Imaginemo-nos olhando para a rua, através de uma vidraça num dia de forte chuva e pensemos o que significa sentir o frio que outra pessoa pode passar por estar mal agasalhada sob o temporal. Não é difícil esta divagação. Porém, se formos mais longe, tentarmos perceber o que ela poderia estar sentindo ante o fato, a situação se aprofunda. Quais seriam os seus sentimentos naquele instante? Medo? Satisfação? Tudo depende de seu histórico de vida, como ela vivenciou tudo aquilo em outras oportunidades ou qual o seu desejo naquele exato momento.
Nossa capacidade de pensar o que se passa no coração de uma outra pessoa, geralmente nos leva a cometer enganos muito comuns que acabam por afetar as nossas relações interpessoais, porque não fomos formados para “sentir” as sensações do outro e, sim, educados para imaginarmos que tipo de reação ela terá ante os acontecimentos de sua vida a partir da interpretação das nossas próprias vivências.
Costumamos pensar: “Eu no lugar dela faria desta maneira”. “Julgamos correta a atitude da pessoa quando ela age da forma que agiríamos”, assegura o psiquiatra Flávio Gikovate. “Achamos inadequada sua conduta sempre que ela for diversa daquela que teríamos. Ou melhor, daquela que pensamos que teríamos uma vez que, muitas vezes, estamos fazendo juízos a respeito de situações que jamais vivenciamos”, complementa o especialista.
Cada vez que o outro não age de acordo com o que havíamos suposto que faríamos no lugar dele, concluímos que esteja errado. E, quando temos acesso à pessoa, ou, o que é pior, uma certa ascendência sobre ela, tendemos a tornar-nos autoritários, exigindo sempre que o outro se comporte de acordo com nossos valores. E nos utilizamos sempre do mesmo argumento: “Eu no seu lugar agiria assim e é assim que você deve fazer”.
Se o outro reage e faz de modo diferente do nosso conselho ou imposição, nos quedamos irritados, no mínimo, decepcionados. É o eterno problema de não sabermos conviver com a verdade de que somos diferentes uns dos outros.
No CVV somos orientados para compreender que as diferenças entre as pessoas são incontestáveis e que só a aceitação de que existem pontos de vista variados, torna viável e pacífica a convivência humana, porque passamos a ver o outro com objetividade, como um ser com as suas peculiaridades, independente de nós. E, assim, ao nos colocarmos no lugar dele, “vamos sentir” as nuanças de sua vida como elas são e não como são os matizes da nossa existência.
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