Estudos & Pesquisas

Últimas Postagens

Mostrando postagens com marcador solidão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador solidão. Mostrar todas as postagens

Emoções merecem existir, mesmo o medo e a solidão

4/11/2021

Novos livros tratam dos sentimentos desconfortáveis que todo mundo tem

Pode ser porque uma coisa saiu diferente do planejado, ou porque teve briga ou bronca. Talvez tenha sido por causa daquilo que alguém disse de manhã. Ou vai ver ninguém nem lembra direito o motivo, mas a verdade é que agora, neste exato momento, há uma criança com raiva em casa. Muita raiva.

Tem gente que compara a raiva com uma grande tempestade —como se as duas funcionassem parecido. O céu está azul, e todo mundo brincando feliz. Do nada, aparece uma nuvem. Esta nuvem vai ficando mais cinza, mais escura, mais pesada, até que começa a chover forte.

"Às vezes a gente vai ficando com raiva e nem sabe o porquê. E, quanto mais raiva sente, mais raiva vem. Tudo se acumula como uma nuvem e, de repente, vem aquela chuvarada de palavras saindo da boca”, resume Christian Dunker, que é psicanalista, professor e escritor.

Christian explica uma coisa importante sobre a raiva: que ela pode criar a sensação de que as pessoas sabem mais de nós do que nós mesmos.

“Os outros veem no meu rosto uma coisa que eu ainda nem sei que estou sentindo. E isso me faz ficar com mais raiva. É como se o outro estivesse controlando aquilo que sinto. Por isso, a gente às vezes tem vontade de sumir.”

Nestes casos, é legal parar e examinar o que está causando a frustração, e até avisar aos outros, se for possível.

A raiva é algo que todo mundo sente, e que gostaria de poder controlar mais, diz Christian. “Às vezes a gente acha que sentir raiva é uma coisa errada, mas não é”, garante.

Para falar sobre sentimentos como este, o escritor Yuri de Francco chamou o ilustrador Renato Moriconi e, juntos, fizeram “O Menino que Virou Chuva” (editora Caixote, 144 páginas, R$ 48). Eles também acham que a raiva pode se parecer com uma tempestade.

"Quis contar a história de um menino que, de tanto chorar, virou chuva. Ele passa por todas as etapas, depois vem o sol, e ele termina com um momento de acolhimento, em um abraço”, adianta Yuri.

Para retratar ainda melhor a ideia de que tudo acontece rápido quando alguém muda de humor, o livro foi desenhado como um flipbook, ou folioscópio, que é quando as imagens parecem ganhar movimento ao ser folheadas.

Ninguém sabe dizer por que o menino do livro está chorando. “Sensações são coisas muito pessoais. A gente sabe que existe até choro de felicidade.”

“Todas as emoções que a gente sente merecem existir, não tem nenhuma que precisa ser tirada da roda”, promete o psicanalista Christian.

"Eu era um menino tempestade”, lembra Yuri. Ele conta que, quando criança, chorava muito, e alto. “Na adolescência tinha mais dificuldade para chorar. Acho que dei uma segurada nas emoções”, diz.

“Escrevi o livro para falar para as crianças que chorar é bom e é transformador, seja pelo motivo que for.”

Quando pequeno, o ilustrador Renato Moriconi era melancólico. Ele conta que até se relacionava, e gostava de fazer as pessoas rirem, mas que também sentia esta melancolia, que é como uma tristeza sem motivo concreto.

“Eu estudava em uma escola que ficava em frente ao prédio onde minha mãe trabalhava. Ela era minha heroína, me criou sozinha. E, no recreio, as crianças ficavam brincando, enquanto eu ficava deitado na gangorra olhando para o prédio dela”, lembra.

O músico e escritor americano David Ouimet publicou recentemente “Eu Fico em Silêncio” (Companhia das Letrinhas, 56 páginas, R$ 54,90), um livro sobre uma menina que não se sente compreendida pelos outros, e acha que não se encaixa no mundo.

“Sinto que não há livros infantis suficientes sobre as emoções desconfortáveis que todos nós sentimos”, explica David. “Se pudermos falar sobre estas coisas, podemos vê-las mais claramente e entender que estar triste, solitário ou assustado são sentimentos que todas as pessoas têm.”

Na história, a protagonista é uma menina que algumas vezes usa uma máscara, e que, por todos os lugares onde passa, seja na escola ou andando pelas ruas, se acha deslocada.

“Ela está ansiosa. Sente que todos estão falando sobre ela, e se sente pequena”, conta.


"A garota no centro do livro está muito perdida em seu próprio mundo. Ela parece diferente, fala de forma diferente. Como resultado, ela simplesmente escolhe ficar quieta. Eu acredito que são emoções que todos nós experimentamos ao crescer, e até mesmo quando somos adultos”, completa o escritor.

David conta que foi uma criança muito parecida com a menina de “Eu Fico em Silêncio”. “Eu era perdido em meu próprio mundo. Foi isso que me fez ser quem eu sou hoje, um autor, artista e músico. Foi como encontrei minha voz.”

“É muito importante a gente descobrir e respeitar quando quer ficar quieto”, ensina o psicanalista Christian. “Às vezes a gente quer inspecionar o que tem dentro do armário da nossa cabeça, sem dar satisfação para os outros.”

“Já reparou que os adultos não dão satisfação pra gente?”, questiona. “Mas eles querem saber da gente, e isso é chato. Porque às vezes eles perguntam e a gente não sabe responder. E, outras vezes, a gente diz uma coisa e eles escutam outra, e isso é terrível.”

Christian  diz que, quando parece que ninguém acha a palavra certa para conversar, e tudo que se diz gera mais confusão e incompreensão, é normal ter vontade de “entrar no buraco”.

“E está muito certo fazer uma pausa. Vai para a sua estação de tratamento de pensamentos e emoções, mas volta o quanto antes. Pede desculpas. Isso pode ser meio chato, mas é o melhor caminho. Porque os outros não estão lendo a nossa cabeça, e a gente não está lendo a cabeça dos outros.”

A partir  da Folha de S.Paulo 

VIVO NA SOLIDÃO SEMPRE

4/13/2012

"Já são 3 dias que não sou mais a mesma, recebi um balde de água fria na cabeça e esta demorando pra secar, talvez não seque nunca.  Não tiro as coisas que vi da cabeça, o vento sempre dá o seu jeito de me trazer as imagens, palavras, tudo que não me faz bem. O único momento que me sinto bem é quando estou dormindo, mas é só acordar que as sombras vem me atormentar e perturbar o juízo.

Eu sempre fui uma pessoa fria, calada, e agora eu sou bem mais. As pessoas me obrigaram a ser assim, e assim vou seguir. Não quero que as pessoas sintam raiva de mim, nem ódio, nem pena.

Já não sei mais o que falar, não tenho companhia de ninguém. Ultimamente tem sido eu comigo mesma. Eu sou sozinha, vivo na solidão sempre, e passa muita coisa ruim na minha cabeça.

Acho que é só isso, então ..."
C.V.
A partir da Comunidade Q.M.

O QUE FAZ A VIDA PARECER SEM SENTIDO ?

7/07/2011
"O que faz a vida parecer tão frequentemente sem sentido a uma pessoa?" Esta é uma pergunta que você já pode ter se feito durante algum tempo, ou que esteja se fazendo agora... O que para os pássaros é a muda - época em que trocam de plumagem, os tempos difíceis -, a depressão é para os seres humanos. Talvez tenhamos um conceito muito negativo desta que se tornou a doença do século XX. Por isso, gostaria de propor-lhes uma visão diferenciada, um outro modo de encarar o que para nós possa ser sinônimo apenas de fracasso. Acredito que muitos frutos podem ser colhidos nesse tempo; lembro-me agora de algumas frutas próprias do inverno e de como alegram os dias chuvosos e sombrios. Passada essa época, permanece a lembrança, não das chuvas e do frio, mas dos frutos da estação.

Porém, antes de falarmos mais sobre este assunto, é imprescindível estabelecer a diferença entre a depressão de caráter endógeno e a depressão decorrente de lutas e angústias, que também podemos chamar de psico-espiritual. Esta definição é necessária, pois o nosso objetivo é tratar apenas desta.

As depressões endógenas, podem ser desencadeadas por um fator psicológico, mas são condicionadas bioquimicamente e até hereditariamente alicerçadas. Nesse caso, é preciso uma farmacoterapia adequada e acompanhamento médico. Pode acontecer, inclusive, que esse tipo de depressão não esteja vinculado a nenhuma crise pessoal ou estressor social. Por exemplo, uma pessoa depressiva que traz em sua história familiar a depressão em gerações anteriores, ou que apresenta um déficit de serotonina, quando está livre da crise, consegue dedicar-se ao seu sentido de vida. Mas existem também os casos em que os dois tipos de depressão vêm juntos.

Vejamos agora o que é a depressão psico-espiritual, que tem acometido tantas pessoas, independentemente de faixa etária, nível sócio-econômico, profissional e religioso. Segundo Victor Frankl, psicoterapeuta existencialista, essa depressão é causada por um vazio existencial, decorrente de uma falta de sentido de vida, podendo ser encontrado por trás de uma vida profissional excessiva, no refúgio de uma atividade desportiva, na fuga para o mundo dos romances ou televisão, nos fenômenos psicológicos de massa, no decaimento psicofísico dos aposentados, na necessidade de nunca se deixar descansar ou na febre de novas ações e novas experiências. Esse vazio não chega a ser uma enfermidade, salvo quando acompanhado por sintomas na dimensão psicofísica, mas provoca um quadro depressivo - apatia, desânimo generalizado, desinteresse por tudo ao redor, podendo causar inclusive o suicídio -; adição - desespero frente ao tempo, corre-se atrás de um relógio, sem nunca parar, com receio de enfrentar seu próprio vazio -; e agressividade - pode ser explícita, como a que vemos tomar as manchetes de jornais de todo o mundo, e implícita, presente nos relacionamentos, nas discussões no trânsito etc.).

Pronto! Agora que você já sabe do que se trata a depressão, podemos voltar a falar de um assunto mais interessante: do inverno e dos frutos, dos pássaros e suas plumagens... Você já havia pensado na depressão como algo assim? Olhando-a desta maneira, não nos parece tão terrível, não é mesmo?!

Muitos de nós consideramos a depressão um tempo sombrio, uma página vergonhosa de nossa história, uma doença que aleija a alma. Difícil considerá-la um tempo de crescimento, de maturidade, de transformação... Será por causa da pergunta que se faz? Aquela acerca do sentido da vida? Afinal, reconhecer-se confuso, admitir que o mundo não lhe satisfaz, que a felicidade é simples, que o trabalho não lhe preenche, não é lá muito fácil! É preferível não mexer nisso, vestir o luto e ver no que vai dar. Sim ou não?! Não! Vejamos o porquê: a depressão enquanto condição humana, se bem orientada, deve conduzir o ser humano à tomada de consciência da sua própria vida e do seu sentido último (nada de fugir de si mesmo!). Quando isso acontece, estamos falando de maturidade espiritual, uma vez que é reconhecida a necessidade de orientar-se para algo que o transcende, para uma missão a realizar e/ou uma pessoa a conhecer e amar. Isso é próprio do ser humano, é uma lei inscrita em seu coração, não dá para negar esta verdade!

Consideremos, então, a depressão uma prova. A crise consiste em admitir que se está vazio e que é preciso encher-se; que se tem sede e precisa-se de água, e para isso é preciso romper com muitas coisas. Se conseguirmos entender a depressão desta forma, aceitaremos que possa haver um Deus e que todo o vazio será ocupado por sua presença que se encarregará de dar sentido à nossa vida.

Termino com uma citação de Santa Teresinha, intercedendo a Deus por você que passa hoje por esta dor. Não esqueça: Ele não nos prova acima de nossas forças!

MINHA ALMA COMEÇOU A CHORAR

7/05/2011
Por mais que dissesse que minha alma sofria com a minha situação, com a minha dor, na verdade sempre acreditei que a alma fosse algo sagrado (não no sentido religioso), protegida de toda a influência externa. Ela seria nada mais que a marca da existência no universo, como as pinturas rupestres em rochedos antigos, denunciando que ali esteve presente, em algum momento, um determinado ser vivo.

Mas hoje, de repente, senti realmente uma lágrima escorrendo dentro de mim. Uma tristeza diferente, que não pude identificar direito de onde vinha, muito menos alcançá-la para fazer algo a respeito. Logo parou, mas senti muito medo, pois nunca havia sentido isso antes.

Todo esse sofrimento parece finalmente ter se infiltrado num lugar muito profundo, que deveria estar protegido de todo o mal. E para começar a chorar, é preciso estar sofrendo há algum tempo já.

Desculpe, minha alma, por tê-la feito passar por tudo isso injustamente.

Enquanto isso a vontade de morrer vai crescendo, crescendo...

R.H.

MEU PROBLEMA É INCOMPETÊNCIA SOCIAL

6/21/2011
"Eu realmente estou no fundo do poço, mas não necessariamente queria morrer.

Queria ser um fantasma, um espírito, para poder vagar pelo mundo e aproveitá-lo sem a necessidade de interagir com humanos. Desde sempre fui incompetente nisso. Nunca sei como agir, sempre queria me afastar, e nunca gostei das pessoas em geral. Mas o pior é que, na condição humana, sempre sentia a necessidade de fazer parte de um grupo, de socializar.

Como um espírito, isso não seria necessário. Poderia me livrar desses sentimentos que tanto me atrapalham e deixar minha mente livre para fazer o que ela gosta: observar. O mundo é tão belo, o universo tão cheio de possibilidades. A natureza, os seres vivos, a dinâmica da vida.

Morrer significaria parar de sofrer junto à humanidade, mas também significaria abrir mão de todo o resto. Ultimamente minha vontade de morrer tem crescido assustadoramente. Inclusive, faz uma semana que tive uma tentativa mal sucedida. Mas eu não queria isso. Queria apenas me livrar das limitações que esse corpo impõe. A minha alma nesse recipiente só encontrou barreiras e imposições que a fizeram sofrer. Minha mente está uma desgraça, e comecei a perder memórias.

Quero ficar livre.

Alguém sabe como consigo?"

SAÚDE : O LADO MAIS TRISTE DA SOLIDÃO

6/11/2011
Quando ela deixa de ser uma escolha, é a saúde que sai prejudicada. Um estudo americano revela os efeitos do isolamento nos genes e comprova seus riscos ao corpo

por MARIANA AGUNZI
ilustração ANNA CUNHA

Quem pensa que a falta de vínculos sociais e afetivos é um drama com repercussões restritas às emoções se engana. A ciência alerta, agora, que a solidão pode até mesmo nos provocar doenças — e não apenas psíquicas. Uma leva de pesquisas recentes mostra que os avessos à família e aos amigos têm tanta tendência a ficar enfermos quanto os fumantes ou sedentários convictos. Há indícios também de que os solitários estariam na linha de frente dos problemas de fundo inflamatório, caso de artrites e doenças cardiovasculares.

Segundo um estudo recém-concluído na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, pessoas que se queixam de uma vida reclusa possuem genes menos ativos na proteção contra vírus. "Os sociáveis estão naturalmente mais propensos a contrair viroses porque estão em maior contato com outros indivíduos", raciocina o psicólogo Steve Cole, que liderou o trabalho. Já a turma que vive afastada do mundo, menos exposta a esse tipo de micróbio, acaba apresentando um sistema imune que não tem tanta necessidade de enfrentá-lo. Em tudo na vida, porém, há uma compensação. Nessa gente, as defesas passam a se concentrar nas bactérias, o que gera uma reação inflamatória recorrente — e nem sempre bem-vinda, já que inflamação demais abre alas a descompassos em diversas áreas do corpo.

É claro que nem todo solitário está fadado a cair de cama. O perigo surge quando a sensação de isolamento é constante e isso, inclusive, independe de ter ou não uma companhia. "A partir do momento em que a solidão começa a interferir no comportamento e no estilo de vida, ela se torna patológica", afirma a psicóloga Denise Pará Diniz, coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Universidade Federal de São Paulo.

A questão é que o bem-estar físico e mental está interligado. O desarranjo de um lado não raro desestabiliza o outro. Os indivíduos reclusos apresentam maior tendência à depressão, algo que repercute nos hormônios e nas defesas. "Essa condição está associada a quedas imunológicas, pressão alta, perda de sono e alcoolismo. Por isso, é um fator de risco comparável ao cigarro e à obesidade", acusa o psicólogo John Cacioppo, especialista em neurociência social da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.

Mas, calma, tantas evidências não significam que quem prefere viver mais só tenha que sair às ruas caçando companhia. Os estudiosos advogam que nem toda solidão é prejudicial. Não há problema algum se ela é fruto de uma escolha consciente, ou seja, quando nos afastamos do grupo para descansar, ler, refletir... situações que são até prestativas, especialmente antes de tomar uma decisão. O perigo, vale frisar, é perder o controle e deixar-se levar pela clausura absoluta, evitando inclusive os entes próximos. De qualquer forma, mais importante do que a quantidade é a qualidade dos relacionamentos que construímos ao longo da vida. E, se você estiver satisfeito com eles, pode se dar ao luxo de conceder um espaço na agenda para si mesmo — e só para si mesmo.

Vida longa e acompanhada
Manter uma rede de relaciona mentos ajuda a espantar doenças que aparecem com o avançar da idade, como o Alzheimer. É que o contato social garante uma cabeça mais ativa. "Com o tempo, muita gente tem menos necessidade de usar o cérebro e as ligações entre os neurônios enfraquecem. Os vínculos afetivos auxiliam a conservar essas conexões", diz o psiquiatra Paulo Inecco, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Para domar a solidão

Cuide dos seus pensamentos: se você se sente bem permanecendo um tempo sozinho, não foque em problemas, mas em assuntos positivos.

Gerencie seu tempo: apesar da correria, é importante manter um momento para os amigos e a família e para cuidar de si mesmo.

Abra o leque de relacionamentos: permita-se conhecer novas pessoas e controle a ansiedade para evitar possíveis decepções.

A partir da revista Saúde é Vital. Leia no original

EU, SOZINHO, PRECISANDO DE AJUDA

5/07/2011
"Agir é algo que só parece ser possível para aqueles que têm força, vontade, fé, ou seja, para pessoas 'de bem com a vida' e, como quase nunca estou legal, sinto existir uma bola de ferro invisível amarrada ao meu calcanhar e me impedindo de progredir na vida. As coisas que faço parecem pequenas e inúteis para combater minhas angústias, minha extrema solidão, meu medo da vida... Eu tenho quase 47 anos, sou tímido, não tenho amigos, só me comunico com as pessoas para coisas de trabalho, não sorrio nem brinco com o padeiro, com o caixa da pizzaria ou do mercado, enfim, não tenho vida social que me satisfaça e me faça sentir-me feliz. Não creio que me isolo das pessoas por eu ser Gay, afinal, tenho vários conhecidos Gays que vivem felizes, conversam, brincam...

Meus sentimentos oscilam entre a solidão, o medo de morrer sozinho e abandonado e a vontade de morrer logo, para que meu sofrimento teha fim. Tirei férias e viajei sozinho (como sempre!!!) pra Ubatuba, no Litoral Norte Paulista. Vi praias lindíssimas, mas a solidão de ir desacompanhado dói muito, e não me deixou aproveitar nada do passeio. É muito triste não ter ninguém pra sair comigo nem nas férias. Na Pousada só havia pessoas acompanhadas de namorado(a) ou da família e só havia eu alí sozinho, sem ninguém, tendo que passear desacompanhado.

Da Escuna eu olhava a imensidão das águas profundas do mar, e pensava em pular. Mas era uma vontade parada, porque eu não teria coragem, por medo, e por pensar na minha mãe e nos meus irmãos...

Eu tô tão triste e ainda tenho mais uma semana de férias. Volta e meia eu pago para transar com garotos de programa, mas isto é algo que só me satisfaz naquele momento; depois fico com raiva de mim, achando que isto não é bom, que não me completa, que é algo gostoso mas muito artificial, pois a pessoa está comigo só porque estou pagando...

Eu queria ter amigos pra sair, passear, mas as pessoas fogem de mim por eu ser esquisito, chato e não conversar ...

Esta situação acaba comigo dia após dia .... Preciso de ajuda e peço Ajuda".

L.F.
 
Copyright © QUERO MORRER. . OddThemes