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DEPRESSÃO: USP TESTA TRATAMENTO COM CHOQUE

3/06/2013
Pesquisadores da USP testam uma alternativa indolor, de baixo custo e com poucos efeitos colaterais para o tratamento da depressão. Trata-se da estimulação com corrente elétrica contínua. E, ao que indica um estudo publicado pelo grupo no "Jama Psychiatry", revista da Associação Médica Americana, a técnica é eficaz.

Na pesquisa, 120 pessoas com depressão foram divididas em grupos para avaliar a eficácia da técnica, do antidepressivo sertralina (um inibidor da recaptação da serotonina) e da combinação dos dois tratamentos. Drogas e estimulação tiveram resultados similares e, juntas, um resultado ainda melhor. Entre os que usaram as terapias combinadas, 63% tiveram alguma melhora. Desses, 46% tiveram remissão, ou seja, a ausência completa de sintomas.

Segundo André Brunoni, psiquiatra do Hospital Universitário da USP e principal autor da pesquisa, esse é o primeiro estudo a comparar o tratamento com antidepressivos e a combiná-los. A explicação para o sucesso dessa soma ainda precisa ser confirmada por exames de imagem, mas os pesquisadores imaginam que a estimulação e o remédio atuem em diferentes regiões do cérebro ligadas à depressão. A técnica, ainda experimental, tem poucos efeitos colaterais (no estudo, foram observados vermelhidão na área da cabeça onde os eletrodos foram posicionados e sete episódios de mania) e custo relativamente baixo.

O aparelho é simples de ser fabricado, pode ser portátil e custa de R$ 500 a R$ 1.000, segundo Brunoni. Um aparelho de estimulação magnética transcraniana (técnica de neuromodulação não invasiva mais estudada e que recebeu o aval para depressão no Brasil em 2012) chega a custar de US$ 30 mil a US$ 50 mil (R$ 59 mil a R$ 119 mil).

Convincente

A estimulação por corrente contínua não é novidade --pesquisas em humanos para depressão e esquizofrenia são feitas desde a década de 1960. Os estudos foram retomados a partir de 1990, mas a quantidade é pequena. "Até esse estudo da USP, os resultados desse tipo de estimulação não eram muito convincentes. Talvez isso se modifique agora", afirma Marcelo Berlim, professor assistente do departamento de psiquiatria da Universidade McGill, em Montréal, Canadá, e diretor da clínica de neuromodulação da instituição.

"É um avanço importante, mas não significa que vamos usar amanhã na prática clínica. Precisamos de mais estudos", diz Brunoni. Berlim afirma que um dos entraves para que sejam feitas pesquisas maiores para a aprovação da técnica é a falta de investimento de grandes fabricantes do aparelho. "Como ele é simples e barato, não há interesse por parte da indústria em desenvolver pesquisas de milhões de dólares", afirma o psiquiatra.

Eletrochoque

Bobinas e eletrodos na cabeça não são exclusividade da estimulação elétrica por corrente contínua. Duas técnicas similares, que têm em comum a ausência de medicação, são usadas e aprovadas para depressão no país. A eletroconvulsoterapia, conhecida como eletrochoque, é a mais invasiva. O paciente recebe anestesia geral, e os eletrodos induzem uma corrente elétrica no cérebro que provoca a convulsão, alterando os níveis de neurotransmissores e neuromoduladores, como a serotonina.

Ela é indicada para depressão profunda e em situações em que o paciente não responde aos medicamentos. Seus efeitos cognitivos, porém, são indesejáveis e incluem perda de memória. Os defensores da técnica dizem que o problema é temporário.

Já a estimulação magnética é indolor e não requer anestesia, assim como a que usa corrente contínua. Uma bobina, que é apoiada na cabeça do paciente, gera um campo magnético que afeta os neurônios, ativando-os ou inibindo-os. As ondas penetram cerca de 2 cm.

Em maio de 2012, o CFM (Conselho Federal de Medicina) aprovou a técnica para tratamento de depressões uni e bipolar (que pode causar oscilações de humor) e de alucinações auditivas em esquizofrenia e para planejamento de neurocirurgia. O IPq (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP), centro pioneiro em pesquisas com estimulação magnética no país, estuda a aplicação para depressão desde 1999. "A estimulação por corrente contínua está hoje onde a estimulação magnética estava há 15 anos", afirma o psiquiatra André Brunoni.
A partir da Folha de S.Paulo. Leia no original

ESTUDO DIZ QUE INSÔNIA PODE LEVAR AO SUICÍDIO

2/22/2013
Imagem por It's Fucktastic
Estudo da Universidade de Geórgia Regents, nos Estados Unidos, e publicado pela revista Journal of Clinical Sleep Medicine confirma a relação entre a insônia e pensamentos suicidas. A constatação sugere que avaliação específica e o tratamento de problemas de sono concretos podem reduzir o risco de que pessoas com sintomas depressivos decidam tirar a própria vida.

Segundo o autor principal do estudo, W. Vaugh McCall, a insônia e os pesadelos, que são comumente confundidos entre si e andam lado a lado, são fatores de risco para o suicídio. Contudo, até agora era desconhecida a maneira como eles contribuíam para o comportamento.

O estudo empregou provas psicométricas para avaliar objetivamente o estado mental de 50 pacientes com depressão que recebiam tratamento hospitalizado, ambulatorial ou em serviços e urgência. Os participantes tinham entre 20 e 84 anos de idade. 72% deles eram mulheres e 56% haviam tentado se suicidar ao menos uma vez antes.

Os resultados apontaram que os participantes tinham um grau moderado dos sintomas da insônia, medido com base no Índice de Severidade de Insônia. E embora a desesperança se relacione com as ideias suicidas, não apareceu significativamente ligada à insônia, às crenças disfuncionais ou aos pesadelos. Porém, as três variáveis do sono se correlacionaram com pensamentos suicidas.

O que os pesquisadores detectaram foi que quando a insônia e os pensamentos suicidas eram considerados isoladamente, a insônia foi, como era esperado, um preditor do pensamento suicida. “O resultado é que a insônia pode conduzir a um tipo muito específico de desespero e desesperança por si mesmo, o que é um poderoso preditor do suicídio”, conclui McCall.

De acordo com os autores, o estudo sugere que os pesadelos e as crenças e atitudes disfuncionais sobre o sono podem representar novas metas para a prevenção do suicídio.
A partir do site Universia Brasil. Leia no original

MORTE DE ATOR ALERTA PARA DEPRESSÃO NA VELHICE

2/08/2013
  • Fernando Donasci/Folha Imagem 27.março.2006
    Walmor Chagas estrelou estrelou novelas como "Os Mutantes", "Selva de Pedra" e "Salsa e Merengue"
    Walmor Chagas estrelou estrelou novelas como "Os Mutantes", "Selva de Pedra" e "Salsa e Merengue"
suicídio do ator, diretor e produtor Walmor Chagas, no dia 18 de janeiro, trouxe à tona um assunto espinhoso, mas de suma importância: a depressão na terceira idade. Aos 82 anos, Walmor vivia praticamente isolado em um sítio no interior de São Paulo. Enxergava mal, tinha dificuldades para andar, se alimentava pouco e contava frequentemente com a ajuda de empregados para executar tarefas cotidianas. Um de seus amigos disse à imprensa que o artista teria comentado que desejaria partir, caso se tornasse uma pessoa dependente.

As limitações típicas da velhice são o principal detonador dos casos de depressão entre idosos, conforme pesquisas da psicóloga Denise Pará Diniz, coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "O sistema imunológico, a visão e a capacidade motora e de locomoção ficam comprometidos. Em alguns casos, a pessoa requer auxílio até para fazer a própria higiene. É uma fase de difícil aceitação, e há quem jamais a aceite", afirma a especialista.

Outros fatores que devem ser levados em consideração são o isolamento social e o sentimento de inutilidade, em geral decorrentes da ausência do mercado de trabalho.

"Hoje em dia, a maioria das famílias não tem tempo ou estrutura para cuidar dos idosos. Todos têm de trabalhar e os deixam sós. A solidão, a falta de dinheiro e a dependência entristecem", explica Sônia Fuentes, psicóloga com especialização em geriatria e mestre em Gerontologia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). "E mesmo em circunstâncias em que as condições monetárias são boas, há casos em que a depressão e as limitações os atrapalham, impedindo-os de fazer suas escolhas e tornando-os apáticos demais".

Relembre personagens e imagens da carreira de Walmor Chagas




Foto 7 de 48 - 1965 - Walmor Chagas faz sua estreia no cinema no filme "São Paulo S.A.". No filme, o ator foi dirigido por Luís Sérgio Person e teve seu primeiro encontro com a atriz Eva Wilma, de quem se tornou amigo próximo. A atuação de Walmor no longa lhe rendeu elogios do cineasta espanhol Luis Buñuel Mais Divulgação/Folhapress
A perda de parceiros e amigos de toda uma vida pode contribuir para o surgimento da depressão. "Quando morre alguém querido, morre também uma parte sua. Para um idoso isso é ainda mais grave, porque ele sabe que foi embora um pedaço de sua vida que nunca mais vai poder viver de novo", declara Denise Diniz.

De acordo com o cardiologista Thiago Marchini Naves, diretor-administrativo da Casa Vita – Moradia Assistida para Idosos, em São Paulo, a depressão ainda costuma surgir associada a doenças de grande incidência na terceira idade, como pressão alta, diabetes, infarto, artrose, derrame e câncer. Certos remédios também podem provocar quadros depressivos.


Sinais de alerta

Boa parte dos sintomas é a mesma dos casos de depressão em qualquer faixa etária: distúrbios do sono e do apetite, fadiga, tristeza, choro, dificuldade de concentração e memória falha. O que define a doença é a intensidade e a frequência desses sinais. Mas os idosos, de acordo com a psicóloga Denise Diniz, costumam se entregar com mais facilidade.

"Os idosos têm sentimentos de culpa e inutilidade. Dificilmente vão falar abertamente que querem morrer, porém começam a usar frases como ‘Seria melhor seu eu desaparecesse’, ‘Não queria dar tanto trabalho’, ‘Velho não serve para nada’ etc. A desesperança revelada por essas palavras é um caminho perigoso rumo ao suicídio", diz a médica.

Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) apontam que as taxas de suicídio é maior entre os homens. "As mulheres também sofrem com os problemas típicos da velhice, claro, mas costumam encarar a vida com mais realismo e menos passividade, talvez porque tenham uma noção mais nítida da mortalidade e se cuidem mais, sob os pontos de vista estético e da saúde", afirma Thiago Naves.
 


Velhice feliz

A maneira com que cada pessoa investe na qualidade de vida ao longo dos anos tem tudo a ver com o que vai colher na terceira idade, obviamente. Racionalmente, o que você faz hoje repercutirá no futuro, mas nem sempre as coisas saem conforme o planejado. E apesar do aumento da longevidade e dos avanços tecnológicos ninguém pode nem deve contar com a garantia de que chegará aos 90, 100 anos, com saúde e vigor.

Além dos medicamentos específicos e das sessões de psicoterapia, para enfrentar a depressão é preciso coragem, motivação e vontade de se adaptar às necessidades de mais uma fase do desenvolvimento humano. A família e os amigos têm papel fundamental para ajudar o idoso a atravessar a doença, mas ele também tem de encontrar os próprios mecanismos de defesa e procurar se manter ativo.

Seja na companhia de parentes, amigos ou em centros de convivência, é fundamental não descuidar da socialização e cultivar algum hobby. Se existe algum tipo de limitação, vale procurar outras formas de atividade. Quem sempre adorou ler ou escrever, por exemplo, mas agora tem a visão debilitada, pode gravar suas memórias ou narrá-las para alguém.

Lembrar acontecimentos antigos e contar histórias para a nova geração são atitudes importantes, porém, o idoso não deve ficar preso somente ao passado. "Ter objetivos é fundamental para ter disposição e mandar bem longe a impressão de que o tempo está acabando", diz a psicóloga Denise Diniz. 
A partir do UOL. Leia no original

SUICÍDIO NO BRASIL AFETA MAIS HOMENS E IDOSOS

2/06/2013
Imagem por hummyhummy
No Brasil, cerca de 9.000 pessoas se suicidam por ano – o que dá uma média de 24 casos por dia. Essas mortes trazem ainda outras vítimas e estatísticas: cada uma delas causa transtornos e consequências emocionais em pelo menos cinco pessoas. De acordo com especialistas consultados pelo R7, discutir o assunto e conhecer os fatores de risco são essenciais para prevenir novos casos.

Esses dados, que são considerados subestimados pelo Ministério da Saúde e pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), colocam o país entre os dez primeiros do mundo em números absolutos. Apesar disso, a taxa brasileira de suicídios, que mede o número de mortes a cada 100 mil habitantes, é considerada baixa se comparada a outros países. Se aqui esse índice é de 4,5, em países como Ucrânia e Rússia chega a passar de 30.

A taxa brasileira, no entanto, esconde variações significativas. Entre as mulheres, a taxa oficial é de 1,9. Já entre os homens é de 7,1. Com relação à faixa etária, o grupo que apresenta as taxas mais altas são os idosos. Para os que têm 75 anos ou mais, o índice passa dos 15.

Segundo a pesquisadora Cecília Minayo, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), as taxas elevadas entre os mais velhos ocorrem no mundo todo.

- Há vários fatores associados dos quais destaco: perda de parentes referenciais, sobretudo do cônjuge, solidão, existência de enfermidades degenerativas e dolorosas, sensação de estar dando muito trabalho à família e ser um peso morto, abandono e outros.

O suicídio não se limita a uma só razão - ele envolve várias questões. Para ambos os sexos, os principais fatores de risco são a depressão e transtornos mentais. De acordo com Cecília, algumas razões sociais também são apontadas, como morte de pessoa querida, isolamento, situações de dependência física ou mental, dentre outras.

Ela afirma que, no caso dos homens, a solidão e o isolamento social são os principais fatores associados.

- Muitos estudiosos consideram que as mulheres se suicidam menos porque têm redes sociais de proteção mais forte e se engajam mais facilmente que os homens em atividades domésticas e comunitárias, o que lhes confere um sentido de participação até o final da vida.

Transtornos mentais

Cecília afirma que, mesmo entre os idosos, tais fatores quase sempre estão interligados à depressão como causa ou como efeito. 
A existência de transtornos mentais, de fato, é o principal fator de risco para o suicídio. Segundo estudo divulgado pela ABP, mais de 90% das pessoas que se suicidam apresentam também pelo menos um diagnóstico de doença mental.

Os transtornos mentais mais comumente associados ao suicídio são: depressão, transtorno do humor bipolar, dependência de álcool e de outras drogas psicoativas. Esquizofrenia e certas características de personalidade também são importantes fatores de risco. A situação de risco é agravada quando a pessoa apresenta mais de uma dessas condições.

Segundo Cecília, a participação dos familiares e amigos na prevenção da violência é fundamental. Eles podem colaborar na busca de tratamento para depressão e na identificação dos sinais e fatores risco das doenças mentais. 

Veja os fatores de risco para o suicídio

Transtornos mentais        

 • Transtornos do humor, como depressão
• Transtornos mentais e de comportamento do uso de substâncias, como o álcool
• Transtornos de personalidade
• Esquizofrenia
•Transtornos de ansiedade
•Comorbidade aumenta os riscos (ou seja, sofrer de alcoolismo e de depressão)

Aspectos sociais

• Sexo masculino
• Idade entre 15 e 35 anos e acima de 75 anos
• Muito pobres ou muito ricos
• Moradores de áreas urbanas
• Desempregados (principalmente perda recente 
do emprego)
• Aposentados
• Isolamento social
• Solteiros ou separados
• Migrantes

Aspectos psicológicos           

• Perdas recentes
• Perdas de parentes na infância
• Famílias conturbadas
• Datas importantes
• Reações de aniversário
• Personalidade impulsiva, agressiva ou de humor instável

Condição de saúde limitante

• Doenças orgânicas incapacitantes
• Dor crônica
• Lesões desfigurantes
• Epilepsia
• Trauma medular
• Tumores malignos
• Aids

Taxas crescem mais entre homens jovens

De acordo com Neury José Botega, psiquiatra da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e coordenador da Comissão de Prevenção de Suicídio da ABP, as taxas de suicídio aumentaram 30% nos últimos 20 anos. Ele afirma que o problema cresce notadamente entre jovens e adultos jovens do sexo masculino. Nesse grupo (entre 15 e 29 anos de idade), o suicídio responde por 3% do total de mortes e se encontra entre as três principais causas de morte.

- Isso está aumentando porque os índices de depressão são cada vez maiores. Além disso, vivemos numa sociedade menos solidária, mais individualista e com mais competição.

O médico alerta ainda que o enfraquecimento do papel da família na sociedade, que representa proteção e segurança afetiva, além do aumento da dependência de drogas e álcool, também se reflete no agravamento do suicídio no Brasil.
Diego Junqueira
A partir do R7. Leia no original

LIVRO FALA DO SUICÍDIO E SUA PREVENÇÃO

2/05/2013
A Editora Unesp acaba de lançar o livro "O Suicídio e sua Prevenção", de José Manoel Bortolote ( 142 págs., R$18,00), obra na qual o autor trata de algumas perguntas que ainda não tiveram resposta ao tratar sobre o tema. Afinal, o suicídio sempre existiu, mas continuará fazendo parte da experiência humana para sempre? O “direito” ao suicídio deveria ser assegurado? Ou, ao contrário, a sociedade deve se mobilizar cada vez mais para tentar evitar os comportamentos suicidas? Por trás de questões como estas existem dados alarmantes, que explicam porque o suicídio se tornou um problema de saúde pública: a taxa de ocorrências está em crescimento no mundo, que já contabiliza cerca de um milhão de suicídios por ano. Essas mortes trazem consequências sérias para cinco a dez milhões de “sobreviventes”, entre familiares e amigos, além de perdas econômicas expressivas.


Nesta obra, o médico José Manoel Bertolote, que recebeu o prêmio Ringel Service Award, da International Association for Suicide Prevention, órgão da Organização Mundial de Saúde (OMS), aborda o assunto de forma analítica e do ponto de vista da prevenção, a partir de uma perspectiva holística acerca das causas dos comportamentos suicidas. Ele resgata as formas como a humanidade interpretou o suicídio ao longo da história e integra essas visões, criando um paradigma biopsicossocial que agrega aspectos culturais e sua influência sobre os comportamentos suicidas em diferentes países.

Bertolote constata que as taxas de suicídio variam de país para país e são maiores ou menores conforme vários fatores, como a religião dominante e a disponibilidade de meios para que o suicida concretize seu objetivo – armas de fogo e pesticidas, por exemplo. Já a predisposição se relaciona a gênero (em geral há três a quatro suicidas homens para cada mulher), idade (o suicídio predomina entre os idosos, mas agora cresce entre os jovens), depressão, uso indevido de álcool, esquizofrenia.

O autor defende, assim, que é possível mapear as pessoas que estão passando por comportamentos suicidas, identificá-las e ajudá-las a superar a situação que poderia levá-las a dar fim às próprias vidas. Ele reproduz em parte e comenta os programas de prevenção ao suicídio criados recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU) e OMS, onde ele foi coordenadorda equipe de transtornos mentais e neurológicos. Adotados por vários países, inclusive o Brasil, mas ainda pouco assimilados, esses programas dirigem-se principalmente a profissionais da saúde, da educação e da mídia.
José Manoel Bertolote
Graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (Unesp), onde leciona, no Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria. Tem mestrado em Psiquiatra Social e Transcultural pela McGill University de Montreal, no Canadá, e foicoordenador da equipe de transtornos mentais e neurológicos na sede da Organização Mundial da Saúde, em Genebra. Recebeuo prêmio Ringel Service Award, International Association for Suicide Prevention, da OMS.

DEPRESSÃO PODE DESTRUIR SUA VIDA PROFISSIONAL

2/04/2013
Perda de interesse pelo trabalho, falta de concentração, dificuldade em cumprir prazos e demandas, insônia, alteração de peso: esses podem ser os sintomas de uma doença séria: a depressão. Em alguns casos, a produtividade dos profissionais que sofrem com a doença pode ser seriamente prejudicada, culminando com a demissão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 340 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo mundo. No Brasil, cerca de 13 milhões de pessoas são atingidas pela doença (OMS).

“As doenças neuropsiquiátricas são hoje a primeira causa de incapacidade no mundo ao longo da vida e a depressão representa quase 50% dessas enfermidades”, explica Kalil Duailibi, professor do departamento de Psiquiatria da Universidade de Santo Amaro (Unisa) e ex-coordenador de saúde mental da Secretaria de Saúde do Município de São Paulo (SP).

Produtividade

Enquanto um paciente com diabetes falta 6 dias ao ano no trabalho devido à doença, uma pessoa com problemas cardiovasculares se ausenta 8 dias e quem sofre com asma falta 10 dias, quem sofre de depressão apresenta um prejuízo muito maior, perdendo cerca de 35 dias de trabalho por ano. 

Segundo Duailibi, o paciente que apresenta um quadro depressivo considerado grave tem sua capacidade social e produtiva comprometida em 90%; em casos moderados, 40%, já em casos da doença em que há apenas sintomas leves, 20% de sua capacidade está afetada.

“O profissional com depressão poderá ter atrasos recorrentes, dificuldades em reter informações e de memória, dificuldade na execução de tarefas simples e, até mesmo, sentir-se incapacitado para executar sua função. Isso o tornará ainda mais deprimido e dará início a um círculo vicioso, que pode levar à demissão”, explica.

Com a queda no rendimento, a exigência dos chefes e superiores em relação a esse profissional pode aumentar, uma vez que a capacidade do indivíduo em desenvolver sua função é comprometida. “Cerca de 44% da capacidade produtiva do indivíduo fica comprometida quando ele apresenta um quadro depressivo”, ressalta Duailibi.

Outro estudo, estima que a depressão acarrete um custo anual de cerca de US$ 83 bilhões para a economia do país, incluindo perda de produtividade e uso da seguridade social (62%), custos diretos, como atendimento hospitalar, ambulatorial e dos medicamentos (31%), e custos relacionados ao suicídio (7%).

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico precoce da doença é fundamental, pois muitos indivíduos só se dão conta que perderam seus empregos em decorrência da depressão durante o tratamento terapêutico – 11% dos pacientes atribuem o desemprego à depressão. 

Há um termo, ainda pouco usado no País, que designa profissionais que mesmo doentes permanecem desenvolvendo suas funções corporativas, o presenteísmo. O distúrbio, agravado pela depressão, caracteriza-se quando o indivíduo não desempenha suas funções nas condições de saúde ideais e tem a produtividade diretamente afetada.

“Atualmente, o diagnóstico é mais efetivo e sabe-se que a enfermidade está associada a inúmeros fatores, incluindo os genéticos”, afirma Duailibi. Para que esse quadro seja revertido, é preciso que o paciente seja diagnosticado corretamente e associe a psicoterapia de qualidade ao antidepressivo adequado, além de mudanças do hábito de vida. “Essa fórmula costuma apresentar um saldo positivo, evitando as recaídas do paciente”, reforça Duailibi.

Entretanto apenas dois terços dos pacientes com depressão procuram tratamento e, destes, somente 10% recebem doses adequadas de medicamentos, segundo dados do National Institute of Mental Health (NIMH) dos Estados Unidos. O médico ressalta ainda que, mesmo com sinais de melhora, é preciso manter o tratamento e, se necessário, o acompanhamento terapêutico. “O acompanhamento médico é fundamental, para evitar que a depressão torne-se um quadro crônico”, orienta o especialista.

Para combater a doença, além de ser essencial seguir corretamente o tratamento, a prática de atividades físicas também é importante. Esportes liberam endorfina, substância que causa sensações de alegria, bem-estar e melhoram a qualidade de vida do paciente.

Preconceito

O paciente com depressão precisa estar preparado, inclusive, para lidar com o preconceito das pessoas que desconhecem a doença. Por muitas vezes, será tratado com uma pessoa fraca e incapaz de encarar os desafios cotidianos como os demais profissionais. 

Dualibi orienta que se busque apoio na empresa de um profissional especializado, como um médico ou funcionário do departamento de Recursos Humanos. “Durante o tratamento, é importante que o profissional se resguarde de comentários que o afetem emocionalmente ou mesmo julgamento de colegas. É o momento de se fortalecer, recuperar a autoestima e recarregar as energias para se restabelecer profissionalmente”, afirma Duailibi. 

Em alguns casos, a licença médica indicada pelo profissional que acompanha o paciente pode ser uma alternativa para que o tratamento seja efetivo e o retorno ao trabalho satisfatório.
A partir do site Administradores. Leia no original

MEDRADO FALA SOBRE A ENERGIA DA DEPRESSÃO

2/01/2013

Íntegra da palestra de José Medrado em doutrinária da Cidade da Luz, em agosto de 2005, falando sobre a depressão. Ele defende que devemos buscar "quebrar a cadeia de sentimentos" que nos conduzem ao fundo do poço emocional. "As coisas estão aí para serem enfrentadas, ninguém tem um fardo que não consegue carregar", ensina. "Mesmo diante desses processos é importante lembrar que 'tudo é energia'. Não tente encontrar culpa ou culpados. Se você quer modificar o problema, saia da energia desse problema", conclui. 

O médium baiano José Medrado é fundador da "Cidade da Luz", um grande complexo espiritual e de solidariedade, localizado em Salvador (BA). Acompanhe semanalmente no Blog Partida e Chegada (todas as quartas) suas palestras. 
 
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