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"Meu foco é viver, deixo a doença de escanteio", conta mulher com ELA

4/11/2021
Em 2017, Larissa Takashima Ouriques, 42, minha tia, começou a sentir fraqueza no pescoço e falta de ar. Eram os primeiros sintomas da ELA (esclerose lateral amiotrófica), um distúrbio dos neurônios motores do cérebro e da medula espinhal. A mãe de Larissa morreu em decorrência da enfermidade. A ELA pode afetar qualquer pessoa em qualquer lugar. Mas, no caso de Larissa, é o tipo familiar. Neste relato, Larissa conta quando descobriu a doença, episódios em que quase morreu em duas cirurgias e como se reinventou criando uma associação para ajudar pacientes.

"Minha mãe, Geney, morreu com ELA em maio de 1999. Acompanhei a evolução da enfermidade. Minha mãe ficou fraca e, a cada dia, perdia a força dos músculos até não conseguir mais se mexer. Tinha medo de desenvolver a doença, mas não era algo que me abalava. Até começar a sentir os primeiros sintomas durante a ginástica. Em 2017, não conseguia levantar o pescoço para fazer abdominal e sentia dificuldade em respirar quando corria na esteira. Alguns dias depois, acordei sem conseguir falar, pois meus pulmões estavam enfraquecidos. Meu pescoço estava mole. Tive medo de que pudesse ser a temida doença da família.

Em junho de 2018, comecei a sentir falta de ar com frequência. Contei para o meu irmão, que é médico. Ele ficou muito preocupado. Viajamos juntos até São Paulo para realizar exames e saber se eu realmente tinha ELA. Fui até o Setor de Investigação em Doenças Neuromusculares da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Lá, os pacientes estavam sendo atendidos por médicos e residentes da ABrELA - Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica.

"Após os exames, os médicos falaram que havia uma forte suspeita de que eu tivesse ELA. Foi um choque. O diagnóstico veio com o teste genético. Descobri que é uma mutação de um gene."

Pesadelo no hospital 

Sentia a doença avançar dia após dia. Emagreci muito em pouco tempo. Perdi 25 quilos. Em junho de 2019 fiz uma gastrostomia, um procedimento cirúrgico para fixar uma sonda alimentar no estômago. Após a cirurgia, senti muita dor na barriga. Pedi para o médico um analgésico forte. E ele respondeu que eu estava fazendo 'manha'. No dia seguinte, ele me deu alta do hospital, apesar de eu estar visivelmente mal. Saí muito fraca, de cadeira de rodas. Quando entrei no carro, não conseguia respirar. Achei que ia morrer. Pensei nos meus filhos.

Nesse momento, desmaiei. Meu marido, George, me pegou no colo e me levou para o hospital. Quando abri os olhos vi o pessoal da enfermagem ao meu redor. O médico pediu para a equipe de enfermagem me dar oxigênio. Só que esse tipo de procedimento faz mal para os pacientes com ELA. Nós não podemos receber uma carga alta de oxigênio sem um aparelho de ventilação não invasiva. O equipamento pressiona a parede torácica e facilita a entrada de ar. Os pacientes de ELA não têm força para expirar, então, o oxigênio que se transforma em gás carbônico e acaba se concentrando no corpo.

Meu marido sabia disso. Por isso, quando o enfermeiro colocou a máscara de oxigênio no meu rosto, George retirou o dispositivo. Rapidamente, ele colocou o aparelho de ventilação em mim e, por fim, a máscara de oxigênio. Nessa hora, voltei à consciência. Esse foi o primeiro episódio de terror no hospital. Quase morri novamente em fevereiro de 2020. Fiz uma cirurgia para trocar o cano da traqueostomia. Respiro por meio de um orifício artificial acoplado no pescoço.

médico tirou a cânula, um tubo localizado na traqueia, mas não conseguiu colocar novamente. Tive uma parada respiratória, desmaiei e quando acordei estava intubada. Vi os médicos me reanimando. Fiquei alguns dias na UTI. Vivi um pesadelo. 

Meu foco não é a doença, meu foco é viver...

Desde a primeira vez que estive internada no hospital, pensei em criar uma associação para ajudar os pacientes com esclerose lateral amiotrófica. É difícil encontrar uma equipe multidisciplinar especializada em ELA.

Sou promotora de Justiça, mas por conta da doença fui obrigada a me aposentar. Em setembro de 2020 criei a ARELA (Associação Regional de Esclerose Lateral Amiotrófica), em Santa Catarina (@arela.sc). O grupo conta com fisioterapeutas, neurologistas, psicólogos, nutricionistas e juristas. O tratamento multidisciplinar é muito importante e gera qualidade de vida e aumento de sobrevida para os pacientes. Meu desejo é que os profissionais e os pacientes saibam o que deve ser feito em casos de ELA —desde o diagnóstico até o tratamento. Criei uma frase que carrego na vida e até se tornou lema da associação: 'Há vida com ELA e não vamos desistir por causa dELA'. 

Viver com a doença é uma transformação. Mas nós, pacientes, continuamos com os nossos sentimentos e vontades. Se tivesse vontade de morrer quando recebi o diagnóstico, não teria conhecido a minha neta Isabella Yumi, que nasceu em junho de 2020, e não teria criado a ARELA. Não vejo dificuldades, mas, sim, caminhos. Estou forte apesar de estar quase imóvel. A minha mente não para. E a vontade de viver também não. Tenho muita fé em Deus. Ele me traz paz e me conforta. Estou vivendo bem, de uma forma intensa, com muitos momentos de felicidade e poucos de tristeza.

Não fico pensando: 'por que eu não ando?', 'por que eu não me mexo?'. Sou feliz assim. Não penso que vou morrer e que meu pulmão vai parar. Às vezes até esqueço que tenho ELA. O meu foco não é a doença, o meu foco é viver. A esclerose lateral amiotrófica que venha comigo se quiser, se não quiser 'rala', pode me deixar. Deixo a doença de escanteio. Sou a protagonista, a atriz principal da minha vida."

 A partir  do Portal UOL
Veja mais em https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/04/11/meu-foco-e-viver-deixo-a-doenca-de-escanteio-conta-mulher-com-ela.htm?cmpid=copiaecola

'ESTOU MEDICADO, NUM PARAÍSO ARTIFICIAL "

12/03/2017


Olá senhoras e senhores.

É possível curar a depressão? Deixar de ser um suicida? De desejar a morte de todas as formas? Não tenho essas respostas. Na verdade estou medicado, num "paraíso" artificial.

Venho experimentando um pequeno coquetel de drogas em que eu, minha psicóloga e a psiquiatra vem há meses tentando acertar a dose e a melhor forma de terapia. Acontece que sou extremamente cético, ateu, desgrudado dessas coisas que dão esperança.

Não acreditava numa melhora possível. Já tentei me matar 8, 9x, perdi até a conta exata. E sempre foi muito doloroso essas experiências até que conheci a Venlaxina. Calma. Não é só isso. Um dia acordei, o mundo estava igual. Eu não dei um alegre bom dia pro sol. Não vi arco íris, pássaros, borboletas celestiais. Nem se quer um pingo de felicidade extravagante brotou. Meus problemas materiais ainda estavam lá. Só mais tarde percebi...o dia tá estranho. Eu tô estranho. Passei ao lado da forca que até hoje tenho no meu quarto, presa atrás de um espelho e senti certo arrepio.

 Peguei minhas giletes de mutilação, olhei minhas cicatrizes evidentes nos braços e senti certa pena de mim...que coisa macabra. Estaria eu querendo viver a essa altura do campeonato? Não rola! Meu suicídio é certo... Alguma coisa não estava em seu lugar e eu quase, quase vi uma luz no fim do túnel. Pudia jurar... até que vasculhei meu pensamento e achei.

Sim, ainda me escapole o olhar em direção ao vazio, aquele oco ainda habita meu ser. Então o que é isso que estou sentindo? Também não sei. Mas com 4 meses experimentando essa dose que foi inicialmente de 75mg até hoje, estacionando com 300mg de Venlaxin, um potente inibidor seletivo de recaptação da serotonina, norepinefrina e dopamina, responsáveis pelas sensações de prazer e felicidade + 1mg de Respiridona, que para mim vem como um lubrificante que ajuda a desgrudar e colocar para fluir pensamentos repetitivos + Rivotril pela manhã para relaxar e booom. 

Consegui atravessar dias e noites sem pensar em morrer. Me senti cafona, pois a morte para mim era sinônimo de luxo. E lá estava eu dizendo SIM para as coisas sociais, porque minha psicóloga disse que eu falava muito não, e por isso vivia trancado, que eu tinha um padrão de pensamento negativo, e então passei a pensar duplo, triplo, ou seja, para cada coisa que eu pensava e identificava como negativo eu tentava encontrar 2 ou 3 pensamentos contrários, positivos.

 Algo estava acontecendo! Não posso dizer que estou curado (disse minha psiquiatra que não tem cura). Só posso dizer que hoje vivo melhor que ontem e que estou com vontade de ver até onde isso vai. O pensamento de morte ainda vem e já fui alertado que ele vai continuar. Ainda tenho dias de desespero, mas são menos e mais fracos do que eu costumava ter. E assim tenho passado meus dias nessa Terra. 

Ainda persiste na minha cabeça a ideia de que só estou vivo para não fazer minha mãe sofrer e no minuto seguinte que ela morrer eu vou me matar porque a vida não terá o menor sentido. Só que ultimamente, nesses últimos 3 meses, isso não tem me feito sentir vontade de apressar as coisas e sim deixar que o tempo me revele o que sentir e como agir, ao invés de tentar prever o futuro e o trazer imediatamente para o presente. 

Então meus amigos e amigas. Como disse no início, ainda não tenho respostas definitiva e bem provável que nunca terei. Porém me parece certamente que existe como tornar essa vida mais suportável, melhor do que hoje, do que ontem. E nada disso é caro, inacessível. Pelo contrário. Esta disponível no SUS. É um direito do cidadão brasileiro. Experimentem! Não os mesmos medicamentos e doses que uso, e sim um tratamento na área de saúde mental. Tem que persistir! 

Esses remédios demoram de semanas a meses para funcionar, sem contar a psicoterapia, que demora de meses a anos (no meu caso, apesar de fazer há anos, só nos últimos 2 que me tornei frequente, indo toda semana). É pronto. Quero que todos melhorem! E podem contar comigo para o que precisar, pois eu já contei com esse grupo e já fui ajudado em meio a desgraça que se instalou no meu ser. Gritem! Chorem! Desabafem! E acima de tudo, tentem outra vez, por mais exausto que você esteja. Vale a pena? Sei lá... 

Talvez nunca saiba, mas estou descobrindo que também posso tentar. E se eu posso, porque você não? Um beijo para quem é de beijo e um abraço para quem é de abraço.

Roosevelt Soares
Depoimento no Grupo QM
Imagem : Pexels

'QUERO UMA MORTE DIGNA", DIZ JOVEM QUE ABANDONOU TRATAMENTO

11/30/2017
José Humberto Pires de Campos Filho, 23,  em Trindade (GO)

Na última vez que José Humberto Pires de Campos Filho, 23, entrou na piscina, há dois meses, os pés se retorceram. A dor latejante invadiu o corpo. Teve de se sentar na borda, em um clube de Caldas Novas, a 170 km de Goiânia.

Eram os reflexos da doença renal crônica da qual padece desde 2015. Tão diferente dos tempos em que vencia torneios de natação nos Estados Unidos, na adolescência.

Agora, aos 23, José Humberto decidiu parar. Quer ficar distante das piscinas e das sessões de hemodiálise. Não tem mais vontade de viver.

"Quero uma morte com dignidade, sem a dor do tratamento", diz o jovem.

A mãe não concorda e buscou ajuda na Justiça. O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás divulgou esta semana sentença do juiz Éder Jorge em favor da costureira Edina Maria Alves Borges, 56, para a interdição do rapaz.

A sentença segue o mesmo entendimento de uma liminar (decisão inicial do processo) que o juiz havia concedido em fevereiro. Ela determina a interdição parcial do paciente, e nomeia como curadora a sua mãe, por um ano, só para levá-lo à hemodiálise.

A interdição vale sem nenhum uso de força ou sedação. Por isso, na prática, Edina sente ter em mãos um papel vazio, já que o filho se recusa a seguir o tratamento.

Das quatro sessões semanais na máquina que funciona como rim artificial, para filtrar o sangue, ele decidiu ir só a duas. E alertou a mãe que, a partir de 2 de janeiro, não fará mais nenhuma.

"Ver um filho morrendo aos poucos é muito difícil. Suportar tudo isso é terrível."

A hemodiálise libera o corpo dos resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de sal e de líquidos, controla a pressão arterial e ajuda a manter o equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatinina.

"Não dou conta de ficar na máquina porque dói muito. Quero morrer na data que deve ser, naturalmente, sem ter intervenção da medicina me forçando a viver", diz o jovem, deitado em uma grande cama, suficiente para acomodar os seus 1,85 m e 73 kg.

Fora do Brasil

Mãe e filho moram sozinhos. José fica boa parte do dia trancado no seu quarto, com janela e cortina fechadas. Enquanto o rapaz dava entrevista, Edina costurava no cômodo ao lado.

Ela lembra de quando viu o caçula de seus três filhos pousar no aeroporto de Goiânia, em maio do ano passado, dez meses depois de ser diagnosticado com a doença nos Estados Unidos, onde morou com o pai.

Fora do Brasil, só tomou remédio paliativo. "Ele chegou bastante inchado. Estava quase irreconhecível", lembra. Três meses depois, começou a hemodiálise.

A lado da cama, José tem a companhia de um computador, uma cesta de remédios e uma cadeira de rodas que passou a usar, há um mês, para se locomover em casa, em Trindade, na Grande Goiânia.

Ele sai para a rua só para ir à hemodiálise. Não consegue mais andar. Os pés não suportam o peso do corpo, e as pernas estão se atrofiando.

"Antes eu andava me arrastando, mas agora os pés não mexem mais. Não sou obrigado a fazer tratamento que não quero. Nada vai fazer eu mudar de opinião."

On-line

O jovem passa grande parte do tempo conectado às redes sociais ou ocupando a mente em jogos on-line, enquanto fica de olho no relógio para se medicar.

Ele toma dez medicamentos de alto custo. Alguns são fornecidos pela central de distribuição do Estado.

Concluiu o ensino médio e prestou o Enem no ano passado. Antes da doença, o jovem dizia que seu sonho era rodar o mundo todo.

Desde a sua última tentativa de entrar na piscina, em setembro, mês de seu aniversário, José só piorou.

"Ele voltou mais revoltado por causa disso", conta a mãe, com a aflição estampada no rosto.

A junta médica do Judiciário goiano, formada por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, não identificou sinais de depressão em José.

A perícia atesta que ele é lúcido e está com a consciência preservada, mas considera que a sua capacidade de entendimento e determinação está prejudicada, o que o prejudica a ter "vontade efetivamente livre".

Os especialistas entendem que esse é um caso de transtorno de ajustamento, já que, na avaliação deles, o diagnóstico da doença fez o jovem ser tomado por fortes emoções e perder perspectivas de vida.

Longo e sofrido

Na sentença inicial, apesar de afirmar que, em alguns casos, o uso de medicamentos pode transformar a morte em um processo longo e sofrido, o juiz Éder Jorge diz entender que só com a vontade completamente livre o jovem poderia fazer escolhas e assumir as responsabilidades decorrentes delas.

O magistrado sugeriu acompanhamento terapêutico, porque o paciente "possui capacidade cognitiva compatível com sua idade e grau de instrução e pode alcançar, com acompanhamento profissional, o adequado desenvolvimento emocional".

Para o juiz, José é "muito inteligente e simpático".

Apesar de ciente da preocupação da mãe e de ver o organismo padecer aos poucos, José pretende usar a sentença como o seu principal álibi, já que a decisão proíbe, expressamente, o uso de qualquer tipo de força ou sedação para submetê-lo ao tratamento.

Também a ética médica impede que o paciente seja obrigado a se tratar.

Inconformado, José afirma que irá recorrer até a última chance para negar o tratamento. Por outro lado, a sua mãe afirma que vai fazer de tudo para que o caçula viva.

"Eu não quero entrar nem na fila de transplante de rim. Nada vem na minha cabeça para eu mudar de ideia. Só a cura naturalmente."

A partir da Folha de S.Paulo. Leia no original

'PARTILHE SUAS DORES", DIZ PADRE FÁBIO DE MELO

6/30/2017

No programa "Direção Espiritual" do dia 16 de agosto de 2017, na TV Canção Nova,  Padre Fábio de Melo fala sobre as perdas que enfrentamos para sermos quem somos, e sobre a importância de partilhar nossas dores, pois isso nos dá força para seguir em frente. Padre Fábio partilha as dificuldades que tem vivido ultimamente, em que tem sofrido com crises de síndrome do pânico.

Por outro lado, no Fantástico deste domingo (20/08), Poliana Abritta conversa com o padre Fábio de Melo sobre a síndrome do pânico, doença que o afetou no último mês. Em uma rede social, o padre admitiu que ficou uma semana trancado em casa, com sensação de morte e tristeza profunda. "Nunca chorei tanto na minha vida", disse. Ele se emocionou ao falar sobre a relação com a família, a fé, a morte recente da irmã e as redes sociais, além de assumir que pensa em fazer terapia. Fábio de Melo chegou a se esconder embaixo da cama por causa do medo, mas agora está medicado e cumprindo seus compromissos.

Acompanhe abaixo o trecho do programa em que Padre Fábio de Melo fala da dificuldade que tem vivido.


CHORO TODOS OS DIAS ESCONDIDA

9/23/2015
"Esse meu relato vai ser taxado por muitos como fútil, bobo, insignificante, mas eu não julgo porque é assim que a minha vida é! Eu tenho praticamente 25 anos e posso dizer que sempre tive uma vida boa, sou a caçula da família e sempre fui regada de mimos, sempre tive tudo que eu queria de forma muito fácil. Hoje eu vejo que parte da pessoa que eu me tornei se deve a todos esses mimos que me fizeram ficar acomodada, preguiçosa e tendo uma visão errada da vida... Meu pai faleceu quanto eu tinha 14 anos e eu sinto tanta saudades dele... Moro com a minha mãe, essa sempre está muito mais preocupada com o relacionamento dela com o namorido do que comigo! Em muitas situações o namorado dela pensa mais em mim do que ela mesma! Eu não consigo abrir a boca e pedir ajuda, eu não consigo conversar sobre como eu me sinto com ninguém, eu tenho vergonha de me expor. Eu até sinto vontade, mas eu simplesmente não consigo! 

Vejo os relatos no grupo e me lembro daquela frase "sempre há alguém pior do que você", mas eu sempre acho que a pessoa pior, no caso, sou eu. Vejo pessoas bonitas reclamando da vida, pessoas com família, com bons relacionamentos, que recebem amor... Eu odeio a pessoa que eu sou. Eu realmente odeio tudo em mim! Eu odeio o que eu vejo toda vez que olho no espelho, porque não sou nem de longe uma pessoa bonita. Nunca trabalhei na minha vida e nesse momento me sinto velha demais pra entrar no mercado de trabalho. Não estou trabalhando, não estou estudando, não tô fazendo nada da vida além de passar dias e dias trancada em meu quarto, comendo feito uma vaca. Mas vou contar o maior dos motivos que me deixa tão perdida...

Tudo "começou" quando um ano e meio atrás eu reencontrei uma pessoa, comecei a me envolver com ele. Fui apresentada a uma forma de vida que eu até então nunca tinha chegado perto de conhecer. Alguém envolvido com drogas, com assassinatos, com coisas que fariam a minha mãe enlouquecer se soubesse. Eu quis ficar com ele! Eu tinha uma fé absurda de que era plano de Deus que a gente tivesse se reencontrado, que era pra ficarmos juntos, que eu iria tirá-lo dessa vida e que ele iria de alguma forma me resgatar também. Não vou ser hipócrita, tivemos momentos muito bons e felizes juntos. Até então eu já tinha tido muitos "namorinhos", gostei de muitas pessoas e até me considero uma pessoa fácil de se apaixonar. Mas com ele foi diferente. 

Eu nunca amei uma pessoa da forma que eu o amo, eu o aceitei como ele era (com todos os seus defeitos e principalmente com a vida que ele tinha/tem). Mas não é aquele sentimento bonito de filmes e novelas. Eu me sinto doente. Eu sinto vontade de morrer por conta de tudo que ele me faz sentir. Ele não é nenhum príncipe encantado, está muito longe de ser. É alguém que sente vergonha de mim, que só sabe me xingar, que só sabe desfazer dos meus sentimentos, que não se importa de se expôr com outras na minha frente, que chama todos os meus sentimentos de drama! Ele nunca me agrediu fisicamente, mas foi por conta dele que eu aprendi que realmente existe essa tal de agressão verbal, porque todas as coisas que ele me fala parece que rasgam a minha alma. 

Chego a pensar que talvez um tapa não fosse me doer tanto do que as coisas que ele fala pra mim. E o fato de eu me sentir tão mal por conta de outra pessoa é o que me deixa mais envergonhada! E eu sei que isso deixou de ser amor faz tempos, é realmente uma doença! Eu não consigo me defender, eu não consigo reagir, eu não consigo me amar mais do que "amo" ele. Faço de tudo para vê-lo feliz, sempre estou disponível para cuidar dele quando ele precisa, quero ele sempre bem, sempre saudável, faço "campanha" pra ele não usar drogas, não ficar bebendo, me faço de tapete pra ele pisar em cima, a minha vida praticamente gira em torno dele, desse amor doentio que eu queria que ele enxergasse que eu sinto. 

Eu não consigo me afastar, parece que uma força maior me prende a ele. Na última briga séria que tivemos (na madrugada do dia 6/9 para o dia 7/9), passamos a madrugada batendo boca e quando ele foi embora, eu me pus de joelhos e comecei a orar, comecei a abdicar de tudo que estava acontecendo. Falei pra Deus que tudo tava errado, que as coisas não eram pra ser daquele jeito, que eu não aceitava mais passar por nenhuma humilhação por conta desse homem. A minha fé em Deus é tudo que eu tenho, é a única coisa que eu tenho. Fui dormir e quando acordei, eu me sentia anestesiada. Passei dias em paz, sem sentir a louca vontade que sinto de ir procurá-lo, mas logo veio a saudade (que eu não sei nem do que) e eu fui atrás dele para recomeçar esse ciclo de ser tratada como lixo. 

Não consigo entender porque eu me permito passar por isso! Eu sinto vontade de morrer, eu penso na minha vida e não vejo motivo nenhum pra continuar vivendo porque acho que todo mundo ficaria melhor sem mim, que eu só existo pra ser um peso na vida de todos que precisam conviver comigo. Eu não sei pra que que eu nasci se não sirvo pra nada, eu não sou uma pessoa merecedora de amor, ninguém me ama. Uma vez eu consegui me abrir com esse cara, falei pra ele como me sentia com relação a minha vida e ele mais uma vez fez pouco caso de mim. As vezes eu acho que ele é a única pessoa que poderia me ajudar, não como um namorado, mas como um amigo (porque é o mínimo que eu esperava ter dele), mas não, ele acha que tudo é drama. Ele é a única pessoa que eu consegui desabafar, foi a única pessoa a quem consegui pedir ajuda. 

Quando falei pra ele que sinto vontade de morrer, ele me disse "então se mata". Imagina como me senti ouvindo isso dele... Cheguei ao ponto de pedir pra ele tirar a minha vida, mas ele disse que não iria sujar as mãos comigo. Nesse momento que estou escrevendo, estou pensando na morte, porque eu a vejo como solução de todos os meus problemas. 

Choro todos os dias escondida e se eu não me matei ainda é porque eu não tenho coragem. Se eu tivesse coragem por alguns segundos, tiraria a minha vida sem nem pensar duas vezes. Eu sou formada em técnico em enfermagem, apesar de nunca ter trabalhado, sei exatamente o que me poderia ser letal, mas me falta a droga da coragem pra fazer! Oro dizendo a Deus que sou grata pelas coisas que ele me deu, mas que eu estou sofrendo e quero que ele me leve. Meus pensamentos sempre são os mesmos: eu quero morrer! Eu quero muito morrer! Fico esperando ansiosamente pelo dia em que eu não vou mais acordar. "

Anônima, por e-mail
Imagem: FreeImages

DIZER ADEUS À VIDA

5/05/2015
Florbela Espanca, por Botelho

"É uma resposta aos que chamam ao suicídio um fim de cobardes e de fracos, quando são unicamente os fortes que se matam! Sabem lá esses pseudo-fortes o que é preciso de coragem para friamente, simplesmente, dizer um adeus à vida, à vida que é um instinto de todos nós, à vida tão amada e desejada a despeito de tudo, embora esta vida seja apenas um pântano infecto e imundo!"
Florbela Espanca - Correspondência (1916)
*   *   *
Para mim sem dúvida, Florbela foi e continua sendo uma das maiores poetisas da língua portuguesa, principalmente pela coragem de expor todos os sentimentos em suas poesias. Viveu em permanente estado de depressão, fumando em demasia, perdendo o brilho e a saúde. Cada vez mais abalada psicologicamente, mergulhou num estado de solidão que a fez distanciar-se cada vez mais da paixão pela vida. Em 1930, no dia do seu aniversário, Florbela Espanca colocou fim à sua agonia, suicidando-se. Aos trinta e seis anos calou-se a poetisa. Sua obra continua a ser alvo de estudos e interpretações de amantes literários e da comunidade científica ligada aos desígnios e mistérios da mente, como psicólogos e psiquiatras.

“Por mais que a ciência evolua e que a tecnologia avance jamais ela vai decifrar a mente humana, pois cada cabeça é um mundo e cada ser humano uma história, jamais caberá numa tese ou num fundamento.” (Afonso Allan).
M.K.
A partir da Comunidade QM

'A DEPRESSÃO MATA, EU QUASE MORRI DUAS VEZES'

4/11/2015

Rebeca Gusmão, ex-nadadora brasileira que conquistou quatro ouros no Pan-Americano de 2007, mas depois teve as medalhas retiradas após ser banida do esporte pelo uso de anabolizantes. Hoje com 30 anos, Rebeca Gusmão já se recuperou das polêmicas, do duro período em que foi banida da natação por conta do doping e até da depressão.

Excluída das piscinas pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) pelo uso de anabolizantes, a agora ex-nadadora respira novos ares. Rebeca Gusmão trabalha como personal trainer em Brasília (DF), dá palestras motivacionais e faz até ensaios sensuais. O corpo já está bem diferente daquele dos tempos de atleta, quando aos 14 anos disputou o Pan-Americano de 1999 ou então ganhou 4 medalhas de ouro no Rio de Janeiro em 2007.

As medalhas, retiradas dela por conta do doping, e a participação nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 não representam a maior emoção da vida da ex-nadadora, que hoje em dia serve de inspiração e até ajuda idosos a superar o medo das piscinas.

Veja um trecho de seu depoimento à  ESPN.

Você passou por depressão?
Eu tive uma depressão forte. Eu engordei muito, cheguei a pesar 104kg e ao mesmo tempo eu tinha preocupação com a minha família porque minha mãe também entrou em depressão. Tudo na minha casa girava em torno da natação, do que eu fazia. Eu tinha que me concentrar naquele momento em me manter forte. Quando eu precisava de colo, eu tinha que estar como uma rocha, mas queria desmoronar. Eu acordava 4h30min da manhã e ia para a casa dos meus pais para pegar o jornal, para eles não verem. Na hora do noticiário da hora do almoço ou da noite, eu procurava estar na casa deles para não deixar eles verem porque o dia que eu vi uma repórter na televisão falando que eu podia pegar de 3 a 5 anos de prisão...escutar a voz da minha mãe no fundo, chorando, foi duro. Desde aquela época meu pai e minha mãe não assistem mais televisão, não leem jornal, não vêm noticiário. Eu até achei engraçado porque quando fui na casa deles outro dia eu falei "Pai, você viu o avião que caiu?" e ele respondeu: "Que avião?". Eles se desligaram do que acontece no mundo.

A depressão mata, eu quase morri duas vezes por causa dela. A primeira foi por causa da natação. Eu fiquei muito mal, várias vezes na minha cabeça passou fazer alguma besteira. A outra foi quando acabou meu casamento, foi uma depressão mais profunda. Emagreci bastante. Eu tive uma overdose de medicação. Eu cheguei a ficar 3 dias em coma. Depois que eu acordei desse coma parece que acendeu a luz na minha vida. Eu ainda uso a medicação até hoje, mas numa dose menor. Antes eu precisava ficar dopada o dia todo. Hoje não, uso da mesma forma que um diabético precisa da insulina.

Como está sua vida hoje em dia?
Hoje eu estou trabalhando como Personal Trainer, sou modelo também, dou palestras. Hoje eu estou fazendo uma coisa que eu nunca pensei que fosse fazer. Descobri que mais gratificante que ganhar uma medalha, representar seu país, é você ajudar as pessoas a conseguir seus objetivos. Tenho alunos que eram obesos e hoje são magros. Essa semana me emocionei com uma aluna minha de 66 anos que tinha pavor de água e ela entrou, mergulhou, nadou comigo. São coisas que realmente você vê que valem muito mais de uma medalha. Eu estou amando o momento que estou vivendo.

PRECISAMOS FALAR SOBRE O SUICÍDIO

4/08/2015
Embora o suicídio seja hoje, no Brasil e no mundo, um problema concreto de saúde pública, pouco ou quase nada é publicado na imprensa sobre o assunto no dia a dia. Como uma das máximas da era da informação é a tese de que, se algum fato ocorreu mas não se tornou notícia, então não aconteceu, exageros à parte é mais ou menos assim o que acontece com as dezenas de casos de suicídio que ocorrem no Brasil diariamente. Coisa rara na imprensa é notícia sobre suicídio e suicidas. A não ser quando se trata de alguém famoso ou quando o suicídio vai além da morte de quem o cometeu, como é o caso da tragédia com o Airbus 320 da Germanwings, cujo copiloto, Andreas Lubitz, suicidou-se usando o avião que pilotava e levou à morte mais 149 pessoas. O fato obrigou a imprensa a fazer o que ela não quer, não pode e não deixam: falar sobre suicídio. 

A primeira recomendação ética para que os casos de suicídios sejam evitados pelos jornalistas é de natureza médica. Há uma orientação internacional da Organização Mundial de saúde recomendando à imprensa todo o cuidado do mundo ao abordar suicídio, sob o seguinte argumento: diante de uma notícia sobre uma morte dessa natureza, as pessoas com ideações suicidas sentem-se encorajadas a repetir o gesto.

Uma segunda razão forte para a imprensa não noticiar mortes por suicídio é o critério de não interesse público na morte de uma pessoa que, tragicamente, decidiu interromper a própria vida. Ou seja, o interesse de um episódio dessa natureza diz respeito tão somente à própria família, cuja dor e luto em nada se relacionam com a opinião pública. Esse critério desaparece, por exemplo, quando se trata dos famosos ou quando o suicídio em si traz consequência para a vida de terceiros, como nos casos em que as pessoas atiram-se de prédios e viadutos e causam a morte ou ferimentos graves de/em quem passava pela via pública naquele instante. O pressuposto de que o suicídio é algo intrinsecamente da ordem da vida privada da vítima e da família faz com que não sejam raros os casos de processos judiciais movidos por familiares contra veículos de comunicação que desafiam essa norma implícita. 

FORA DA CURVA 

Quem tem amigos pouco sensíveis no whatsapp e não recebeu nos últimos meses vídeos de suicídios recentes em Salvador? Desses, raríssimos apareceram na imprensa e aqueles que fugiram à regra receberam tratamento eufemístico. No entanto, apesar dos raros casos noticiados e da forma eufemística como são narrados (“mulher morre ao cair do 20º andar”), fora do mundo das notícias os índices de suicídio no Brasil são assustadores. Hoje, no país, cerca de 30 pessoas suicidam-se por dia. E o contexto é ainda mais alarmante: para cada morte há entre 10 e 20 casos de tentativas mal sucedidas, além de a taxa de mortes por suicídio de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos ter crescido 40% nos últimos e 33% entre 15 e 19 anos.

Independentemente dos tabus que norteiam os limites do noticiamento do suicídio, é preciso encontrar um modo de reduzir o sofrimento de suicidas em potenciais que dão sinais às suas famílias de não estarem suportando o peso de suas próprias vidas, antes que seus planos sejam concretizados. O caso Andreas Lubitz é um ponto fora da curva, pois se há coisa rara, segundo os especialistas, é um suicida clássico levar em conta, na hora de tomar sua decisão, a morte concreta do outro. Mas não deixa de ser uma brecha e tanto para enfrentar um problema de saúde e um tabu que pode, nesse instante, estar pairando silenciosamente sobre milhões de famílias, algumas delas bem mais perto do que se imagina.
Jornalista e professora da Ufba

VIVER É MELHOR

4/07/2015

De vez em quando, surge alguém a falar sobre o suicídio, como se ele fosse uma glória, a do desaparecimento das dores e das perturbações da vida.

No entanto, isso é um grande engano, no qual ninguém deve precipitar-se, porquanto todo aquele que procurar no fim da existência humana o esquecimento de tudo encontrará o supremo despertar da inteligência flagrada em delito, porque, buscando o fim, achará vida e suas cobranças acerca do que o suicida terá feito com ela.

A morte não é o término da existência humana. Como dizia o saudoso Proclamador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, Alziro Zarur (1914-1979), “ela não existe em nenhum ponto do Universo”.

Realmente, porque nem o cadáver está morto. Ao desfazer-se, libera bilhões de formas minúsculas que vão gerar outras maneiras de existir.

Você não acredita? Tem todo o direito. Mas se for verídico?! Premie-se, minha amiga, meu amigo, com o direito à dúvida, base do discurso científico, que, na perquirição incessante, continua rasgando estradas novas para a Humanidade.

Pense no fato de que, se o que afirmamos aqui for realidade, Você encontrar-se-á, após um pseudoato libertário (o suicídio), terrivelmente agrilhoado (ou agrilhoada). Achar-se-á em uma situação para a qual, de jeito algum, estava preparado (ou preparada). Para quem apelar se, de início, afastou de si todos os entes queridos e alegrias que teimava em não ver?! Naquele momento, tardiamente, gostaria de voltar a enxergá-los. E, somente à custa de muitas orações, que Você, talvez, jamais, ou raras vezes, tenha proferido na Terra, perceberá, num gesto de humildade, uma luz que se lhe acendam nas trevas. Apenas desse modo poderá reencetar, depois de muitas dores, cobradas por seu próprio Espírito, uma caminhada que se terá tornado mais áspera.

Como se diz, na Religião Divina, “o suicídio não resolve as angústias de ninguém”; portanto, nem as suas.

Meu Irmão, minha Irmã, a Vida continua sempre, e lutar por ela vale a pena. Por pior que seja a escuridão da noite, o Sol nascerá, trazendo claridade aos corações.

Ainda mais, se passarmos os olhos pelo redor do nosso dia a dia, veremos que existem aqueles, seres humanos e até mesmo animais, em situação mais dolorosa, precisando que lhes seja estendida mão amiga. Não devemos perder a oportunidade de ajudar. Àquele que auxilia não faltará nunca o amparo bendito que lhe possa curar as feridas.

Viver é melhor!

QUANDO ME DISSERAM QUE ELE DESISTIU

7/14/2013
Imagem : sxc.hu
Quando me disseram que ele desistiu, eu pensei, "que seja". Não se pode fazer muita coisa senão dar de ombros numa situação como essa. Apesar do que dizem, a derrota, assim como a vitória, só podem encontrar sua verdadeira dimensão dentro do derrotado ou do vitorioso, e nós de fora somos pálidos espectadores, por mais que nos solidarizemos. Dor e alegria são muito pessoais; por mais que tentemos sinceramente, só conseguimos arranhar a superfície. E ele desistiu, me falaram, e muito pouco podia ser feito disso.

Naturalmente, eu precisava refletir a respeito. Até mesmo desci e fui pra rua e, como fazia sol, perambulei pelo calçadão à beira-mar. E me coloquei a pensar sobre o que significa, precisamente, desistir nesse contexto. Faria sentido dizer que o detento que foge da penitenciária "desistiu" da cadeia? Que o faminto, ao comer, "desistiu" da fome, ou que o doente, ao se medicar, "desistiu" da doença? Porque a questão é simplesmente esta: o que nos obriga a algo se, decididamente, não há motivo plausível para tal? Desistir me parece uma palavra muito equivocada. O errado, ao contrário, está em insistir, na cadeia, na fome, na doença.

Há que deixar a natureza fazer seu trabalho, a natureza, que engloba esse mar e esse sol. Mas a natureza nos deu livre-arbítrio, que é conspurcado pela culpa e toda castração que a religião nos deixou. Uma vez saciados, pedimos a conta: é de uma simplicidade tal que talvez choque. Mas por que continuar no jogo, se já não há prazer no jogar? Se as fichas já acabaram e a banca levou tudo? Talvez o segredo esteja em ter esperança de que a maré se reverterá na próxima rodada. Mas a vida escoa enquanto aguardamos o golpe de sorte que não vem.

Dito isso, de olhar o mar e o sol, me dei por satisfeito. Voltei ao cotidiano, mas não gostaria, jamais, que dissessem de meu amigo que se tratava de um covarde, por ter desistido. Não direi que, ao contrário, covarde seja quem insiste. Não chego a tanto. Mas me parece óbvio que encostar o aço frio na própria têmpora não é, decididamente, coisa para fracos.

A partir do Blog Escrita Vulgar. Leia no original

SUICÍDIO : REFLEXÕES

4/11/2013
Era sábado de manhã, eu estava em um hotel fazenda dando conta do calendário de férias escolares, e na véspera tinha me divertido com "Uma coisa supostamente divertida que eu nunca mais vou fazer", ensaio/reportagem de David Foster Wallace sobre sua experiência em um cruzeiro de luxo no Caribe. Me divertindo em termos. Cada vez que ele fazia uma de suas digressões geniais, me flagrava pensando: que raiva desse sujeito. Como assim ele não vai mais escrever essas coisas, nunca mais, com tanto mundo para ser escrito, tanta vida disponível para ser vivida? Que raiva. 

Pois naquele sábado, na varanda que desabava por cima de um jardim impecável, salpicado de flores e cercado por colinas verdes sobrepostas no horizonte, eu já estava lendo outro texto do livro Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo. Não tinha me detido tanto (ainda) no título do livro, uma frase retirada de outro ensaio sobre uma feira agrícola e que parecia referir-se ao fato de os moradores do meio-oeste rural americano já viverem "meio que Longe o tempo todo". Avançava para o final do livro em outro texto. Lembro de estar degustando o momento, um daqueles em que o tempo escorre devagar o suficiente para se perceber o privilégio de estar atento ao tempo presente. 

Wallace falava sobre a importância de estar atento. Atento e forte, acrescentei caetana e mentalmente. Eu estava lendo "Isto é água", discurso de paraninfo no Kenyon College que depois descobri ser cultuado na internet, com direito a áudio e tudo. Venerar David Foster Wallace, de certa forma, ganha sentido no discurso:

"Não existe isso de não venerar. Todo mundo venera. Nossa única escolha é o que venerar. E se existe uma ótima razão para talvez venerar algum tipo de deus ou coisa espiritual - seja Jesus Cristo ou Alá, YHWH ou uma deusa-mãe wiccan, as Quatro Verdades Nobres ou algum conjunto inviolável de princípios éticos - é que provavelmente todas as outras coisas vão devorar vocês vivos. Quem venerar o dinheiro e os bens materiais, quem buscar neles o sentido da vida, nunca terá o suficiente. Nunca terá a sensação de que tem o suficiente. É a verdade. Quem venerar o próprio corpo, beleza e encanto sexual sempre vai se achar feio, e quando o tempo e a idade começarem a deixar marcas morrerá um milhão de mortes antes de finalmente ser enterrado por alguém. (...) Quem venerar o intelecto, ser visto como inteligente, vai acabar se sentindo burro, uma fraude na iminência de ser desmascarada. E por aí vai.

"Essas formas de venerar são traiçoeiras não por serem malignas ou pecaminosas, mas por serem inconscientes. São configurações padrão. É o tipo de veneração pelo qual nos deixamos levar gradualmente, dia após dia, e que nos torna cada vez seletivos em relação ao que vemos e a como atribuímos valor às coisas, sem jamais termos plena consciência do que é isso que estamos fazendo. E o suposto 'mundo real' nunca desencorajará vocês de operarem nas configurações padrão, porque o suposto 'mundo real' dos homens, do dinheiro e do poder avança tranquilamente movido pelo medo, pelo desprezo, pela frustração, pela ânsia e pela veneração do ego."

Eu estava dialogando com Wallace, claro. Não sou de venerar (pelo menos de forma consciente), tenho dificuldade em manter ídolos e me sentia atraída pela possibilidade de tê-lo como objeto de veneração, para ajudar na minha luta contra a configuração padrão. Caramba, como me identifiquei com aquilo. Só que eu chamava de luta contra os lugares comuns e as verdades cristalizadas. Sim, é preciso questionar tudo, o tempo todo, estar atento e forte... Mas a vigilância cansa. "Atento e forte" pode ter se tornado um clichê? O fato de eu grudar uma palavra na outra me acendeu uma luz interna amarela. Mas Wallace diz para mim que muitos clichês são também grandes verdades. Por exemplo: o velho clichê segundo o qual "a mente é uma excelente empregada, mas uma péssima patroa": 

"Esse clichê, que como tantos outros é tolo e banal na superfície, no fundo expressa uma grande e terrível verdade. Não há um pingo de coincidência no fato de que a maioria dos adultos que cometem suicídio com armas de fogo faz isso com um tiro na... cabeça. E a verdade é que muitos suicidas já estão mortos muito antes de puxar o gatilho."

Para tudo. Não, eu não tinha parado para pensar na forma como Wallace se suicidou em 2008, enforcado, três anos, três meses e vinte dias depois deste discurso. É que havia chegado, finalmente, o jornal de sábado. Como eu o solicitara na portaria, o funcionário apressado acabara de me entregá-lo. Na capa, a morte do ator Walmor Chagas. 

*  *  *
O problema do suicídio é não ter parte 2 - pelo menos é nisso que acredito. Então o escritor David Foster Wallace, o ator Walmor Chagas e o programador Aaron Swartz não nos darão explicações para suas decisões. Como o suicídio é um tabu dentro de outro maior ainda, que é a morte (há quem defenda que a morte tomou o lugar do sexo no ranking de tabus da modernidade), simplesmente temos dificuldades em pensar nele. No mínimo, não estamos acostumados. 

Por muito tempo o suicídio sequer era noticiado na imprensa brasileira, e o primeiro a falar disso, se não me engano, foi o jornalista Arthur Dapieve, que escreveu o livro Morreu na contramão - o suicídio como notícia. Eu mesma, em redação de jornal, lembro de ter ouvido: não "damos" suicídios. Tabus são assim, e quem os estuda sabe como essas frases lacônicas silenciam tudo. 

Mas os tempos já são outros, são os tempos da internet, e o fato é que os três suicídios foram considerados notícia, receberam ampla cobertura, e, para mim, de certa forma coincidiram: soube das mortes de Walmor e de Aaron na época em que estava lendo Wallace. Ou melhor, enquanto estava descobrindo o escritor americano e percebendo em sua escrita uma espécie de compromisso com o futuro, uma pregação sobre a importância de se estar atento a tudo - principalmente a si próprio - para poder fazer escolhas verdadeiras.

Tradutor do primeiro romance de Wallace que será lançado no Brasil, Caetano Galindo reconheceu que pode ser "inescapável" entender o escritor a partir de sua depressão e seu suicídio. (Ah, sim: como tantos suicídios, o de Wallace costuma ser "explicado" pela convivência com a depressão e pelas dificuldades com a medicação.) Em entrevista a Francisco Quinteiro Pires, Galindo parece lamentar: "Ficou a sombra de que a morte dele representava uma confissão do fracasso da missão enorme que tinha se imposto".

Ao se matar, Wallace não teve oportunidade, por exemplo, de escrever algo sobre o fenômeno Facebook - embora parecesse bastante visionário sobre os impactos das tecnologias no comportamento humano. Depois de ler seus ensaios, me flagrei tentando reproduzir o seu olhar para pensar as redes sociais. Ou melhor, em como 'nós' agimos nas redes sociais (e ele colocaria a palavra 'nós' em destaque). Por que andamos tão pouco questionadores sobre tanta coisa? Será que os leitores de Wallace, após a sua morte, consideraram a missão pesada demais? 

Impossível não relacionar isso tudo, também, ao suicídio de Aaron Swartz, um dos criadores do RSS e fundadores do Reddit. Como Wallace, o programador americano tinha uma mente privilegiada, talento de sobra e a mania de questionar tudo sobre todos. Seu questionamento incessante o levou a ser um ativista na internet e usar a própria genialidade como hacker, em prol do livre acesso ao conhecimento. Parecia ter uma missão, uma missão que talvez tenha pesado demais - estava sendo pressionado e processado. Enforcou-se, aos 26 anos. 

Um diagnóstico de depressão também acompanhava Aaron, e realmente seria muito confortável para todos nós que suicídios sempre tivessem como "explicação" uma patologia. De preferência uma patologia com cura possível: fulano se matou porque não tomou o remédio. 

Como diria Wallace, individualmente somos serzinhos egoístas, que transpomos para nosso universo pessoal toda e qualquer experiência alheia. É o nosso ponto de vista e são os nossos interesses que imperam, porque não conseguimos de fato 'estar' no lugar do outro. E, para nosso conforto pessoal, buscar explicações fáceis para as mortes dos outros nos desobriga a pensar em nossa própria morte. Ou, mais provavelmente, nos desobriga a pensar em nossa própria existência.

E foi por esse motivo que, numa manhã de sábado, uma semana depois do suicídio de Aaron, quando eu estava lendo Wallace e soube da morte de Walmor Chagas, parei tudo para buscar uma explicação. Walmor era um ator genial. O obituário exaltava isso, e mesmo quem não teve oportunidade de constatá-lo pessoalmente podia percebê-lo por sua postura e conduta (vale a pena rever sua entrevista ao programa Starte, da Globo News). Sabe qual foi o nome da última peça que ele encenou, em 2005? Um homem indignado, de sua autoria.

Se pensar na morte como opção é difícil porque também temos que pensar na vida como uma opção, e no que devemos fazer com toda uma existência sem sentido, naturalmente a explicação fácil nos conforta. Walmor, eu leria, estava deprimido. Isolado há anos em um sítio, reclamava das limitações físicas da velhice. A pior delas, a dificuldade para ler - uma de suas últimas paixões - teria sido a gota d'água. Então era isso: Walmor Chagas se matara com um tiro de revólver calibre 38 na cabeça porque estava cego. E ainda dava para subtrair uma mensagem edificante de seu ato final: é mesmo terrível não poder ler, e viva a literatura.

Mas não era possível ignorar que havia, já em 2005, um homem indignado com a mediocridade reinante, um homem que não estava cego e tinha sete anos a menos que os 82 com que se mataria. Como já deve ter ficado claro, eu resistia em pensar que pessoas admiráveis só se mataram por uma contingência física ou um desequilíbrio químico no cérebro. Só que, ao rejeitar a justificativa da depressão para os suicídios, eu acabava caindo numa outra tentativa de "explicar a morte": eram pessoas geniais, e com uma consciência exacerbada, que queriam mas não conseguiam mudar o mundo. 

No fundo, tratava-se apenas de uma hipótese formulada por um serzinho egoísta, ávido por justificar as inquietações de sua própria existência... Pelo menos o suicídio está deixando de ser tabu, e estamos falando e pensando nele ele aqui, agora.
Marta Barcellos 
A partir do Digestivo Cultural. Leia no original

ACREDITO EM DEUS, MAS NÃO QUERO MAIS VIVER

4/07/2013
Tenho 21 anos, sou cristã, acredito muito em Deus e no evangelho. Mas não quero mais viver... não vejo sentido para isso, não sou feliz porque algo me falta, morro todos os dias um pouco e estou oca por dentro. De uns 2 meses a 3 meses para cá, eu vivo entre altos e baixos, e não sei como controlar as minhas crises. Hoje foi um dos dias mais difíceis pra mim...

Acho que chorei umas 2 horas seguidas dentro do carro no meio da rua, pensei em me internar em um hospital de 'doido'que tem perto da minha casa pensei em todas as formas que eu poderia me matar. 
Desde q começou essa fase da minha vida, eu comecei a ter vontade de me suicidar...mas hoje foi bem mais crítico, pensei em me enfocar, cortar a jugular, jogar o carro num barranco, me jogar de um viaduto... enfim...

Sei que não tenho motivos para viver dessa forma porque tenho uma família maravilhosa.Mas algo me falta. Nunca tive uma vida 'normal', porque minha mãe morreu quando eu era criança, e desde então eu tive que crescer e ser forte pra tudo na minha vida. Mas com o tempo a gente vai cansando de ser forte, cansando de ser surrado pela vida e pelas circunstâncias, as vezes me sinto mais mãe do meu pai do que filha. Para falar a verdade, acho que fui filha por pouco tempo.

Desde que minha irmã casou, sou eu que cuido da casa...e as vezes me sinto sobrecarregada de responsabilidade, porque não tenho ninguém para me ajudar com nada. 

AS vezes converso com minhas amigas sobre isso,converso com minha irmã,meu namorado, mas acredito que só a minha irmã que realmente entende, porque ela passou por tudo que estou passando...ela quase se suicidou na minha frente quando eu era criança ( Hoje ela está curada).

Não tenho forças para mais nada...nem orar eu consigo, meu namoro mal começou e já está por um fio porque ele não consegue se adaptar as crises. Fico muito triste, porque ele disse que não consigo fazê-lo feliz.Me sinto incompetente, fraca, medíocre... um lixo.

Tento ficar feliz...ser mais tranquila e maleável...mas parece que uma gota vira um oceano, e ele disse que não dá mais conta.

Já não sei o que eu faço da minha vida...só tenho vontade de ficar em casa..mas infelizmente tenho q me arrastar para o trabalho e para faculdade que termino daqui 3 meses.

Não tenho mais vontade de nada...só de morrer. Antes o medo do inferno me 'segurava' para não fazer nada contra minha própria vida, mas hoje parece que nem isso importa mais.

Sei que todos que entram nesse site estão passando por algo parecido, mas honestamente eu tenho a esperança que alguém possa ler isso e me ajude, porque sei que estou no fundo do poço. E que preciso de ajuda. Não sei o que eu tenho...nem sei se é depressão..transtorno bipolar...ou apenas uma fase.
To confusa.

Mas ainda assim quero que o Senhor me leve. Essa é a única oração q eu tenho feito. Quem pode me ajudar ...

SENCIÊNCIA VERSUS CONSCIÊNCIA

3/26/2013
Imagem por alexandre_vieira
Cansados da vida por esta já ter sido demasiado preenchida de emoções e acontecimentos marcantes, talvez comparáveis a uma vida demasiado longa... isso nos dá essa sensação, de nos sentirmos demasiados velhos para a idade que temos, o peso no nosso interior parece cada vez maior e mais denso.

Em astronomia os buracos negros são considerados como os objectos cósmicos mais pesados e densos. Parece que é isso que está a acontecer no nosso interior, um vazio cada vez mais pesado e denso, e que se todo esse interior for libertado cá para fora vai destruir os que nos rodeiam, tamanha é a nossa dor e o nosso sofrimento... esse abismo é alimentado por nós a cada dia que passa por ser mais forte que nós, porque por fora nos sentimos cada vez mais transparentes, a nossa identidade a ser sugada para esse interior voraz.

Pensar na nossa longevidade, refletindo sobre o que até agora foi suportado, parece que o fim da nossa existência está tão longe de nós como a eternidade.

Por tudo isso é compreensível querer antecipar o fim da nossa vida, para deixarmos de alimentar esse nosso interior que está sugando tudo.

Admito, não consigo segurar o meu próprio buraco negro, é mais forte que eu em muitas ocasiões, destrói-me de dentro para fora, e mais facilmente atrai o negativo do nosso exterior não me deixando apreciar o que me rodeia com a atenção e a perspectiva merecida...

A minha solução? Desligo-me do que é exterior a mim, enfrento o meu próprio abismo como se ele fosse o meu oposto e me alimento dele. Não somos culpados por ter esse buraco dentro de nós, o mundo assim nos criou, nos prometendo e  fingindo felicidade, nesta vida e em outras existências... devíamos ter aprendido desde pequenos que o sofrimento faz parte da nossa natureza humana, enquanto criaturas sencientes. Essa é a nossa dávida e a nossa maldição enquanto criaturas...

Charles Darwin disse: "Não existe nenhuma diferença fundamental entre o ser humano e os animais superiores em termos de faculdades mentais. A diferença entre a mente de um ser humano e de um animal superior é certamente em grau e não em tipo". São sencientes, tem sentimentos, dor, medo, e querem preservar suas vidas tanto quanto nós humanos. (in dicionarioinformal.com.br)

Sensciência é a "capacidade de sofrer ou sentir prazer e felicidade".

Mas temos uma vantagem sobre as outras criaturas: a nossa consciência.

Então enfrento esse meu abismo interior, não mais viro as costas para "ele", fico de frente para ele, fecho os olhos e observo-o intensamente, e aprendi a me alimentar dele... o negativo se torna positivo, porque estou consciente que não o quero mais alimentar nem me deixar ser consumido por ele, apenas com a minha perseverança, insistência, determinação.

Depois de enfrentar esse nosso interior, o que está cá fora, aqueles pequenos pormenores que nos provocavam tão facilmente, deixam de ser assim tão relevantes, nos tornamos neutros porque estamos em equilíbrio, não há mais negativo nem positivo, deixamos de ter duas naturezas dentro de nós e passamos a ser um só...

Gostaria de ter aprendido isso em pequeno para não pensar que andei este todo tempo a sofrer pensando que um dia poderia ser feliz quando esse sofrimento terminasse, me alimentar de esperanças supérfluas e inventadas pelos outros, me deixar iludir... e apenas aceitar que a senciência faz parte de nós, a nossa consciência é que tem de se adaptar a ela.
सचेतन
A partir da Comunidade Q.M. 

A PERDA DE MIM MESMO

3/21/2013
Efeitos da personalidade egóica
"É pela segunda vez que venho postar neste espaço. Como da outra vez me sinto muito mal. E para piorar o céu está muito nublado e isso contribui (e muito!) para que eu me se esconda no meio dessas negras nuvens.

Há cerca de dez dias me separei de minha namorada. Estávamos juntos há quase dois anos. No começo, o relacionamento estava super bem, nos amávamos intensamente, transavamos de forma louca, fazíamos muitas coisas legais juntos, ela, eu e nossos filhos. Mas como, muita das vezes, como é de se esperar, veio o declínio juntamente com sua obsessão e neuroses. 

Chegou ao ponto em que não estava entendendo mais nada. Muitas brigas, desconfianças, acusações, cobranças, idas e voltas etc. Por fim nos separamos! O mais intrigante é que desta vez nem conversamos sobre nossa separação, simplesmente cada um foi para seu lado sem falar nada. 

Sabe por mais que não estivéssemos bem sempre tive otimismo e achei que poderíamos chegar à paz, pois também sei que no fundo eu a amo e também sei que é recíproco. Mas devido nossa falha egóica, de não suportar a dor da frustração, silenciosamente, nos separamos. 

Mas na minha vida sempre foi assim. Muitas perdas significantes tive, inclusive a perda de mim mesmo. Tenho a sensação de estar em um eterno labirinto onde passo, repasso e nunca transpasso; vou e volto e nunca encontro a saída. O meu grito é silencioso no qual não quero que ninguém o ouça, inclusive eu; a minha carapaça existencial é de tal resistência que muitas vezes desconheço minha existência. Já que não existo, logo não penso, logo estou morto! 

Obrigado por deixar compartilhar minha dor." 
Anônimo
Depoimento em Suicídio : Frases
 
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