É difícil precisar o primeiro suicídio, mas ele sempre fez parte da história do homem, alguns famosos e conhecidos, mas a maioria absoluta está anônima debaixo de uma sombra tétrica que abriga a incompreensão e o arrependimento. Observado na evolução humana e nos vários modelos de sociedade experimentados, vê-se que o suicídio já foi encarado como saída honrosa para situações difíceis, ato de honra e mesmo de coragem.
Na atualidade com o estilo de vida ora adotado, o suicídio se transformou em um verdadeiro “flagelo”, no Brasil subiu cerca de 17% nos últimos dez anos e embora o país não tenha “cultura” nesse tipo de morte, os índices não param de ascender.
Na contramão dos demais países, aqui o suicídio é praticado tanto por jovens como por pessoas adultas e os motivos são os mais variados, desde amores não correspondidos, ignorância pura e simples, tribulações financeiras, perda de emprego, problemas de saúde, etc.
Na semana passada o suicídio do ator Walmor Chagas deu um toque “dramático” ao tema. Homem inteligente, reconhecido pelos pares como um dos maiores atores do mundo, intelectual e...suicida.
Essas qualidades de Walmor parece que não combinavam com a condição de suicida, tanto que o desconforto na família e da própria mídia foi evidente na abordagem do tema, qualquer um que fosse falar sobre o fato de plano ignorava a “palavra maldita” condicionava a “causa mortis” aos “indefectíveis” laudos.
Walmor aos 82 anos vivenciava complexos problemas de saúde e segundo amigos, esse fato o teria levado a “escolher a hora da morte” como afirmou um deles.
Salvo nas culturas onde o suicídio é tido como ato de honra e coragem, ele é de difícil compreensão, em nosso caso onde de fato o Estado não tem nada de laico, esse viés torna-se impossível.
Sendo o suicídio um ato solitário ou de publicidade do desespero como escreveu Fernando Sabido, será sempre chocante porque contraria o instinto maior da preservação vida.
Se pudéssemos conversar com cada suicida, certamente a maioria iria declarar que gostaria de não tê-lo praticado (muitos entre o ato e a morte externam com desespero esse desejo), embora Nietzsche o reconheça como “admissão da morte no tempo certo e com liberdade”, pensamento coerente para quem achava que “o evangelho morreu na cruz”.
Intelectual ou ignorante, famoso ou anônimo o suicídio está a disposição de todos como se fosse um tipo de “nivelador social”, uns o praticam com o fito de entrar para a história, outros para dar um fim na sua própria.
É específico do homem, nenhum outro animal o utiliza, talvez porque seja ele o único a saber que vai envelhecer e morrer, alguns não suportam isso.
Rogério Antonio Lopes
são tantas regras, que ninguém comentou, bobão - só eu agora
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