POESIA AJUDA PACIENTE A SUPERAR A DEPRESSÃO

Os versos poéticos escritos em momentos de crise foram fundamentais na vida da paciente portadora de transtornos mentais de um dos centros de atenção psicossocial (Caps 3), a dona de casa Leda Solange Aguiar Santos, 57. Leda, após 20 anos de tratamento da bipolaridade e depressão profunda, descobriu em uma das suas visitas ao Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro que, ao colocar no papel tudo o que sentia, poderia amenizar o seu sofrimento.

“Uma vez ou outra encontro em alto mar enfrentando enormes ondas turbulentas, sei que não sou a única, mas sem que eu perceba vou sendo conduzida delicadamente até a praia. Já me sinto segura e começo a caminhar, seguindo a trilha em que eu mesma as traço. De pé e cabeça erguida, não olho as pegadas que deixei para trás, é neste momento que contemplo o céu e lá estão elas! São as estrelas que brilham de uma maneira inexplicável, creio que durante todos esses anos todas estiveram ao meu favor, iluminando a minha vida”.

Esse é apenas um trecho do poema ‘A Mente’, do livro de poemas ‘Ler e Ver’ da dona de casa, onde faz um desabafo de seus sentimentos e vivências, que marcaram a sua vida.

Natural de Porções (BA), Leda Solange veio de uma família humilde. Sua mãe, no momento do parto sofreu complicações e teve hemorragia. Devido ao problema ficou em coma por 27 dias.

“Meus pais contavam que tiveram que dar mais atenção para a minha mãe e me deixaram de lado. Mas nós duas conseguimos sobreviver e por causa de toda essa complicação não fui amamentada com o leite materno. Por causa de todo esse sofrimento da minha mãe, meus pais sempre colocaram esse dolo sob a minha responsabilidade”, conta Leda.

Na escola, Leda sempre teve dificuldade em fazer amigos. Sua vida foi marcada, após rejeição sofrida por seus pais, por não ter dinheiro para pagar as mensalidades e continuar os estudos.

“Já passava mal desde criança e isso fazia com que as outras crianças se afastassem de mim. Quanto comecei a estudar na 5ª série, meu pai havia conseguido uma bolsa de estudos, porém após o início das aulas sempre fomos cobrados por cada centavo. O fato de papai e mamãe não terem condições de pagar a escola tive que para de estudar”, relembra.

Leda Solange já escreveu poemas falando sobre aborto, economia, política, idosos, concurso público, amor e do Amazonas, Estado que a acolheu ‘com muito carinho’, como faz questão de deixar claro.

“Ainda tenho crise, mas não são como antes. Cheguei a pensar em me matar por quatro vezes. Lembro que da primeira vez andei na balsa do São Raimundo e estava a fim de colocar um ponto final na minha vida. Mas as pessoas que estavam por perto me acolheram. Essas sensações coloco no papel e desabafo”, diz.
A partir do site Em Tempo. Leia no original

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