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DEPRESSÃO : O MAL DO SÉCULO

4/12/2013
Imagem  por DeathByBokeh
Resumo: Pesquisas revelam que cerca de 20% da população mundial tem um ou mais episódios da depressão grave durante a vida, e cresce cada vez mais, estima-se que a depressão ocupará o segundo lugar entre as causas de doenças e incapacidade no mundo no ano de 2020. As mulheres são as principais afetadas pela doença, e a OMS avalia que a depressão ocupa o quarto lugar entre as dez principais caudas de morbidade mundial. Essa doença é visto como um verdadeiro distúrbio mental, altamente debilitante, a ponto de ser considerado por muitos como o “mal do século”. O presente estudo tem como objetivo estudar o transtorno, bem como suas causas, sintomas, e assim propor uma intervenção a fim de minimizar o impacto da mesma no indivíduo   

1 Introdução

A depressão é um grande transtorno moderno no que diz a respeito à saúde mental, é segundo Nedley (In Revista Vida e Saúde, 2009, p. 10) causada por um distresse mental (Distresse: é o estresse prejudicial ou desagradável e estresse: é um estado de ansiedade, medo, preocupação ou agitação com resultados psicológicos negativos e doloridos). Uma definição segundo Cembrowick e Kingham (2003) foi dada por Sir Audrey Lewis nos anos 50, ele diz que as pessoas deprimidas ficam tristes e doentes com sua tristeza.

É o mal que encabeça as consultas psiquiátricas e psicologia clinica. E cresce cada vez mais: estima-se que a depressão ocupará o segundo lugar entre as causas de doenças e incapacidade no mundo no ano de 2020, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares (RIO, apud MELGOSA 2009). 

A depressão afeta todas as faixas etárias, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula-se que há mais de cem milhões de pessoas deprimidas no mundo.

Conforme Cembrowick e Kingham (IBIDEM, p. 26 e 27) existem alguns tipos de depressão, tais como:

Primaria e secundária: primária significa que a doença se desenvolveu por si só, secundária é quando a depressão é causada por outra doença.

Depressão neurótica e depressão psicótica: a neurótica significa que não importa o quanto está doente a pessoa está sempre em contato com a realidade, já a psicótica a pessoa perde o contato com a realidade, ou suas crenças podem variar da normalidade do individuo.

Depressão endógena e exógena: essa terminologia é pouco usada, mas endógena refere-se à depressão que vem de dentro, sem uma causa obvia, já a exógena quando a doença aparece em função de um evento estressante, como morte de um ente.

Transtorno afetivo unipolar e bipolar: depressão unipolar significa uma doença depressiva que aconteceu em uma pessoa que experimenta tanto o humor normal como o deprimido. Bipolar por outro lado a pessoa experimenta em diferentes momentos humor normal, deprimido e alto ou alvoroçado.

A Classificação Internacional das Doenças, da Organização Mundial da Saúde, em sua décima revisão, a CID-10, classifica a depressão da seguinte forma:

F32: Episódios Depressivos: O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado ou grave. Os episódios leves e moderados podem ser classificados de acordo com a presença ou ausência de sintomas somáticos. Os episódios depressivos graves são subdivididos de acordo com a presença ou ausência de sintomas psicóticos.

F33: Transtorno Depressivo Recorrente: Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos na ausência de todo antecedente de episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de energia (manias), comporta breves episódios caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da atividade (hipomania), sucedendo imediatamente a um episódio depressivo. Essa classificação tem as mesmas subdivisões descritas para o episódio depressivo.

1.1 Sintomas:

Os sintomas da depressão são vários, sendo eles:

Estado de imensa tristeza: Surge o choro e sentimento de desespero, às vezes sem motivo.
Ausência de alegria em qualquer atividade. Sem motivações para nada.

Perda ou ganho de apetite e peso: Não apetite nem mesmo diante de comidas deliciosas. Em alguns casos, o paciente possui excesso de apetite ou aumento de apetite quase todos os dias.

Alterações do sono: A insônia é mais frequente, embora às vezes na depressão há um excesso de sono.

Lentidão ou agitação nos movimentos: Caminha ou fala de maneira vagarosa ou manifesta sensação de inquietação.

Fadiga ou perda de energia: sensação de fraqueza física, com semblante abatido.
Sentimentos negativos para consigo mesmo. Falta de autoconfiança.

Sentimento de culpa: Senso de culpa por coisas sem importância e sensação de fracasso.
Limitações na capacidade mental: lentidão no pensamento, diminuição da atenção e concentração.
Ideias e intenções de suicídio: Pensamento da morte como fuga, podendo planejar, tentar ou até mesmo cometer o suicídio.

1.2 Causas:

Segundo Melgosa (2009) ainda não se sabe ao certo como a depressão é causada, no entanto há muitos componentes como a vulnerabilidade genética, (Se uma pessoa tem depressão, as chances de um parente próximo de ter aumentam em 20%. Nos casos de gêmeos idênticos essa estatística aumenta para 70%); eventos do cotidiano quando ocorrem situações estressantes, como assaltos ou de perda de ente querido; doenças físicas, tais como esclerose múltipla, derrame, hepatite, apnéia do sono, hipertensão, doenças terminais também são determinantes. Assim como algumas drogas como a cortisona, anfetaminas, pílulas anticoncepcionais, quimioterapia, álcool, maconha etc. Estas uma vez instaladas há mecanismos bioquímicos, psicológicos e sociológicos que infamam ou perpetuam a doença.

1.3 O Que Ocorre?

Há algumas pessoas que detestam a solidão, sensação de abandono e infelicidade; dependendo do estado de espírito, pode produzir melancolia e medo. Sentimento de impotência perante as situações e sentimento de perda são as causas mais frequentes e marcantes da depressão. Tudo isso depende da escala de valores que atribuímos às coisas. Se perdermos algo que consideramos essencial ou importante, podemos manifestar ou não a depressão.

No entanto, ainda existem algumas pessoas consideram a depressão “frescura”, mas a verdade é que esses comportamentos de desânimo, fadiga, não é falta de atitude, mas sim um mau funcionamento metal. Segundo CEMBROWICK e KINGHAM (2003), as alterações no sistema límbico (hipotálamo, hipocampo, amígdala, tálamo, giro do cíngulo e os núcleos basais) tem-se mostrado importante, neurocientistas afirmam que se a função do sistema límbico está aumentada resulta em uma inapropriada exaltação de humor ou manias, se sua função está diminuída resulta na depressão, e se ainda suas funções estiverem defeituosas pode resultar numa psicose.

O humor e seus transtornos estão relacionados às funções cerebrais, assim uma pessoa estressada mostra alterações em sua química corporal e cerebral. O hipotálamo e a glândula hipófise controlam a resposta corporal ao estresse, seja aumentando ou diminuindo seus débitos de hormônios cerebrais. O aumento de um dos hormônios, mas especificamente o CRF – fator liberador de corticotrofina, causa uma liberação do hormônio liberador de corticotrofina.

Essa substancia em si estimula a produção de uma substancia que estimula a produção de esteróides e cortisol pela glândula hipófise, esse aumento dos esteróides afeta os neurotransmissores (monoaminas, noradrenalina e serotonina) que após algum tempo causa algumas reações depressivas como falta de apetite, sono, entre outros.

1.4 Prevenção:

Busque suficiente apoio social: Geralmente há pouca frequência da depressão em círculos em que há fortes laços de relacionamento conjugal, familiar, trabalho ou amizades.

Mantenha uma vida ativa: Ocupe-se de tarefas que causem satisfação e que sejam produtivas e edificantes. Pratique esportes ou exercício físico aeróbico.

Pense corretamente: Evite analise negativa das situações.

Olhe para o passado com prudência: o passado pode ser fonte de depressão e também de bem-estar emocional, alegre-se com os tempos e acontecimentos felizes.
1.5 Como Curar a Depressão?

A maioria das doenças depressivas vai melhorar com o tempo, com ou sem tratamento, no entanto algumas formas de tratamento têm o papel muito importante por ajudar a reduzir o desagrado da doença e acelerar a recuperação, tais como: a Farmacologia e a psicoterapia.(CEMBROWICK e KINGHAM, 2003)

 Na maioria dos casos é indicado tratamento farmacológico inicial prescrito por um médico ou psiquiatra, simultâneo de um plano de intervenção psicológica, bem como alguns hábitos cotidianos, como a alimentação, que prepara a pessoa a sair da depressão e evitar seu retorno.

1.5.1 Produtos Psicofarmacos: os Antidepressivos

Os medicamentos antidepressivos são uma eficiente forma de alivio da dor psíquica e tendência ao suicídio, atuando sobre a química cerebral para equilibrar a atividade dos neurotransmissores no cérebro, aliviando os sintomas da depressão e fortalecendo os efeitos da psicoterapia.

A eficácia dos antidepressivos foi comprovada por milhares de ensaios controlados com placebos. No entanto, às vezes é preciso submeter o paciente a muitos tipos de medicamentos até encontrar o mais indicado para os resultados, sendo que os medicamentos antidepressivos podem produzir efeitos secundários de variada intensidade como: problemas na sexualidade, alterações cardiovasculares, sonolência ou insônia, visão turva, nervosismo, prisão de ventre, aumento ou perda de peso e secura na boca, porém hoje em dia os medicamentos mais novos têm sido trabalhados a fim de amenizar os efeitos colaterais.

Os principais tipos de antidepressivos conforme Cembrowick e Kingham (2003, p. 99 e 100)

Antidepressivos tricíclicos (TCAs): são usados também em transtornos fóbicos e obssessivocompulsivo.

São eles: amitriptilina, amoxapina, doxepina, nortriptilina etc.
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs): podem causar náuseas e aumentar os sintomas de ansiedade. 

São eles: citalopram, sertralina, paroxetina fluoxetina etc.
Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs): são os primeiros que foram desenvolvidos e ainda são muito eficazes.

São eles: fenelzina, moclobemida, tranilcipromina.
E ainda existem os inibidores seletivos da recaptação da noradrenalina (NARIs), os antidepressivos seletivos da noradrenalina e serotonina (NASSAs) e os antagonistas da 5-hidroxitriptamina (5-HT).

1.5.2 Remédios Naturais:

Os psicofarmacos não substituem a necessidade de seguir uma dieta saudável e de abster de qualquer tipo de droga, por agredirem ainda mais o sistema nervoso, bem como a prática de exercícios físicos que tem se mostrado eficaz.

Em geral as pessoas deprimidas tendem a consumir os doces e gorduras saturadas, e estes podem agravar ainda mais o quadro depressivo. Por isso torna-se de suma importância durante o processo de tratamento utilizar-se de alguns alimentos que são benéficos para o processo de restauração.

Conforme Ferrer (2009) os alimentos apropriados para depressão são: Aveia, Gérmem de trigo, Grão-de-bico, Amêndoa nozes, Castanha de caju, Vitaminas B1, B6 e C que atuam diretamente no sistema nervoso estabilizando-o e outros.  Os alimentos que devem ser reduzidos ou eliminados são: Bolos, Chocolates, Açúcar branco, Bebidas estimulantes (café, chá preto, bebidas alcoólicas e outros).

Há estudos que mostram o efeito positivo de alguns remédios fitoterápicos como o hibérnico, erva de são – João e tília.

1.5.3 Psicoterapia:

Os medicamentos antidepressivos aliviam os sintomas da depressão, no entanto não curam a doença. As eliminações dos agentes que causam o estresse e a mudança de atitude e conduta através da ajuda psicoterápica podem contribuir para a cura até o ponto de os medicamentos não serem mais necessários.

Psicoterapia é o tratamento através da fala, existem varias abordagens que trabalham de formas diferentes, mas a que, conforme estudos, trás mais resultados é a cognitivo comportamental, por enfocar um ou dois sintomas, assim os resultados são mais facilmente avaliados (CEMBROWICK E KINGHAM, 2003, p. 116).  Na psicoterapia em geral, a taxa de recuperação após o tratamento é de 65%. A boa terapia deve sem duvidas acelerar o processo de cura.

Conclusão

A depressão é uma doença que afeta toda a vida do individuo, tanto psicologicamente quanto fisicamente, emocionalmente e socialmente. E para o bem, hoje já existem muitas formas eficazes de tratamento, como os fármacos e a terapia, que são essenciais no processo de cura, e é claro um estilo de vida saudável, que tanto pode evitar como ser um agente positivo durante o processo de cura.
 Liz Maria Almeida de Andrade
A partir de Psicologado. Leia no original

REFERÊNCIAS:


CLASSIFICAÇÃO INTENACIONAL DAS DOENÇAS - CID 10, 10ª revisão. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2012.

CEMBROWICZ, Stefan e KINGHAM, Dorcas. Vencendo a Depressão ­– Coleção “Tudo Sobre...”. São Paulo: Ed. Andrei, 2003.

FERRER, José. Orientações sobre saúde: Receitas que deram certo. Rio de Janeiro: Editora ADOS Ltda., 2009.

MELGOSA, Julián. Mente Positiva: Como Desenvolver um estilo de vida Saudável. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2009.

REVISTA VIDA E SAÚDE. Depressão: 9 sintomas de uma das mais comuns e perigosas doenças mentais. Ano 71, n˚12, 2009.

REVISTA VIVER - Mente e Cérebro. HOLLON, Steven D.; THASE, Michael E.; MARKOWITZ, John C.. Tratamento da depressão: Medicação ou Psicoterapia. Ano XIII, n˚146, 2005.

ROGER, Jorge Pamplona. O poder medicinal dos alimentos. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

DRAUZIO VARELLA E OS SINTOMAS DA DEPRESSÃO

4/10/2013


Depressão é uma doença psiquiátrica, crônica e recorrente, que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite.

É importante distinguir a tristeza patológica daquela transitória provocada por acontecimentos difíceis e desagradáveis, mas que são inerentes à vida de todas as pessoas, como a morte de um ente querido, a perda de emprego, os desencontros amorosos, os desentendimentos familiares, as dificuldades econômicas, etc. Diante das adversidades, as pessoas sem a doença sofrem, ficam tristes, mas encontram uma forma de superá-las. Nos quadros de depressão, a tristeza não dá tréguas, mesmo que não haja uma causa aparente. O humor permanece deprimido praticamente o tempo todo, por dias e dias seguidos, e desaparece o interesse pelas atividades, que antes davam satisfação e prazer.

A depressão é uma doença incapacitante que atinge por volta de 350 milhões de pessoas no mundo. Os quadros variam de intensidade e duração e podem ser classificados em três diferentes graus: leves, moderados e graves.

Existem fatores genéticos envolvidos nos casos de depressão, doença que pode ser provocada por uma disfunção bioquímica do cérebro. Entretanto, nem todas as pessoas com predisposição genética reagem do mesmo modo diante de fatores que funcionam como gatilho para as crises: acontecimentos traumáticos na infância, estresse físico e psicológico, algumas doenças sistêmicas (ex: hipotireoidismo), consumo de drogas lícitas (ex: álcool) e ilícitas (ex: cocaína), certos tipos de medicamentos (ex: as anfetaminas).

Mulheres parecem ser mais vulneráveis aos estados depressivos em virtude da oscilação hormonal a que estão expostas principalmente no período fértil.

Sintomas

Além do estado deprimido (sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias) e da anedonia (interesse e prazer diminuídos para realizar a maioria das atividades) são sintomas da depressão:

1) alteração de peso (perda ou ganho de peso não intencional); 2) distúrbio de sono (insônia ou sonolência excessiva  praticamente diárias); 3) problemas psicomotores (agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias); 4) fadiga ou perda de energia constante; 5) culpa excessiva (sentimento permanente de culpa e inutilidade); 6) dificuldade de concentração (habilidade diminuída para pensar ou concentrar-se); 7) ideias suicidas (pensamentos recorrentes de suicídio ou morte); 8) baixa autoestima, 9) alteração da libido.

Muitas vezes, no início, os sinais da enfermidade podem não ser reconhecidos. No entanto, nunca devem ser desconsideradas possíveis referências a ideias suicidas ou de autodestruição.

Diagnóstico

O diagnóstico da depressão é clínico e toma como base os sintomas descritos e a história de vida do paciente. Além de espírito deprimido e da perda de interesse e prazer para realizar a maioria das atividades durante pelo menos duas semanas, a pessoa deve apresentar também de quatro a cinco dos sintomas supracitados.

Como o estado depressivo pode ser um sintoma secundário a várias doenças, sempre é importante estabelecer o diagnóstico diferencial.

Tratamento

Depressão é uma doença que exige acompanhamento médico sistemático. Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico. Nos outros mais graves e com reflexo negativo sobre a vida afetiva, familiar e profissional e em sociedade, a indicação é o uso de antidepressivos com o objetivo de tirar a pessoa da crise.

Existem vários grupos desses medicamentos que não causam dependência. Apesar do tempo que levam para produzir efeito (por volta de duas a quatro semanas) e das desvantagens de alguns efeitos colaterais que podem ocorrer, a prescrição deve ser mantida, às vezes, por toda a vida, para evitar recaídas. Há casos de depressão que exigem a associação de outras classes de medicamentos – os ansiolíticos e os antipsicóticos, por exemplo – para obter o efeito necessãrio.

Há evidências de que a atividade física associada aos tratamentos farmacológicos e psicoterápicos representa um recurso importante para reverter o quadro de depressão.

 Recomendações

* Depressão é uma doença como qualquer outra. Não é sinal de loucura, nem de preguiça nem de irresponsabilidade. Se você anda desanimado, tristonho, e acha que a vida perdeu a graça, procure assistência médica. O diagnóstico precoce é o melhor caminho para colocar a vida nos eixos outra vez;

* Depressão pode ocorrer em qualquer fase da vida: na infância, adolescência, maturidade e velhice. Os sintomas podem variar conforme o caso. Nas crianças, muitas vezes são erroneamente atribuídos a características da personalidade e nos idosos, ao desgaste próprio dos anos vividos;

* A família dos portadores de depressão precisa manter-se informada sobre a doença, suas características, sintomas e riscos.  É importante que ela ofereça um ponto de referência para certos padrões, como a importância da alimentação equilibrada, da higiene pessoal e da necessidade e importância de interagir com outras pessoas. Afinal, trancafiar-se num quarto às escuras, sem fazer nada nem falar com ninguém,está longe de ser um bom caminho para superar a crise depressiva.
Drauzio Varella
A partir da Estação Saúde. Leia no original

SUICÍDIO : SEM JUSTIFICATIVA

4/09/2013
A literatura sobre o suicídio é ampla e segue vários enfoques, do apoio ao doente mental até o apoio ao trauma familiar – por vezes passando por algumas considerações de cunho ético, filosófico e cultural.

Em nossa cultura cada vez mais secular, o suicídio é progressivamente menos julgado como uma questão moral, de ação e deliberação: torna-se o mero produto de uma doença. Isso com certeza tem o lado positivo de poder ajudar a família a encontrar algum tipo de consolo, já que, ao menos em grande parte, as questões de saúde estão fora de seu controle. Mas, por outro lado, não lida com os fortes impactos culturais desta ação.

Sem querer entrar muito a fundo em filosofia da mente e nas bases falhas do funcionalismo que permeia toda a ciência cognitiva e de saúde mental, é preciso deixar claro que a crença numa causalidade unidirecional (da fisiologia pro comportamento) não tem justificação ou evidência – se não em certos âmbitos muito restritos de estudo e com metodologias estabelecidas já com ela em mente.

Isto é, embora a causalidade que vai da fisiologia para nossa consciência seja o principal enfoque hoje, há evidências fortes de uma causalidade noutro sentido, por exemplo, neuroplasticidade. Uma visão em que a fisiologia determina quase totalmente nossas tendências habituais, chegando ao ponto de determinar nossas ideações, e, através desta, nossos comportamentos e ações particulares, não se sustenta.

Ainda assim, é a perspectiva usual da experiência científica que alcança grande penetração na visão usual das pessoas comuns.

Essa perspectiva se espelha na forma com que encaramos o suicídio. Ao nos depararmos com o suicídio de alguém, podemos até passar por alguns momentos de raiva, mas todos nós tendemos, e algumas vezes somos encorajados, a retirar totalmente a responsabilidade moral do suicida sobre seu ato – algumas pessoas chegam a achar a ação corajosa, ou tentam mesurar o grande sofrimento pelo qual passou antes de tomar tal ação extrema. Porém, parece existir uma grande incongruência ao não encararmos, por exemplo, um pedófilo com a mesma benevolência.

O exato mesmo tipo de justificativa fisiológica e psiquiátrica que temos para a depressão e para alguns suicídios temos hoje para o pedófilo perpetrador de certos abusos. Aqui temos uma escolha bem simples: ou exercemos a condenação moral para ambos, ou os consideramos igualmente como doentes que fizeram coisas desagradáveis, que, enfim, compreendemos, porque estavam além de suas forças.

Difícil, não é?

Creio que precisamos, necessariamente, escolher a opção da condenação moral. Isso não quer dizer que faltamos com respeito ao doente, ou deixamos de amá-lo. Isso apenas quer dizer que, socialmente, deixamos claro que ninguém é totalmente determinado a agir desta ou daquela forma, e que há ações que devem ser universalmente condenadas.

O suicídio depende de ideação, isto é, da pessoa considerar, vez após vez, sua própria morte como uma saída lícita para os problemas reais que a assolam. Um suicida constrói, por dizer assim, seu suicídio em conjunto com os outros hábitos mentais de sua doença, por exemplo, a depressão. Aqui é preciso reconhecer como razoavelmente óbvio que essa fisiologia é construída por essa habituação na mesma medida em que essa habituação é construída por fisiologia.

Escolher uma das duas coisas como determinante é fazer uma aposta metafísica – passar a agir por crença, e não por evidência.

Daí também que o suicídio possua um elemento cultural e ideológico. Sociedades onde o suicídio é visto como uma saída honrosa possuem níveis mais elevados de suicídio. É simplesmente mais fácil, num contexto desse tipo, idear, ao longo de toda doença, o ato derradeiro a ser tomado.

E não caiamos em relativismo moral: a ação dos samurais não precisa ser respeitada como ethos japonês na mesma medida em que os sacrifícios humanos dos maias ou as infibulações/circuncisões de algumas culturas africanas merecem nossa total e justificada reprovação. Não caiamos na falácia antropológica de que, porque é aceito em uma cultura naturalmente, não será imoral.

Ademais, há elementos filosóficos que podem ajudar nas ideações nefastas. O argumento libertário para o suicídio diz, por exemplo, que teríamos o direito e a liberdade de tirar a própria vida. No entanto, se a nossa vida é nossa no sentido de que podemos fazer o que quisermos com ela, exceto no que isso limite ou prejudique a liberdade de outro, precisamos certamente considerar que um futuro eu, e em certo sentido “um outro”, estará sendo privado de liberdades.

A pessoa pulou e, enquanto cai do décimo andar, mudou de ideia. Ela traiu a si mesma no futuro: quando ela queria deliberar o oposto, era tarde demais – imagine então depois de morta (mesmo num cenário de vida após a morte, todos parecem concordar que a deliberação não será muito ampla – num cenário sem vida após a morte, a deliberação é nenhuma).

Nesse sentido, se consideramos que nossa individualidade é mutável (com amplas evidências em primeira pessoa de que é), não temos direito de privar nenhum futuro eu possível do exato mesmo direito de escolha que temos hoje.

Seppuku, ou harakiri: o tal ritual de
 suicídio dos guerreiros japoneses
Matar a si próprio é, antes de mero assassinato, frustrar a liberdade de um alguém futuro que poderia vir a ser substancialmente diferente. É, portanto, um crime ainda maior do que simplesmente tirar a vida de outra pessoa: além de tirar uma vida é uma deliberação contra a própria capacidade de deliberação.

Por outro lado, a própria ideia de que somos donos de nós mesmos ao ponto de podermos tomar essa decisão é enganosa. Muitas pessoas investiram tempo e atenção para que hoje estejamos vivos e sejamos capazes de ler um texto como esse. Sem falar nos insetos que morrem na produção de nosso arroz, e os trabalhadores explorados que fazem nossas roupas.

Os sofrimentos, as intenções e boas motivações de todas essas pessoas estão por trás de/e sustentam tudo que somos hoje. Essa superestrutura toda então resolve se voltar contra si mesma, após um hábito embasado em algumas ideações totalitárias e arbitrárias sobre autodeterminação? Isso é exatamente como se a crista de uma onda tivesse direito sobre toda a massa de água que a leva no oceano.

É de uma frivolidade sem dúvida trágica: um indivíduo que trai seu futuro e tudo que o constitui em troca de uma crença numa possibilidade de alívio. É muita fé no lugar errado.

Porém, toda essa ingratidão e filosofia de botequim com certeza não são a causa do suicídio. São apenas fatores contribuintes, na raiz da ideação ou como uma das tantas justificativas desta.

Como disse antes, quando uma pessoa chega a tentar o suicídio, essas ideologias já não são o ponto central da ideação. Elas podem ter sido importantes quando a ideação se formou, mas no fim, a pessoa é levada pela energia de hábito e, como todos concordamos, até mesmo pela fisiologia. Nesse momento, argumentos não são mais úteis: os argumentos são úteis bem antes, em diálogo com a cultura e com as posições gerais das pessoas.

Quando as energias de hábito já se cristalizaram, algumas vezes já é tarde demais, ou ao menos a intervenção precisa ser sistêmica, mas bem antes talvez seja possível colocar algumas dúvidas em pessoas que futuramente podem passar por esses questionamentos.

Essa parte filosófica pode funcionar como uma vacina.
A partir do Blog Papo de Homem. Leia no original

SUICÍDIO COSTUMA SER COMETIDO POR JOVENS E IDOSOS

4/08/2013
A OMS estima que 1 milhão de pessoas tirem a própria vida por ano em todo o mundo. Especialistas acreditam que esse número seja pelo menos 20% maior

Dez mil pessoas tiram a própria vida no Brasil anualmente, segundo dados do Ministério da Saúde. No mundo, o total chega a 1 milhão, estima a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse número, de acordo com a Sociedade Brasileira de Psiquiatria (SBP), é subestimado e pode ser de 20% a 30% maior por várias razões, inclusive devido a subnotificações em órgãos de saúde e segurança pública dos municípios. Os coeficientes de mortalidade são três a quatro vezes maiores entre pessoas do sexo masculino. Muito associado a idosos, nos últimos 30 anos, o ato de atentar contra si ronda também pessoas mais jovens. Dados da SBP indicam que há dois grupos de risco: pessoas com idade entre 15 e 30 anos e os idosos, acima de 65.

“Os médicos fora da psiquiatria (e mesmo algumas equipes da área) não estão preparados para lidar porque existe um tabu, não falam, não comentam e não estudam o fenômeno do suicídio. Fingem que o problema não existe e essa atitude gera reflexo na formação acadêmica dos profissionais, pois o assunto fica relegado a um segundo plano”, aponta o presidente da Comissão de Prevenção ao Suicídio da SBP, Humberto Correa, também professor titular de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

PORTUGAL : CRESCE O NÚMERO DE SUICÍDIOS

4/07/2013
Há mais casos de suicídios em Portugal, segundo um relatório que analisa a realidade europeia. Portugal, com cinco atos suicidas por dia, está no topo da lista de países onde se assinala um maior aumento da taxa de suicídios, nos últimos 15 anos.

O número de suicídios aumentou em Portugal, de acordo com um relatório europeu, que coloca o país no terceiro posto da lista onde se verificou maior aumento, nos últimos anos.

Numa análise à realidade europeia, contaram-se cerca de 20 milhões de casos de depressão, com 60 mil mortes por suicídio por ano. O agravamento da situação social, a asfixia financeira de muitas famílias em risco e a pioria do acesso à saúde estão a originar um aumento dos suicídios.

Os especialistas previram, recentemente, um ‘boom’ de depressões, que em muitos casos podem conduzir ao suicídio. Essas perspetivas confirmaram-se.

Para evitar males maiores, uma comissão de psiquiatras, enfermeiros e académicos portugueses e estrangeiros está a executar um plano de prevenção. O objetivo faz parte do Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016, mas a concretização foi acelerada devido ao aumento esperado de depressões causadas pela crise.

Portugal registara, em 2010, um consumo médio de antidepressivos cinco vezes superior à média europeia.
A partir do PTJornal. Leia no original

USP BUSCA VOLUNTÁRIOS COM DEPRESSÃO

3/21/2013
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) procura homens e mulheres, de 18 a 55 anos, com diagnóstico de depressão para participação de um estudo. Alguns sintomas são tristeza, falta de energia, apatia, perda de interesse e prazer nas atividades do dia a dia, alterações de sono e apetite, irritabilidade e baixa autoestima.

Conforme a Agência USP Notícias divulga nesta quarta-feira, os voluntários devem ter disponibilidade para comparecer ao hospital quatro vezes por semana durante um mês. Para o estudo será oferecido, gratuitamente, tratamento médico e um programa de exercícios físicos controlados.

Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 98266-9227 ou no site www.progruda.com.

PSIQUIATRA DIFERENCIA TRISTEZA DA DEPRESSÃO

3/13/2013
Imagem  por Fernanda Alyssa
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2020, a depressão será a segunda no ranking de doenças dispendiosas e fatais, perdendo apenas para as doenças cardíacas.

O médico é autor, em parceria com Isabel Vasconcelos, do livro "Mergulho na Sombra - a Depressão Nas Fases da Vida da Mulher" (Editora Cultrix, ano 2011), que tenta  decifrar a salada de mistérios que torna as mulheres vulneráveis a este mergulho na sombra, à doença chamada depressão. Confira no áudio abaixo, entrevista com o  psiquiatra Kalil Duailibi.

 
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