sou gay, sinto-me excluído apesar de não dar mostras para ninguém sobre minha sexualidade. Aos 15 anos, imaginava que nesta idade teria já filhos adolescentes, seria um profissional respeitado, casado com uma mulher bonita e respeitosa. Minha vida não foi bem isso, embora eu tenha feito tudo que eu desejei, inclusive aprender dois idiomas, fazer doutorado, viajar para o exterior e ter um cargo de executivo dentro de uma boa empresa. Mas trocaria isso tudo por uma vida mais tranquila, mesmo que fosse para viver trabalhando em chão de fábrica, alugando uma casinha simples no subúrbio e ganhando salário mínimo. Mas essa vontade de morrer passou tão repentinamente quanto veio. Na verdade, havia perdido a consciência de que a homossexualidade foi uma escolha nossa. Não se engane em ficar questionando-se sobre os motivos pelos quais Deus te assim. Você se fez assim, mesmo que de forma inconsciente, mesmo que você não se lembre agora. Brinde a vida que lhe foi dada com sabedoria. Você é forte, inteligente, capaz, tem saúde, consegue andar e possui o dom do livre arbítrio! Mova-se! Mexa-se, saia da posição de sofredor e vítima de si próprio. As tristezas podem até vir, ninguém é obrigado a ser feliz 24 horas por dia. Mas não deixe de viver por conta da sua homossexualidade!

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