AFINAL, O QUE É A DEPRESSÃO ?

As mulheres, por causas puramente históricas, sociais e culturais, são mais sujeitas à depressão, mas o quadro clínico é o mesmo para os dois sexos. Entenda o que é a depressão

Estima-se que entre 15 e 25% das pessoas podem ter uma crise depressiva pelo menos uma vez na vida, que precise de tratamento, segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Na população em geral, as estatísticas mostram que de 5 a 12% dos homens têm ou já tiveram depressão. Entre as mulheres o percentual é de 10 a 15%. “Elas, por causas puramente históricas, sociais e culturais, são mais sujeitas à depressão, mas o quadro clínico é o mesmo para os dois sexos”, define Miguel Chalub, professor do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo Christian Dunker, psicanalista e professor do Departamento de Psicologia Clinica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) é possível definir a depressão das seguintes maneiras:

Imagem : sxc.hu
É um estado psicológico que exagera, intensifica ou prolonga a resposta esperada para a perda, ausência ou indisponibilidade de algo ou alguém. Neste sentido a depressão é um luto patológico. É por isso que encontramos no quadro clínico da depressão os mesmos sinais do luto. “A depressão não é o luto e sua experiência de tristeza, mas a exageração, a intensificação, a suspensão, o bloqueio ou prolongamento, do luto, que por si só é um trabalho e uma disposição psíquica útil e necessária”, define Dunker.

É um tipo de funcionamento, ou seja, um modo de realizar um laço social e interpessoal com o outro no que diz respeito à separação, desligamento ou distância. Assim como no caso anterior, ela pode estar presente em situações específicas durante a vida, ou pode acompanhar de modo crônico os sintomas da neurose, da psicose ou da perversão. Elas podem se acentuar ou se atenuar ao longo da vida (em função de contingências particulares), mas sempre estarão presentes, como que à espreita do momento oportuno para se manifestar.

É uma condição que organiza e define as relações do sujeito com os outros, de forma fundamental e mais ou menos permanente. Neste terceiro caso, a depressão possuiria uma autonomia diagnóstica. É o tipo de depressão que alguns autores ligam à clássica melancolia, depois também chamada de psicose maníaco-depressiva, e atualmente associada aos quadros bipolares de tipo mais grave.

Como em todos os transtornos de humor, não existem causas bem definidas para a depressão. O desencadeamento das crises geralmente acontece como resultado da soma de múltiplos fatores, que podem variar de uma pessoa para outra, de acordo com uma maior ou menor tendência para desenvolver a doença. A predisposição genética, por exemplo, é um desses fatores e se define pelo funcionamento do cérebro. Nele existem os neurotransmissores, que são moléculas que levam o impulso nervoso entre um neurônio e outro. As mais importantes são a serotonina, noradrenalina e dopamina. A depressão se caracteriza pelo mau funcionamento dessa cadeia de comunicação. “Como se a mensagem ficasse solta no cérebro e não desse a sequência necessária para o vigor do dia”, explica Edna Maria Motta, psicóloga com atuação em psicanálise, professora de Psicopatologia e idealizadora do Instituto Crescendo em São José dos Campos (SP).

Parece mas não é

Muitas enfermidades podem apresentar sintomas semelhantes aos da depressão. As mais comuns são as doenças endócrinas, como hipotireoidismo e obesidade, vários tipos de câncer, doenças crônicas dolorosas, assim como algumas doenças neurológicas. Some-se a elas medicamentos específicos, utilizados com outras finalidades mas que, entre seus efeitos colaterais, podem levar a quadros de depressão. O psicanalista Dunker alerta que certos tipos de depressão estão associados com outras perturbações. Ele cita como exemplo o alcoolismo, casos de adoecimento como pós-acidente cardíaco, pós-isquemias, dor crônica como a fibromialgia, como o luto e dificuldades ligadas a momentos de vida como a menopausa ou gravidez.
A partir da Revista Viva Saúde. Leia no original

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4 comentários :

  1. Anônimo14/7/13

    Já ouvi falar que na verdade só existem dois tipos de deprimido, um é aquela pessoa que tem uma vida maravilhosa mas mesmo assim não consegue ver "sentido" na vida, essa pessoa sempre reclama de um "vazio" no peito, nada o satisfaz, pra pessoas assim só um anti-depressivo muitas vezes resolve o problema. E o segundo tipo é oque está deprimido porque realmente tem uma vida de merda, e se sua sorte mudasse pelo menos um pouquinho ele/ela se livrariam facilmente da depressão, mas pra esses não existe comprimido no mundo que resolva o problema, eu infelizmente faço parte do segundo grupo.

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  2. mariana6/8/13

    As pessoas falam em "força de vontade", mas eu já tentei de tudo,não consigo emprego (sou autista), já fiz faculdade, cheguei ao ponto de trabalhar com algo que devido ao meu estado psicológico nem poderia, fui demitida por causa do autismo, e não há saída, cansei dos abusos, das agressões, hoje minha mãe jogou na minha cara que sou autista, não tenho sentimentos, então não posso esperar que ninguém goste de mim. não tenho ninguém, nada, a única saída é a morte.

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  3. Anônimo7/9/13

    Aos que procura ajuda para sair desse tormento sugiro a ajuda séria de Neuróticos Anônimos, procurem no google e localizem grupos para tratamentos. Muitos se salvaram começando a amar a vida. Pode parecer impossível para os que sofrem de tormento profundo, mas há relato de casos de recuperação. O fundador tentou suicidio cinco vezes antes dos 20 anos e se recuperou.

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  4. Anônimo3/2/15

    Simples e direto - depressão é a ausência de "VIDA"

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