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TRISTEZA

9/01/2017

Há um espécie de tristeza
que me habita
Tristeza sem dono, ou nome
Tristeza sem hora,ou lugar
Ainda não estudada,
não tem como ser medicada

Será doença de poeta?

Penso, quando assim estou,
que é a Morte
que me visita, vem me beijar...
Quase vejo-a, invisível que é,
diante da xícara
fumegante com meu café.
Como anseio pegá-la
em meus braços, beijá-la...

Será a pestilência da poesia
que me contamina?

Há uma espécie de tristeza
que me habita
E mora em mim há tanto tempo
que me apeguei profundamente
a ela.
Tornou-se praticamente
uma característica minha:
" Lá vai Maria
e seus olhos tristes"...
Dizem quando passo
Afundo os olhos num livro
e vou com mais pressa 

Tentando não deixar espaço,
tentando não virar conversa...

Quero estar comigo e com
minha tristeza

Só ela sabe de nós
Só ela sabe porque vive aqui dentro
desde que eu era pequenina
desde que eu me escondia na goiabeira
Só nos duas, de mãos dadas, comendo pipoca
assistíamos meus pesadelos.
Eu a calçava junto 
com meus sapatos, toda manhã.
A comia nos lanches da escola.
Ela desenhava comigo a giz
no muro do meu quintal.

Quando as luzes se apagavam,
quando todos iam dormir,
fugíamos juntas para o 
lugar mais alto e por horas
procurávamos sentido
nas estrelas...Entrelaçadas.
Eu e minha Tristeza sem nome.

Cresci, mas não muito. 
Ela cresceu comigo.
A Tristeza sem rosto e sem nome,
que não é
nem feia,
nem fria,
nem amarga.

De alguma forma,
mesmo sem forma,
a vejo. 
E a Tristeza que trago,
sem nome e sem rosto,
é quente- como o mormaço de uma tarde de tédio,
é bela- como uma cicatriz recém aberta,
e doce- como um favo de mel ainda não chupado.

Um quente que amolece o corpo
Um belo que arrepia a alma
Um doce que se come com os olhos

Meu maior medo, 
quando a encaro
é que seja uma falha genética,
que seja no meu dna. 
Que se espalhe através dele
como uma peste!
Que perturbe meus filhos,
como me perturba.

Talvez por isso 
eu não a deixe ir
Talvez por isso
eu a segure aqui
Não quero que
persiga ninguém.

Há uma espécie de tristeza
que me habita
E mora em mim há tanto tempo
que me apeguei profundamente
a ela.
Dizem todos quando passo:
" Lá vai Maria
e seus olhos tristes"...

Angel Piai
A partir de Crônicas e Poesias
Imagem : Pexels 

MAQUIAGEM E FANTASIA

5/07/2015

Toca o despertador, começa mais um dia.
Preparo a maquiagem, visto a fantasia.
No teatro da vida a plateia se posiciona,
Acendem-se as luzes, ajeitam-se as poltronas.
Abrem-se as cortinas, o show vai começar!
Vou ao centro do palco para me apresentar.
Todos que se aproximam divertem-se a valer...
Crianças, adultos, velhos, ninguém quer perder.

E o dia vai passando, o cansaço se faz presente
Mas o show continua, o público é exigente.
O texto não é decorado, é tudo de improviso
E até minhas quedas são motivos de risos.
Cenas que se apresentam, muitas vezes divertidas,
Noutras se mostram cruéis, sádicas e pervertidas...
Mas o dia vai terminando, outro show bem sucedido,
E a falsa satisfação pelo dever cumprido.

Mas vejam que coisa estranha... ninguém se dá conta...
O script não muda e tanta gente apronta!
Porque antigos valores, hoje não valem nada!
Riam das nossas caras, de bocas escancaradas...
Mas como todo artista, ao fim da apresentação,
Recebo os aplausos e agradeço com emoção.
Recolho-me ao camarim e dispo-me da fantasia.

No espelho, sem maquiagem, tristeza e melancolia.
E saio por dentro da noite, eu e minha solidão,
Até chegar o momento de outra apresentação.
E de novo frente ao espelho, tristeza e melancolia
Somem sob a maquiagem e as cores da fantasia.

Paulo Roberto de O. Feitoza
Imagem: Pexels

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

5/03/2015

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram. 
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança. 
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade
Os versos acima foram publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940.  Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.

"La valse d'Amélie (Version piano)" por Yann Tiersen
Colaboração: Dom Campos - Comunidade QM

POESIA AJUDA PACIENTE A SUPERAR A DEPRESSÃO

10/22/2012
Os versos poéticos escritos em momentos de crise foram fundamentais na vida da paciente portadora de transtornos mentais de um dos centros de atenção psicossocial (Caps 3), a dona de casa Leda Solange Aguiar Santos, 57. Leda, após 20 anos de tratamento da bipolaridade e depressão profunda, descobriu em uma das suas visitas ao Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro que, ao colocar no papel tudo o que sentia, poderia amenizar o seu sofrimento.

“Uma vez ou outra encontro em alto mar enfrentando enormes ondas turbulentas, sei que não sou a única, mas sem que eu perceba vou sendo conduzida delicadamente até a praia. Já me sinto segura e começo a caminhar, seguindo a trilha em que eu mesma as traço. De pé e cabeça erguida, não olho as pegadas que deixei para trás, é neste momento que contemplo o céu e lá estão elas! São as estrelas que brilham de uma maneira inexplicável, creio que durante todos esses anos todas estiveram ao meu favor, iluminando a minha vida”.

Esse é apenas um trecho do poema ‘A Mente’, do livro de poemas ‘Ler e Ver’ da dona de casa, onde faz um desabafo de seus sentimentos e vivências, que marcaram a sua vida.

Natural de Porções (BA), Leda Solange veio de uma família humilde. Sua mãe, no momento do parto sofreu complicações e teve hemorragia. Devido ao problema ficou em coma por 27 dias.

“Meus pais contavam que tiveram que dar mais atenção para a minha mãe e me deixaram de lado. Mas nós duas conseguimos sobreviver e por causa de toda essa complicação não fui amamentada com o leite materno. Por causa de todo esse sofrimento da minha mãe, meus pais sempre colocaram esse dolo sob a minha responsabilidade”, conta Leda.

Na escola, Leda sempre teve dificuldade em fazer amigos. Sua vida foi marcada, após rejeição sofrida por seus pais, por não ter dinheiro para pagar as mensalidades e continuar os estudos.

“Já passava mal desde criança e isso fazia com que as outras crianças se afastassem de mim. Quanto comecei a estudar na 5ª série, meu pai havia conseguido uma bolsa de estudos, porém após o início das aulas sempre fomos cobrados por cada centavo. O fato de papai e mamãe não terem condições de pagar a escola tive que para de estudar”, relembra.

Leda Solange já escreveu poemas falando sobre aborto, economia, política, idosos, concurso público, amor e do Amazonas, Estado que a acolheu ‘com muito carinho’, como faz questão de deixar claro.

“Ainda tenho crise, mas não são como antes. Cheguei a pensar em me matar por quatro vezes. Lembro que da primeira vez andei na balsa do São Raimundo e estava a fim de colocar um ponto final na minha vida. Mas as pessoas que estavam por perto me acolheram. Essas sensações coloco no papel e desabafo”, diz.
A partir do site Em Tempo. Leia no original

DE IGUAL PRA IGUAL

10/20/2012
Num momento em que eu me sentia só e perdida no escuro,eu pude ver você.
Te pedi a mão e você a estendeu para mim.
Você me compreendeu em todas as palavras desesperadas, em todos os momentos em que eu me afundava em lágrimas, lá estava você, para me levantar,mesmo que de longe.
Cada sentimento meu, que eu achava que era somente eu quem sentia, você também já sentiu e dividiu comigo antes que eu lhe dissesse.
O seu talento,sua compreensão... Você é único.
Ainda se fecha para o mundo, mas assim como eu,sofreu demais com ele, sente o mesmo receio que eu sinto de se machucar ainda mais.
Você quer me ver feliz, assim como eu quero ver você feliz também.
Você não me conhecia,mas vimos o dia amanhecer juntos, mesmo não nos vendo.
Sua dor é parecida com a minha, nós nos entendemos.
E mesmo nunca ter olhado em seus olhos, divido com você meu coração.
Pois sei que você tem sentimentos puros, quer ver o mundo como eu quero,o mundo de verdade.
Você ora por mim e eu oro por você
E mesmo longe, estamos perto.
M.S.
A partir da Comunidade Q.M.. Leia no original

CANÇÃO DO SONHO ACABADO

7/03/2012
Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.

Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia...

Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.

Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:

Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...

A partir do Grupo Minha Vida em Versos

POEMA À BOCA FECHADA

6/24/2012

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
Os Poemas Possíveis, 2ª edição, Editorial Caminho, Lisboa, 1982A partir do Blog Minha Dor em Versos. Leia no original

ME AFASTO LENTAMENTE DOS SENTIMENTOS

3/21/2012

Me afasto lentamente dos sentimentos que ficaram longe no passado.
Fechando bem os meus olhos, os gritos em branco pararam.

E quando a lua se pôs,
Com certeza este é o momento
Que eu esperava.
Não tenho mais lágrimas a derramar
E quando o momento chegar, nos abraçaremos.

Não fale... Não ouça... Não veja.... Tudo é apenas uma ilusão, acontecendo em outro tempo, se tornando como uma criança perdida, com um desejo imperdoável.
Apenas sua voz.. Apenas seu toque...Apenas sua presença,
Sentimentos proibidos
pegos pelo destruidor vento da noite.

A aparência deste lugar não é o que eu esperava,
Mas mesmo assim, esta é a casa em que meu corpo descansa.
É uma doce realidade...

Ao nascer o sol,
A coincidência da vida apareceu silenciosamente,
porém necessária, agora se desdobra diante de mim
um sentimento que falha em se mostrar.

Sem lágrimas, sem brechas, incompreensível,
foi o nosso fim. Não importa aonde formos, você é quem eu traí,
enquanto tentava te proteger.
Só no presente.. Só no passado e só no futuro, irei me redimir! Agora é melhor eu me recolher e desaparecer, se isso for pra te proteger.

Não fale... Não ouça... Não veja.... Tudo é apenas uma ilusão, acontecendo em outro tempo, se tornando como uma criança perdida, em um desejo imperdoável.
Apenas sua voz.. Apenas seu toque...Apenas sua presença,
Sentimentos proibidos
pegos pelo destruidor vento da noite.
Será melhor eu me recolher e desaparecer
E então eu serei sua luz esquecida que não desaparecerá tão facilmente.

SE TE QUERES MATAR

11/30/2011
Se te queres matar, por que não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por atores de convenções e poses determinadas,
O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E, de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!

A VIDA É CONSTRUÍDA NOS SONHOS

11/19/2011


Que Deus não permita que eu perca o ROMANTISMO, mesmo sabendo que as rosas não falam...

Que eu não perca o OTIMISMO, mesmo sabendo que o futuro que nos espera não é assim tão alegre...

Que eu não perca a VONTADE DE VIVER, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa...

Que eu não perca a vontade de TER GRANDES AMIGOS, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo,eles acabam indo embora de nossas vidas...

Que eu não perca a vontade de AJUDAR AS PESSOAS, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir esta ajuda...

Que eu não perca o EQUILÍBRIO, mesmo sabendo que inúmeras forças querem que eu caia...

Que eu não perca a VONTADE DE AMAR, mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo, pode não sentir o mesmo sentimento por mim...

Que eu não perca a LUZ e o BRILHO NO OLHAR, mesmo sabendo que muitas coisas que verei no mundo, escurecerão meus olhos...

Que eu não perca a GARRA, mesmo sabendo que a derrota e a perda são dois adversários extremamente perigosos...

Que eu não perca a RAZÃO, mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas.

Que eu não perca o SENTIMENTO DE JUSTIÇA, mesmo sabendo que o prejudicado possa ser eu...

Que eu não perca o meu FORTE ABRAÇO, mesmo sabendo que um dia meus braços estarão fracos...

Que eu não perca a BELEZA E A ALEGRIA DE VER, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma...

Que eu não perca o AMOR POR MINHA FAMÍLIA, mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigiria esforços incríveis para manter a sua harmonia...

Que eu não perca a vontade de DOAR ESTE ENORME AMOR que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado...

Que eu não perca a vontade de SER GRANDE, mesmo sabendo que o mundo é pequeno...

Que eu jamais me esqueça que Deus me ama infinitamente, que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois...

A vida é construída nos sonhos e concretizada no amor.

Nota: Esta mensagem é amplamente divulgada pela internet e pela imprensa escrita como sendo de Chico Xavier, mas não foi localizada nenhuma indicação precisa da obra em que teria sido publicada. Caso o leitor tenha esta informação ou a eventual indicação do real autor, faremos a necessária retificação.
A partir do blog Partida e Chegada. Leia no original

EU QUERO SER NINGUÉM

4/05/2011
Já estou com uma certa "vivência", nunca senti vontade de viver...

Minha existencia não existe ....

E nao são faltas de 'coisas', realizaçoes, de belos poemas, que quase chega a me tocar

mas nao me alcança.

Pois já tive tudo isso e larguei, deixei de lado coisas grandes, como se retira um fio solto de cabelo e o larga no chao...

Nao sei realmente o que vim fazer neste mundo, além de sobreviver.

Pois deste mundo, não quero nada, a não ser a morte ...


Fiz uma escolha:

Não vou sair para o mundo para sobreviver, sentir dor ...

Nao vou lutar por coisas que não acredito e não gosto.

Nao vou satisfazer o ego de mais ninguém, com 'realizaçoes minhas'.

Basta!

Vou ser ninguém, daqui mesmo, donde estou ...

Não faço parte deste mundo, onde todo mundo quer ser alguem .

Eu quero ser ninguém ...

A MORTE NÃO É NADA - SANTO AGOSTINHO

1/03/2010

A morte não é nada.
Apenas passei ao outro mundo.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro ainda o somos.

Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.

Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que o meu nome se pronuncie em casa
como sempre se pronunciou.

Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra.

A vida continua significando o que significou:
continua sendo o que era.
O cordão de união não se quebrou.
Porque eu estaria for a de teus pensamentos,
apenas porque estou fora de tua vista ?

Não estou longe,
Somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo está bem.
Redescobrirás o meu coração,
e nele redescobrirás a ternura mais pura.
Seca tuas lágrimas e se me amas,
não chores mais.

Extraído do site sca.org

VOCAÇÃO PARA A FELICIDADE

12/17/2009


Não escreverei versos chorosos, cantando tristezas infinitas,
amores impossíveis, saudades dolorosas,
paixões trágicas e não correspondidas.

Tenho a vocação para a felicidade.
Ser feliz não me traz sentimento de culpa.
Não preciso da tristeza para justificar a inutilidade da vida.
Não preciso morrer e ir ao céu para encontrar a felicidade.
Quero-a e tenho-a neste espaço terreno do aqui e do agora.

A felicidade, tal e qual o amor, está dentro de mim
E transborda em ternuras, em melodias,
em carinhos, em alegrias, em cantos e encantos.
Sou feliz e não preciso me justificar.
Sorrio sem ver passarinho verde.
Não tenho medo de ser feliz.
Faço minha estrela brilhar.
Sem receio dos encontros, desencontros,
encantos e desencantos que o amor me diz.

Contrariedades? Eu as tenho.
E quem não as tem na vida secular ?
Escassez de dinheiro? Nem é bom falar
Amores não correspondidos? Separações?
Rejeições? Saudades incuráveis?
Carinhos reprimidos, ternuras guardadas,
sem a contra parte do outro?
Eu tenho aos montões.
Sou a rainha das perdas, necessárias ao meu crescimento.

Contudo quem não soube a sombra não sabe a luz.
E num livro de matemática existencial
juntei todos esses problemas insolúveis,
com as respostas nas últimas páginas.
Mas pra que me debruçar
sobre eles, procurando a solução
se a própria vida me conduz
a resposta final?

Sem medo de ser feliz vou por aqui e por ali
por onde os caminhos, as trilhas,
Os atalhos me levarem, traçando meu rumo.
Às vezes com alguma tristeza,
mas quem disse que felicidade
é o contrário de tristeza?
Tristeza é só uma momentânea falta de alegria!

É, amigo, amanhã é sempre um novo dia
E quando a infelicidade passar por aqui,
minhas malas estarão prontas
para eu ir por ali.


Carlos Drummond de Andrade

FLORBELA : O ESPÍRITO E A ALMA DE UMA FLOR

11/26/2009
Por Altamirando Carneiro

A poetisa portuguesa Florbela de Alma da Conceição Espanca nasceu em Vila Viçosa, Portugal, em 8 de dezembro de 1894. Desencarnou na véspera do seu 36° aniversário, confessando que se suicidou, conforme psicografia registrada no livro "Antologia do Mais Além", do médium e escritor Jorge Rizzini. Florbela iniciou seus estudos nos liceus de Évora e, dois anos depois, ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa, onde estudou até o terceiro ano.

PARA QUÊ?

Publicou "Livro de Mágoas", "Livro de Soror Saudade e Charneca em Flor", sua obra-prima, considerado um dos mais notáveis livros de poesias em língua portuguesa. Contudo, Florbela não viu a obra editada; morreu semanas antes.


À poesia de Florbela Espanca caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude.

Vamos apresentar dois sonetos da poetisa, o primeiro dela encarnada e o segundo, já como Espírito. Em Para quê?, Florbela Espanca demonstra toda a contrariedade, tristeza e desencanto que lhe vai na alma e que poderiam ser melhor compreendidos com a convicção de que, estando num mundo de expiações e provas, todas essas contrariedades são infortúnios passageiros, na caminhada evolutiva do Espírito. Já em Minha Cruz, Florbela fala do suicídio que cometera. Esse poema pode ser conferido no livro "Antologia do Mais Além", de Jorge Rizzini.

Altamirando Carneiro é jornalista e escritor. Dirige o jornal O Semeador e a Sociedade de Arte Poética Castro Alves. Texto publicado originalmente na Revista Universo Espírita, n. 30, pág. 16.

Tudo é vaidade neste mundo vão...
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada!
E mal desponta em nós a madrugada,
Vem logo a noite encher o coração!

Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisem pelo chão!...

Beijos de amor! Pra quê?... Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Só neles acredita quem é louca!
Beijos de amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta!


MINHA CRUZ

Revejo novamente a minha cruz!
Voltam com ela todos os cansaços...
Quem me cortou os pulsos?
Doem-me i os braços!
E essa morta? Quem trouxe à meia luz?

Tem a face de mármore... os pés nus...
Por onde, dize lá, foram teus passos?
Tens nos olhos tristes, puros, olhos baços.
-Essa morta sou eu! Cristo Jesus!

Ninguém tanto sofreu num só momento
Estava viva e soluçava ao vento!
E eu era a louca que tombara morta...

Trinta anos a minha alma a vaguear...
Por certo alguém a viu nesse lugar,
A bater, sempre em vão, de porta em portal

 
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