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QUANDO ME DISSERAM QUE ELE DESISTIU

7/14/2013
Imagem : sxc.hu
Quando me disseram que ele desistiu, eu pensei, "que seja". Não se pode fazer muita coisa senão dar de ombros numa situação como essa. Apesar do que dizem, a derrota, assim como a vitória, só podem encontrar sua verdadeira dimensão dentro do derrotado ou do vitorioso, e nós de fora somos pálidos espectadores, por mais que nos solidarizemos. Dor e alegria são muito pessoais; por mais que tentemos sinceramente, só conseguimos arranhar a superfície. E ele desistiu, me falaram, e muito pouco podia ser feito disso.

Naturalmente, eu precisava refletir a respeito. Até mesmo desci e fui pra rua e, como fazia sol, perambulei pelo calçadão à beira-mar. E me coloquei a pensar sobre o que significa, precisamente, desistir nesse contexto. Faria sentido dizer que o detento que foge da penitenciária "desistiu" da cadeia? Que o faminto, ao comer, "desistiu" da fome, ou que o doente, ao se medicar, "desistiu" da doença? Porque a questão é simplesmente esta: o que nos obriga a algo se, decididamente, não há motivo plausível para tal? Desistir me parece uma palavra muito equivocada. O errado, ao contrário, está em insistir, na cadeia, na fome, na doença.

Há que deixar a natureza fazer seu trabalho, a natureza, que engloba esse mar e esse sol. Mas a natureza nos deu livre-arbítrio, que é conspurcado pela culpa e toda castração que a religião nos deixou. Uma vez saciados, pedimos a conta: é de uma simplicidade tal que talvez choque. Mas por que continuar no jogo, se já não há prazer no jogar? Se as fichas já acabaram e a banca levou tudo? Talvez o segredo esteja em ter esperança de que a maré se reverterá na próxima rodada. Mas a vida escoa enquanto aguardamos o golpe de sorte que não vem.

Dito isso, de olhar o mar e o sol, me dei por satisfeito. Voltei ao cotidiano, mas não gostaria, jamais, que dissessem de meu amigo que se tratava de um covarde, por ter desistido. Não direi que, ao contrário, covarde seja quem insiste. Não chego a tanto. Mas me parece óbvio que encostar o aço frio na própria têmpora não é, decididamente, coisa para fracos.

A partir do Blog Escrita Vulgar. Leia no original

A VIDA NÃO É OPCIONAL. MAS A SAÍDA, SIM

4/22/2012
Por favor, não façam deste ato. Acredito que quem chega a ponto de cometê-lo é porque não aguenta mais, não suporta mais ou não quer mais enfrentar. Chega um ponto que se torna inviável persistir assim. Acho que talvez seja isso.

Sabe quando você entra em uma montanha russa? Você tem medo é da descida, fato. A subida é tranquila, o medo é sempre com o declínio. E sabe quando chega ao auge, que você para de subir e só espera que comece a descida? Você nem precisa ver, só precisa sentir. Sabe que o abismo o aguarda. Pois é, isso ocorre na vida também. E esse medo pode ser insuportável. Porém, diferentemente da montanha russa, a vida não é opcional. Mas a saída, sim.

Eu entendo. Como já disse, esse pensamente é recorrente em minha mente e já o debati milhares de vezes. E se continuo aqui, é simplesmente pelo fato de estar vencendo o debate. Ainda.

Mas continuando com a analogia, sabe por que existem tantas montanhas russas? Porque quando termina, quando você sai do carrinho, você quer ir de novo. Você vê que a descida não é tão ruim assim. Vê que depois de cada descida tem uma nova subida e no final de tudo, você sai no mesmo patamar que entrou independentemente do número de subidas, descidas e loops. E na vida também é assim.

Só que assim como há quem não tenha força para entrar em uma montanha russa, há quem não suporte certas descidas da vida. Não é questão de ser covarde para sair e sim de não ter forças para ter entrado, mas isso não era uma opção.

Luiz Renato dos Santos
A partir do blog Autocrítica. Leia no original

MORTE, QUE LIBERTAÇÃO É ESSA ?

7/11/2011
Almejo a morte, almejo alcançá-la a cada segundo. Mas, me sinto uma covarde por almejá-la tanto. Já me falaram... "É tão simples morrer. Se você realmente quisesse já estaria morta."

O que indagar? Há erro nessa afirmação? Realmente eu já poderia ter deixado de escrever e simplesmente ter puxado o gatilho da libertação. Entretanto que libertação é essa? Quem me garante que apenas não estarei somando covardia aos meus problemas? Sempre me orgulhei de ser aquela que sempre estar ali, presente, forte e firme. Tudo teatro representação. Sempre me senti só, abandonada, colocada para escanteio. Então criei a personagem que cuidava de tudo e de todos.

* * *

Não acredito que tudo se acabe com a morte. Para mim ela nada mais é que uma passagem. E tudo que deixamos incompletos aqui mais cedo ou mais tarde será cobrado. Penso sim muito na morte. Apesar de pensar que não resolva nada. Entro em conflito interior pois ela é tudo que estou desejando no momento. Covardia? Pode ser. Chamei quem amo de covarde por não estar ao meu lado, mas ela do jeito certo ou errado esta lutando para seguir. Meus caminhos me leva a ela, caminho que não posso trilhar .

 
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