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7 COISAS QUE VOCÊ NÃO DEVE DIZER PARA ALGUÉM COM DEPRESSÃO

9/15/2017

A depressão é um transtorno grave. Muitas vezes, ter boa vontade não é suficiente para conseguir ajudar quem tem a doença. Saber o que dizer (e o que não dizer) ajuda a mitigar o sofrimento.


A depressão é o problema psicológico mais recorrente em todo o mundo, vitimando adolescentes, jovens e adultos, sem distinção de sexo ou condição social. Se lidar com o transtorno é um grande desafio, demandando psicoterapia e, na maioria dos casos, o uso de antidepressivos, conviver com um quadro assim de forma menos direta, por acometer um familiar ou amigo, tampouco é fácil. Por uma parte, há uma imensa vontade de ajudar, de transmitir a energia necessária para que a pessoa consiga reagir e dar os primeiros passos rumo ao equilíbrio emocional e à cura; isso nem sempre é recebido como o esperado. Em outros casos, é possível que impere a dificuldade para entender os pormenores da situação, os sintomas e como o transtorno altera o curso da vida da pessoa; isso dificulta a comunicação e o relacionamento. Dizer a uma pessoa com depressão que há algo de exagero naquilo que sente fará com que se sinta ainda pior. É preciso entender que a depressão faz com que o mundo passe por um prisma de pessimismo e desalento. A verdade é que é difícil não haver frustração, já que a pessoa com depressão costuma fechar-se em si mesma, o que gera impotência em quem quer ajudar e não consegue. O apoio psicológico é o que pode ajudar a encontrar mecanismos eficientes para apoiar essas pessoas queridas. Entretanto, deixamos aqui algumas dicas para facilitar a comunicação e evitar que você provoque efeito contrário na pessoa que você deseja ajudar. Por isso, atento ao que nunca dizer: 1) Você está exagerando, não é tão mal assim Não se trata de minimizar o problema, dizendo que muitos passam por situações similares. O que será capaz de romper a barreira negativa que a rodeia é o fato de você se colocar à disposição para ser um aliado nessa busca por uma vida melhor, não julgando e fortalecendo a esperança na cura. A pessoa não escolhe interpretar a vida assim, por isso use empatia e ofereça acolhimento. Não tente forçar uma mudança de perspectiva; melhor tratar de transmitir a ideia de que o momento é duro, sim, mas que ela terá o apoio que necessita para encontrar uma via de escape. 2) Todos temos problemas, você precisa reagir Ninguém escolhe ter depressão. Cobrar uma reação que você considera "adequada" é colocar ainda mais pressão sobre a pessoa, que já se sente fragilizada e impotente. 3) Amanhã é outro dia e você se sentirá melhor Falar isso é fazer uma promessa, e você não tem os recursos necessários para cumpri-la. A pessoa com depressão sabe que o amanhã não será melhor, o que aumentará sua frustração. Prefira animá-la a fazer pequenas ações que podem trazer bem-estar imediato, como escutar uma música, comer algo que ela gosta, sair para caminhar… esses pequenos prazeres ajudam a desviar os pensamentos daquilo que mais angustia e provoca sofrimento. 4) Sei o que você está passando, porque já senti também Escutar que o outro também sofre não vai fazer qualquer diferença nesse processo. É preferível redobrar a dedicação à escuta e compreensão dos sintomas e do problema, para tirar conclusões que ajudem na hora de buscar soluções para a superação. Se há algo que ajuda a uma pessoa com depressão (ou outro transtorno) é ter uma via de diálogo aberta, que lhe permita falar do que sente, desabafar sobre sua dor, suas vontades não cumpridas e sua frustração. É normal que todas as atenções girem em torno da pessoa que tem depressão. O que muita gente não sabe é que, dificilmente, ela se sentirá cômoda ou confortável com isso. Falar de egoísmo é colocar a depressão como uma escolha, e não é. 5) Você precisa tomar o controle e melhorar de uma vez Não é questão de falta de vontade ou pouco esforço. Sair da depressão não é fácil, não é algo que se consiga sozinho, demanda tratamento com psicoterapia e medicamentos. A pessoa simplesmente está perdida e não vê o caminho para sair de todo esse sofrimento. Uma promessa de continuidade para uma pessoa com depressão significa uma promessa de mais sofrimento e mal-estar. Na maioria das vezes, a pessoa com depressão se sente presa e sem saída, tendo dificuldades para imaginar como terminará o dia, quanto mais para ir além no "aqui e agora". Não peça o impossível, pois estará colaborando para elevar a impotência a níveis máximos. Seja um ombro amigo e um apoio, independente de você entender ou não o caminho. 6) Vamos, a vida continua! Prefira dizer como sente falta de estar com ela e pergunte se há algo que possa fazer para ajudar. O melhor é tentar lembrar-lhe que há coisas pelas quais vale a pena seguir vivendo. Não cair na armadilha de criar uma lista, mas oferecer-se para ajudá-la a descobrir quais são. 7) Você está sendo egoísta É normal que todas as atenções girem em torno da pessoa que tem depressão. O que muita gente não sabe é que, dificilmente, ela se sentirá cômoda ou confortável com isso. Falar de egoísmo é colocar a depressão como uma escolha, e não é. Prefira dizer como sente falta de estar com ela e pergunte se há algo que possa fazer para ajudar.

'SURTO DE SUICÍDIOS' NA USP MOBILIZA ALUNOS E PROFESSORES

9/03/2017
Marcos Santos/USP Imagens

Um série de tentativas de suicídio entre alunos do quarto ano de medicina da USP tem mobilizado estudantes e professores de uma das melhores faculdades do país.

Ao menos seis casos foram registrados neste ano –três nas últimas semanas de abril.

O clima de tensão aparece em páginas do Facebook dos estudantes –que citam "surto de suicídios"– e em textos de professores aos alunos.

"Ficamos muito chocados com os acontecimentos recentes envolvendo a saúde dos alunos. Há uma grande apreensão e tristeza pairando em todos nós", escreveu o coordenador do curso de clínica médica do quarto ano, Arnaldo Lichtenstein.

Em outra carta, um grupo de profissionais do serviço de psicoterapia do IPq (Instituto de Psiquiatria da USP) fala sobre a angústia dos alunos.

"Esgotamento, ansiedade, depressão, internações psiquiátricas, tentativas de suicídio, mortes. Os relatos [dos estudantes] nos parecem crescentes em frequência e intensidade, e soam como um pedido de ajuda."

O texto fala sobre as dificuldades em lidar com o assunto no ambiente acadêmico e termina com um convite para que os alunos saiam do silêncio e falem "do que não se fala, a não ser na privacidade dos corredores".

Na condição de anonimato, a Folha conversou com seis estudantes. Eles relatam que, no quarto ano, o aluno fica mais vulnerável porque as pressões se multiplicam.

"A formatura está próxima e a realidade da profissão vai matando as ilusões dos tempos de calouros. Há disputas infantis por notas, muitas divulgadas nominalmente."

Outro afirma que não existe tempo suficiente para atividades que não estejam ligadas ao mundo médico. As aulas começam às 8h e terminam às 18h quase todos dias.

"Além do cansaço mental, da desumanização cotidiana, temos que ter a cabeça tranquila para estudar doenças."

Os alunos apontam como um dos focos do problema a disciplina de clínica médica. "Em apenas dez semanas de duração, somos cobrados sobre fisiopatologia das doenças, sobre diagnósticos e sobre quais exames solicitar para excluir ou confirmar hipóteses", relata um deles.

Ele se queixam também que a saúde mental do aluno não é considerada quando se trata de faltas. "As notas de conceito [quase 50% da nota final] são multiplicadas pela frequência. Se o aluno está deprimido, não consegue ir às aulas. Mas não podemos faltar sem punição. Não temos tempo para cuidar da nossa saúde mental e física."

Outro fator de estresse são as "panelas". No quarto ano, são formados grupos de cerca de 15 alunos para o estágio obrigatório (internato).

Em várias universidades, como na Unicamp, os grupos são formados por sorteio, mas, na USP, é por livre escolha. São os alunos que decidem com quem se agruparão, o que gera grupos de exclusão e perseguição.

"Alunos mal vistos ou que não são bem relacionados, por inúmeros motivos, acabam sobrando e formando a famigerada 'panela lixo' ou são excluídos e têm que mendigar uma vaga entre os grupinhos já formados."

APOIO PSICOLÓGICO

Para Francisco Lotufo Neto, professor de psiquiatria indicado pela diretoria da FMUSP para falar sobre o assunto, as tentativas de suicídio estão relacionadas a uma soma de fatores.

"São jovens em amadurecimento, enfrentando a entrada numa profissão que tem contato com o sofrimento humano. É um curso difícil, que exige das pessoas. Também há a pressão pelo sucesso."

Em sua opinião, isso tudo leva a uma maior predisposição à depressão, que é mais prevalente entre os estudantes de medicina do que na população em geral.

Segundo ele, na comissão de graduação já existe um grupo que acompanha os alunos com dificuldades (por exemplo, que foram mal nas provas ou que têm faltado às aulas), mas que agora, após as tentativas de suicídio, foi criado um grupo de atendimento psicológico para atendimento individualizado.

Foi instituída também uma linha telefônica que funciona 24 horas para onde os alunos podem ligar em situações de emergência. "Fiquei como plantonista o fim de semana todo, mas ninguém ligou", diz Lotufo.

Sobre as queixas relativas à falta de tempo dos alunos, ele afirma que a nova grade curricular da medicina, implantada a partir de 2015, já prevê mais tempo livre aos alunos. "O atual quarto ano ainda segue a grade antiga."

Em relação às panelas, disse que já houve uma proposta da direção em adotar sorteios na formação dos grupos, mas que a maioria dos alunos foi contrária à ideia.

Sinais de Alerta

Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
  • falar sobre querer morrer
  • procurar formas de se matar
  • falar sobre estar sem esperança ou sobre não ter propósito
  • falar sobre estar se sentindo preso ou sob dor insuportável
  • falar sobre ser um peso para os outros
  • aumento no uso de do álcool e drogas
  • agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável
  • dormir muito ou pouco
  • se sentir isolado
  • demonstrar raiva ou falar sobre vingança
  • ter alterações de humor extremas
  • quanto mais sinais, maior pode ser o risco da pessoa
Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
O que fazer
  • não deixar a pessoa sozinha
  • tirar de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes
  • ligar para canais de ajuda
  • levar a pessoa para uma assistência especializada
Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
Alguns pontos de alerta para depressão em adolescentes:
  • Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos
  • Piora do desempenho na escola, no trabalho e em outras atividades rotineiras
  • Afastamento da família e de amigos
  • Perda de interesse em atividades de que gostava
  • Descuido com a aparência
  • Perda ou ganho inusitado de peso
  • Comentários autodepreciativos persistentes
  • Pessimismo em relação ao futuro, desesperança
  • Disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade e acessos de raiva)
  • Comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática
  • Doação de pertences que valorizava
Cerca de 90% das pessoas que morrem de suicídio possuíam transtornos mentais. Elas poderiam ser tratadas e acompanhadas


Mitos em relação ao suicídio

Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir uma pessoa a isso

Questionar sobre ideias de suicídio, fazendo-o de modo sensato e franco, fortalece o vínculo com uma pessoa, que se sente acolhida e respeitada por alguém que se interessa pela extensão de seu sofrimento.

Ele está ameaçando o suicídio apenas para manipular...

Muitas pessoas que se matam dão previamente sinais verbais ou não verbais de sua intenção para amigos, familiares ou médicos. Ainda que em alguns casos possa haver um componente manipulativo, não se pode deixar de considerar a existência do risco de suicídio.

Quem quer se matar, se mata mesmo

Essa ideia pode conduzir ao imobilismo. Ao contrário dessa ideia, as pessoas que pensam em suicídio frequentemente estão ambivalentes entre viver ou morrer. Quando falamos em prevenção, não se trata de evitar todos os suicídios, mas sim os que podem ser evitados.

Veja se da próxima vez você se mata mesmo!

O comportamento suicida exerce um impacto emocional sobre nós, desencadeia sentimentos de franca hostilidade e rejeição. Isso nos impede de tomar a tentativa de suicídio como um marco a partir do qual podem se mobilizar forças para uma mudança de vida.

Uma vez suicida, sempre suicida!

A elevação do risco de suicídio costuma ser passageira e relacionada a algumas condições de vida. Embora a ideação suicida possa retornar em outros momentos, ela não é permanente. Pessoas que já tentaram o suicídio podem viver, e bem, uma longa vida.

Telefones e sites de ajuda

Centro de Valorização da Vida (CVV): 141

Também é possível entrar em contato e receber apoio emocional do CVV via internet, a partir de email, chat e Skype 24 horas por dia


Fontes: American Foundation for Suicide Prevention; Centro de Valorização da Vida; "Comportamento suicida: vamos conversar sobre isso?", de Neury José Botega, membro-fundador da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio; "Preventing Suicide: A Global Imperative", da Organização Mundial da Saúde

A partir da Foilha de S.Paulo. Leia no original

O QUE DIZER (OU NÃO DIZER) A UMA PESSOA COM DEPRESSÃO

8/29/2017

Quando uma pessoa de que gostamos está em depressão, queremos fazer de tudo para ajudar. Mas, muitas vezes, é difícil saber como agir. O diálogo ajuda, mas falar as palavras erradas pode atrapalhar bastante. Com a ajuda de especialistas, listamos 8 frases que devem ser evitadas -- e o que dizer no lugar delas:

Não diga: "Você precisa procurar ajuda”


Prefira: “Posso te ajudar a buscar ajuda especializada? Eu vou com você!”

É claro que quem tem depressão precisa de ajuda: essa doença dificilmente se cura sozinha. Mas ao usar a primeira frase, o deprimido se sente atacado e pode se isolar ainda mais, por defesa. Dependendo do estágio em que está, a pessoa também não consegue procurar ajuda sozinha, por isso, é melhor se oferecer.

Não diga: "Como isso foi acontecer com você?"


Prefira: “Poderia acontecer com qualquer pessoa”

O transtorno tem diferentes causas -- biológicas, psicológicas e sociais -- e afeta 322 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Por isso, a primeira pergunta, na verdade, não tem resposta, e só fará o deprimido se sentir ainda mais culpado e derrotado.

Não diga: "Até quando você vai ficar assim?"


Prefira: "Nós vamos ajudá-lo pelo tempo que for preciso, até você melhorar"

A depressão não tem prazo de validade. Se o deprimido tivesse algum controle sobre a situação, sairia dela imediatamente. Portanto, perguntar até quando ele ficará assim é uma cobrança desnecessária. Você vai ajudar mais ao mantê-lo motivado: ao perceber qualquer melhora no quadro, faça um elogio. 

Não diga: "Por que você não sai dessa cama e vai se distrair?"


Prefira: “Vou abrir as suas janelas para entrar sol”

A sensação de inutilidade invade os depressivos e a frase só potencializa o sentimento. Não é ruim incentivar, mas dá para fazer isso sem lembrar o outro que ele não consegue sentir prazer. Pode ajudar expor a pessoa à luz natural, que deixa o organismo mais disposto ou ativo. Uma caminhada de mais de 20 minutos também é uma boa, porque libera endorfina.

Não diga: "Ah, para, as coisas não estão tão ruins assim!"


Prefira: "Eu imagino que não deva estar sendo fácil para você”

Na depressão, é como se o indivíduo enxergasse o mundo com lentes cinza: a perspectiva dele é muito mais sombria. Por isso, chamá-lo de pessimista não vai mudar o que ele sente. É sempre a melhor opção não menosprezar a dor do outro, depressivo ou não. Aposte na empatia: deixe claro que você entende que a dor é real, mas que ele não está sozinho para lidar com ela.

Não diga: "Você tem que se esforçar"


Prefira: “Vamos enfrentar isso juntos!”

Por mais que o deprimido se empenhe para melhorar -- e, acredite, ele sempre tenta -- é invadido por uma tristeza paralisante. Por isso, é muito importante que ele não se sinta sozinho nessa luta constante. Ajude-o a reconhecer pequenas conquistas e pequenos passos em direção à melhora, que é sempre gradativa.

Não diga: "Eu não te reconheço mais"


Prefira: “É uma questão de tempo para você voltar a ser como era antes”

É melhor dizer que as mudanças de comportamento são temporárias e fazem parte da depressão. Também vale reforçar: embora a doença o faça acreditar que ele não é importante, para você, ele é, sim! É importante ajudá-lo a reconhecer o que é real e o que é um pensamento provocado pelo transtorno.

Não diga: "Você tem que ter fé na cura"


Prefira: “Sua fé pode ajudar, mas vamos buscar ajuda profissional também”

Para quem crê em algo superior, a fé pode ajudar a passar pelo momento. Mas um médico deve ser consultado, sempre, para diagnosticar o caso e orientar o tratamento, que pode exigir sessões de psicoterapia, medicamentos, além da prática de atividade física.
A partir do UOL. Leia no original

Imagem : Pexels


Fontes: Fabíola Luciano, psicóloga do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Eduardo Ferreira Santos, psiquiatra e psicoterapeuta de adultos e adolescentes. Angelica Takushi Sanda, psicóloga. Fernanda G. Moreira, psiquiatra, psicoterapeuta e professora da Unifesp. Fernando Fernandes, psiquiatra do Programa de Transtornos do Humor do Instituto de Psiquiatria da USP.

'A DEPRESSÃO ME DEU COISAS EM TROCA', DIZ FERNANDA YOUNG

8/16/2017

Fernanda e Alexandre estão juntos há 24 anos. A parceria rendeu 15 séries televisivas, incluindo "Os Normais", comédia que modernizou a linguagem dramatúrgica da Globo no início dos anos 2000, além de "Separação?!" (2010) e "Como Aproveitar o Fim do Mundo" (2012), indicadas ao prêmio Emmy Internacional. 

"Sou uma autora contratada da Globo e tenho obrigações. Uma delas é fazer sucesso", explica. "Há erro e acerto. Essa moeda do sucesso é volátil".

A escritora sempre foi mais midiática que o marido. É atriz, apresentadora e posou nua duas vezes - para a Playboy, em 2009, e para a Top Magazine, em 2016. A relação quase nula de Alexandre com os holofotes originou comentários de que Fernanda seria apenas a "porta-voz" do casal. Ele, o "cérebro".

Fernanda, mesmo assim, não deixa de destacar a importância do companheiro. "Não sei nada de regra de português. Foi o Alexandre quem me ensinou a pontuar quando eu tinha 16 anos. Nossa parceira é tão antiga quanto nosso encontro".

Apesar de ser "extremamente apaixonado", o casal dorme em quartos separados desde o nascimento de suas filhas gêmeas, em 2000. Para Fernanda, fidelidade "é algo que não existe", o que importa é lealdade. "Tive pouquíssimos namorados e encontros sexuais. Minha 'reputação elástica' é mais sobre o que pensam de mim, do que aquilo que faço".

"Não acho a depressão charmosa. Mas ela me deu coisas em troca"
"A depressão é uma lente que distorce as coisas. A grande crueldade dessa doença é que você pensa que deveria morrer, porque é pior viver.

Não desejo a depressão de novo. Nem deixo que ela me domine. Não sou a doença. Depois de enfrentá-la durante toda a adolescência, posso dizer que agora a tenho controlada. Tomo 5 mg de Lexapro por dia e, para mim, é um efeito placebo.

Não acho a depressão charmosa, tive que sobreviver a ela. Mas a doença me deu coisas em troca. O gosto pelos exercícios físicos, por exemplo. A disciplina. Se não fosse a depressão, não teria feito nem 70% do que realizei na vida".

"Fumei por 21 anos e foi a coisa mais estúpida que já fiz. Experimentei tudo o que tinha em minha época e parei no LSD. Hoje, não uso nada.

Deixei de fumar maconha quando me dei conta de que ela fazia parte de um sistema do qual não quero participar. Defendo a descriminalização de todas as drogas. 

Se maconha fosse legalizada, fumaria de novo. Mas fumaria pouco, pois não quero me ausentar da realidade

Minha alegria é comer pizza com ketchup e chope. Cerveja também é muito legal. Aprendi a gostar de vinho rosé, mas não é a verdade absoluta do meu ser etílico. Tem umas coisas que não posso beber. Uísque, por exemplo. Fico homicida".


Greg Salibian/Folhapress
Greg Salibian/Folhapress

"Perdi a conta das piadas racistas que meus filhos ouviram"

Fernanda é mãe das gêmeas Estela May e Cecília Madonna, de 17 anos, e de Catarina Lakshimi, 9, e John Gopala, 8, que adotou em 2007. São crianças negras e a escritora sofre ao falar do racismo com que têm de lidar.

Teve uma época em que o John só desenhava menino loiro. Ele não entendia que era negro

Ela diz ter perdido as contas das vezes em que os filhos vieram se queixar das agressões que sofreram. "Me falam das piadas que fazem com o cabelo deles. Infelizmente acontece muito mais do que eu imaginava". 

Empoderar os filhos é a forma que ela encontrou de ensiná-los a enfrentar o preconceito. "Sabe essa coisa de gostar de habitar seu corpo? 'Eu reverencio o Deus que habita em mim'? É isso que tento passar para eles".

"Outro dia me perguntaram quais eram meus autores preferidos do momento. Percebi que só citei homens. Fiquei incomodada e me questionando depois. Com certeza meus escritores preferidos, em sua maioria, são homens. Mas por que será? É que os homens publicam mais e têm mais tempo de liberdade de expressão. Você vai estudar história da arte e não tem como não se perguntar: cadê as mulheres no Renascentismo?"

Fernanda autora

"O que considero bom em meus 12 livros? Nunca me censurei. Uma amiga, que também é escritora, certa vez me falou: 'você consegue algo raro, que é ter formado uma família e ao mesmo tempo ter mantido sua verdade de pensamento protegida'. E é verdade! Pouquíssimas pessoas conseguem manter sonhos românticos sem que isso seja um problema para sua liberdade. 'Como assim essa mulher fala essas coisa e tem filhos?'"

MENTES DEPRESSIVAS : AS DIMENSÕES DA DOENÇA

7/11/2017
A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva fala sobre depressão e suicídio, tema abordado no livro "Mentes Depressivas: as três dimensões da doença do século".


Em Mentes depressivas: as três dimensões da doença do século, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa desmistifica a doença considerada um problema de saúde pública. Com linguagem envolvente e acessível a um público amplo, a autora aborda a depressão de maneira inovadora por meio das dimensões que a estruturam, a física, a mental e a espiritual.

Pesquisas comprovam que os índices de pessoas acometidas por quadros de depressão clínica aumentam a cada ano. Contudo, a falta de informação sobre o assunto impede o diagnóstico e impossibilita o tratamento adequado e eficaz contra o sofrimento crônico.

Os capítulos de Mentes depressivas abordam as diferentes faces da depressão, suas causas, sintomas e tipos, como a depressão infantojuvenil, aquelas que acometem pessoas na terceira idade e a depressão feminina, que acontecem principalmente durante o período pós-parto ou na menopausa. Na obra, Ana Beatriz ajuda a compreender a fundo o problema e apresenta estratégias para a recuperação e os tratamentos existentes.

Estudos científicos atuais revelam que 90% dos casos de suicídio estão associados a transtornos mentais que, se fossem corretamente diagnosticados e adequadamente tratados, evitariam um número significativo de perdas vitais. Por esse motivo, a autora dedica parte do livro para analisar o assunto, que ainda é considerado um tema tabu e tratado com preconceito e ignorância.

'CHORO POR MIM, CHORO POR TER ME PERDIDO... "

4/08/2017

E
u não tenho uma história propriamente dita, afinal, só tenho 17 anos. Pensar que com essa idade já penso em dar um fim a minha vida, estranho não é? Perspectivas e sonhos ainda podem ser concretizadas porém, eu não tenho mais vontade de saber o que vai acontecer amanhã. Gosto de permanecer na minha zona de conforto, todos os dias eu levanto, vou para escola e lá eu sorrio, finjo estar completamente bem mas, choro todos os dias por razões não muito importantes mas, choro por mim, choro por ter me perdido e por perceber a cada dia que passa que o mundo em que vivemos é mais frustrante do que eu acreditava que fosse.


Não sou protagonista da minha história para me utilizar como personagem principal, mas acredito que tenha que expor minha história, então, vamos lá. Nasci doente, não uma doença pesada que gerasse coisas muito ruins mas, tudo começa ali, um erro, um fardo e uma irmã perfeita - perfeita mesmo, uma irmã sensacional - pais queridos e amorosos porém, briguentos e com algumas palavras rudes as quais ninguém é capaz de esquecer. 


A vida escolar anteriormente era promissora, agora, infelizmente, estou fadada ao extremo fracasso e os professores costumam dizer que “quem for mal nisso nunca vai passar no vestibular” o que me deixa ainda mais desacreditada: para que lutar se já sou dada como derrotada? Isso é o que me pergunto todos os dias quando me levanto, quando me deito e até quando vou assistir televisão. Eu não consigo ter vontade de ler, não consigo ter vontade de sair porque me sinto extremamente cansada, com a mente pesada. 

Nada de grave aconteceu comigo e você até pode pensar que sou uma ridícula por cogitar suicídio mas, tudo isso tem um sentido: o mundo, sim, ele mesmo, ele é uma grande mentira, ele é cheio de maldade e pouco importa se tens o coração bom ou mau: isso não consta no currículo muito menos lhe dá capacidade de fazer algo e, no fim, poucos valorizam aquilo que para mim é de verdade. 

O mundo parece muito errado e costumam dizer “então o mude”, olhe em torno as bases arcaicas as quais utilizamos como suporte. Todas elas intransponíveis, todas elas maciças e, infelizmente, tristes. Quando eu era menor eu olhava para o céu e conseguia ver muita coisa, conseguia fitar a imensidão azul e senti-la dentro de mim mas, hoje, me sinto oca, acabada, saturada e sem nenhuma razão ou objetivo de vida. Eu sei que aparentemente tenho muita vida pela frente mas, em vez de isso me dar esperanças, me assusta. 

Às vezes eu quero gritar e dizer o quanto isso está errado porém eu sou como todos os outros: eu sou má e tento fingir que não porque lidar com isso é horrível. Eu costumo riscar a parede de casa, surtar com músicas, arrancar meus próprios cabelos enquanto choro, ingerir remédios para dormir, ingerir remédios com bebidas porque me canso. Antes eu odiava bebidas, repugnava toda e qualquer droga, porém hoje, mesmo que não use frequentemente, eu entendo quem as usam, afinal, para mim faz todo o sentido querer fugir de tudo isso. Eu queria ser forte, eu queria acreditar, e eu acredito em Deus, acredito que ele cuide de todos nós porém, estragamos tudo, colocamos maldade em tudo aquilo considerado bonito. 

Às vezes prefiro pensar que Deus esqueceu de mim porque está cuidando de pessoas que precisam muito mais que eu. E eu entendo, eu entendo que eu só estou dramatizando minha situação, mas, a cada dia que passa eu menos sei porque vive e mesmo vendo nos olhos das pessoas que amo meu reflexo, não consigo me enxergar ali. Não gosto de falar disso, não quero falar disso, eu não quero ser a egoísta que pensa em suicídio sem nunca ter passado por algo horrível mas, a pior merda é se sentir mal sem ter razões para isso, saber que está sendo fútil e ridícula mas, me perdoe, eu me sinto assim. Eu tinha sonhos, muitos, e eu costumava me visualizar em histórias, porém, meus sonhos foram esmagados com o tempo e não consigo mais ter predições para o futuro: só decepções. 

Eu queria ser escritora, eu quero ser, eu quero que algum dia pessoas leiam minhas palavras mas isso nunca vai acontecer, primeiro porque pelo que vê meu texto é horrível e segundo porque eu não sei se vou viver muito ou pouco. Eu tenho medo de lâminas, de remédios, de sequelas e de me atirar da ponto, na verdade eu tenho medo da dor mesmo que esteja sangrando internamente. Eu só queria conseguir dize um adeus descente e, também, queria ter coragem de acabar com isso, com tudo, eu sei que isso é covarde, afinal, só corajosos vivem, mas eu cansei de fingir ser uma super-heroína, sou mais frágil do que muitos imaginam e mesmo que eu soe extremamente engraçada e feliz isso é só para que você possa sorrir, pelo menos, possa sorrir mais que eu.

Sinto muito se isso não contribuiu com sua vida, com seus sonhos, mas eu quero que lute por nós e por mim, eu ainda me importo, eu ainda quero ajudar aquela velhinha a atravessa a rua e tentar conscientizar o mundo que jogar lixo no chão é errado e, por fim, mostrar que não é preciso um diploma para isso… eu ainda quero isso mais que tudo, mesmo que pareça utópico, eu prefiro pensar assim, faz com que eu continue, mesmo que infeliz me faz ter um fio de esperança, um fio que me segura apesar de estar prestes a cair.
Depoimento de F.
Imagem : Pexels

CHORO TODOS OS DIAS ESCONDIDA

9/23/2015
"Esse meu relato vai ser taxado por muitos como fútil, bobo, insignificante, mas eu não julgo porque é assim que a minha vida é! Eu tenho praticamente 25 anos e posso dizer que sempre tive uma vida boa, sou a caçula da família e sempre fui regada de mimos, sempre tive tudo que eu queria de forma muito fácil. Hoje eu vejo que parte da pessoa que eu me tornei se deve a todos esses mimos que me fizeram ficar acomodada, preguiçosa e tendo uma visão errada da vida... Meu pai faleceu quanto eu tinha 14 anos e eu sinto tanta saudades dele... Moro com a minha mãe, essa sempre está muito mais preocupada com o relacionamento dela com o namorido do que comigo! Em muitas situações o namorado dela pensa mais em mim do que ela mesma! Eu não consigo abrir a boca e pedir ajuda, eu não consigo conversar sobre como eu me sinto com ninguém, eu tenho vergonha de me expor. Eu até sinto vontade, mas eu simplesmente não consigo! 

Vejo os relatos no grupo e me lembro daquela frase "sempre há alguém pior do que você", mas eu sempre acho que a pessoa pior, no caso, sou eu. Vejo pessoas bonitas reclamando da vida, pessoas com família, com bons relacionamentos, que recebem amor... Eu odeio a pessoa que eu sou. Eu realmente odeio tudo em mim! Eu odeio o que eu vejo toda vez que olho no espelho, porque não sou nem de longe uma pessoa bonita. Nunca trabalhei na minha vida e nesse momento me sinto velha demais pra entrar no mercado de trabalho. Não estou trabalhando, não estou estudando, não tô fazendo nada da vida além de passar dias e dias trancada em meu quarto, comendo feito uma vaca. Mas vou contar o maior dos motivos que me deixa tão perdida...

Tudo "começou" quando um ano e meio atrás eu reencontrei uma pessoa, comecei a me envolver com ele. Fui apresentada a uma forma de vida que eu até então nunca tinha chegado perto de conhecer. Alguém envolvido com drogas, com assassinatos, com coisas que fariam a minha mãe enlouquecer se soubesse. Eu quis ficar com ele! Eu tinha uma fé absurda de que era plano de Deus que a gente tivesse se reencontrado, que era pra ficarmos juntos, que eu iria tirá-lo dessa vida e que ele iria de alguma forma me resgatar também. Não vou ser hipócrita, tivemos momentos muito bons e felizes juntos. Até então eu já tinha tido muitos "namorinhos", gostei de muitas pessoas e até me considero uma pessoa fácil de se apaixonar. Mas com ele foi diferente. 

Eu nunca amei uma pessoa da forma que eu o amo, eu o aceitei como ele era (com todos os seus defeitos e principalmente com a vida que ele tinha/tem). Mas não é aquele sentimento bonito de filmes e novelas. Eu me sinto doente. Eu sinto vontade de morrer por conta de tudo que ele me faz sentir. Ele não é nenhum príncipe encantado, está muito longe de ser. É alguém que sente vergonha de mim, que só sabe me xingar, que só sabe desfazer dos meus sentimentos, que não se importa de se expôr com outras na minha frente, que chama todos os meus sentimentos de drama! Ele nunca me agrediu fisicamente, mas foi por conta dele que eu aprendi que realmente existe essa tal de agressão verbal, porque todas as coisas que ele me fala parece que rasgam a minha alma. 

Chego a pensar que talvez um tapa não fosse me doer tanto do que as coisas que ele fala pra mim. E o fato de eu me sentir tão mal por conta de outra pessoa é o que me deixa mais envergonhada! E eu sei que isso deixou de ser amor faz tempos, é realmente uma doença! Eu não consigo me defender, eu não consigo reagir, eu não consigo me amar mais do que "amo" ele. Faço de tudo para vê-lo feliz, sempre estou disponível para cuidar dele quando ele precisa, quero ele sempre bem, sempre saudável, faço "campanha" pra ele não usar drogas, não ficar bebendo, me faço de tapete pra ele pisar em cima, a minha vida praticamente gira em torno dele, desse amor doentio que eu queria que ele enxergasse que eu sinto. 

Eu não consigo me afastar, parece que uma força maior me prende a ele. Na última briga séria que tivemos (na madrugada do dia 6/9 para o dia 7/9), passamos a madrugada batendo boca e quando ele foi embora, eu me pus de joelhos e comecei a orar, comecei a abdicar de tudo que estava acontecendo. Falei pra Deus que tudo tava errado, que as coisas não eram pra ser daquele jeito, que eu não aceitava mais passar por nenhuma humilhação por conta desse homem. A minha fé em Deus é tudo que eu tenho, é a única coisa que eu tenho. Fui dormir e quando acordei, eu me sentia anestesiada. Passei dias em paz, sem sentir a louca vontade que sinto de ir procurá-lo, mas logo veio a saudade (que eu não sei nem do que) e eu fui atrás dele para recomeçar esse ciclo de ser tratada como lixo. 

Não consigo entender porque eu me permito passar por isso! Eu sinto vontade de morrer, eu penso na minha vida e não vejo motivo nenhum pra continuar vivendo porque acho que todo mundo ficaria melhor sem mim, que eu só existo pra ser um peso na vida de todos que precisam conviver comigo. Eu não sei pra que que eu nasci se não sirvo pra nada, eu não sou uma pessoa merecedora de amor, ninguém me ama. Uma vez eu consegui me abrir com esse cara, falei pra ele como me sentia com relação a minha vida e ele mais uma vez fez pouco caso de mim. As vezes eu acho que ele é a única pessoa que poderia me ajudar, não como um namorado, mas como um amigo (porque é o mínimo que eu esperava ter dele), mas não, ele acha que tudo é drama. Ele é a única pessoa que eu consegui desabafar, foi a única pessoa a quem consegui pedir ajuda. 

Quando falei pra ele que sinto vontade de morrer, ele me disse "então se mata". Imagina como me senti ouvindo isso dele... Cheguei ao ponto de pedir pra ele tirar a minha vida, mas ele disse que não iria sujar as mãos comigo. Nesse momento que estou escrevendo, estou pensando na morte, porque eu a vejo como solução de todos os meus problemas. 

Choro todos os dias escondida e se eu não me matei ainda é porque eu não tenho coragem. Se eu tivesse coragem por alguns segundos, tiraria a minha vida sem nem pensar duas vezes. Eu sou formada em técnico em enfermagem, apesar de nunca ter trabalhado, sei exatamente o que me poderia ser letal, mas me falta a droga da coragem pra fazer! Oro dizendo a Deus que sou grata pelas coisas que ele me deu, mas que eu estou sofrendo e quero que ele me leve. Meus pensamentos sempre são os mesmos: eu quero morrer! Eu quero muito morrer! Fico esperando ansiosamente pelo dia em que eu não vou mais acordar. "

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