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CARTA DE DESPEDIDA

10/24/2017
Reprodução
Esse texto do vídeo (reproduzido abaixo) é a história verídica de Thalia Mendes Meireles, de 16 anos, que sofreu abuso sexual durante dois anos. A jovem recorreu ao suicídio no início da noite do dia 14/04/2017, na cidade de Monção (MA). Na carta de despedida, ela relata o suposto abuso sexual e afirma que a mãe a tratava de forma fria. Thalia informa ainda que já havia tentado suicídio em outras ocasiões. Em depressão, a adolescente se isolou do mundo recorrendo às drogas, automutilação, sem que os familiares percebessem.
* * *



"Eu sei que a decisão que eu tomei foi totalmente desqualificada e imoral. Quem diabos é para tirar a própria vida?
Mas eu posso dizer uma coisa:Pra que serve o livre arbítrio? A vida é minha, a essência é minha. Respeitem.
As pessoas passam a vida inteira julgando tudo que vêem. Jogam palavras que não voltam, olhares que machucam, rejeitam, maltratam, usam. Isso dói, tá legal? O ser humano vai guardando isso dentro de si até formar uma grande bola prestes a explodir. Você pode ver uma pessoa sorrindo, parecendo feliz, mas não se engane, sempre há coisas além.
Por isso somos cegos. Nunca vemos além.
Aquela menina sentada de cabeça baixa tá precisando de ajuda. Mas o que as pessoas fazem? “Fulana está na bad”. Que sociedade maldita. Como se tristeza fosse algo irrelevante, que nao precisa de atenção. Idiotas. Quando é tarde eles se perguntam o que tinha de errado. Pais que não vêem seus filhos se cortando, se drogando, se destruindo. Escolas que não vêem o bulling debaixo do seu nariz. Pais que estrupam os filhos, mães que humilham, irmãos que rejeitam. Malditos. Malditos.

Eu não queria morrer. Eu penso que tenho um futuro pela frente. Eu sei que tenho.
Tudo isso acima faz a mente humana enlouquecer, sabia? Ela definha, fica angustiada e cheia de coisas inexplicáveis, pensamentos perigosos. Você vê no jornal aquele jovem que matou inúmeros estudantes e julga. Já parou pra pensar o que levou ele fazer aquilo? Será que não foi a hipocrisia e idiotice da sociedade? Essa sociedade que nos coloca em um lugar durante anos, em total humilhação e depois quer escolher um futuro pra nós. Ninguém nunca vê. Até que é tarde. Tnho mais amigos para fazer, mais músicas para escutar, mais pessoas para namorar, mais shows para ir. Tanta coisa. Mas sabe o que eu e outras milhões de pessoas pensam sobre isso? “Eu não tenho força de vontade para continuar. Eu não sou forte, eu não consigo seguir em frente sem derrubar mais uma lagrima”.

Ela era uma mãe tão atenciosa, o que aconteceu? Porque ela ficou tão alheia? Porque ela demonstra amar mais a meu irmão? Porque ela não me ama? Porque ela não me abraca e me beija assim como ela faz com meu irmão?
Sejam mais gentis, por favor. Amem mais, ajudem mais, vêem mais, peguem na mão de pessoas que estão se afogando. Dê sua mão. Dê um sorriso. Eu tenho inúmeros motivos para ter feito o que fiz. Meu próprio pai me abusou e foi por isso que eu morri por dentro. Eu fui morrendo durante dois anos. Fui vendo minha morte sem poder fazer nada a respeito. Quantos cortes eu não fiz? Eu até apelei a drogas, o que não resultou em nada. Meu pai iniciou a destruição. Minha mãe me tirou minha rotina e passou a assistir tudo em total inconsciência. Eu sei que ela via, mas quem disse que ela percebia? Porque ela me humilha por causa de um erro tão pequeno? Porque ela não pergunta como foi meu dia na escola? Porque ela não quer saber o motivo de eu estar tanto tempo trancada no quarto? Porque ela não pergunta o motivo de eu usar tanta blusa de manga comprida?

Eu irei deixar muita coisa no mundo e o mundo ira perder muita coisa. Eu sou diferente. Eu sou uma daquelas pessoas que os outros precisam .
Ela ta deixando eu morrer sem fazer nada. E eu não quero as lágrimas de meus pais. Eu sentiria nojo delas. Eu sentiria nojo porque eu passei a odiar meu pai e odiar minha nova mãe. Porque eu ainda amo aquela mãe que me abraçava e me beijava. É como se ela não me amasse mais porque fui usada pelo meu pai, como se ela sentisse nojo de mim. Sim, ela sabe do abuso, mas jogou pra debaixo do tapete. Assim como aquela maldita escola em que eu passei os piores momentos da minha vida. Eu ja tentei suicídio outras vezes. E isso e é horrível, porque eu já sei a sensação. Pensar em suicídio é uma coisa, mas planejar e ir no ponto é outra. Dá aquele aperto no peito, aquela sensação de frio na barriga. “O que acontecerá depois disso?” Eu não acredito em deus, eu creio que depois disso não há nada. Mas enfim, fazer isso é difícil. Eu sou muito covarde. As vezes acho que sou hipócrita porque eu vejo pessoas depressivas e vou ajudar, dar conselhos, tirar a pessoa daquela situação. Mas eu não faço isso comigo. Porque não dá mais. Droga, eu queria tanto ficar aqui. Porque ninguém me ajudou antes?

E quando forem se lembrar de mim, pensem em uma Thalia verdadeira. Aquela feliz que vocês viam era total mentira.
Ontem vi pessoas dizendo que a série 13 Reasons Why influência jovens a se suicidarem. Mas eu não acho isso. Eu Estava planejando tirar minha vida a meses e essa serie só fez eu parar e pensar: Estou prestes a fazer algo muito idiota”. Sim, eu tinha desistido de tirsr minha vida por causa de uma série, mas depois algo mudou. Eu voltei com a decisão . Então eu digo: Eu não me matei porque uma serie me influenciou, não pensem isso . Eu me matei porque eu não aguentava mais existir assim. Eu ja estava morta, o que mais eu serviria nesse mundo? Uma garota totalmente sem essência, sem nada por dentro. Já imaginou um oceano no meio da tempestade? O céu escuro? É assim dentro de mim. Mas tudo silencioso. Tudo muito destruído e silencioso. Tudo muito angustiante e doloroso. É dificil acordar de manhã e pensar: “Mais um dia em que irei ter lembranças más” “Mais um dia ao lado de pessoas que não me amam, que me odeiam””Mais um dia sentindo uma imensa vontade de chorar em todos os momentos” “Mais um dia desejando morrer” Então eu quero pedir que sejam mais tolerantes. Depressão não e é frescura. Não neguem ajuda a aqueles que estão angustiados, no fundo do poço. Adeus"

Thalia Mendes Meireles

'PENSAMENTOS SUICIDAS ESTAVAM LÁ', DIZ VIÚVA DE CHESTER BENNINGTON

9/09/2017
Viúva de Chester Bennington publica foto do cantor com os filhos: 'pensamentos suicidas estavam lá'


Foto foi tirada dias antes do vocalista do Linkin Park ter sido encontrado morto.

“Isso aconteceu dias antes do meu marido tirar a própria vida. Os pensamentos suicidas estavam lá, mas você nunca sabe”, escreveu Talinda Bennington em sua conta no Twitter.

A viúva de Chester Bennington publicou, no dia 07/09/17, uma foto tirada alguns dias antes do suicídio do vocalista da banda Linkin Park em julho deste ano.

Talinda já havia se manifestado sobre a morte do marido:

"Eu perdi minha alma gêmea, e minhas crianças perderam o herói delas - o papai. Nós tínhamos vida de conto de fadas e agora se tornou uma tragédia de Shakespeare. Como eu posso seguir a vida?", destacou a viúva.

O QUE DIZER (OU NÃO DIZER) A UMA PESSOA COM DEPRESSÃO

8/29/2017

Quando uma pessoa de que gostamos está em depressão, queremos fazer de tudo para ajudar. Mas, muitas vezes, é difícil saber como agir. O diálogo ajuda, mas falar as palavras erradas pode atrapalhar bastante. Com a ajuda de especialistas, listamos 8 frases que devem ser evitadas -- e o que dizer no lugar delas:

Não diga: "Você precisa procurar ajuda”


Prefira: “Posso te ajudar a buscar ajuda especializada? Eu vou com você!”

É claro que quem tem depressão precisa de ajuda: essa doença dificilmente se cura sozinha. Mas ao usar a primeira frase, o deprimido se sente atacado e pode se isolar ainda mais, por defesa. Dependendo do estágio em que está, a pessoa também não consegue procurar ajuda sozinha, por isso, é melhor se oferecer.

Não diga: "Como isso foi acontecer com você?"


Prefira: “Poderia acontecer com qualquer pessoa”

O transtorno tem diferentes causas -- biológicas, psicológicas e sociais -- e afeta 322 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Por isso, a primeira pergunta, na verdade, não tem resposta, e só fará o deprimido se sentir ainda mais culpado e derrotado.

Não diga: "Até quando você vai ficar assim?"


Prefira: "Nós vamos ajudá-lo pelo tempo que for preciso, até você melhorar"

A depressão não tem prazo de validade. Se o deprimido tivesse algum controle sobre a situação, sairia dela imediatamente. Portanto, perguntar até quando ele ficará assim é uma cobrança desnecessária. Você vai ajudar mais ao mantê-lo motivado: ao perceber qualquer melhora no quadro, faça um elogio. 

Não diga: "Por que você não sai dessa cama e vai se distrair?"


Prefira: “Vou abrir as suas janelas para entrar sol”

A sensação de inutilidade invade os depressivos e a frase só potencializa o sentimento. Não é ruim incentivar, mas dá para fazer isso sem lembrar o outro que ele não consegue sentir prazer. Pode ajudar expor a pessoa à luz natural, que deixa o organismo mais disposto ou ativo. Uma caminhada de mais de 20 minutos também é uma boa, porque libera endorfina.

Não diga: "Ah, para, as coisas não estão tão ruins assim!"


Prefira: "Eu imagino que não deva estar sendo fácil para você”

Na depressão, é como se o indivíduo enxergasse o mundo com lentes cinza: a perspectiva dele é muito mais sombria. Por isso, chamá-lo de pessimista não vai mudar o que ele sente. É sempre a melhor opção não menosprezar a dor do outro, depressivo ou não. Aposte na empatia: deixe claro que você entende que a dor é real, mas que ele não está sozinho para lidar com ela.

Não diga: "Você tem que se esforçar"


Prefira: “Vamos enfrentar isso juntos!”

Por mais que o deprimido se empenhe para melhorar -- e, acredite, ele sempre tenta -- é invadido por uma tristeza paralisante. Por isso, é muito importante que ele não se sinta sozinho nessa luta constante. Ajude-o a reconhecer pequenas conquistas e pequenos passos em direção à melhora, que é sempre gradativa.

Não diga: "Eu não te reconheço mais"


Prefira: “É uma questão de tempo para você voltar a ser como era antes”

É melhor dizer que as mudanças de comportamento são temporárias e fazem parte da depressão. Também vale reforçar: embora a doença o faça acreditar que ele não é importante, para você, ele é, sim! É importante ajudá-lo a reconhecer o que é real e o que é um pensamento provocado pelo transtorno.

Não diga: "Você tem que ter fé na cura"


Prefira: “Sua fé pode ajudar, mas vamos buscar ajuda profissional também”

Para quem crê em algo superior, a fé pode ajudar a passar pelo momento. Mas um médico deve ser consultado, sempre, para diagnosticar o caso e orientar o tratamento, que pode exigir sessões de psicoterapia, medicamentos, além da prática de atividade física.
A partir do UOL. Leia no original

Imagem : Pexels


Fontes: Fabíola Luciano, psicóloga do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Eduardo Ferreira Santos, psiquiatra e psicoterapeuta de adultos e adolescentes. Angelica Takushi Sanda, psicóloga. Fernanda G. Moreira, psiquiatra, psicoterapeuta e professora da Unifesp. Fernando Fernandes, psiquiatra do Programa de Transtornos do Humor do Instituto de Psiquiatria da USP.

SUICÍDIOS EM FAMÍLIA SÃO EXPLICADOS, EM PARTE, PELA GENÉTICA

7/30/2017
Getúlio Vargas (ao microfone) em cena do documentário "Imagens do Estado Novo"

Suicídios recorrentes na mesma família –como os do presidente Getúlio Vargas, de seu filho Manuel Antônio e, recentemente, de seu neto, também Getúlio – podem ser influenciados por um componente genético, dizem especialistas.

A relação entre esse aspecto hereditário e a decisão de pôr fim à própria vida, porém, é indireta, complicada e difícil de esmiuçar, sem nenhuma semelhança com uma suposta "maldição no DNA".

"Quando você olha de perto a questão, ela é sempre multifatorial", adverte o psiquiatra Carlos Cais, que é professor colaborador do departamento de psicologia médica e psiquiatria da Unicamp.

"Por mais sedutor que seja encontrar culpados, eles não existem", concorda Maila de Castro Neves, professora do Departamento de Saúde Mental da UFMG.

"É como a queda de um avião: em geral, ele cai por uma sequência de problemas. Essa coisa de dizer que o sujeito perdeu o emprego e por isso se matou, ou se matou porque estava com depressão, nunca conta a história toda", compara Cais.

Cerca de 90% dos casos de suicídio estão associados a algum tipo de transtorno mental, e é por essa via que os pesquisadores tentam elucidar a associação entre o ato e determinadas predisposições genéticas.


Numa análise de mais de 15 mil casos de suicídio, a ligação com transtornos mentais se mostrou comum

Em tais casos, a ideia é que variantes de determinados genes produzem problemas mentais e, de forma indireta, os sintomas desses problemas é que deixariam seus portadores mais vulneráveis a ideias suicidas.

A importância desse fator, porém, varia muito com o tipo de transtorno mental. Segundo Cais, o transtorno bipolar, seguido da esquizofrenia, parecem ter peso relativamente bem estabelecido no aparecimento de comportamentos suicidas. "Depois disso, os demais transtornos possuem uma força de evidência muito menor", diz.

Outra possível via pela qual os comportamentos suicidas se manifestam é a da impulsividade e agressividade mais elevadas, que não podem ser classificadas propriamente como doenças mentais, explica o psiquiatra.

Os métodos usados para investigar o tema do ponto de vista genético são, inicialmente, os que envolvem a comparação controlada de membros da mesma família.

O ideal seria estudar gêmeos idênticos separados no nascimento –cada um adotado por uma família diferente, por exemplo.

Numa situação como essa, embora os irmãos tenham basicamente o mesmo material genético, justamente por serem idênticos, o ambiente em que são criados é distinto, o que ajudaria a desemaranhar a influência da hereditariedade e o componente ambiental.

Também se pode comparar uma pessoa adotada com seus irmãos adotivos e seus irmãos de sangue (não gêmeos).

Se os irmãos idênticos ou os de sangue apresentarem uma propensão maior ao suicídio do que a de seus irmãos adotivos, mesmo que jamais tenham tido contato entre si, a tese de que há um componente genético ligado ao problema se fortalece. De fato, é o que algumas revisões da literatura científica sugerem.


Irmãos

Dados reunidos em 2008 por David Brent e Nadine Melhem, do Western Psychiatric Institute (EUA), por exemplo, indicam que o risco de um gêmeo idêntico cometer suicídio depois que seu irmão o fez é bem mais elevado do que o entre gêmeos fraternos (não idênticos): 15% versus 0,7%, respectivamente, e outras revisões apontam números semelhantes.

Em estudos de adoção compilados pelos mesmos pesquisadores, a probabilidade de que os irmãos biológicos de uma pessoa adotada que se suicidou também cometessem suicídio chegava a ser seis vezes maior do que a dos irmãos adotivos (em números absolutos, ainda assim a chance é baixa –a Organização Mundial da Saúde calcula que 11 em cada 100 mil pessoas morram por ano dessa maneira).

Maila cita um levantamento recente que aponta que a herdabilidade do comportamento suicida (ou seja, quanto da variação entre as pessoas nesse quesito pode ser atribuída a fatores hereditárias) seria de 43%. "Na minha opinião, é impossível e artificial separar a influência genética da ambiental."

A partir da Folha de S.Paulo. Leia no original

'CHORO POR MIM, CHORO POR TER ME PERDIDO... "

4/08/2017

E
u não tenho uma história propriamente dita, afinal, só tenho 17 anos. Pensar que com essa idade já penso em dar um fim a minha vida, estranho não é? Perspectivas e sonhos ainda podem ser concretizadas porém, eu não tenho mais vontade de saber o que vai acontecer amanhã. Gosto de permanecer na minha zona de conforto, todos os dias eu levanto, vou para escola e lá eu sorrio, finjo estar completamente bem mas, choro todos os dias por razões não muito importantes mas, choro por mim, choro por ter me perdido e por perceber a cada dia que passa que o mundo em que vivemos é mais frustrante do que eu acreditava que fosse.


Não sou protagonista da minha história para me utilizar como personagem principal, mas acredito que tenha que expor minha história, então, vamos lá. Nasci doente, não uma doença pesada que gerasse coisas muito ruins mas, tudo começa ali, um erro, um fardo e uma irmã perfeita - perfeita mesmo, uma irmã sensacional - pais queridos e amorosos porém, briguentos e com algumas palavras rudes as quais ninguém é capaz de esquecer. 


A vida escolar anteriormente era promissora, agora, infelizmente, estou fadada ao extremo fracasso e os professores costumam dizer que “quem for mal nisso nunca vai passar no vestibular” o que me deixa ainda mais desacreditada: para que lutar se já sou dada como derrotada? Isso é o que me pergunto todos os dias quando me levanto, quando me deito e até quando vou assistir televisão. Eu não consigo ter vontade de ler, não consigo ter vontade de sair porque me sinto extremamente cansada, com a mente pesada. 

Nada de grave aconteceu comigo e você até pode pensar que sou uma ridícula por cogitar suicídio mas, tudo isso tem um sentido: o mundo, sim, ele mesmo, ele é uma grande mentira, ele é cheio de maldade e pouco importa se tens o coração bom ou mau: isso não consta no currículo muito menos lhe dá capacidade de fazer algo e, no fim, poucos valorizam aquilo que para mim é de verdade. 

O mundo parece muito errado e costumam dizer “então o mude”, olhe em torno as bases arcaicas as quais utilizamos como suporte. Todas elas intransponíveis, todas elas maciças e, infelizmente, tristes. Quando eu era menor eu olhava para o céu e conseguia ver muita coisa, conseguia fitar a imensidão azul e senti-la dentro de mim mas, hoje, me sinto oca, acabada, saturada e sem nenhuma razão ou objetivo de vida. Eu sei que aparentemente tenho muita vida pela frente mas, em vez de isso me dar esperanças, me assusta. 

Às vezes eu quero gritar e dizer o quanto isso está errado porém eu sou como todos os outros: eu sou má e tento fingir que não porque lidar com isso é horrível. Eu costumo riscar a parede de casa, surtar com músicas, arrancar meus próprios cabelos enquanto choro, ingerir remédios para dormir, ingerir remédios com bebidas porque me canso. Antes eu odiava bebidas, repugnava toda e qualquer droga, porém hoje, mesmo que não use frequentemente, eu entendo quem as usam, afinal, para mim faz todo o sentido querer fugir de tudo isso. Eu queria ser forte, eu queria acreditar, e eu acredito em Deus, acredito que ele cuide de todos nós porém, estragamos tudo, colocamos maldade em tudo aquilo considerado bonito. 

Às vezes prefiro pensar que Deus esqueceu de mim porque está cuidando de pessoas que precisam muito mais que eu. E eu entendo, eu entendo que eu só estou dramatizando minha situação, mas, a cada dia que passa eu menos sei porque vive e mesmo vendo nos olhos das pessoas que amo meu reflexo, não consigo me enxergar ali. Não gosto de falar disso, não quero falar disso, eu não quero ser a egoísta que pensa em suicídio sem nunca ter passado por algo horrível mas, a pior merda é se sentir mal sem ter razões para isso, saber que está sendo fútil e ridícula mas, me perdoe, eu me sinto assim. Eu tinha sonhos, muitos, e eu costumava me visualizar em histórias, porém, meus sonhos foram esmagados com o tempo e não consigo mais ter predições para o futuro: só decepções. 

Eu queria ser escritora, eu quero ser, eu quero que algum dia pessoas leiam minhas palavras mas isso nunca vai acontecer, primeiro porque pelo que vê meu texto é horrível e segundo porque eu não sei se vou viver muito ou pouco. Eu tenho medo de lâminas, de remédios, de sequelas e de me atirar da ponto, na verdade eu tenho medo da dor mesmo que esteja sangrando internamente. Eu só queria conseguir dize um adeus descente e, também, queria ter coragem de acabar com isso, com tudo, eu sei que isso é covarde, afinal, só corajosos vivem, mas eu cansei de fingir ser uma super-heroína, sou mais frágil do que muitos imaginam e mesmo que eu soe extremamente engraçada e feliz isso é só para que você possa sorrir, pelo menos, possa sorrir mais que eu.

Sinto muito se isso não contribuiu com sua vida, com seus sonhos, mas eu quero que lute por nós e por mim, eu ainda me importo, eu ainda quero ajudar aquela velhinha a atravessa a rua e tentar conscientizar o mundo que jogar lixo no chão é errado e, por fim, mostrar que não é preciso um diploma para isso… eu ainda quero isso mais que tudo, mesmo que pareça utópico, eu prefiro pensar assim, faz com que eu continue, mesmo que infeliz me faz ter um fio de esperança, um fio que me segura apesar de estar prestes a cair.
Depoimento de F.
Imagem : Pexels

PARECE QUE A VIDA QUER ME TESTAR

4/24/2015

"Olá, eu queria mandar o meu depoimento do quem vem acontecendo na minha vida. Tá muito difícil ultimamente viver. Só vem acontecendo problemas (e muitos problemas) em torno do meu dia a dia.

Eu tenho 17 anos, prestes a ser de maior no final do ano, mas tô muito ansiosa. Isto porque eu namoro há 1 ano e 7 meses e minha família é muito rigorosa em relação de ter 'liberdades', entendeu? E meu namorado é uma boa pessoa e está tendo muita pressão. Meus pais estão com planos de ir embora para nordeste daqui a alguns meses, e eu não quero. O único jeito seria casar. Mas esta é uma escolha bem difícil, porque eu tô preparada e ao mesmo tempo não.

É uma confusão só. E a causa dos meus problemas é o ciúme obsessivo da minha mãe. Ela faz um inferno toda que vez que falo que meu namorado vem aqui em casa, ou peço pra passar uma tarde lá na casa dele, com os pais dele.

Meu pai, por outro lado, é super de boa e ama muito ele.

Não aguento mais tanta briga, tanta indecisão. Suplico todas as noites por misericórdia, pra que tudo mude, mas eu não tô vendo resultado. Parece que a vida quer me testar ou Deus mesmo quer me testar.Eu quero uma ajuda, pois não vejo mais graça em viver e continuar vivendo uma vida presa enquanto todos vivem a vida. Peço uma ajuda, muito obrigada."
M.
Depoimento por e-mail
Imagem : Pexels

FILHA DE KURT COBAIN DIZ QUE PAI A ABANDONOU

4/16/2015

Tudo aconteceu no dia 5 de Abril de 1994, quando o mundo acordou com a notícia da morte de Kurt Cobain. O vocalista da banda Nirvana suicidou-se aos 27 anos com uma espingarda, deixando a mulher e uma filha pequena que hoje fala do assunto com frieza.

Frances Bean Cobain (foto) tem atualmente 22 anos e não se lembra do pai. Tinha pouco mais de um ano quando o corpo de Kurt Cobain foi encontrado, três dias depois do suicídio e com uma nota de despedida. A mulher, Courtney Love, revelou anos mais tarde que esta não teria sido a primeira tentativa de suicídio do cantor. A filha viveu sempre com o estigma da morte do pai e, pela primeira vez, confessou à revista Rolling Stone o que sente em relação a tudo isto.

"Se ele fosse vivo, eu teria tido um pai. E isso teria sido uma experiência incrível. Ele abandonou a família da forma mais horrível possível", revelou Frances Cobain. Por mais que a mãe tenha tentado suprir a ausência paternal, a verdade é que o suicídio do pai nunca foi bem encarado pela filha. Aliás, ela vai mais longe e até faz uma revelação surpreendente.

"Não gosto muito de Nirvana"

O legado musical deixado pelo pai, que liderava a banda Nirvana e que fez sucesso mundial, seria talvez das poucas recordações que aproximava Frances e Cobain mas, na realidade, a filha não gosta das canções do pai. "Eu não gosto muito de Nirvana. Que me desculpem as pessoas da editora. Gosto mais de Mercury Rev, Oasis, Brian Jonestown Massacre. O estilo de música não me interessa muito", disse Frances à referida revista.

Apesar disso, terá sido o documentário sobre a vida de Kurt Cobain, produzido por Frances, que voltou a unir mãe e filha. Em 2009 as duas terão tido uma discussão e cortaram relações. Anos mais tarde, na apresentação do documentário, apareceram juntas e felizes, mostrando que superaram as diferenças. Frances quis mostrar ao mundo como era o pai na intimidade e produziu o documentário "Montage of Heck", em colaboração com uma produtora, já que sempre fez questão de estar longe das luzes da fama.
A partir de BlastingNews. Leia no original

NINGUÉM PERGUNTA SE PRECISO DE ALGO

3/11/2013
Meus amigos.... Eu estou tão cansado...cansado de tudo, cansado de mim, cansado de gastar energias. Meu desanimo cresce a cada dia, não sei oque faço. Vejam só, ontem comprei pilulas de pó de guaraná... rs. Chega a ser cômico.

Tenho preguiça de levantar, encarar a cidade; mais um dia na faculdade... me esforçando para ser bom aluno. Mais um dia no trabalho, gastando energia para ser sempre um bom profissional. Em casa, o pouco tempo que passo, fico discutindo problemas familiares : sendo um bom filho, um bom irmão.

Enfim, a parte que me deixa realmente feliz é dormir, apagar, é como se estivesse morto durante algumas horas, umas 5 ou 6 horas por dia. Logo meus olhos abrem assustados, desligo o despertador, e tudo comece de novo. Mas nem em casa, nem no trabalho,nem na escola, ninguém me pergunta se estou realmente bem, se podem me ajudar, ninguém me olha nos olhos e pergunta se preciso de algo, se quero conversar.

Ninguém faz nada por mim, nem um copo de água me trazem se eu não pedir. Isso porque na verdade eu não sou importante, talvez o que importa é que eu represento; o que importa é o trabalho que executo, é o numero que represento no curso, é o dinheiro que ajudo em casa. Essas são as coisas que importam. Me toleram por causa disso, mas no fundo eu não valho nada...

Afinal que diferença faz se eu estou infeliz ou triste? Minha rotina é a mesma...
Queria ficar um tempo longe, sozinho de verdade.

As vezes estou tão cansado que quando vejo minhas obrigações do dia a dia tenho imensa vontade de chorar, medo que não aguentar, medo de cair no meio do caminho e ninguém me ver.

Estou farto... meus olhos chegam a doer... minha fadiga é extrema...
Quando será que alguém virá me salvar?
E se não vier...?...

QUAL O LIMITE QUE PODEMOS SUPORTAR ?

3/10/2013
Rita achou que os seus cinco filhos teriam uma vida
 melhor caso ela morresse e fossem adotados por outra família
Qual o limite a que uma pessoa pode suportar frente às dificuldades impostas pela vida? Despejada, desempregada, recém-divorciada e vendo os cinco filhos passar por necessidades, Rita de Cássio Rossini, 31 anos, tentou pular de um viaduto na madrugada desta quinta-feira. Salva pela Polícia Militar (PM), ela afirma: “Já é morte assistir aos filhos passar fome”.

A tentativa de suicídio ocorreu no viaduto da rua Treze de Maio que passa sobre a avenida Nuno de Assis. Tentativa que só não se transformou em tragédia por conta da ação rápida da PM. Quando ela soltou as mãos, um policial arriscou sua vida e conseguiu agarrá-la.

Mais calma e arrependida, Rita Rossini garante que não pensa mais em suicídio. Porém, seu horizonte ainda é de dificuldades. Em condição financeira precária, ela tem cinco filhas com idades de 14, 13, 11 e 5 anos, além de uma bebê de 10 meses. “O que me levou a tomar aquela atitude? Achei que meus filhos poderiam ter uma vida melhor. Outra pessoa daria o que merecem e eu não posso dar”, desabafa, emocionada.

Despejo e divórcio

As crianças estavam com sua cunhada quando ela tentou o suicídio. Atualmente, ela mora com as filhas em uma pequena casa alugada por R$ 300,00, no Val de Palmas. Mas nem sempre foi assim. Há dois meses, acreditava ter realizado seu sonho da casa própria. “Tinha uma casa financiada no Santa Candida. Mas não consegui pagar a prestação de R$ 159,00 e fui despejada”.

E os problemas foram se acumulando. Além do despejo, ela também se divorciou. A sua filha caçula nasceu com dermatite. Para cuidar da criança, deixou de fazer faxinas. “Hoje, não tenho renda nenhuma. Até o Bolsa Família eu perdi porque as crianças começaram a faltar na escola. Meus pais moram aqui, mas passam as mesmas dificuldades que eu. Não tem como eles me ajudarem”.

A geladeira vazia simboliza o real motivo que culminou na atitude desesperada. “Eu vi as minhas filhas passando fome. É a mesma coisa que a morte. Hoje (ontem), tenho arroz e feijão para dar a elas. Mas isso nem sempre acontece.”

Esperança

Rita de Cássio é evangélica. Mas afirma que parou há muito tempo de ir à igreja. A tentativa de suicídio e o salvamento cinematográfico da PM, contudo, podem ter significado um reencontro com a fé e com a esperança. “Depois que vi aquelas pessoas que me salvaram, voltei a ter fé. Agradeço a Deus por terem colocado esses policiais lá”.

A esperança renascida, todavia, mostra-se de modo proporcionalmente fugaz aos problemas futuros da mulher. Quando foi despejada, recebeu um montante em dinheiro, o que custeou o aluguel nesses dois meses. “Acabou o dinheiro. Dia 20, vence o aluguel. Não sei o que vou fazer”, relata.

Quem quiser ajudá-la pode se dirigir à sua casa, na rua Victor Daniel Juarez, 5-50, bairro Val de Palmas.
A partir do JCNET-Bauru. Leia no original

POSSO VESTIR UM SORRISO ...

3/09/2013
Hoje acordei com o coração apertado. Um vazio terrível na alma, por mais que esteja sol la fora, calor. Sinto que dentro do meu coração esta gelado, querendo gritar. Dói, parece que a qualquer momento ele vai parar de bater. Não sei se é tristeza, angustia, dor ou até mesmo um infarto agudo.

Sinto muito pelos meus pais, por ter tido um amor que eles nunca aceitariam, mas meu coração não pediu permissão. Apenas sentiu. Não quero ver ninguém que eu amo sofrer, me machuca ver o amor da minha vida, que fazia cartas, desenhos, não entender meus motivos pelo qual tudo acabou tão depressa.

Dizem que você tem que honrar sua familia acima de qualquer coisa, se o honrar meus pais for deixar a minha felicidade pelo lado de fora da janela, eu tenho que fazer. Posso vestir um sorriso, mas o brilho nos meus olhos nunca existiram. E não me importo se o sorriso verdadeiro, os brilhos dos olhos fosse atribuídos aos meus pais. Talvez a minha recompensa não esteja aqui mesmo, talvez eu vim para esse mundo por esse motivo. Para fazer aqueles que eu amo felizes por mais que essa felicidade não caiba em mim!
A partir da Comunidade QM. Leia no original

DEPRESSÃO : UMA PEÇA QUE NÃO ESCOLHE ELENCO

3/05/2013
Imagem por physiognomist
Nenhuma pessoa está livre de sentir uma tristeza profunda por uma perda, ou um desânimo passageiro, mas aqui estamos falando de depressão, uma doença que vem aparentemente sem motivos, causa sofrimento e se arrasta um tempo podendo, muitas vezes levar o individuo à morte. Mariana Assis, 67 anos moradora da cidade de Carangola, MG, esta em tratamento desde 1992 e conta um pouco sobre sua historia de vida.

Pedro Ewers: Há quanto tempo à senhora foi diagnosticada com depressão?

Mariana Assis: Me separei do meu esposo aos 48 anos, meses antes havia perdido minha única filha, a partir daquele momento não via mais sentido em viver, tudo estava muito vazio, precisava de alguém para preencher essa ausência. No ano de 1992 fui diagnosticada, pensei que fosse dor da perda, mas esse sofrimento se alongou por anos.

Após o falecimento de sua filha e durante esse processo de tratamento, onde a senhora encontrou forçar para seguir?

Meus irmãos me deram muita força, em especial o mais novo, o Marcio sempre me ajudou muito, foi ele quem me levou ao consultório do Doutor Cézar, desde o falecimento de minha filha ele veio morar comigo. Sempre fui muito religiosa, minha fé é que me motiva viver.

A senhora já pensou em suicídio?

Já pensei sim, só que nunca tive coragem para fazer isso, como já disse sempre fui muito religiosa, mas durante essa fase deixei um pouco de acreditar em Deus, nada em minha vida estava fazendo muito sentido.

Acredita que outros fatores podem ter contribuído para o caso?

Claro. Problemas financeiros, discussão com família, falta de apoio.  Na Verdade o médico me disse que essa doença vem sem motivos aparentes, acredito que não foi muito o meu caso.

Como era o tratamento das pessoas com a senhora durante esses anos de depressão?

As pessoas tinham pena de mim, algumas nem acreditavam, eu mesma não acreditava, depressão não dá em poste, mas pra mim nada mudava, não tinha vontade de viver, e não me importava com o que os outros falavam. Estava digna de pena mesmo.

Quais os sintomas que a senhora teve durante este período?

É uma sensação de impotência, você se sente incapaz, é uma tristeza prolongada. Hoje eu sigo em tratamento, me sinto melhor. Estou à base de remédios.  Acredito que antes de morrer estarei melhor. (risos)

Marcio Assis Pereira,49, é irmão casula da paciente, e a respeito da relação, com dona Mariana, ele diz: “Sempre foi muito boa, hoje esse laço é muito mais forte. Perdemos a mãe ainda muito novos, eu devia ter uns 13 anos, Mariana por ser a irmã mais velha sempre cuidou da gente. Hoje sinto na obrigação de retribuir. Nosso pai sempre foi um homem trabalhador, preocupado com o sustento e os nossos estudos. Minha irmã, por sua vez, era a parte emocional e depois da morte da mãe, era ela quem colocava ordem na casa.”

Médico da paciente, Doutor Cezar Vasconcelos, 43, se diz feliz com o tratamento e pondera “A paciente continua usando medicamentos, teve uma evolução no quadro depressivo, entretanto ainda esta sendo observada. É uma doença muito instável, a qualquer momento pode ter novamente uma crise. Quando chegou aqui estava apática, não vibrava mais com a vida, não entendia o sentido de existir. Estou feliz pelos resultados obtidos.”

Mariana não é um caso isolado, a doença atinge tantas pessoas, que os dados preocupam. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que em 20 anos a depressão poderá ter o segundo lugar garantido no ranking entre os males que mais matam. Dona Mariana segue em tratamento. Com a sua fé, ela tenta ir seguindo sua vida.
A partir da Ufop. Leia no original

SABE QUANDO VOCÊ SE SENTE IMPOTENTE ?!

3/03/2013
Imagem por angelssol
Sabe quando você se sente impotente? E ainda sabe que a culpa é sua por tudo estar acontecendo dessa maneira? Sabe como é difícil olhar pra trás e saber que você poderia ter feito diferente, mas não fez. Pior ainda é saber que você sabe dos erros, mais não aprendeu com eles, continua a errar da mesma forma... Medos. Medos graves mesmo, sabe? Não é medo do “bicho papão” de ser roubado, de um “filme de terror” ou algo assim. O medo que eu sinto é o pior medo que alguém pode sentir... Medo do futuro! Meu futuro é incerto, estou construindo ele hoje, o pior de tudo é que estou construindo errado, cheio de falhas. Nada acontece como eu planejei. Minhas vontades parecem ser maiores que meus sonhos, meus objetivos, minha carência muda meu comportamento.

Quanto eu faço por ter as pessoas ao meu lado? E elas não fazem nada por mim... Mesmo assim, eu cometo o mesmo erro de ir atrás, de ferir os meus sonhos. É tão triste saber que meus sonhos estão afundando e eu assistindo isso, me sentindo impotente, com as mãos amarradas. 

Não sei como achar uma saída, realmente não sei onde esta aquela famosa “luz no fim do túnel”, mas estou a procurá-la. Ainda bem que eu ainda tenho força pra continuar, ou talvez “empurrar com a barriga” mesmo sabendo que o certo seria de outro jeito. Fico a pensar... Porque eu não consigo? Por quê? Se eu sei o que é certo a se fazer, se eu sei o que deve ser feito... Fico a pensar o porquê de eu não ter a capacidade intelectual para conseguir traçar meus objetivos, fico a pensar onde estão as minhas qualidades? Só vejo mentiras sobre mim... Eu não sou nada do que as pessoas acham que eu sou: não inteligente, eu não sou legal, eu acho que nem mesmo “coração bom” como algumas pessoas falaram que eu tenho. Que tipo de ser humano eu sou? E o porquê que eu tenho que ser assim? Fico a pensar, como eu posso conseguir mudar? Sumir com esse orgulho que me sufoca a cabeça, acabar com esse egoísmo que machuca meu peito, e desaparecer com essa inveja que sufoca meu amor próprio.

Onde eu posso conseguir ajuda? Quem pode me ajudar? Eu sei que não adianta chorar, não adianta fingir, as máscaras caem um dia... Eu só quero ser um ser humano melhor, eu só quero poder ajudar a minha mãe, meus irmãos, eu só quero poder dar orgulho a minha família, amá-los como eles me amam e me sentir amado também. Será se é pedir muito? Sabe, eu juro, dinheiro não me interessa muito, o que me interessa é o que ele pode me proporcionar, ajudar todas as pessoas que eu amo. Eu sei que dinheiro não trás saúde, amor ou até mesmo felicidade, mas ele ajuda e muito nesses fatores... Eu só queria ter o suficiente pra ajudar minha família e poder seguir em frente, porque eu sonho em ter uma família, filhos, esposa, netos. Sonho com um futuro bom. Mas, como eu posso conseguir isso, se eu estou tendo a chance e a estou perdendo, devido a minha preguiça, burrice, orgulho, egocentrismo, maldade, egoísmo, inveja, falta de amor próprio, “vadiagem”. Como eu posso mudar isso, se esse sou eu? Eu queria realmente poder responder essa pergunta a mim mesmo... Eu queria realmente mudar, (viver dói, dói muito! Mas é necessário viver...).

Um dia li um texto que me identifiquei muito “a síndrome dos 20 e poucos anos”, como é difícil chegar a essa fase, sonhos, interesses, objetivos, pessoas, amigos, responsabilidades, é uma difícil transição e o pior é que você tem que traçá-la sozinho, ninguém pode te ajudar, mas precisamos de ajuda (eu preciso), escrevo esse texto de forma de desabafo, pra eu mesmo às vezes ler e saber quem sou eu, pra eu saber que se eu fracassei ou fracassar o culpado sou eu e mais ninguém... O meu choro, vem com poucas lágrimas, mas me dói tanto... Às vezes eu acho que se eu chorasse com mais vigor poderia até não acabar com toda a dor que eu sinto agora, mas me aliviaria um pouco só que infelizmente nem isso eu tenho mais (lágrimas).  Tem uma música do "los hermanos" que eu fico a pensar no trecho dela que diz assim: (...) “e se eu fosse o primeiro a voltar, pra mudar o que eu fiz... Quem então agora eu seria?”.

Então, quem eu seria? Na verdade eu não sei mudar, eu não consigo mudar, mas eu quero, quero muito! Tenho as ferramentas, sei dos meus erros, mas porque eu não consigo usá-las? Porque eu sou tão “burro” ao ponto de me ver errando e não mudar? Por que eu não tenho capacidades cognitiva e intelectual para ser um profissional de sucesso? São tantos os porquês e nenhuma as respostas... Mas, fica tranquilo... Eu to seguindo, mesmo com o coração todo quebrado, cheio de mágoas e às vezes me sentindo a “pior pessoa do mundo”, mas como eu já disse é necessário viver... Certo de que cada um tem seu destino, fico a imaginar como os deficientes (visuais, cegos, surdos, mudos, paraplégicos ou outras síndromes) quais são os porquês deles, e as respostas que eles encontram pra continuar com vigor e “felicidade” talvez o sorriso deles sejam igual ao meu: cheio de tristeza, que ninguém percebe. Não percebem porque somos guerreiros, porque conseguimos viver e apesar de todas as dificuldades, sabemos que é preciso continuar... Ás vezes não por nós, mas por quem amamos, mesmo dando trabalho, mesmo sendo “uma pedra no sapato” dessas pessoas que nos amam, mesmo assim elas nos amam, não sei por que, mas amam...
A partir da Comunidade QM. Leia no original

MEU PASSADO ME PERSEGUE E ME TORTURA

1/21/2013

"Vivo em tristeza, pois o meu passado me persegue e me tortura. Separação dos pais desde os quatro anos, padrasto que bebia, batia em minha mãe. Passávamos fome, pois tudo ia para o álcool, abuso sexual, e sempre com o 'direito' de permanecermos calados, pois minha própria mãe assim exigia que meu pai não soubesse de nada. Eu ia pra casa do meu pai e nunca quis voltar pra casa, pois com ele tinha amor, compreensão, carinho e alimento. 

Depois que meu pai faleceu de câncer, há cerca de quatro anos,  senti que minha vida acabou, pois o homem que me olhava com olhar terno, acariciava meu rosto com o mais puro amor paterno, não estava mais presente pra me dar colo, carinho. O homem que me amava por eu simplesmente existir, por eu respirar... 

Essa pessoa que habita em mim é só metade do que já fui. A outra foi sepultada com ele. Como me livrar de tamanhas feridas? Já tentei de todas as maneiras, mas tudo isso de minha infância vêm na minha cabeça como um flash. Eu não quero lembrar, mas minha mente teima em reviver isso. Não consigo esquecer, vivo a base de antidepressivos e calmante. As vezes, tenho ataque de muita fúria, sou tomada pelo ódio, ódio por meu pai ter morrido, ódio por minha mãe, que permitiu tudo isso em nome do amor dela. E o amor a nós, filhos???? Porque ela não me amou como meu pai me amou? Esse mesmo ódio se transforma em culpa por sentir isso... parece que sou culpada de ter nascido, parece que minha vida aqui é um tremendo equivoco. Às vezes sinto que a culpada de toda essa droga de vida é minha. Sinto que vou desaparecer tamanha dor que sinto em meu peito..."
Comentário em Cicatrizes do Passado

ME AJUDEM, ME AJUDEM, ME AJUDEM ...

1/19/2013
Estou aqui hoje porque, como tantas outras pessoas nessa página, me sinto um lixo... Não sei bem o que anda acontecendo comigo, ando muito revoltada com a vida, com minha família. Não sou usuária se drogas, não bebo, não vou a festas, não tenho amigos. Estou aqui porque não tenho em quem confiar. Andei pensando em procurar um médico mas não tenho dinheiro pra pagar um. Quero aqui desabafar um pouco da minha vida, mesmo sabendo que é bem remota a possibilidade de alguém querer ler...

Sou a mais velha de três irmãos, tenho quase 40 anos e moro em uma cidade pequena do interior do Ceará.

Meus pais sempre foram bem conservadores, desde minha infância eu era proibida de ter qualquer tipo de amizade. Sempre fui muito sozinha. meus pais nunca foram do tipo que conversam com filhos a não ser pra dar broncas ou surras quando fazíamos alguma coisa errada. Suas mentalidades são tão distorcidas. Tudo o que pretendemos fazer pra eles tem um sempre um negativismo, e isso simplesmente desestimula.

Casei para provar pra mim mesma que eu era normal, já que eu tinha interesse por meninas. Meu casamento foi simplesmente um desastre. Separei dois anos depois e, como não tinha uma fonte de renda, voltei a morar com meus pais e eles mandavam em minha vida com se eu fosse uma criancinha. Meu desejo por garotas só aumentava, mas lógico que ninguém nunca soube. Os anos passaram e meus pais, principalmente minha mãe dominava minha vida. Não ia a festas, não tinha amigos, dificilmente íamos a uma praia, mas sempre e só com toda a família reunida.

Enfim encontrei uma garota e fugi com ela pra capital cearence (Fortaleza) onde convivi com ela por 8 anos. Uma forte depressão abalou as estruturas do nosso relacionamento e acabamos por nos separar. Eu passei a ter um fobia por trabalho e responsabilidades, lembro que incontáveis dias eu ia pro trabalho chorando como uma criança no primeiro dia de aula. E quando lá chegava, a coisa era pior,  eu só pensava em voltar pra casa, me deitar, ver tv ou dormir. 


Gente, eu posso afirmar que não era preguiça mas algo bem forte que tal coisa. Era um aperto no peito que não passava nunca. Nem mesmo quando recebia um convite pra sair depois do trabalho eu ia. Só queria estar em casa.

Passei a faltar com frequência, até que fui demitida e daí então nunca mais voltei a trabalhar. Meu relacionamento desandou de vez e, como estava desempregada, voltei a morar com meus pais. No começo eu nem dava bola em sair, encontrar pessoas, mas com o tempo fui sentindo necessidade de fazer isso, porém,agora são os meus pais quem não querem. Ficam fazendo pressão psicológica. E eu obedeço!

Outro dia disse que ia viajar pra encontrar uma amiga e, como sempre, vi que minha mãe não gostou mas enfrentei e fui. Chegando lá soube que tinha havido uma briga em casa pelo fato de eu ter viajado, isso foi suficiente para acabar com a minha alegria. Os dias que passei fora foram um tormento, eu nem coragem de ligar pra casa tinha, minha mãe nem ligava e nem deixava que ninguém ligasse. Quando é um dos meus outros dois irmãos que viaja ela sempre manda ligar pra saber como estão mas comigo não!


O que passava em minha cabeça quando estava fora era que ela, de tanto desgosto e raiva por eu ter viajado, havia passado mal estava em um hospital ou havia morrido e ninguém queria me avisar pra quando eu regressasse me sentisse culpada. Mas, ao chegar em casa, todos estavam bem entre aspas, todos estavam bem entre si mas comigo não. Quando vou falar de alguma suposta coisa que vi ou mudam de assunto ou minha mãe simplesmente  ignora.


Eu trabalho bastante aqui em casa já que temos um pequeno comércio. Trabalho todos os dias, de domingo à domingo, das 6 da manhã às 9 da noite, sem descanso de um dia sequer na semana e não ganho nada. Pra comprar alguma roupa minha mãe praticamente é quem escolhe e aí de mim de mim se disser que não gosto, porque ela passa uma semana sem falar comigo direito.

Não nego que não estou nem aí pra vida, porque afinal de contas eu não vivo, apenas eu tenho um corpo comandado por minha mãe. Não tenho apoio de ninguém.

Estou digitando isso aqui com lágrimas nos olhos e rezo a Deus que me dê uma morte tranquila, porque não sei reverter essa situação sem magoar minha mãe, sem me sentir culpada! Se ao menos eu conseguisse trabalhar fora, se eu não sentisse tanto medo... Eu juro que eu queria entender porque sou assim.

Ai que aperto no peito meu Deus! Pelo o Amor de Deus alguém me ajuda, porque não aguento mais. Estou me sentindo um lixo... eu queria ser diferente.

Me ajudem, me ajudem, me ajudem ... 

QUEM FICA QUER APENAS SABER A RESPOSTA

1/12/2013
Quem critica, nunca passou por isso. Dói demais perder quem amamos por suicídio. não passamos sequer um dia de nossas vidas sem pensar no ente querido, e na dor que ele sofreu no ato do suicídio. A família é quem mais sofre, e temos que trabalhar o perdão diário. Aprender a nos perdoar e perdoar o suicida, é a tarefa mais difícil de nossas vidas. Hoje tenho uma filha órfã que tenta entender o que levou o pai a tirar a vida. (Anônima - 02/06/2012)

* * *

Acredito que o espírito das pessoas refletem suas experiências boas e más desde a infância. Meu pai abandonou a mim e meus irmãos ainda crianças. Minha mãe nos tratou com dureza e palavras tão pesadas que me doem até hoje lembrá-las. Eu tentei me matar aos 11 anos de idade e até hoje, aos 47 anos, eu ainda sinto vontade de morrer. Só me seguram nesse mundo, a minha esposa e o meu filho pequeno. (Anônimo - 25/06/2012)

* * *

Triste. Hoje fez 1 ano que meu namorado se matou. É horrível conviver com isso porque nós, os parceiros, ficamos com a culpa, tentando descobrir o motivo... se fizemos algo errado, se foi algo que falamos. Hoje eu não sinto culpa mais por isso, mas sinto exatamente o que essa pessoa passa, em alguns momentos eu penso se ele tivesse aqui o que estaria fazendo agora, como seriam as coisas se ele não tivesse se matado. O meu ex não deixou sequer um TCHAU escrito, apenas se matou. E quem fica sempre quer saber a resposta. Creio que isso é o que mais atormenta. (Anônima)

* * *

Quero muito ajudar a minha irmã mas ela não deixa ninguém ajudar, não aceita que tem uma depressão e está a destruir a minha vida e da nossa mãe. Tivemos uma infância e adolescência muito difícil, em casa vivíamos todos os dias um clima de terror de violência doméstica e abusos sexuais cometidos pelo nosso pai que ainda hoje vive conosco. Na escola éramos muito gozadas por não sermos bonitinhas. Eu fui ultrapassando estes problemas saindo e convivendo mais mas a minha irmã foi por outro caminho, escolheu fechar-se em casa,só sai pra trabalhar, é anti social,não tem amigos, nunca teve um namorado,não deixa ninguém aproximar-s dela, como está revoltada com a vida descarrega tudo em cima de mim e da minha mãe e não tem noção do quanto nos magoa. Eu quero tanto ajuda-la mas não sei como, não lhe posso dizer nada que ela começa a chorar como uma criança. Não sei o que vai ser do futuro dela, tem 30 anos e não conhece a vida fora da porta d casa. Eu queria seguir a minha vida e viver com o meu namorado mas nunca o vou poder fazer porque sinto-m responsável por ela, se alguma coisa lhe acontecer eu nunca me vou perdoar, além disso não quero deixar a minha mãe sozinha com ela porque também já sofreu tanto! O que hei de fazer pra ajudar a minha irmã? (Anônima)

DEPRESSÃO EM JOVENS LEVA À AUTOMUTILAÇÃO

10/26/2012

Você conhece seu filho? No fim da infância e durante a adolescência o diálogo com ele se torna difícil. Nesse período da vida pais e filhos podem se afastar por causa disso. Os jovens podem viver dramas, experiências e riscos que os pais nem imaginam. Na primeira reportagem da série especial, exibida pelo Jornal da Record, a repórter Cleisla Garcia mostra uma prática secreta de adolescentes que choca os pais e os especialistas: a automutilação.

A partir do R7. Veja no original

LIVRO TRAZ RELATO SOBRE SUICÍDIO DE SWEIG

7/27/2012
Foi lançado no Brasil o livro "Stefan e Lotte Zweig - Cartas da América", obra, organizada pelos historiadores Darién J.Davis e Oliver Marshall, e que reúne cartas que estavam sob a guarda de Eva Alberman, filha de Hannah e Manfred Altmann, irmão de Lotte. A correspondência, em boa parte direcionada aos pais de Eva, apresenta aspectos do cotidiano e da intimidade do casal e serve como crônica da decadência física e mental que os levaria à morte. O livro também traz, como pós-escrito, uma carta da poeta e diplomata chilena Gabriela Mistral sobre o suicídio do casal publicada em março de 1942 no jornal argentino "La Nación" e resgatada após décadas no esquecimento.

Outra obra lançada na onda das efemérides ligadas a Zweig é a história em quadrinhos "Les Derniers Jours de Stefan Zweig" (os últimos dias de Stefan Zweig), publicada na França em fevereiro e atualmente sendo analisada por editoras do Brasil. A HQ é uma adaptação do livro homônimo (e semificcional) escrito pelo francês Laurent Seksik.

* * * 
Veja abaixo a carta da poeta e diplomata chilena Gabriela Mistral sobre o suicídio do casal, publicada em março de 1942 no jornal argentino "La Nación" sobre o suicídio de Stefan Zweig.

Leia a íntegra da carta abaixo:


Eduardo Mallea:
Capa do livro "Les Derniers Jours de Stefan Zweig"

Seguem anexos comentários de alguns dias atrás, onde você encontrará um recado do nosso Stefan Zweig. Não podia enviá-los hoje, 24 de fevereiro, sem acrescentar algumas palavras sobre o terrível dia 23. Fui ao centro de Petrópolis às 11h30; meu ônibus deve ter passado pela casa de nosso amigo ao meio-dia: a essa hora ele e sua mulher agonizavam ali, sozinhos, sem que ninguém soubesse dessa agonia.

A empregada estava acostumada a que seus patrões dormissem até as 10; ela não estranhou, ao se aproximar da porta ao meio-dia, o fato de não ouvir "a respiração do senhor Zweig".

Somente às quatro horas a pobre mulher se atreveu a abrir a porta. Avisou à polícia; estava tão transtornada que, ao atender um arquiteto francês que foi visitar o casal, respondeu assim: "Sim, eles estão em casa, mas estão mortos."

A polícia chamou o presidente do PEN Clube, Dr. De Souza, a quem estava endereçada a carta do mestre para seus amigos e que talvez você já tenha lido.

O doutor foi comunicar pessoalmente a tragédia ao presidente --que ordenou que se fizessem as exéquias por conta do Estado-- e informou à imprensa do Rio. Nós soubemos da tragédia por um telefonema de M. Dominique Braga, às 21h. Eu já havia me recolhido para dormir e ouvi, sem entender, o seguinte diálogo: "Não consigo ouvi-lo, senhor Braga; fale mais alto. O telefone está muito ruim. Continuo sem ouvir nada. Não consigo lhe ouvir."

E depois: "Que coisa horrível!" E o choro não deixava Connie falar, e o mesmo acontecia com M. Braga. Achei que se tratava de um acidente de automóvel e pensei nos meus amigos de Petrópolis. Pensei em todos, menos neles. Porque eles levavam a vida mais calma do mundo, e a mais doce na aparência, e a mais linda de se ver.

Eu tinha tanto medo de saber, meu amigo, tinha tanto temor, que não queria perguntar. Connie subiu chorando como uma criança. Nós três aqui sentíamos mais do que simplesmente carinho, sentíamos ternura por esse homem simples como uma criança, tão terno na amizade que não sei como descrevê-lo, e era realmente adorável. Você sabe que nós nos víamos com muita frequência. Ai!

Só agora percebo que muito menos do que seria necessário para conhecer-lhes o segredo e poder ajudá-los, se fosse possível ajudá-los, meu Deus!

Viajamos para Petrópolis com uma sensação de sonâmbulos que fazem coisas absurdas: não podíamos aceitar que estavam mortos, e menos ainda que tivessem cometido suicídio. A pequena casa de colunas, no meio da colina, cuja porta sempre nos esperava subir lentamente as escadas, estava guardada pela polícia. Lá em cima encontramos o doutor De Souza e sua boa mulher, o presidente da Academia de Petrópolis, um grupo de judeus, o editor brasileiro de Zweig e os mais conhecidos representantes da imprensa nacional e estrangeira.

Nós continuávamos falando e ouvindo tudo isso como se fôssemos sonâmbulos. Finalmente entrei no quarto e lá fiquei não sei quanto tempo sem levantar a cabeça. Eu não podia nem queria ver. Em duas camas de solteiro juntas estavam o mestre, com sua bela cabeça alterada apenas pela palidez. A morte violenta não lhe deixou nenhum sinal de violência.

Dormia sem o seu eterno sorriso, mas com uma grande doçura e uma serenidade maior ainda. Parece que ele morreu antes dela. Sua mulher, que deve ter visto sua morte, protegia a cabeça dele com seu braço direito e seu rosto estava exatamente em cima do rosto dele. Ao ser separada do corpo do mestre, ela ficou com o braço e a mão retorcidos e rígidos, que terão de ser recolocados no lugar quando seu corpo for depositado no ataúde. O rosto dela estava muito parecido com o rosto dele. Não tem nada que apague de minha mente essa imagem.

Ele tinha 61; ela, 33. Ele sempre dizia: "Em anos, sou mais velho que seu pai." Ela soube acompanhá-lo, deixando para trás uma vida inteira.

Pensei durante muito tempo no seu gesto e no prodigioso enfraquecimento do veneno ou da angústia da última hora: quando o viu morto ao seu lado.

Mantenho toda a minha concepção cristã sobre o suicídio, meu amigo, mas acredito que essa crença não me proíbe de sentir a dor profunda do amor dessa mulher por um homem velho que amou com paixão e amizade.

Ela cuidava dele com tal zelo, que não o abandonava nem por dez minutos: do ar frio, do muito escrever, do muito andar --que era seu único vício-- do desalento: de tudo ela o protegia. Em meu país eu teria rogado para que fossem sepultados juntos, como os Berthelot. Zweig dormia já sem sonhos, aliviado para sempre do tempo e do mundo vergonhoso que lhe coube viver na velhice.

Minha surpresa e a de todos que compartilhávamos de sua amizade é imensa. Hoje posso apenas lhe contar sobre o nosso penúltimo encontro. Ele nos convidou para almoçar, junto com Hortensia Rio Branco, que estava em sua casa. Achei que estava um pouco abatido, mas de ânimo mais alegre que de costume. Informei-lhe sobre a vinda de Waldo Frank, anunciada em sua carta, e comentei sobre a minha proposta para que ele viesse para uma casa em Petrópolis, para fugir do calor. Então ambos [Stefan e Lotte] me responderam que compartilharíamos a visita de Frank, que poderia passar uns dias com eles e outros comigo. E assim ficamos combinados.

Contou sorridente que havia preparado um almoço austríaco completo, desde a sopa até a sobremesa. E ele o serviu com seu jeito lindo de ser, que nunca se sabia se era de uma pessoa muito velha ou de uma criança. Falou um pouco da Bélgica com doña Hortensia, que há muito residia naquele país. Depois do almoço fomos para a varanda, onde ele gostava de trabalhar, mas Stefan me deteve ao passar por sua mesa de trabalho, para ler uma linda carta de Martin du Gard, o novelista.

Lia e repetia frases e mais frases, fazendo-me sentir o perfeito, o belo estado de espírito dessa outra alma que sofria. Saímos para a varanda falando das pessoas que estavam vivendo sua tragédia particular sem perder um pingo de decoro e de elegância em sua conduta.

Então, ele me disse, olhando-me de uma forma especial e destacando bem as palavras: "É preciso que se faça um alerta sobre o perigo de se começar na América uma perseguição aos alemães; sei que há alguns sinais disso, o que me deixa muito alarmado." E eu o tranquilizei assegurando que não haveria, por parte dos nossos povos, inquisição, nem coisa parecida às orgias sangrentas da Europa.

E começamos uma longa conversa sobre o índio, o negro e o povo mestiço. Ouvi dele um elogio comovido reconhecendo os méritos dos missionários portugueses. Eu já havia tentado, antes dessa conversa, aguçar seu interesse pelos missionários do continente sul-americano como tema para um livro dele, e que isso poderia ajudar muito os nossos índios. Ele exaltou a bondade do negro, "que se identifica perfeitamente", disse ele, "com sua alegria".

Acrescentou belíssimas observações sobre o temperamento brasileiro, na piedade e no equilíbrio emocional. Depois de elogiar o povo, passou a elogiar a terra, e insistiu para caminharmos juntos pelos arredores de nossa cidade, e eu prometi fazê-lo. Ele achava que eu entendia muito de plantas, só porque me viu cultivar uma parte do jardim de minha casa. "Gabriela Mistral", me disse ele, "eu tenho um pedido que você precisa me conceder. Conversaremos melhor sobre isso caminhando pelo campo."

Faz uns dez dias que tudo isso aconteceu: tento recordar com mais detalhe a parte referente a Frank e a última parte, porque são dois compromissos assumidos por ele de livre e espontânea vontade. Tenho certeza que ele não estava me enganando --por que o faria?-- e de que não tinha ainda a intenção de se suicidar.

Pouco depois me telefonou para perguntar se eu iria a uma recepção oficial da Prefeitura (ou Gobernacíon) de Petrópolis, porque ele recebeu um convite, mas não tinha com quem ir. E lá fomos, e ele ficou à vontade, apesar de não apreciar muito a vida mundana.

Não acredito nessas conjeturas que alguns fazem sobre a situação econômica do mestre Zweig. Seu editor as desmentiu categoricamente ontem à noite, a dois passos do falecido. As grandes edições de suas obras lançadas pela maior editora ianque, mais alguns artigos solicitados por publicações norte-americanas, podiam garantir-lhe pelo menos alguns anos de um bem-estar modesto, mas suficiente.

Por outro lado, não se pode nem imaginar que tenha passado por um momento de desvario ou loucura: escritor mais sensato, mais senhor de sua alma, menos delirante (apesar de ter descrito o delírio como ninguém), talvez não se possa encontrar em nossa geração.

Eu penso, sem pretensão de adivinhar tudo, que as últimas notícias da guerra o deprimiram terrivelmente e, em especial, o começo da guerra no Caribe, o afundamento de navios sul-americanos. Ah! Ele já havia visto acontecer coisas demais com a guerra! Podemos acrescentar a última informação que recebeu: a dos acontecimentos no Uruguai.

Também isso se parecia muito com o que ele já havia visto acontecer na Europa, embora admiti-lo possa doer. Estava farto do horror, já não podia aguentar mais.

Meu amigo: sei o que as pessoas superficiais dirão para condená-lo --e até alguns estoicos--, que Zweig tinha uma dívida conosco, e que sua fuga da tragédia a que estamos submetidos foi uma grande fraqueza. E dirão muito mais. Lembrarão que ele não acreditava no sobrenatural e lembrarão talvez da famosa covardia israelita.

Eu prefiro aguardar sua autobiografia, escrita aqui mesmo na nossa Petrópolis, que ele amava tanto quanto eu. Porque não podemos nem imaginar o que esse homem vinha padecendo há uns sete anos, desde que o escritor alemão fiel à liberdade passou a ser um animal de caça. Sua sensibilidade superava a que ele mostrava em seus livros: era uma sensibilidade feminina no melhor sentido da palavra; poderíamos dizer "inefável".

Quando falávamos da guerra, eu observava em seu rosto, com todos os detalhes, seu coração em carne viva e ia medindo o que eu podia dizer, coisa que nunca me aconteceu antes com nenhum homem de letras.

E o problema não era que ele pudesse perder em algum momento seu rigoroso controle; era que os acontecimentos brutais, ou simplesmente penosos, não pareciam ser ouvidos, mas sentidos por ele no mesmo instante em que os escutava, se estampando em seu rosto uma tristeza sem limites que o envelhecia de imediato. (Você se lembra de seu aspecto juvenil; tudo isso desaparecia quando o assunto guerra entrava na conversação.)

Sua repugnância pela violência não era apenas verdadeira; era absoluta.

Ele se interessava por todos os povos e se havia apegado muitíssimo aos nossos. Esteve a ponto de mudar-se para o Chile, respondendo a um convite de Agustín Edwards; mas permaneceu no Brasil, país que homenageou com um livro exemplar sobre seu território, história e povo. Achou os Estados Unidos muito ásperos ou duros, não sei. Preferia o sul porque, afinal de contas, um homem de 60 anos precisa de um clima de muita doçura.

Sua melancolia mais visível era a perda da língua materna. Em sua primeira visita a esta casa ele me disse que nada no mundo poderia consolá-lo de não voltar a ouvir ao seu redor a língua de sua infância. "Esta", disse ele, "é a única perda irremediável."

Ele, naquele momento, esperava, com absoluta certeza, a derrota do hitlerismo; mas havia comprado uma casa na Inglaterra e, possivelmente, como muitos desterrados, acreditava que ao regressar carregaria com ele as feridas provocadas pelo ditador, além das feridas provocadas pelos pseudoamigos que traem ou consentem.

Seu equilíbrio para julgar a própria pátria pareceu-me completo; jamais proferiu uma injúria, nem mesmo uma palavra mais dura, sua contenção verbal fazia parte de sua fidalguia. (O seu tipo de nariz não era judeu; lembrava mais o do espanhol, inglês ou francês.)

Não conseguimos fazer nada por ele, além do fato de que nós três, nesta casa, o amávamos, porque era a coisa mais natural do mundo ter por ele não só admiração, mas também uma ternura profunda.

Ah! Que os religiosos não removam esses ossos de quem já fugiu duas vezes e que renunciem à tentação do julgamento superficial de um morto que deixa empobrecida toda a humanidade, e certamente os melhores. Nele havia o mel de Isaías, também a chama de São Paulo, e a ambrosia de Ruth.

Adeus. G. M.
 
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