DEPRESSÃO : UMA PEÇA QUE NÃO ESCOLHE ELENCO

Imagem por physiognomist
Nenhuma pessoa está livre de sentir uma tristeza profunda por uma perda, ou um desânimo passageiro, mas aqui estamos falando de depressão, uma doença que vem aparentemente sem motivos, causa sofrimento e se arrasta um tempo podendo, muitas vezes levar o individuo à morte. Mariana Assis, 67 anos moradora da cidade de Carangola, MG, esta em tratamento desde 1992 e conta um pouco sobre sua historia de vida.

Pedro Ewers: Há quanto tempo à senhora foi diagnosticada com depressão?

Mariana Assis: Me separei do meu esposo aos 48 anos, meses antes havia perdido minha única filha, a partir daquele momento não via mais sentido em viver, tudo estava muito vazio, precisava de alguém para preencher essa ausência. No ano de 1992 fui diagnosticada, pensei que fosse dor da perda, mas esse sofrimento se alongou por anos.

Após o falecimento de sua filha e durante esse processo de tratamento, onde a senhora encontrou forçar para seguir?

Meus irmãos me deram muita força, em especial o mais novo, o Marcio sempre me ajudou muito, foi ele quem me levou ao consultório do Doutor Cézar, desde o falecimento de minha filha ele veio morar comigo. Sempre fui muito religiosa, minha fé é que me motiva viver.

A senhora já pensou em suicídio?

Já pensei sim, só que nunca tive coragem para fazer isso, como já disse sempre fui muito religiosa, mas durante essa fase deixei um pouco de acreditar em Deus, nada em minha vida estava fazendo muito sentido.

Acredita que outros fatores podem ter contribuído para o caso?

Claro. Problemas financeiros, discussão com família, falta de apoio.  Na Verdade o médico me disse que essa doença vem sem motivos aparentes, acredito que não foi muito o meu caso.

Como era o tratamento das pessoas com a senhora durante esses anos de depressão?

As pessoas tinham pena de mim, algumas nem acreditavam, eu mesma não acreditava, depressão não dá em poste, mas pra mim nada mudava, não tinha vontade de viver, e não me importava com o que os outros falavam. Estava digna de pena mesmo.

Quais os sintomas que a senhora teve durante este período?

É uma sensação de impotência, você se sente incapaz, é uma tristeza prolongada. Hoje eu sigo em tratamento, me sinto melhor. Estou à base de remédios.  Acredito que antes de morrer estarei melhor. (risos)

Marcio Assis Pereira,49, é irmão casula da paciente, e a respeito da relação, com dona Mariana, ele diz: “Sempre foi muito boa, hoje esse laço é muito mais forte. Perdemos a mãe ainda muito novos, eu devia ter uns 13 anos, Mariana por ser a irmã mais velha sempre cuidou da gente. Hoje sinto na obrigação de retribuir. Nosso pai sempre foi um homem trabalhador, preocupado com o sustento e os nossos estudos. Minha irmã, por sua vez, era a parte emocional e depois da morte da mãe, era ela quem colocava ordem na casa.”

Médico da paciente, Doutor Cezar Vasconcelos, 43, se diz feliz com o tratamento e pondera “A paciente continua usando medicamentos, teve uma evolução no quadro depressivo, entretanto ainda esta sendo observada. É uma doença muito instável, a qualquer momento pode ter novamente uma crise. Quando chegou aqui estava apática, não vibrava mais com a vida, não entendia o sentido de existir. Estou feliz pelos resultados obtidos.”

Mariana não é um caso isolado, a doença atinge tantas pessoas, que os dados preocupam. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que em 20 anos a depressão poderá ter o segundo lugar garantido no ranking entre os males que mais matam. Dona Mariana segue em tratamento. Com a sua fé, ela tenta ir seguindo sua vida.
A partir da Ufop. Leia no original

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