Estudos & Pesquisas

Últimas Postagens

Mostrando postagens com marcador estudos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador estudos. Mostrar todas as postagens

"DOENÇA DO MAL HUMOR": COMO ELA PODE VIRAR DEPRESSÃO

5/23/2015
Distimia pode evoluir para depressão se não for tratada. Saiba mais sobre esse quadro crônico e como evitar complicações


A distimia corresponde a uma alteração crônica do humor, mas que não preenche os critérios necessários para ser considerada um quadro depressivo. Os pacientes com distimia apresentam uma alternância entre períodos de depressão e períodos em que se sentem relativamente bem. Na maioria do tempo, entretanto, sentem-se deprimidos, preocupados excessivamente e sobrecarregados; tudo é um esforço, e nada basicamente é desfrutado; apresentam pouca energia e pouca disposição, sentem-se cansados, com mau humor e irritados em graus variáveis; não obstante, são capazes de lidar com as exigências do dia a dia, como as responsabilidades domésticas e profissionais, mas sofrem uma queda na qualidade de vida.

Os estudos científicos demonstram que a distimia aumenta consideravelmente o risco de depressão. Uma pesquisa realizada por Akisal mostrou que 90% dos pacientes com distimia evoluem para um episódio de depressão maior. A maioria destes pacientes sequer sabe que está doente e que poderia ganhar qualidade de vida se estivesse em tratamento.

Tratamento é prevenção

A principal medida para evitar que a distimia se transforma em um quadro depressivo maior é o tratamento. Em medicina a principal medida é a preventiva, ou seja, agirmos antes que as tendências se transformem em doenças. Todos apresentam flutuações de humor que dependerão de inúmeras variáveis ? por exemplo condições do meio exterior, clima, estresse, excesso de informações, problemas circunstanciais, oscilações hormonais, condições de sono, perdas, ganhos, idade e outros. Se pudermos agir logo que os primeiros sintomas da distimia aparecem, o risco desta evoluir para depressão será muito menor.

Os cuidados básicos para evitar a depressão compreendem prevenção do estresse, muita atenção aos hormônios, comorbidades (a presença de outras doenças associadas como distúrbios de ansiedade, compulsões, traumas e fobias), doenças orgânicas (hormonais por exemplo), obesidade, alterações da qualidade do sono, uso ou abuso de álcool e drogas. Todos estes fatores isolados ou somados irão facilitar o desencadeamento da distimia.

Referências
AKISKAL H S,et alii.Chronic depressions . 1981, pp 297-315

 Persio Ribeiro Gomes de Deus
A partir de Minha Vida. Leia no original
Imagem : Gateiro

FALANDO FRANCAMENTE SOBRE O SUICÍDIO

5/20/2015

As razões podem ser bem diferentes, porém muito mais gente do que se imagina já teve uma intenção em comum. Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e desses, 4,8 chegaram a elaborar um plano para isso. Na maioria das vezes, no entanto, é possível evitar que esses pensamentos suicidas virem realidade.
A cada 45 minutos, um brasileiro morre vítima de suicídio. E, em uma sala com trinta pessoas, cinco delas já pensaram em tirar a própria vida.
A primeira medida preventiva é a educação: é preciso deixar de ter medo de falar sobre o assunto, derrubar tabus e compartilhar informações ligadas ao tema. Como já aconteceu no passado, por exemplo, com doenças sexualmente transmissíveis ou câncer, a prevenção tornou-se realmente
bem-sucedida quando as pessoas passaram a conhecer melhor esses problemas. Saber quais as principais causas e as formas de ajudar pode ser o primeiro passo para reduzir as taxas de suicídio no Brasil, onde hoje 32 pessoas por dia tiram a própria vida. Por isso, é essencial deixar os preconceitos de lado e conferir alguns dados básicos sobre o assunto. 


PENSAR EM SUICÍDIO FAZ PARTE DA NATUREZA HUMANA

1. COMO PODEMOS DEFINIR O SUICÍDIO?

Suicídio é um gesto de autodestruição, realização do desejo de morrer ou de dar fim à própria vida. É uma escolha ou ação que tem graves implicações sociais. Pessoas de todas as idades e classes sociais cometem suicídio. A cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo, totalizando quase um milhão de pessoas todos os anos. Estima-se que de 10 a 20 milhões de pessoas tentam o suicídio a cada ano. De cada suicídio, de seis a dez outras pessoas são diretamente impactadas, sofrendo sérias consequências difíceis de serem reparadas.

2. O QUE LEVA UMA PESSOA A SE MATAR?

Vários motivos podem levar alguém ao suicídio. Normalmente, a pessoa tem necessidade de
aliviar pressões externas como cobranças sociais, culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, fracasso, humilhação etc.

3. COMO SE SENTE QUEM QUER SE MATAR?

No momento em que tem ideias suicidas, a pessoa combina dois ou mais sentimentos ou ideias conflituosos. É um estado interior chamado de ambivalência. Ela busca atenção por se sentir esquecida ou ignorada e tem a sensação de estar só – uma solidão sentida como um isolamento insuportável. Muita gente tem um desejo de revide ou imposição do mesmo sentimento negativo aos outros, querendo que sintam o mesmo que ela. Outras pessoas sentem vontade de desaparecer, fugir
ou de ir para um lugar ou situação melhor.

Quase sempre, sentem uma necessidade de alcançar paz, descanso ou um final imediato aos tormentos que não terminam. 

4. O SENTIMENTO E O IMPULSO SUICIDAS SÃO NORMAIS?

Pensar em suicídio é uma coisa que faz parte da natureza humana, e é estimulada pela possibilidade de escolha. O impulso também é uma reação natural, porém é mais comum nas pessoas que estão exaustas por dentro e emocionalmente fragilizadas diante de situações que despertam possibilidade de suicídio.

5. QUEM SE MATA MAIS: MENINOS OU MENINAS?

Os meninos normalmente se matam mais, embora elas tentem mais vezes do que os meninos. Essa tendência também acompanha os adultos, por causas culturais relacionadas a costumes e preconceitos sociais.  

6. O SUICÍDIO ESTÁ VINCULADO A ALGUMA DOENÇA MENTAL?

O suicídio resulta de uma crise de duração maior ou menor, que varia de pessoa para pessoa. Não está necessariamente ligado a uma doença mental, mas sim a um momento crítico que pode ser superado. As pessoas correm menos risco de se matar quando aceitam ajuda.

7. PESSOAS QUE AMEAÇAM SE MATAR PODEM DESISTIR DA IDEIA?

Sim, podem. Ao receber ajuda preventiva ou oferta de socorro diante de uma crise, elas podem reverter a situação ao colocar para fora seus sentimentos, ideias e valores, alterando, assim, seu estado interior. Essa ajuda pode vir de pessoas comuns, ligadas a organizações voluntárias como o CVV, que se dedicam à prevenção do suicídio – são voluntários que têm um papel importante ao ouvir quem estiver passando por um momento de desespero.

O apoio pode vir também de profissionais, contribuição muitas vezes indispensável, especialmente nos casos de descontrole. Essas duas possibilidades de ajuda são reconhecidas no mundo inteiro, pois apresentam bons resultados.

8. AS PESSOAS QUE TENTAM SUICÍDIO PEDEM SOCORRO?

Sim, é frequente pedir ajuda em momentos críticos, quando o suicídio parece uma saída. A vontade de viver aparece sempre, resistindo ao desejo de se autodestruir. De forma inesperada, as pessoas se veem diante de sentimentos opostos, o que faz com que considerem a possibilidade de lutar para continuar vivendo. Encontrar alguém que tenha disponibilidade para ouvir e compreender os sentimentos suicidas fortalece as intenções de viver.

9. QUEM ESTÁ POR PERTO PODE AJUDAR? COMO?

É preciso perder o medo de se aproximar das pessoas e oferecer ajuda. A pessoa que está numa crise suicida se percebe sozinha e isolada. Se um amigo se aproximar e perguntar “tem algo que eu possa fazer para te ajudar?”, a pessoa pode sentir abertura para desabafar. Nessa hora, ter alguém para ouvi-la pode fazer toda a diferença. E qualquer um pode ser esse “ombro amigo”, que ouve sem fazer críticas ou dar conselhos. Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que vai falar. O importante é estar preparado para ouvir.

10. COMO O SUICÍDIO É VISTO PELA SOCIEDADE?

O suicídio foi e continua sendo um tabu entre a maioria das pessoas. É um assunto proibido e que agride várias crenças religiosas. O tabu também se sustenta porque muitos veem o suicida como um fracassado. Por outro lado, os homens, por natureza, não se sentem confortáveis para falar da morte, pois isso expõe seus limites e suas fraquezas. Esse tabu piora a situação de muitos. Muitas vezes, mesmo aqueles que seguem religiões que condenam o suicídio não conseguem respeitar suas crenças
e acabam dando fim à própria vida. 

11. O MUNDO ATUAL TEM INFLUÊNCIA NO NÚMERO DE SUICÍDIOS?

As estatísticas mostram que o suicídio cresce não somente por questões demográficas e populacionais, mas também por problemas sociais que prejudicam o bem-estar de cada um e que estimulam a autodestruição. Nossa sociedade vive com diversas situações de agressão, competição e insensibilidade. Campo fértil para que transtornos emocionais se desenvolvam. O antídoto para combater essa situação limita-se, no momento, ao sentimento humanitário que algumas pessoas têm.

12. QUAIS AS ESTATÍSTICAS SOBRE SUICÍDIO NO BRASIL?

A média brasileira é de 6 a 7 mortes por 100 mil habitantes, bem abaixo da média mundial – entre 13 e 14 mortes por 100 mil pessoas. Mas o que preocupa é que, enquanto a média mundial permanece estável, esse número tem crescido no Brasil. E a maior porcentagem de suicídios é registrada entre jovens.

13. O SUICÍDIO PODE SER PREVENIDO?

Sim. Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos, desde que existam condições mínimas para oferta de ajuda voluntária ou profissional. No Brasil, o CVV – rede voluntária de prevenção – atua nesse sentido há mais de 50 anos. Recentemente, foi iniciado um movimento de políticas públicas para traçar planos integrados de prevenção.

14. QUEM OFERECE AJUDA PARA PESSOAS COM INTENÇÃO DE SE MATAR?

As pessoas que precisam de ajuda podem recorrer ao CVV, grupo de voluntários que oferecem apoio emocional gratuito. E já existem programas de saúde pública que oferecem esse serviço em algumas regiões do país. Há, portanto, uma ampla rede de apoio voluntário por meio de telefonia, internet e atendimento presencial. O CVV atende por telefone, chat, Skype, e-mail e pessoalmente, além de
realizar atendimentos especiais em casos de eventos e catástrofes. Somos um grupo de 2.200 voluntários treinados para ouvir e compreender pessoas que estão abaladas emocionalmente e que correm sério risco de vida.

TRISTEZA É RUIM, FELICIDADE É BOA ?

5/02/2015

A Fundação Edge, uma associação que reúne intelectuais da ciência e da tecnologia, convidou 175 especialistas para responder a uma pergunta difícil: qual ideia científica está bloqueando o progresso da humanidade? As respostas, divulgadas ao longo de 2014, agora foram compiladas no livro This Idea Must Die (“Esta ideia deve morrer”, em tradução livre).

A revista Galileu selecionou 15 teorias da física, da medicina, da matemática e da psicologia que, na opinião de alguns dos mais brilhantes estudiosos do mundo, precisam ser enterradas para que a humanidade vá para a frente. Por sugestão de D.P., um dos membros da Comunidade QM, destacamos aqui apenas uma delas, justamente a que tem tudo a ver com nosso tema constante : tristeza x felicidade. 

Conheça e, na sequência, veja as observações de M.K., também integrante de nosso grupo de discussão.

Teoria : Tristeza é ruim, felicidade é boa

Quem matou : June Gruber, professora da Universidade do Colorado.

“Tristeza não tem fim, felicidade sim” – e isso pode ser bom para você. “Existem muitos trabalhos científicos que sugerem que emoções ruins são essenciais para nosso bem-estar psicológico”, defende June Gruber. Do ponto de vista evolutivo, a tristeza nos faz ficar atentos a problemas ou situações perigosas. Também ajuda a melhorar o foco e facilita uma visão analítica, enquanto felicidade demais nos torna egoístas e propensos a situações de risco. Mas ela não defende o fim da felicidade: o contexto de cada emoção é importante, e saber respeitá-las, em vez de suprimi-las, é a chave para o bem-estar psicológico.

*   *   *
Análise de M.K.

"A pesquisadora June Gruber defende a ideia de que uma pessoa que se considera feliz tem disfunções similares a quem é triste ou depressivo. A diferença se dá pela manifestação dessas disfunções no comportamento de cada indivíduo: o triste tende a focar sempre no próprio sofrimento (o que não significa que ele não tenha sentimentos bons) e o feliz, foca o tempo todo apenas na alegria (o que não significa que ele não tenha sentimentos tristes).

Seria a tristeza um estado normal da alma, mente, ou sei lá? Da mesma forma que uns se satisfazem com tudo e acham tudo uma festa, nós outros teremos uma inexplicável dificuldade em nos alegrarmos com o simples, com o banal, com a s coisas efêmeras da vida. Será que, de alguma forma, somos condicionados a não aceitarmos este estado de abatimento melancólico que nos envia para um banco de memórias de perdas, erros, fracassos, dificuldades, dor, angústia, Os ditos felizes não gostam de falar sobre sentimentos negativos, pois parecem temer que isso lhes retire a mascara da vida perfeita. 

Se para estar bem consigo mesmo temos de aceitar nossas limitações, sofrimentos, incompetências, fracassos, então, aceitar nossa tristeza seria uma forma de aceitar que felicidade pode ser ficar triste?

A tristeza é classifica como um sentimento frio, doloroso, corrosivo. Mas vejo nas pessoas tristes tanto sentimento, compreensão – embora não sejam compreendidas".

Trecho do livro O Demônio do Meio-dia – Uma Anatomia da Depressão, de Andrew Solomon.

“O oposto da depressão não é a felicidade, mas a vitalidade, e minha vida, enquanto escrevo isto, é vital, mesmo quando triste. Posse acordar de novo sem minha mente em algum dia do próximo ano: provavelmente ela não ficará por aí o tempo todo. (...) Por um instante petrificador aqui e ali, um rápido relâmpago, quero que um carro me atropele e tenho que cerrar os dentes para continuar na calçada até o sinal abrir; ou imagino como seria fácil cortar os pulsos; ou experimento famintamente o metal do cano de uma arma na boca; ou fantasio dormir e jamais acordar de novo. Detesto essas sensações, mas sei que elas me impeliram a olhar a vida de modo mais profundo, a descobrir e agarrar razões para viver. A cada dia, às vezes combativamente e às vezes contra a razão do momento, eu escolho ficar vivo. Isso não é uma rara alegria?”

A partir da Comunidade QM
Imagem : Pexels

ESTUDO E EFICÁCIA DA ACUPUNTURA NA DEPRESSÃO

4/18/2015
Estudos comprovam a eficácia da Acupuntura Médica no tratamento da depressão, mal que assombra a vida de jovens, adultos, idosos e, até mesmo, de crianças


A depressão, disfunção que faz parte dos chamados transtornos afetivos e do humor, vem tomando caráter epidêmico em todo o mundo. A sua prevalência média atual é de aproximadamente 16% da população mundial. Apesar disso, não existe ainda uma definição precisa sobre o melhor procedimento terapêutico a seguir. A acupuntura médica tem se revelado uma importante alternativa de tratamento, com resultados positivos e comprovados em estudos.

Um desses estudos mais recentes, publicado no Jornal Americano de Psiquiatria: Effects of Electroacupuncture on Depression and the Production of Glial Cell Line–Derived Neurotrophic Factor Compared with Fluoxetine: A Randomized Controlled Pilot Study (2013), indicou que o tratamento por acupuntura é capaz de regularizar os níveis cerebrais do Fator Neurotrófico derivado do Cérebro (GDNF), que se encontra diminuído em pacientes deprimidos. O estímulo através da eletroacupuntura se mostrou, inclusive, superior ao efeito da fluoxetina (medicamento utilizado no tratamento de depressão) na capacidade de regulação do GDNF.

Outro importante estudo nessa área é o trabalho do dr. Wang da Universidade de Pequim: CLINICAL EXPERIENCE: Effects of Electro-Acupuncture on Personality Traits in Depression: A Randomized Controlled Study (2013), que comparou os efeitos antidepressivos da acupuntura e da Paroxetina no tratamento da depressão. Sessenta pacientes foram selecionados de acordo como os critérios estabelecidos e feita a avaliação por escala apropriada antes e depois do tratamento. Os resultados mostraram que houve melhora significativa em ambos os grupos após 24 semanas de tratamento, concluindo que a eletroacupuntura se mostrou tão eficaz no tratamento da depressão quanto o antidepressivo Paroxetina – e sem os efeitos colaterais de uma medicação.

 A explicação acerca do mecanismo pelo qual  a acupuntura tem a capacidade de minorar os distúrbios emocionais, se alicerça na sua ação moduladora do sistema nervoso central.  “Sabe-se, hoje, que a inserção da agulha de Acupuntura estimula terminações nervosas existentes na pele e nos tecidos subjacentes, principalmente nos músculos. A ‘mensagem’ gerada por esses estímulos segue através de fibras nervosas periféricas até o sistema nervoso central (medula e cérebro) e aí  incrementa a liberação de diversas substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores: serotonina, noradrenalina e dopamina, que são exatamente as mesmas relacionadas ao controle do humor e das emoções. Além dessa ação moduladora sobre as emoções, o estímulo das agulhas     desencadeia  uma série de outros efeitos importantes, tais como, analgésico, anti-inflamatório, relaxante muscular e sobre  os sistemas endócrino e imunológico”, explica Dr. Dirceu Sales, presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

Há décadas, existem importantes estudos que a referendam a ação neuromoduladora da acupuntura, como os de Luo, Jia e Zhan (1985), Lou e cols (1990), Yang (1994) e Han (1996).  No trabalho de Luo, em estudo randomizado prospectivo que contou com 241 pacientes foi comparado o efeito da eletroacupuntura com o da amitriptilina. Nos dois grupos estudados houve melhora substancial da doença depressiva, sem qualquer diferença nos índices de recorrência a longo prazo.

Ação da Acupuntura - Pesquisas das últimas décadas vieram a atestar que a inserção de agulhas de acupuntura em pontos específicos do corpo provocam fenômenos de neuromodulação em três níveis: periférico (local), espinal e supraespinal- resultando em liberação de variadas substâncias neuromoduladoras com normalização de funções motoras, sensoriais, autonômicas, neuroendócrinas, de controle de expressão emocional, além de corticais espinais.( Cheng & Pomerans, 1980; Mayer Price & Refii, 1977; Sjolund & Eriksson- 1979; Souvannakiti e cols., 1993, Wu & Deng, 1993).

Sobre o CMBA: Fundado em 1984,  o Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura é uma associação civil de âmbito nacional, sem fins lucrativos, que congrega médicos acupunturistas de todo o Brasil - é o órgão oficial da acupuntura médica do país, respondendo frente ao meio médico nacional, às autoridades de saúde e às instituições governamentais.

ESTUDO INTERNACIONAL ALERTA PARA DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA

4/17/2015
Estudo internacional traça o perfil de risco para a depressão na adolescência

Uma percentagem significativa de adolescentes portugueses apresenta sintomatologia depressiva (8%) ou está em risco de desenvolver depressão (19%), sendo a tendência para depressão na adolescência maior nas mulheres, revela um estudo internacional realizado por investigadores da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (UC). Esta investigação visa traçar o perfil de risco psicológico e genético para a depressão na adolescência, assim como testar a eficácia de um Programa de Prevenção da Depressão para Adolescentes.

Características temperamentais de emocionalidade negativa (tristeza, timidez, agressão, medo, etc.), estratégias de regulação emocional menos eficazes, maior número de acontecimentos de vida negativos na escola, com os amigos e com a família, bem como experiências de abuso e negligência e fraco desempenho escolar são fatores que deixam os adolescentes mais vulneráveis à depressão, conclui a pesquisa que envolveu uma amostra comunitária de 3.300 adolescentes, a frequentarem o 8º e o 9º ano de escolaridade e com uma idade média de 14 anos.

A equipa, que integra investigadores dos EUA (University of Emory), Alemanha (Maxplanck Institute) e Islândia (University of Iceland), identificou igualmente algumas variáveis parentais que contribuem para a depressão nos filhos, nomeadamente a existência de sintomatologia depressiva nas mães, e relações pais/filhos caracterizadas por mais conflito e menos suporte e profundidade.

Numa amostra de 290 adolescentes em risco foi estudada a eficácia de um Programa de Prevenção da Depressão para Adolescentes (PPDA), uma adaptação do programa Mind and Health. Foi também estudado um programa inovador criado na UC, o Programa Parental para a Prevenção da Depressão na Adolescência (3PDA) para os pais e/ou encarregados de educação dos jovens em risco que participam no PPDA.

Os resultados mostram que «relativamente ao programa efetuado com os adolescentes em risco, para prevenir a depressão, os jovens do grupo experimental descem significativamente os níveis de sintomatologia depressiva com a intervenção e depois mantêm a mudança, não se passando o mesmo com o grupo de controlo (grupo sem intervenção)», afirma Ana Paula Matos, investigadora responsável do projeto e membro do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental da UC (CINEICC).

Quando os pais participam no programa «os valores de sintomatologia depressiva dos filhos descem significativamente após a intervenção sendo estes jovens os que também apresentam os valores médios mais baixos de sintomatologia depressiva após 6 meses de seguimento, comparativamente com os adolescentes cujos pais não participam no programa. A sintomatologia depressiva dos próprios pais desce também significativamente com a intervenção, mantendo-se este ganho nos 6 meses de seguimento, o mesmo não acontecendo nos pais que não participam no programa», nota a investigadora da UC.

Sobre o impacto do estudo, iniciado em 2008 e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Ana Paula Matos está convicta que «os resultados obtidos irão ter um impacto de grande relevo nos conhecimentos sobre a depressão nos jovens e a forma de a prevenir e tratar. A depressão é uma das doenças mais prevalentes nas crianças e adolescentes, comprometendo o funcionamento emocional, académico e relacional».

As conclusões do estudo "Prevenção da Depressão em Adolescentes Portugueses: estudo da eficácia de uma intervenção com adolescentes e pais" vão ser apresentadas
e discutidas no congresso internacional "SaudávelMente", a decorrer, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, nos próximos dias 14 e 15 de Abril.

Dirigido essencialmente a profissionais e estudantes das áreas da Psicologia, Saúde Mental, Educação e Formação de Crianças, Jovens e Famílias, o congresso engloba workshops, conferências, mesas redondas e posters nas temáticas da promoção da saúde mental e a apresentação de estudos e programas de intervenção, nacionais e internacionais, no domínio da prevenção e tratamento da depressão.


A partir do Pravda. Leia no original

ADOLESCÊNCIA: DEPRESSÃO 'NÃO É FRESCURA'

4/15/2015

Já está em fase de teste um exame laboratorial para diagnosticar a depressão. O recurso será especialmente útil para constatar a doença em adolescentes que, algumas vezes, não têm os sintomas levados a sério pela família, porque os sinais que dão são confundidos com alterações de comportamento comuns nessa fase.
"A ausência de comprovação do diagnóstico por meio de um exame laboratorial faz com que muita gente não entenda a depressão como uma doença do cérebro", diz o psiquiatra Miguel Angelo Boarati, coordenador do Programa de Transtornos Afetivos na Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). "Por desconhecimento ou preconceito, as pessoas julgam que jovens deprimidos têm falta de vontade de melhorar ou não querem reagir."
A descoberta de um exame capaz de diagnosticar a depressão foi anunciada em setembro de 2014 por um grupo de pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. Segundo o estudo, publicado no periódico especializado "Translational Psychiatry", é possível identificar a doença por meio de marcadores biológicos encontrados no sangue. Foram examinados 64 voluntários e os resultados foram promissores. Agora, os autores se preparam para uma segunda fase de testes: a ideia é validar o achado com uma população maior de pacientes.
Muitos portadores de depressão enfrentam preconceito dentro da própria família, segundo Silvana Martani, psicóloga do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e organizadora do livro "Manual Teen" (Editora Wak). "É muito comum que o adolescente deprimido ouça frases do tipo: 'você está chorando de barriga cheia' ou 'você não tem problemas, não tem motivos para estar triste'", fala a especialista.


Doença mais frequente na adolescência

Desvalorizar o sofrimento do adolescente é a pior atitude que a família pode adotar. "A depressão, como qualquer outra doença, deve ser tratada com seriedade, nenhuma queixa persistente pode ser desvalorizada", afirma a psicóloga Silvana.
De acordo com um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em maio de 2014, a depressão é o principal problema de saúde entre os adolescentes, fator diretamente relacionado ao suicídio, uma das três maiores causas de morte na faixa etária de dez a 19 anos, juntamente com acidentes de trânsito e o vírus da Aids.
"Dois terços dos suicídios são cometidos por adolescentes que estavam clinicamente deprimidos", diz a psicóloga Luiza de Lima Braga, que pesquisou o comportamento suicida em adolescentes em seu trabalho de mestrado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

O suicídio pode ser a consequência mais grave de um quadro depressivo não tratado adequadamente, mas não é a única. "A depressão na infância e na adolescência é duradoura e afeta múltiplas funções, causando significativos danos psicossociais", declara Luiza. 

"Segundo um estudo americano (o "Los Angeles Epidemiologic Catchment Area Project"), 25% dos adultos com depressão relataram o primeiro episódio da doença antes dos 18 anos", afirma a psiquiatra Sônia Maria Motta Palma, professora da Universidade de Santo Amaro e uma das autoras do "Manual de Atenção à Saúde do Adolescente", da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.  Por isso, diante de alterações de comportamento e sinais de depressão, os pais devem investigar o que está ocorrendo e, se necessário, buscar ajuda médica e psicológica.
 

Envolvimento da família

O tratamento da depressão na adolescência é, em geral, multidisciplinar. "As melhores opções de conduta associam o uso de antidepressivos, receitados por um psiquiatra, com apoio psicoterápico e acompanhamento à família. Orientar a escola também é importante, para que o jovem não tenha perdas acadêmicas durante o tratamento", diz César de Moraes, especialista em psiquiatria infantil e professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas.
Nem todos os casos requerem medicação, mas é fundamental o envolvimento dos familiares. "Os pais devem acompanhar de perto o tratamento, seguir as orientações dadas pelos profissionais envolvidos, não julgar ou criticar o filho por estar deprimido e, se necessário, realizar mudanças no ambiente familiar", diz o psiquiatra Miguel Angelo Boarati.
Segundo o Boarati, os conflitos em família, as cobranças por desempenho em múltiplas tarefas e a falta de diálogo em casa podem ser gatilhos que desencadeiam a depressão nos adolescentes.

Sinais da depressão

Vários comportamentos relacionados à depressão podem ocorrer em algum momento da adolescência. Por isso, os especialistas esclarecem que é preciso considerar a intensidade e a frequência desses sinais e analisá-los dentro de um contexto mais amplo, avaliando o estado geral do adolescente. Saiba mais sobre eles a seguir.
1 - Humor depressivo
O adolescente parece não sentir alegria ou prazer de viver. Mostra-se melancólico, entediado, indisposto e sem esperança. Tem baixa autoestima e pode apresentar crises de choro sem razão aparente.

2 – Apatia
Às vezes, é confundida com preguiça. O adolescente demonstra falta de energia, cansaço frequente e perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas.

3 - Isolamento social
Os adolescentes deprimidos tendem a se isolar de amigos e familiares.

4 - Irritabilidade e instabilidade
Mau humor, descontrole emocional e explosões de raiva podem fazer parte do quadro depressivo.

5 - Alteração do ritmo de sono
O adolescente pode dormir mais ou menos do que de costume. Também são comuns episódios de insônia.

6 - Alteração no apetite
Perder a vontade de comer é o mais frequente, mas pode haver, também, aumento de apetite, sobretudo por alimentos doces. Perda ou ganho de peso significativo em pouco tempo podem estar associados.

7 - Dificuldade de concentração
Frequentemente está associada à queda no rendimento escolar. Em alguns casos, o jovem depressivo abandona os estudos.

8 - Uso de drogas
Muitas vezes, resultante de tentativas de automedicação para alívio do sofrimento causado pela doença.

9 – Automutilação
Em situações de extremo sofrimento, alguns adolescentes podem adotar um comportamento autodestrutivo, cortando-se ou queimando-se. Provocar dor física é uma forma de tentar tirar o foco da dor emocional.

10 - Comportamento de risco
O flerte com o perigo pode ser uma forma de combater a apatia. Andar distraidamente no meio de avenidas movimentadas, praticar esportes radicais sem cuidados de segurança ou mesmo fazer sexo sem proteção podem ser formas de buscar emoções fortes.

11 - Pensamentos suicidas
São comuns ideias mórbidas e tentativas de suicídio.

A partir o UOL. Leia no original

DEPRESSÃO AFETA DOIS MILHÕES DE PORTUGUESES

4/14/2015


No ano passado, em Portugal, foram vendidas mais de 20 mil embalagens de anti depressivos por dia que dá um total de oito milhões de embalagens por ano. O número é revelado pela ordem dos psicólogos que adianta ainda que cerca de 2 milhões de portugueses, 17% da população, sofrem de algum tipo de depressão ao longa da vida.

* * *
Dois terços das pessoas que tomam antidepressivos não têm depressão


Por outro lado, um estudo norte-americano concluiu que 69% das pessoas medicadas com o antidepressivo mais prescrito não sofrem de depressão.

A equipa de investigadores descobriu que muitos médicos não usam os critérios oficiais para prescrever os medicamentos: além dos 69% que tomam antidepressivos sem sintomas correspondentes aos critérios de uma depressão clínica, outros 38% não sofriam de qualquer outro problema mental, como transtorno obsessivo-compulsivo, pânico ou ansiedade.

Para esta pesquisa foram avaliadas pessoas que tomavam inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRI), o medicamento antidepressivo mais prescrito para tratar depressão e outras doenças psiquiátricas por ter menos efeitos secundários comparando com outro tipo de antidepressivos.

Desde 1998 que a prescrição de antidepressivos triplicou nos países mais ricos do mundo segundo um estudo da Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento (OCDE). A Islândia é o país com maior número de medicamentos prescritos, seguindo-se Austrália, Canadá, Dinamarca, Suécia e Portugal.

PROJETO QUER PREVENIR DEPRESSÃO PERINATAL

3/16/2015
Uma equipe de investigadores do Serviço de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), dirigido pelo professor António Ferreira de Macedo, acaba de obter um financiamento de 200 mil euros para aplicar um programa pioneiro a nível internacional, que visa minimizar o elevado impacto negativo da Depressão Perinatal (gravidez e pós-parto).

O Projeto “Rastreio, prevenção e intervenção precoce na depressão perinatal – Eficácia de um novo programa nos cuidados de saúde primários” é financiado pelo Programa Iniciativas de Saúde Pública, European Economic Area Grants (EEA-Grants), do Mecanismo Financeiro do Espaço Econômico Europeu 2009-2014, resultante do memorando de entendimento celebrado entre o Estado Português e os países doadores (Islândia, Liechtenstein e Noruega).

De uma forma genérica, o projeto, coordenado pela investigadora Ana Telma Pereira, consiste, numa primeira fase, na aplicação a uma vasta amostra representativa de mulheres portuguesas, recrutadas nos cuidados de saúde primários e maternidades das regiões de Coimbra e de Aveiro, de um novo teste preditivo de auto-resposta intitulado “Rastreio e Prevenção da Depressão Perinatal”.

Desenvolvido de raiz na Universidade de Coimbra, pela equipa do Serviço de Psicologia Médica, o teste avalia sintomas e fatores de risco, permitindo prever quais as mulheres com maior probabilidade de ter depressão durante a gravidez e no período pós-parto.

Paralelamente, a equipe vai realizar ensaios clínicos (aos níveis da prevenção e intervenção precoce), por forma a validar a eficácia do programa de rastreio.

Ana Telma Pereira explica que o grande objetivo da investigação, que dá continuidade ao trabalho científico desenvolvido na última década pelo Serviço de Psicologia Médica da FMUC, e do qual resultaram muitas publicações e apresentações internacionais, é «continuar a contribuir para a minimização do elevado impacto negativo da Depressão Perinatal. Note-se que apesar da Depressão Perinatal ser um problema de saúde pública prevenível e tratável, sem programas de rastreio menos de 10% das mulheres afetadas recebem tratamento».

«Todas as mulheres no período perinatal poderão, potencialmente, beneficiar com esta intervenção, pois a todas será dada a oportunidade de serem avaliadas quanto à presença de sintomas de depressão perinatal e fatores de risco associados. Todas aquelas que mantenham ou a quem seja diagnosticada a patologia serão encaminhadas para consulta externa de psiquiatria, para avaliação e tratamento especializado por membros da equipa de investigação, no Centro de Responsabilidade Integrada de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra», conclui a investigadora.


A partir de Sul Informação. Leia no original

TEMPO DIFERE PARA QUEM TEM DEPRESSÃO

3/15/2015

Se tem um prazo para cumprir, é provável que tenha a sensação de que o tempo voa. Já para quem sofre de depressão, o tempo não passa. É o que descobriu uma equipa de investigadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Mainz, na Alemanha.



O grupo analisou os resultados de 16 estudos que contaram, ao todo, com 433 indivíduos deprimidos e 485 sem a doença. A pesquisa confirmou o que psicólogos e psiquiatras já ouviam muito das vítimas de depressão: para eles, o tempo parece passar em câmara lenta.

Em termos objetivos, porém, a percepção deles é igual a dos outros – ao julgarem a duração de um intervalo entre dois sons, ou estimarem quanto dura um filme, eles são tão precisos quanto pessoas saudáveis.

Os pesquisadores também identificaram vários aspectos da relação entre depressão e percepção do tempo que ainda não foram estudados de forma adequada. Não se sabe, por exemplo, qual o efeito dos remédios e da psicoterapia sobre isso, nem se há diferença para pacientes com depressão bipolar.

A partir do Diário Digital. Leia no original

SUICÍDIOS NO JAPÃO RECUAM, MAS ÍNDICE AINDA É UM DOS MAIS ALTOS NO MUNDO

3/13/2015

A Agência Nacional de Polícia (ANP) do Japão informou nesta quinta-feira (12) que o número de suicídios registrados no país em 2014 recuou 6,8% em relação ao ano anterior, para 25.427, marcando o quinto ano consecutivo de descenso. O nível, no entanto, ainda é um dos mais altos entre os países desenvolvidos se comparado com o volume total de sua população.

O dado coloca em relevo os esforços das autoridades japoneses para reduzir o número de suicídios que, além disso, se situou pelo terceiro ano consecutivo abaixo dos 30 mil. A metade dos casos registrados em 2014 foram atribuídos pela polícia a “problemas mentais ou doenças”.

O número de suicídios no Japão esteve abaixo dos 26 mil entre 1978 – quando as autoridades começaram a colher dados – e 1997, mas a partir daí ultrapassou os 30 mil durante 14 anos consecutivos.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Japão, um país com cerca de 126 milhões de habitantes, está entre os 10 com a taxa de suicídio mais elevadas, o que significa que há 20,7 suicídios ao ano por cada 100 mil japoneses. Além disso, a terceira economia do mundo é, depois da vizinha Coreia do Sul, o segundo membro com maior taxa dos membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Das 47 Prefeituras do Japão, Tóquio, a mais povoada do país, foi de novo a que teve o maior número de mortes deste tipo, registrando 2,636 suicídios. Enquanto a província de Fukushima, gravemente afetada pelo terremoto e tsunami de há quatro anos e a crise nuclear resultante, registrou 0,9% menos mortes provocadas que em 2013, embora voltou a superar os mil (teve 1.083) e foi a nona prefeitura por volume de suicídios.

A Agência Nacional de Polícia publicou também dados sobre suicídios cujas causas e motivos considera ligados ao “impacto direto” do tsunami e do acidente nuclear. Em 2014, a polícia japonesa teve registro de 22 falecimentos deste tipo, 42% a menos que no ano anterior e 60% a menos que no ano da catástrofe.

Segundo os últimos dados relacionados com o desastre nuclear, de cujo explosão completou quatro anos na quarta-feira, mais de 70 mil pessoas que viviam junto à usina de Fukushima seguem sem poder retornar a suas casas pelos altos índices de radiação.

A partir de Mundo Nipo. Leia no original

'VIVER É A MELHOR OPÇÃO', NOVO LIVRO DE ANDRÉ TRIGUEIRO

1/01/2015
O jornalista André Trigueiro é conhecido da maioria pela sua atuação no jornalismo ambiental, que já lhe rendeu 26 prêmios e comendas, desde que passou a atuar à frente do Jornal das Dez da Globo News, em 1996. Permaneceu como âncora e repórter do telejornal por 16 anos. Desde abril de 2012, é repórter da TV Globo e colunista do Jornal da Globo, onde apresenta o quadro Sustentável. É editor-chefe do programa Cidades e Soluções, exibido pela Globo News desde 2006, comentarista da Rádio CBN desde 2003 e colaborador voluntário da Rádio Rio de Janeiro. Ele ainda mantém o blog Mundo Sustentável, no G1, e o site mundosustentavel.com.br.

Além da luta pelo meio ambiente, Trigueiro está à frente de mais uma urgente batalha pela vida: a prevenção ao suicídio. Esse é o principal motivo da viagem dele a vários estados, para o lançamento de sua nova obra : Viver É a Melhor Opção — A Prevenção do Suicídio no Brasil e no Mundo, pela editora Correio Fraterno. O livro apresenta alternativas para combate dos 800 mil casos de suicídio registrados anualmente em todo o mundo.

— A descoberta de que o suicídio é prevenível em 90% dos casos, e a necessidade de se retirar o véu que há séculos encobre esse tema me motivaram a escrever — explica.

Divulgador da doutrina de Allan Kardec, Trigueiro também leva para o livro a visão espírita sobre o problema. Em entrevista ao jornal Zero Hora, o  jornalista falou sobre jornalismo, sustentabilidade, espiritismo, suicídio, educação e, claro, as mortes em  Santa Maria (RS).

Jornalismo, sustentabilidade, espiritismo, suicídio e educação. Com mais de 20 anos de trabalho, o senhor se tornou uma referência. Mas também é mais do que um seguidor da doutrina espírita, é um divulgador; e, mais recentemente, mergulhou num estudo sobre o suicídio. E ainda se dedica a docência. Como esses assuntos estão relacionados e o que o senhor aprende com cada um deles?

André Trigueiro — Talvez o elo comum a todas essas frentes de trabalho seja o apreço pela vida. Quero ser útil, empregar meu tempo e energia em atividades que de alguma maneira façam a diferença em favor de um mundo melhor e mais justo. Como escreveu certa vez o escritor potiguar Câmara Cascudo: "Eu sou apenas uma célula, uma pequenina célula que procura ser útil na fidelidade da função". Acho essa frase linda.

Vamos começar pelo Jornalismo. Em 2004, o senhor criou o curso de Jornalismo Ambiental da PUC-Rio, que é oferecido como disciplina optativa a todos os cursos. De lá para cá, a mídia traz reflexos importantes do desejo de mudança em direção a uma vida mais sustentável. O senhor enxergou transformações na cobertura ambiental brasileira e nos espaços que os veículos de comunicação do país dedicam à área?

A situação é hoje melhor do que já foi. Há uma progressão do prestígio e do espaço ocupado pelos assuntos da sustentabilidade nas mídias. Mas, na minha opinião, ainda estamos aquém do necessário. A crise é bem maior do que é possível perceber através do noticiário.

Como jornalista, alguma vez o senhor já se sentiu uma andorinha só? Ou, ao contrário, acredita que a sustentabilidade esteja ganhando cada vez mais atenção no Brasil?

Aprendi há muitos anos a não me incomodar se a linha de cobertura jornalística com a qual mais me identifico não for a mais prestigiada na redação. O que, para mim, seria razão de um profundo desconforto é o risco de não seguir o meu coração e a minha consciência. Faço o que acho certo. Essa é a minha bússola.

Em janeiro de 2013, Santa Maria viveu uma devastadora tragédia, o incêndio na boate Kiss. Onde a cobertura jornalística pode ter falhado antes, durante e depois daquelas centenas de mortes?

Não me considero a pessoa mais indicada para fazer uma análise pormenorizada dessa cobertura. Isso demandaria tempo para recuperar a memória do que diferentes veículos de comunicação reportaram à época. Tragédias sempre expõem os jornalistas ao risco do sensacionalismo ou do uso desmedido de imagens apelativas. Mas o que houve na boate Kiss foi em si tão chocante, que, assim me parece, os próprios jornalistas — pelo menos dos veículos mais importantes — foram preventivamente cautelosos na abordagem do assunto. Difícil cobrir ocorrências dolorosas como essa e não se envolver com a história. É como se todos os brasileiros, e não apenas os jornalistas envolvidos diretamente com a cobertura, também tivessem perdido alguém querido na tragédia. 

Como cada cidadão pode agir no gerenciamento de riscos, de modo a evitar esse tipo de tragédia?

Em havendo a menor suspeita de algo errado, cobrar do gerente da casa noturna ou de espetáculos a apresentação de alvarás e licenças. Reparar se há extintores e portas anti-pânico. Ninguém precisa ser especialista no assunto para perceber o risco de haver problemas caso todos tenham que sair do lugar ao mesmo tempo. As autoridades, por sua vez, permanecem em dívida com a sociedade. Não é difícil encontrar por aí lugares onde a segurança é mínima. A cultura do gerenciamento de risco ainda requer esforços permanentes na educação, fiscalização e punição.

Agora, falando de sustentabilidade: o cenário apocalíptico descrito por cientistas agiganta tanto a questão que a distancia do indivíduo. O cidadão não reflete nem age por considerar seu papel muito pequeno. E, sem consciência, também deixa de cobrar políticas públicas que garantam desenvolvimento econômico baseado na premissa da sustentabilidade. Como acelerar a mudança?

A mudança é para ontem. Os indicadores são assustadores, mas a maioria das pessoas só aprende, quando aprende, pela dor. A crise ambiental sem precedentes na história da humanidade é didática, pedagógica. Depende de nós aprender a lição. Ainda há tempo. Mas não muito.

A crise hídrica do Sudeste mostrou que a finitude dos recursos naturais pode estar mais perto da gente do que se imaginava. A água é um dos principais problemas ambientais do mundo. É do Brasil também?

Há muito tempo. Só se surpreendeu com o colapso hídrico quem não vinha acompanhando a evolução do descaso com a mais importante bacia hidrográfica do país, economicamente falando. Falta de saneamento, assoreamento dos rios, desmatamento e outros impactos determinaram a exaustão da bacia. Bastou chover bem menos do que o esperado dois anos seguidos para esses problemas virem à tona. Como disse, a crise é pedagógica. A questão é saber se estamos dispostos a aprender a lição.

O espiritismo é uma válvula de escape?

Muita gente no Brasil ainda fala de espiritismo sem saber exatamente o que seja. Há uma enorme confusão semântica em torno do termo, usualmente associado a qualquer tradição que aceite a prática da mediunidade. "Espiritismo" é um neologismo criado no século XIX por um discípulo do grande educador Pestalozzi, o pedagogo Hippolyte Leon Denizard Rivail — que, mais tarde, adotou o pseudônimo de Allan Kardec — para codificar uma doutrina que procura explicar as leis que regem a vida e o universo. É uma filosofia espiritualista baseada na lógica e no bom senso. Não é proselitista nem se considera o único caminho que leva a Deus. Sou espírita há 30 anos e me sinto bem assim.

Como o senhor leva os ensinamentos dos aprendizados de todos esses trabalhos para dentro de casa? Em uma entrevista ao jornal O Globo, o senhor contou que os móveis de casa são de madeira de demolição, que seu carro não é lavado para não gastar água. O que mais?

Quem se interessa pelos assuntos da sustentabilidade conhece os meios de alcançar um estilo de vida menos impactante. Menos lixo, mais reciclagem ou compostagem. Equipamentos eletroeletrônicos com etiquetas do Inmetro letra "A" de baixíssimo consumo de energia. Baixo consumo de água, nenhuma ostentação, consumo consciente. E por aí vai...

Santa Maria vai ser a primeira cidade onde será lançado o livro Viver É a Melhor Opção. Aqui, o senhor pretende tratar do tema de modo especial?

Veremos como será. Não quero me antecipar. Sou muito espontâneo e intuitivo. A pior tragédia com vítimas da história do Brasil — envolvendo alguma atividade de entretenimento ou lazer — foi o incêndio do Gran Circus Norte Americano, em Niterói, na década de 1960. Trezentas e setenta e duas pessoas morreram na hora e algumas estimativas dão conta de que o número total chegou depois a 500. Niterói hoje é mais lembrada por ser uma cidade com IDH elevado do que pela tragédia (IDH é o Índice de Desenvolvimento Humano, uma medida resumida do progresso a longo prazo da renda, da educação e da saúde. Niterói, é a sétima cidade melhor colocada no índice no país e a número 1 do estado fluminense). Acho que se dará o mesmo com Santa Maria, que é uma cidade repleta de jovens cheios de esperança, vitalidade e desejo de transformar o mundo. A vida segue, como deve ser. A dor da perda de um ente querido — especialmente filhos — nunca deixa de existir, mas pode se transformar em outra coisa. É como diz o autor do best-seller Fernão Capelo Gaivota, Richard Bach: "Eis um teste para saber se você terminou sua missão na Terra: se você está vivo, não terminou".

O senhor vem para falar sobre o papel de cada um na sustentabilidade. E qual o papel de cada um na prevenção ao suicídio, um assunto que esta, como o senhor refere, no esconderijo, é um tema quase proibido na imprensa brasileira?

Ser voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida) é uma forma objetiva, direta, de ajudar na prevenção do suicídio. Basta ter mais de 18 anos, boa vontade e passar no curso de formação dado pela instituição. Desde 1962, esta organização vem oferecendo um serviço gratuito, 24 horas por dia, de apoio emocional e prevenção do suicídio que é reconhecida pelo Ministério da Saúde como de utilidade pública. Pode-se também ajudar na divulgação dos serviços do CVV. No dia a dia, podemos estimular o debate em torno da prevenção do suicídio onde e quando isso se fizer necessário. Em casa, trabalho, escola, universidade, sindicato etc. Por último, mas não menos importante, estarmos prontos para agir quando a Providência Divina solicitar a nossa intervenção, estancando ou aliviando processos dolorosos, consolando corações aflitos, ouvindo desabafos angustiados... Há sempre como interferir positivamente em algum elo da cadeia beneficiando todo o sistema.


Viver É a Melhor Opção _ A Prevenção do 
Suicídio no Brasil e no Mundo

O suicídio é um tema invisível, velado, ausente da mídia e das conversas na sociedade em geral, apesar dos mais de 800 mil casos registrados no mundo a cada ano. No livro, o escritor revela esses e outros números que dão a dimensão do problema e analisa as várias causas que levam as pessoas a ceifar suas vidas. André Trigueiro acredita que com informação, planejamento e, acima de tudo, com a coragem de quebrar o tabu que envolve o assunto, será possível reduzir as estatísticas de auto-extermínio. E cita exemplos bem-sucedidos nesse sentido no Brasil e no mundo.

A partir do ClicRBS. Leia no original

DEPRESSÃO AOS 50 AUMENTA RISCO DE ALZHEIMER

7/14/2013
A depressão, especialmente a não tratada, é fator de risco para a doença de Alzheimer da mesma forma que a pressão alta aumenta o risco de infarto. E esse risco aumenta consideravelmente nos casos de depressão após os 50 anos de idade. A conclusão é de uma meta-análise de 23 estudos envolvendo 50 mil pessoas publicada esta semana pelo British Journal of Psychiatry e que tem o brasileiro Breno Satler Diniz como um de seus principais autores. Diniz é colaborador do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e professor adjunto do Departamento de Saúde Mental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo mereceu destaque no jornal The New York Times.

Imagem : sxc.hu
A pesquisa mostra que pessoas com mais de 50 anos com depressão têm chances 65% maiores de desenvolver Alzheimer e duas vezes mais risco de ter demências vasculares no futuro. Isso significa que 31 a cada 50 depressivos nessa faixa de idade podem ter Alzheimer e 36 a cada 50 podem sofrer de demência vascular.

“Não é uma relação de causa e efeito, mas uma associação importante,” afirma o pesquisador. “Depressão não é uma doença benigna que afeta apenas o humor, mas uma doença com consequências sérias”, alerta. A depressão eleva os níveis de cortisol, que age sobre o hipocampo, em áreas responsáveis pelo aprendizado e memória de curto prazo. Além disso, ela produz inflamação crônica que afeta os vasos sanguíneos do cérebro e reduz os níveis de fatores neurotróficos, substâncias que protegem os neurônios.

“Importante ressaltar que a depressão não é único fator de risco para essas doenças, mas é um componente de peso”, explica Diniz, destacando a necessidade de tratamento. O próximo passo da pesquisa é entender e detalhar como isso acontece e determinar que marcadores biológicos estão envolvidos no processo.

O estudo pode ser lido através deste link.
 
Copyright © QUERO MORRER. . OddThemes