Estudos & Pesquisas

Últimas Postagens

Mostrando postagens com marcador suicídio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador suicídio. Mostrar todas as postagens

Em filme, Susan Sarandon reúne família para se despedir antes do suicídio assistiassistido

4/25/2021
Apresento o que o cinema e o jornalismo têm a dizer sobre o tema suicídio assistido, através de duas obras recentes: o filme “A despedida”, cujo título original é “Blackbird”, e o livro “The inevitable” (“O inevitável”), ainda sem tradução para o português.

No cinema, disponível em streaming para ser saboreado em casa. Lily (Susan Sarandon) e Paul (Sam Neill) programam uma reunião de família inesquecível, mas não no sentido positivo do termo: naquele fim de semana, ela terá a oportunidade de se despedir dos entes queridos e cometerá suicídio assistido com a ajuda do marido, que é médico. Não há referências explícitas em relação à doença, mas Lily vem perdendo os movimentos e o prognóstico é de que, num curto prazo, seu estado se agrave e ela se torne totalmente dependente.

As duas filhas, Jennifer (Kate Winslet) e Anna (Mia Wasikowska), parecem concordar com a decisão da mãe, mas questões não resolvidas emergem durante aqueles dias carregados de emoção, mas também pontuados por risos e demonstrações de afeto. Numa participação pequena, mas expressiva, o episódio serve para que Jonathan (Anson Boon), o neto do casal, faça sua passagem para a vida adulta. Trata-se de uma refilmagem do longa dinamarquês “Coração mudo” e a provocação proposta pelo diretor Roger Michell, responsável por “Um lugar chamado Notting Hill”, se mantém: podemos decidir quando uma vida deve terminar? Temos o direito de ser senhores do próprio destino até o fim ?

A jornalista Katie Engelhart fez dezenas de entrevistas para escrever o recém-lançado “O inevitável”. O livro se concentra em seis pessoas: quatro delas que buscam uma forma “boa” de morrer e dois médicos que facilitam essa escolha – a diferença é que um realiza sua atividade legalmente e, o outro, não. Um dos argumentos mais utilizados pelos entrevistados é que a eutanásia de animais de estimação para que não sofram, que seria um ato de misericórdia, não tem seu equivalente para seres humanos.

Uma das histórias é a de Avril Henry, octogenária que consegue a droga numa loja de produtos veterinários no México. Em entrevista dada à NPR (National Public Radio), Katie afirmou que os dados disponíveis no estado do Oregon, o primeiro a permitir a eutanásia e o suicídio assistido, mostram que a maioria das decisões não está relacionada um quadro de dor excruciante: “as pessoas estão mais preocupadas em manter sua dignidade e autonomia no fim de suas vidas”.

Por Mariza Tavares
A partir do G1. Leia no original  :






Avicii tomava 20 comprimidos por dia contra dores e ansiedade

4/21/2021
Os últimos meses do DJ Avicii, que morreu em 2018 aos 28 anos, envolveram uma difícil batalha pela sua saúde física e mental. Segundo a edição irlandesa do jornal The Mirror, novo material que seria parte do projeto do documentário "Avicii: True Stories", lançado em 2017 originalmente, retrata que o músico sueco enfrentava ansiedade, dependência de álcool, pancreatite e chegou a tomar 20 comprimidos por dia buscando a recuperação total.

Avicii também lidava com uma significativa estafa: em oito anos, ele chegou a realizar 813 shows e teria dito a membros de sua equipe que temia pela sua vida caso assumisse mais compromissos profissionais. Nas imagens, o DJ também explicou como teve o primeiro contato com álcool durante a carreira. "No começo, eu tinha muito medo de beber antes dos shows porque tinha medo de estragar tudo, mas percebi que estava muito tenso, então comecei a beber alguns drinques antes de continuar. Eu via outros DJs bebendo, que faziam isso há 10 anos em todos os shows.

Durante uma turnê pela Austrália em 2012, Avicii sentiu dores abdominais e foi levado às pressas para o hospital, onde foi diagnosticado com pancreatite, uma inflamação no pâncreas em decorrência da ingestão excessiva de álcool. "Eu acordava todos os dias e sentia dores. Era constante e tudo estava confuso e eu não sabia por quanto tempo conseguiria continuar assim", explicou o artista na época. Nos anos seguintes, ele ainda passaria por outras estadias hospitalares, para tratar uma apendicite e retirar a vesícula biliar.

"Eu estava com muitas dores, mas tudo que recebi foi um remédio e disseram 'tome isso e você vai se sentir melhor'. Era como a heroína, mas também não estava ajudando na dor, mas presumi que os médicos sabiam o que estavam fazendo. Ter pancreatite não era o problema, era a dor que fica com você depois. No começo, foi um mês, e depois quatro meses. Eu estava tomando 20 comprimidos por dia, mas eles sempre me diziam que não era viciante. Eu ainda estava ansioso e então comecei a fazer turnê novamente", diz o DJ no documentário.

As dificuldades para administrar seu bem-estar mental, físico e as demandas de uma carreira de sucesso internacional levaram o artista a decidir se aposentar em 2016. Dois anos depois, o músico morreu. A causa da morte foi apontada como suicídio.

A partir do UOL. Veja no original  :
https://www.uol.com.br/splash/noticias/2021/04/20/avicii-tomava-20-comprimidos-por-dia-em-luta-contra-a-ansiedade.htm

PM LANÇARÁ CARTILHA PARA AJUDAR TROPA A LIDAR COM COLEGAS SUICIDAS

4/07/2021

 

Foi da pior maneira possível que colegas do soldado Wesly Soares descobriram, no final de março (28), que o PM da Bahia precisava de ajuda. Não conseguiram perceber a tempo que o policial sofria a ponto de sair do controle, atirar para o alto em meio a gritos desconexos, e ser morto como um terrorista.

Para tentar evitar tragédias como essa e tantas outras ocorridas em silêncio nos quarteis país afora, a Polícia Militar de São Paulo desenvolveu uma cartilha, a ser distribuída para toda a tropa, para ajudar os policiais a identificar colegas com necessidade de ajuda e contribuir para que eles possam recebê-la.

“Há uma rede para assisti-lo. Mas ele precisa chegar à essa rede, e esse é o objetivo da cartilha”, disse o major Mario Kitsuwa, subchefe do Caps (Centro de Atenção Psicológica e Social) da PM paulista, um dos criadores da cartilha de prevenção ao suicídio policial.

A iniciativa, ainda segundo ele, é capacitar os PMs de todos os níveis a identificar sinais de quando um colega precisa de ajuda e também saber o que falar para o parceiro com conversas suicidas.

“É uma situação bem difícil [ouvir que o colega quer se matar]. Nós estamos tentando fazer com que os policiais não se se desesperem. Está certo que é um processo de longo prazo, mas que eles entendam que a pessoa está sofrendo e, se ela está compartilhando isso, é porque ela quer ajuda e a gente tem condições de ajudar”, afirmou Kitsuwa.

Na cartilha deve constar o contato de todos os 41 núcleos de assistência psicossocial espalhados pelo estado e, ainda, o telefone de profissionais de plantão para atendê-lo emergencialmente, estrutura já existente e apontada por especialistas como a melhor do país.

O nome provisório da cartilha é “Manual de orientações para prevenção de suicídios” e deve ser distribuída ainda no primeiro semestre de 2021.

“Queremos alcançar o último policial, que está na última companhia, no último posto, na divisa do estado. A gente entende que a prevenção é o melhor caminho. A gente minimiza os riscos de acontecer uma situação extrema como essa [da Bahia]. Ninguém gostaria de estar naquela situação, naquele dia.”

Em São Paulo, segundo dados da Polícia Militar, entre 2015 e o final do ano passado, 137 policiais da ativa militares tiraram a própria vida. Nesse mesmo período, 4.729 PMs foram afastados de suas atividades por problemas psicológicos. Não há uma estatística nacional sobre a saúde dos policiais brasileiros.

O episódio da Bahia é também ligado ao tema suicídio porque, para alguns especialistas, ele se encaixa no chamado “suicide by cop” (ou suicídio por policiais, em livre tradução). “A pessoa não tem coragem de atentar contra a própria vida e provoca uma situação com a polícia”, disse o tenente-coronel Valmor Saraiva Racorti, oficial da PM paulista e um dos estudiosos do fenômeno no Brasil.

Ainda segundo o oficial, há uma necessidade premente de se estudar e que casos assim sejam tratados de forma diferente desde o despacho da ocorrência pelo Copom (centro de operações).

Para a socióloga Dayse Miranda, doutora em Ciência Política pela USP e diretora executiva do Ippes (Instituto de Pesquisa Prevenção e Estudos em Suicídio), a PM de São Paulo é a única que tem um programa de prevenção de suicídio e uma estrutura criada para atender a saúde mental dos policiais.

Dayse concorda que ter uma boa estrutura não é suficiente para que serviço possa chegar a todos os policiais e, por isso, também defende a criação de uma rede de apoio entre os policias e, ainda, uma capacitação. “Se o colega está na viatura e sofre uma crise de ansiedade, o que o colega do lado vai fazer se não for treinado?”, questionou ela.

Sobre o “suicide by cop”, a pesquisadora disse não ter elementos suficientes para fazer tal classificação, mas conhece alguns casos. “Aqui, no Rio, a gente viu casos de policiais que forjaram a própria morte, como entrar num conflito, e acabaram assassinados. Eles tinham vontade de morrer, mas não tinham coragem [de se matar], pela família. Porque a família do policial suicida perde o direito da aposentadoria completa, não recebem o seguro de vida”, disse ela.

Para ela, a discussão mais importante a ser feita é sobre a estrutura que as instituições policiais no país dispõem para lidar com a saúde mental dos profissionais.

“A saúde mental não existe para as corporações e para poder público. As instituições de segurança pública não têm a saúde mental de seus membros como item do orçamento. Isso significa que saúde mental é um tema invisível. Só aparece quando acontecem episódios como esses [de Wesley Soares], quando explode”, disse.

Dayse continua. “Esse episódio é mais um episódio. Infelizmente, foi tratado como ato político. [...] Todos perderam uma oportunidade de inverter essa situação a favor da própria instituição com a proposição de uma lei que garanta saúde mental e programa de prevenção de suicídio na Bahia.”

A pesquisadora Fernanda Cruz, do Nev (Núcleo de Estudos da Violência) da USP e também pesquisadora associada do Ippes, é outra defensora de que o caso da Bahia deve ser tratado como fonte de estudo para evitar a ocorrência de casos, não para debate político.

“A questão que aconteceu na Bahia revela claramente um policial em uma situação de surto. É a principal leitura sobre o caso que precisa ser feita. A gente precisa entender o que aconteceu para esse policial chegar até onde chegou. Até o ponto de colocar em risco a segurança de outras pessoas, de outros policiais, e também a segurança dele mesmo”, disse.

Fernanda também critica discussões marginais sobre o episódio da Bahia, como tentar reconstituir as palavras ditas por ele naquele momento de surto, porque ajudam a criar narrativas paralelas que ocultam a principal questão a ser discutida.

“O cerne da questão é a gente falar sobre a saúde mental dos agentes de segurança púbica. Porque, intencional ou não para um suicídio, o fato é que aquele policial estava em sofrimento e que ele chegou naquele estágio de sofrimento porque não foi acolhido antes. Será que isso podia ser evitável? Será que esse caso pode nos ensinar alguma coisa para evitar novos casos?”

SINAIS DE ALERTA PARA O SUICÍDIO

  •  Falar sobre querer morrer, não ter propósito, ser um peso para os outros ou estar se sentindo preso ou sob dor insuportável
  • Procurar formas de se matar
  • Usar mais álcool ou drogas
  • Agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável
  • Dormir muito ou pouco
  • Se sentir isolado
  • Demonstrar raiva ou falar sobre vingança
  • Ter alterações de humor extremas

O QUE FAZER

  • Não deixe a pessoa sozinha
  • Tire de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes
  • Leve a pessoa para uma assistência especializada
  • Ligue para canais de ajuda

  • 188 é o telefone do Centro de Valorização da Vida (CVV). Também é possível receber apoio emocional via internet (www.cvv.org.br), email, chat e Skype 24 horas por dia.


A partir do UOL. Leia no original  : https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/04/pm-de-sp-lancara-cartilha-para-ajudar-tropa-a-lidar-com-colegas-suicidas.shtml

'ESTOU MEDICADO, NUM PARAÍSO ARTIFICIAL "

12/03/2017


Olá senhoras e senhores.

É possível curar a depressão? Deixar de ser um suicida? De desejar a morte de todas as formas? Não tenho essas respostas. Na verdade estou medicado, num "paraíso" artificial.

Venho experimentando um pequeno coquetel de drogas em que eu, minha psicóloga e a psiquiatra vem há meses tentando acertar a dose e a melhor forma de terapia. Acontece que sou extremamente cético, ateu, desgrudado dessas coisas que dão esperança.

Não acreditava numa melhora possível. Já tentei me matar 8, 9x, perdi até a conta exata. E sempre foi muito doloroso essas experiências até que conheci a Venlaxina. Calma. Não é só isso. Um dia acordei, o mundo estava igual. Eu não dei um alegre bom dia pro sol. Não vi arco íris, pássaros, borboletas celestiais. Nem se quer um pingo de felicidade extravagante brotou. Meus problemas materiais ainda estavam lá. Só mais tarde percebi...o dia tá estranho. Eu tô estranho. Passei ao lado da forca que até hoje tenho no meu quarto, presa atrás de um espelho e senti certo arrepio.

 Peguei minhas giletes de mutilação, olhei minhas cicatrizes evidentes nos braços e senti certa pena de mim...que coisa macabra. Estaria eu querendo viver a essa altura do campeonato? Não rola! Meu suicídio é certo... Alguma coisa não estava em seu lugar e eu quase, quase vi uma luz no fim do túnel. Pudia jurar... até que vasculhei meu pensamento e achei.

Sim, ainda me escapole o olhar em direção ao vazio, aquele oco ainda habita meu ser. Então o que é isso que estou sentindo? Também não sei. Mas com 4 meses experimentando essa dose que foi inicialmente de 75mg até hoje, estacionando com 300mg de Venlaxin, um potente inibidor seletivo de recaptação da serotonina, norepinefrina e dopamina, responsáveis pelas sensações de prazer e felicidade + 1mg de Respiridona, que para mim vem como um lubrificante que ajuda a desgrudar e colocar para fluir pensamentos repetitivos + Rivotril pela manhã para relaxar e booom. 

Consegui atravessar dias e noites sem pensar em morrer. Me senti cafona, pois a morte para mim era sinônimo de luxo. E lá estava eu dizendo SIM para as coisas sociais, porque minha psicóloga disse que eu falava muito não, e por isso vivia trancado, que eu tinha um padrão de pensamento negativo, e então passei a pensar duplo, triplo, ou seja, para cada coisa que eu pensava e identificava como negativo eu tentava encontrar 2 ou 3 pensamentos contrários, positivos.

 Algo estava acontecendo! Não posso dizer que estou curado (disse minha psiquiatra que não tem cura). Só posso dizer que hoje vivo melhor que ontem e que estou com vontade de ver até onde isso vai. O pensamento de morte ainda vem e já fui alertado que ele vai continuar. Ainda tenho dias de desespero, mas são menos e mais fracos do que eu costumava ter. E assim tenho passado meus dias nessa Terra. 

Ainda persiste na minha cabeça a ideia de que só estou vivo para não fazer minha mãe sofrer e no minuto seguinte que ela morrer eu vou me matar porque a vida não terá o menor sentido. Só que ultimamente, nesses últimos 3 meses, isso não tem me feito sentir vontade de apressar as coisas e sim deixar que o tempo me revele o que sentir e como agir, ao invés de tentar prever o futuro e o trazer imediatamente para o presente. 

Então meus amigos e amigas. Como disse no início, ainda não tenho respostas definitiva e bem provável que nunca terei. Porém me parece certamente que existe como tornar essa vida mais suportável, melhor do que hoje, do que ontem. E nada disso é caro, inacessível. Pelo contrário. Esta disponível no SUS. É um direito do cidadão brasileiro. Experimentem! Não os mesmos medicamentos e doses que uso, e sim um tratamento na área de saúde mental. Tem que persistir! 

Esses remédios demoram de semanas a meses para funcionar, sem contar a psicoterapia, que demora de meses a anos (no meu caso, apesar de fazer há anos, só nos últimos 2 que me tornei frequente, indo toda semana). É pronto. Quero que todos melhorem! E podem contar comigo para o que precisar, pois eu já contei com esse grupo e já fui ajudado em meio a desgraça que se instalou no meu ser. Gritem! Chorem! Desabafem! E acima de tudo, tentem outra vez, por mais exausto que você esteja. Vale a pena? Sei lá... 

Talvez nunca saiba, mas estou descobrindo que também posso tentar. E se eu posso, porque você não? Um beijo para quem é de beijo e um abraço para quem é de abraço.

Roosevelt Soares
Depoimento no Grupo QM
Imagem : Pexels

ALGORITMO IDENTIFICA PENSAMENTOS SUICIDAS

11/04/2017

Inteligência artificial é capaz de avaliar as alterações produzidas no cérebro quando pacientes pensam em conceitos relacionados ao suicídio



Uma equipe de pesquisadores desenvolveu um novo algoritmo capaz de identificar pessoas com pensamentos suicidas, analisando alterações produzidas no cérebro quando os pacientes pensam em conceitos relacionados ao suicídio, como “morte”, “crueldade” e “problemas”. A inteligência artificial, criada por cientistas americanos, foi descrita em uma pesquisa publicada na revista científica Nature.

Segundo a publicação, o suicídio é a segunda causa de morte entre os adultos jovens nos Estados Unidos e o estudo oferece um novo foco para poder avaliar a desordem psiquiátrica. “Obtivemos uma janela para o cérebro e para a mente, esclarecendo como as pessoas com pensamentos suicidas pensam sobre conceitos relacionados com o suicídio e as emoções”, explicou o coautor do estudo, Marcel Just, professor de psicologia da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos. “O que é central nesse novo estudo é que podemos dizer se alguém está pensando em se suicidar pela maneira como pensa sobre assuntos relacionados com a morte.”

Para chegar à descoberta, os pesquisadores apresentaram uma lista de dez palavras relacionadas com a morte, outras dez com conceitos positivos e outras com ideias negativas a dois grupos. Um dos grupos era formado por dezessete pessoas com conhecidas tendências suicidas e o outro por dezessete pessoas sem essa tendência.

Eles desenvolveram um algoritmo capaz de identificar reações a seis conceitos que discriminavam os dois grupos. Durante o experimento, os participantes deveriam pensar sobre cada conceito enquanto estavam conectados a um scanner cerebral.

O programa conseguiu identificar com 91% de precisão se um participante pertencia ao grupo de indivíduos com tendências suicidas. Os especialistas também fizeram um experimento similar para determinar se o algoritmo poderia detectar aqueles que tinham tentado suicídio. O programa teve 94% de precisão.

“Mais exames sobre essa abordagem com uma maior representação determinarão a habilidade [do algoritmo] de prever um futuro comportamento suicida”, indicou o outro coautor do estudo, David Brent, do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Pittsburgh, também nos Estados Unidos. “Isso poderia dar aos médicos, no futuro, uma maneira de identificar, supervisionar e, talvez, intervir nesse pensamento alterado e distorcido que caracteriza as pessoas suicidas”, completou o cientista.

A partir da Veja. Leia no original
Imagem : Pexels

SUICÍDIO DE DOUTORANDO LEVANTA DEBATE SOBRE ESTRESSE ACADÊMICO

10/27/2017

Prazos apertados, pouco dinheiro, pressão para publicar artigos, carga de trabalho excessiva, cobranças, solidão. A vida de quem está na pós-graduação não é fácil.


Esses fatores não só trazem dificuldades pessoais e sociais àqueles que optam por seguir carreira acadêmica como também podem gerar consequências graves, como níveis altos de estresse, depressão, ansiedade e outros transtornos.

"É uma questão sobre a qual ainda se fala pouco, embora o mestrado e o doutorado tenham, sim, características que podem desencadear problemas psicológicos ou psiquiátricos", diz Tânia de Mello, coordenadora do Serviço de Assistência Psicológica e Psiquiátrica ao Estudante da Unicamp.

Em alguns casos, essa combinação pode levar a atos extremos. Há cerca de dois meses um aluno de doutorado do Instituto de Ciências Biomédicas da USP se suicidou no laboratório no qual trabalhava.

Deixou, numa lousa que havia no local, uma mensagem em que dizia estar cansado de tentar, de ter esperança, de viver. O texto terminava com a expressão em inglês "I'm just done" ("para mim, chega", em tradução livre).

Segundo colegas, ele estava próximo da qualificação (exame crucial que precede a defesa da tese) e vinha enfrentando problemas em sua pesquisa. "Ele estava travado. O doutorado dele parecia que não ia", disse um amigo que pediu à reportagem que não o identificasse.

Para Eduardo Benedicto, coordenador do Centro de Orientação Psicológica da USP de Ribeirão Preto, é preciso levar em conta as especificidades de cada caso, mas, algumas situações da pós, sobretudo em indivíduos mais suscetíveis, podem contribuir para o estudante achar que não tem saída e desencadearem, por exemplo, um quadro de ideação suicida.
Mello lembra que as áreas experimentais –como a do estudante que morreu– trazem um complicador a mais. "Às vezes um equipamento quebra, um reagente não chega e o trabalho fica parado. Estar sujeito a circunstâncias que não dependem de você é angustiante."

CRISES DE PÂNICO

Mesmo quando não está ligada a uma situação tão trágica, a rotina às vezes brutal da pós pode causar prejuízos.

Rita (nome fictício), 32, nunca havia tido nenhum transtorno psiquiátrico até entrar na pós, há cinco anos. A carga excessiva de trabalho levou a estudante, hoje doutoranda no Instituto de Biologia da Unicamp, a enfrentar problemas desde o mestrado.

"Eu recebi logo de cara muitas responsabilidades e comecei a achar que não daria conta, que era uma impostora. A impressão que eu tinha era a de que esperavam de mim mais do que eu poderia dar. Cheguei a pensar em suicídio."

Após buscar ajuda psicológica e psiquiátrica –dentro e fora da universidade–, Rita superou a crise e conseguiu concluir o mestrado.

No doutorado, os problemas reapareceram. As responsabilidades se tornaram ainda maiores e os prazos mais apertados. "Eu entrei em desespero. Tive crises de pânico. Sofria com insônia e não conseguia levantar de manhã."

Os sintomas, hoje, estão sob controle, mas Rita conta que a doença deixou sequelas. "Terminei o mestrado há três anos e até hoje não consegui abrir a minha dissertação".

Segundo a estudante, problemas como o que ela enfrentou são encarados, dentro do ambiente acadêmico, como uma fraqueza. "Te tratam como se você não estivesse aguentando a pressão, não tivesse maturidade para o curso".

As dificuldade a fizeram ainda repensar sua situação profissional. "Por mais que eu goste das coisas que eu estudo, tenho sérias dúvidas, não sei se devo continuar num meio que me machuca."

ORIENTADOR

Uma das figuras centrais para todo aluno da pós-graduação é o orientador, o professor incumbido de ajudá-lo a concluir a tese e prepará-lo para a pesquisa acadêmica.

Para Benedicto, seria importante que os orientadores estivessem atentos às dificuldades de seus alunos. "Verificamos, porém, que poucos têm essa perspectiva. Em geral, eles enfatizam a produção do estudante e o pressionam para que atinja os resultados esperados".

Mas o oposto, isto é, o orientador ausente, pode ser tão prejudicial quanto o exigente demais. "Eu escuto muitos alunos angustiados porque queriam alguém que lhes desse um cronograma de atividades, um prazo para fazer as coisas", diz Tânia de Mello.

"Não se trata de transformar a figura do orientador num terapeuta, mas me parece fundamental que ele tenha sensibilidade às características de cada aluno", diz Benedicto.

CRISE ECONÔMICA

As incertezas quanto ao futuro profissional, que acompanham quase todo estudante de pós-graduação, tornam-se ainda mais agudas num momento de crise como o atual, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem.

Neste ano, os recursos para a ciência, que já vinha em rota descendente, foram cortados em cerca de 40%, tornando-se os menores em mais de uma década.

Além disso, as universidades federais têm reduzido drasticamente as obras, atividades de pesquisas e concursos para novos docentes.


Do R$ 1,5 bilhão inicialmente previsto no orçamento para as federais investirem –valor um terço menor do que 2016–, apenas 60% foram liberados até o momento.

"Vejo os estudantes mais ansiosos diante dessa política de cortes. As agências de fomento têm restringido as bolsas e isso os afeta diretamente, inclusive o próprio envolvimento com o trabalho. Isso também os deixa com uma perspectiva pessimista em relação às possibilidades da carreira acadêmica", diz Eduardo Benedicto, psicólogo da USP de Ribeirão Preto.

Tânia de Mello, psiquiatra da Unicamp, vai na mesma linha. "Percebemos no atendimento ao estudante como a conjuntura econômica os deixa ansiosos e angustiados".

Trata-se de uma situação enfrentada pela pesquisadora Luciana Franci, 31, que hoje faz pós-doutorado –atuando como pesquisadora– na Universidade Federal do Paraná.

Franci, especialista na área de biologia vegetal, conta que, embora não tenha tido maiores problemas durante o doutorado, teve crises graves de depressão e ansiedade após o término do curso, em fevereiro de 2016.

"Bateu aquela incerteza sobre o que eu faria a seguir, já que os concursos nas universidades estavam parados e as bolsas de pós-doutorado não estavam sendo concedidas. Tive uma sensação de estagnação, de ter perdido tempo fazendo doutorado".

Ela diz que, então, teve de voltar por um período para a casa dos pais e caiu em depressão profunda, sem conseguir sair de casa ou conversar com as pessoas por semanas.

Hoje, contudo, está melhor. "Estou fazendo um tratamento com psiquiatra há mais de um ano."

A pesquisadora conta que a desolação quanto ao futuro é muito comum entre seus colegas. "Não temos perspectiva de que o cenário vá melhorar nos próximos anos. Vejo muita gente na pós-graduação se perguntando 'para onde isso vai?', ' o que vou fazer depois?'".

Tânia de Mello aponta que existe muita oferta e estímulo para estudantes cursarem a pós-graduação, mas que não se está parando para pensar nas perspectivas da carreira acadêmica.

ESTATÍSTICAS

Apesar da importância do tema, há poucas pesquisas sobre a influência da pós-graduação sobre a saúde mental dos estudantes. Uma delas foi feita com alunos da UFRJ e publicada em 2009 no periódico "Psicologia em Revista".

Após entrevistas com 140 estudantes de todos os centros da universidade carioca, os pesquisadores concluíram que 58,6% dos alunos apresentavam níveis médio e alto de estresse.

Um estudo publicado neste ano na Bélgica com quase 3.700 estudantes de doutorado mostrou que um terço deles estava sob alto risco de desenvolver uma patologia como a depressão. A taxa, segundo a pesquisa, é mais do que o dobro da apresentada por grupos de comparação fora da universidade.

Tânia de Mello diz que, embora seja difícil extrapolar tais resultados para os estudantes daqui, todos os fatores considerados no artigo como debilitadores da saúde mental do aluno de doutorado estão presentes na realidade brasileira.

Ela acrescenta ainda um dado a mais que compõe o quadro nacional: "a vulnerabilidade socioeconômica de alunos que não têm as bolsas aumentadas há anos".

O governo federal paga, desde 2013, R$ 1.500 para estudantes de mestrado e R$ 2.200 para os de doutorado, por sua dedicação exclusiva à pesquisa.

A partir da Folha de S.Paulo. Leia no original
Imagem :  Pexels

CARTA DE DESPEDIDA

10/24/2017
Reprodução
Esse texto do vídeo (reproduzido abaixo) é a história verídica de Thalia Mendes Meireles, de 16 anos, que sofreu abuso sexual durante dois anos. A jovem recorreu ao suicídio no início da noite do dia 14/04/2017, na cidade de Monção (MA). Na carta de despedida, ela relata o suposto abuso sexual e afirma que a mãe a tratava de forma fria. Thalia informa ainda que já havia tentado suicídio em outras ocasiões. Em depressão, a adolescente se isolou do mundo recorrendo às drogas, automutilação, sem que os familiares percebessem.
* * *



"Eu sei que a decisão que eu tomei foi totalmente desqualificada e imoral. Quem diabos é para tirar a própria vida?
Mas eu posso dizer uma coisa:Pra que serve o livre arbítrio? A vida é minha, a essência é minha. Respeitem.
As pessoas passam a vida inteira julgando tudo que vêem. Jogam palavras que não voltam, olhares que machucam, rejeitam, maltratam, usam. Isso dói, tá legal? O ser humano vai guardando isso dentro de si até formar uma grande bola prestes a explodir. Você pode ver uma pessoa sorrindo, parecendo feliz, mas não se engane, sempre há coisas além.
Por isso somos cegos. Nunca vemos além.
Aquela menina sentada de cabeça baixa tá precisando de ajuda. Mas o que as pessoas fazem? “Fulana está na bad”. Que sociedade maldita. Como se tristeza fosse algo irrelevante, que nao precisa de atenção. Idiotas. Quando é tarde eles se perguntam o que tinha de errado. Pais que não vêem seus filhos se cortando, se drogando, se destruindo. Escolas que não vêem o bulling debaixo do seu nariz. Pais que estrupam os filhos, mães que humilham, irmãos que rejeitam. Malditos. Malditos.

Eu não queria morrer. Eu penso que tenho um futuro pela frente. Eu sei que tenho.
Tudo isso acima faz a mente humana enlouquecer, sabia? Ela definha, fica angustiada e cheia de coisas inexplicáveis, pensamentos perigosos. Você vê no jornal aquele jovem que matou inúmeros estudantes e julga. Já parou pra pensar o que levou ele fazer aquilo? Será que não foi a hipocrisia e idiotice da sociedade? Essa sociedade que nos coloca em um lugar durante anos, em total humilhação e depois quer escolher um futuro pra nós. Ninguém nunca vê. Até que é tarde. Tnho mais amigos para fazer, mais músicas para escutar, mais pessoas para namorar, mais shows para ir. Tanta coisa. Mas sabe o que eu e outras milhões de pessoas pensam sobre isso? “Eu não tenho força de vontade para continuar. Eu não sou forte, eu não consigo seguir em frente sem derrubar mais uma lagrima”.

Ela era uma mãe tão atenciosa, o que aconteceu? Porque ela ficou tão alheia? Porque ela demonstra amar mais a meu irmão? Porque ela não me ama? Porque ela não me abraca e me beija assim como ela faz com meu irmão?
Sejam mais gentis, por favor. Amem mais, ajudem mais, vêem mais, peguem na mão de pessoas que estão se afogando. Dê sua mão. Dê um sorriso. Eu tenho inúmeros motivos para ter feito o que fiz. Meu próprio pai me abusou e foi por isso que eu morri por dentro. Eu fui morrendo durante dois anos. Fui vendo minha morte sem poder fazer nada a respeito. Quantos cortes eu não fiz? Eu até apelei a drogas, o que não resultou em nada. Meu pai iniciou a destruição. Minha mãe me tirou minha rotina e passou a assistir tudo em total inconsciência. Eu sei que ela via, mas quem disse que ela percebia? Porque ela me humilha por causa de um erro tão pequeno? Porque ela não pergunta como foi meu dia na escola? Porque ela não quer saber o motivo de eu estar tanto tempo trancada no quarto? Porque ela não pergunta o motivo de eu usar tanta blusa de manga comprida?

Eu irei deixar muita coisa no mundo e o mundo ira perder muita coisa. Eu sou diferente. Eu sou uma daquelas pessoas que os outros precisam .
Ela ta deixando eu morrer sem fazer nada. E eu não quero as lágrimas de meus pais. Eu sentiria nojo delas. Eu sentiria nojo porque eu passei a odiar meu pai e odiar minha nova mãe. Porque eu ainda amo aquela mãe que me abraçava e me beijava. É como se ela não me amasse mais porque fui usada pelo meu pai, como se ela sentisse nojo de mim. Sim, ela sabe do abuso, mas jogou pra debaixo do tapete. Assim como aquela maldita escola em que eu passei os piores momentos da minha vida. Eu ja tentei suicídio outras vezes. E isso e é horrível, porque eu já sei a sensação. Pensar em suicídio é uma coisa, mas planejar e ir no ponto é outra. Dá aquele aperto no peito, aquela sensação de frio na barriga. “O que acontecerá depois disso?” Eu não acredito em deus, eu creio que depois disso não há nada. Mas enfim, fazer isso é difícil. Eu sou muito covarde. As vezes acho que sou hipócrita porque eu vejo pessoas depressivas e vou ajudar, dar conselhos, tirar a pessoa daquela situação. Mas eu não faço isso comigo. Porque não dá mais. Droga, eu queria tanto ficar aqui. Porque ninguém me ajudou antes?

E quando forem se lembrar de mim, pensem em uma Thalia verdadeira. Aquela feliz que vocês viam era total mentira.
Ontem vi pessoas dizendo que a série 13 Reasons Why influência jovens a se suicidarem. Mas eu não acho isso. Eu Estava planejando tirar minha vida a meses e essa serie só fez eu parar e pensar: Estou prestes a fazer algo muito idiota”. Sim, eu tinha desistido de tirsr minha vida por causa de uma série, mas depois algo mudou. Eu voltei com a decisão . Então eu digo: Eu não me matei porque uma serie me influenciou, não pensem isso . Eu me matei porque eu não aguentava mais existir assim. Eu ja estava morta, o que mais eu serviria nesse mundo? Uma garota totalmente sem essência, sem nada por dentro. Já imaginou um oceano no meio da tempestade? O céu escuro? É assim dentro de mim. Mas tudo silencioso. Tudo muito destruído e silencioso. Tudo muito angustiante e doloroso. É dificil acordar de manhã e pensar: “Mais um dia em que irei ter lembranças más” “Mais um dia ao lado de pessoas que não me amam, que me odeiam””Mais um dia sentindo uma imensa vontade de chorar em todos os momentos” “Mais um dia desejando morrer” Então eu quero pedir que sejam mais tolerantes. Depressão não e é frescura. Não neguem ajuda a aqueles que estão angustiados, no fundo do poço. Adeus"

Thalia Mendes Meireles

SUICÍDIOS AUMENTAM COM CRISE ECONÔMICA E PRECONCEITO

10/08/2017

A cada 40 segundos, um suicídio ocorre no mundo. Ao todo, são 800 mil registros anuais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora tenha forte componente individual, determinantes sociais - como questões econômicas - também têm influência em diversos casos investigados. Episódios de suicídio são registrados em todos os países, mas segundo dados da OMS, 75% dos episódios ocorreram em nações de baixa e média renda em 2012.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre austeridade e saúde diagnosticou, a partir da análise de diferentes estudos, que as crises econômicas e o consequente aumento do desemprego aumentam o risco de suicídio e de mortes decorrentes do abuso de álcool. O debate sobre o delicado tema é estimulado este mês, no âmbito do Setembro Amarelo, para sensibilizar a sociedade para a prevenção ao suicídio.

Falta de esperança, dificuldades de se enquadrar no ambiente social e econômico são problemas apontados pela autora da análise e especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, Fabiola Sulpino Vieira.

Crise e austeridade

Em momentos de crise, a demanda por atendimento de saúde cresce, tanto pela degradação das condições de saúde quanto pela dificuldade de ter acesso a um serviço privado. Por isso, a possibilidade de ocorrência de suicídios pode aumentar com a adoção de políticas de austeridade.

“A crise gera uma série de problemas, à medida que você provoca uma situação de instabilidade muito forte. Quando vem a austeridade, que geralmente vem por meio do corte de despesas da área social, você acaba tirando possibilidades de mitigação dos efeitos da crise na vida das pessoas”, explica Fabiola.

Após analisar vários países que enfrentaram crises ao longo da história, a pesquisadora concluiu que aqueles que mantiveram políticas de reinserção das pessoas no mercado de trabalho e renda mínima, além de serviços públicos de saúde e educação, “não só mitigaram os efeitos da crise sobre a situação de saúde das pessoas, como também tiveram resultado em conseguir retomar o crescimento econômico em um prazo mais curto do que os que adotaram a austeridade”.

Enfatizando a necessidade de prevenção, o estudo alerta que “programas de proteção social e voltados para o mercado de trabalho podem reduzir o risco de desfechos negativos sobre a saúde mental e problemas relacionados ao abuso de álcool, além disso, podem promover a saúde e o bem-estar”.

A situação do Brasil

O Brasil não está fora desse quadro. O país tem taxa proporcional de suicídio baixa. Segundo o Ministério da Saúde, em 2014, foram registrados 10.653 óbitos por suicídio no Sistema de Informação de Mortalidade, taxa média de 5,2 por 100 mil habitantes, praticamente metade da média mundial, que é de 11,4 casos para o mesmo grupo. No entanto, tem sido diagnosticado um crescimento constante do número de ocorrências, especialmente, em relação a determinados grupos sociais.

Jovens

“Fatores puramente econômicos como o desemprego e a renda causam maior impacto sobre a taxa de suicídio ao grupo de pessoas mais jovens”, destacou o Ipea, em pesquisa sobre determinantes sociais do suicídio, publicada em 2010. Pressão social por sucesso e desemprego estrutural entre os jovens são alguns dos fatores que explicam essa situação, segundo o Ipea. O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos no mundo, segundo a OMS.

Crescimento de ataques virtuais acende alerta sobre suicídio
A questão de gênero é outra questão destacada na análise. Verificando microdados do Ministério da Saúde relativos ao intervalo entre 2000 e 2010, o Ipea constatou que 79% das vítimas são do sexo masculino. Já estudo que trata da relação entre acesso às armas de fogo e suicídio destacou que, quando consideradas apenas as mortes cometidas com armas de fogo, esse percentual chega a 88%.

Brancos

A diferença racial não aparenta ser tão determinante na análise das ocorrências gerais. Há 5% a mais de vítimas brancas. Quando destacado o uso da arma de fogo, esse percentual aumenta em quase dois terços.

“Isto pro­vavelmente reflete que os indivíduos de cor branca são em média mais ricos que os não brancos e, portanto, possuem mais facilidade de adquirir armas de fogo”, avalia o Ipea. 

O estudo aponta ainda que a disponibilidade de armas desse tipo pode favorecer a ocorrência de suicídios, de forma geral.

Indígenas

O acesso às armas de fogo em regiões de fronteira ou nas regiões agrícolas, onde muitos conflitos são registrados, ajuda a compreender a distribuição geográfica das ocorrências. Exemplo disso é o número bastante elevado de suicídios em Mato Grosso e no Amazonas. Enquanto a média nacional é de 5,2 casos por grupo de 100 mil habitantes, nesses locais a taxa é de 13,6 e 11,9, segundo dados do Mapa da Violência 2017.

LGBTs

Em 2016, a ocorrência de casos desse tipo no âmbito da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) chamou a atenção do Grupo Gay da Bahia (GGB) que, todos os anos, produz relatório sobre violência homofóbica. O grupo registrou 26 suicídios, sendo 21 gays, três lésbicas e duas pessoas transexuais. O número deve ser maior, já que a pesquisa contabiliza apenas casos noticiados por jornais e pela internet.

Políticas públicas

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza acompanhamento psicológico e psicoterápico, incluindo terapia ocupacional, bem como assistência hospitalar a todas as pessoas com transtornos mentais ou problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas. 

Preocupado com o crescimento do número de suicídios, em 2006, o Ministério da Saúde publicou as Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio (Portaria 1.876/2006) e o manual dirigido aos profissionais das equipes de saúde mental dos serviços de saúde.

A iniciativa integra a Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, que tem como objetivo reduzir as taxas de óbitos por esta causa, bem como as tentativas e os danos associados aos sujeitos envolvidos, além de estruturar a rede de suporte social e comunitária.

Em nota enviada à Agência Brasil, o ministério destacou que o Brasil está entre os 28 países, de um universo de mais de 160 analisados pela OMS, que tem uma estratégia de prevenção desse tipo. A portaria que estabelece a política está sendo avaliada pelo Comitê de Enfrentamento do Suicídio, criado recentemente pelo órgão, que deverá atualizar as diretrizes da estratégia.

O ministério também tem trabalhado em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV) – serviço que oferece apoio emocional por meio de ligação telefônica, a fim de evitar o suicídio – para ampliar o alcance do serviço de apoio gratuito por telefone para todo o país até 2020.

A partir da Agência Brasil. Leia no original
Imagem: Pexels 

ATAQUES VIRTUAIS SERVEM DE ALERTA SOBRE SUICÍDIOS

9/27/2017

Apesar de ser um grave problema de saúde pública, com tendência de crescimento nos próximos anos, pois acompanha a expansão de doenças como a depressão, o suicídio ainda é um tabu no Brasil. Dificuldade de obter dados, preconceito e medo de estimular a prática ao falar sobre ela são fatores que dificultam a discussão e o desenvolvimento de políticas públicas, segundo estudos e especialistas consultados.

Neste ano, o silêncio que ronda o tema foi quebrado com a divulgação do Baleia Azul, o jogo virtual que envolveria o estímulo às mutilações corporais de jovens e até ao suicídio. O game virou tema de novela e mesmo de operação da Polícia Federal, que prendeu acusados de aliciar crianças e adolescentes por meio do Baleia Azul.

O fato trouxe à tona uma realidade comum: a ocorrência do assédio virtual, também chamado de cyberbullying. O debate sobre o delicado tema é estimulado este mês, no âmbito do Setembro Amarelo, para sensibilizar a sociedade para a prevenção ao suicídio.

Além do jogo, casos como o do jovem americano Tyler Clementi, de 18 anos, que se suicidou após ter fotos íntimas divulgadas pelo colega de dormitório, e da britânica Hannah Smith, de 14 anos, que se matou após receber ofensas na rede, têm chamado a atenção de pesquisadores e instituições públicas.

Segundo o integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP), Pablo Nunes, não há estudos confiáveis que comprovem a ligação direta entre crescimento do número de suicídios e ataques nas redes sociais. No entanto, indícios dessa relação pedem atenção ao ambiente online.

“O fato é que a popularização da internet tem propiciado a circulação de informações sobre métodos de se suicidar e a proliferação de grupos de pessoas em sofrimento. Nesses grupos, os participantes discutem meios, lugares e 'encorajam' uns aos outros. No caso da automutilação, são centenas as páginas e grupos dedicados. Em muitas escolas o fenômeno já virou problema sério”, explica Pablo Nunes.

Além disso, o pesquisador destaca que o anonimato  faz das mídias sociais um ambiente favorável para ataques.

Segundo o Safernet, organização não governamental (ONG) que recebe denúncias sobre crimes que ocorrem na internet, em 2016, 39,4 mil páginas da internet foram denunciadas por violações de direitos humanos, que incluem conteúdos racistas, de incitação à violência, que contém pornografia infantil, etc.

A ONG, que também oferece apoio às vítimas de crimes que ocorrem na internet, registrou no ano passado 312 pedidos de orientação e auxílio relacionados à intimidação ou discriminação na rede. A mesma quantidade de solicitações de apoio às vítimas do vazamento de fotos e vídeos íntimos, prática conhecida como sexting, foi registrada. Foi a primeira vez que o cyberbullying ocupou o primeiro lugar no ranking dos motivos que levaram a pedidos de ajuda. Já 128 casos relataram sofrimento devido a conteúdos de ódio e violência.

Ataques virtuais

A consultora em políticas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) e Direitos Humanos Evelyn Silva, de 43 anos, foi diagnosticada com depressão severa há mais de dez anos. Desde julho, a situação piorou depois que sofreu uma série de ataques na rede. Colunista de um site feminista, ela escreveu um texto sobre problemas recorrentes em relações entre lésbicas e bissexuais. A repercussão do texto veio junto a diversas mensagens violentas.

“O tema é polêmico, mas foi muito mais do que isso. Eu recebi mensagens de violência muito complicadas, de pessoas que eu não conheço, a maior parte da mensagem tinha cunho lesbofóbico. Chegaram a ameaçar a revista porque ela estaria dando guarida para uma 'bifóbica'”, relata a militante de direitos LGBT, que já havia sofrido ameaças de morte e “estupro corretivo” nas redes vindas dos chamados haters, pessoas que postam comentários de ódio na internet.

É ódio puro. As pessoas não têm a menor ideia de quem você é, mas elas estão ali colocando para fora uma opinião que elas nunca expressariam pessoalmente”.

Muitas mensagens evidenciavam que as pessoas não haviam lido o texto, pois faziam referência a temas não abordados nele. Evelyn também foi alvo de uma série de pedidos de bloqueio no Facebook, que acabou suspendendo sua conta por 24 horas e, depois, por 72 horas. Apesar de ter buscado explicar a situação à empresa, não obteve nenhuma resposta.

Depois dos ataques, Evelyn decidiu se afastar das redes sociais, o que não impediu, entretanto, que ela enfrentasse crises de transtorno de ansiedade e pânico, o que dificultaram atividades básicas como trabalhar e sair de casa. “Bati no fundo do poço”, afirma.

Monitoramento dos parentes

Evelyn revela que outros problemas ajudaram a reforçar o quadro de doenças e que ela chegou a pensar em cometer suicídio. Para evitá-lo, ela passa por um tratamento com monitoramento, uma técnica que envolve a presença constante e acolhedora de uma rede de amigos e parentes.

A consultora acredita que falar e expor a situação é importante para quebrar o tabu sobre o tema. A opinião é compartilhada por Pablo Nunes. “Preferir manter o suicídio no desconhecimento auxilia na manutenção do tabu, sendo mais difícil traçar ações de prevenção e sensibilização”.

O pesquisador explica que uma cobertura responsável da mídia, em vez de produzir o temido efeito de contágio, é considerada importante pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que oferece manuais e treinamento para jornalistas sobre como reportar casos.

Ao falar sobre suicídio, é preciso que também sejam apontados mecanismos de prevenção.

No ambiente da rede, isso começa com a adoção de mecanismos de proteção, como uso de aplicativos seguros para compartilhamento de fotos íntimas para pessoas conhecidas; cuidados com senhas; denúncias de agressores; busca de delegacias especializadas, quando necessário, e, principalmente, informação.

“Um adolescente que sabe como funciona determinado aplicativo, que entende as questões relacionadas ao anonimato e enxergue os potenciais prejuízos de um vazamento de informações pessoais possa ter, será um indivíduo que certamente prevenirá que situações como essas aconteçam”, defende o pesquisador.

A partir da Agência Brasil. Leia no original

SUICÍDIOS NO BRASIL : 11 MIL TIRAM A PRÓPRIA VIDA POR ANO

9/24/2017

Cerca de 11 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no Brasil. De acordo com o primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado hoje (21) pelo Ministério da Saúde, entre 2011 e 2016, 62.804 pessoas tiraram suas próprias vidas no país, 79% delas são homens e 21% são mulheres. A divulgação faz parte das ações do Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio. 

A taxa de mortalidade por suicídio entre os homens foi quatro vezes maior que a das mulheres, entre 2011 e 2015. São 8,7 suicídios de homens e 2,4 de mulheres por 100 mil habitantes.

Para a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis e Promoção da Saúde, Fátima Marinho, esse número é maior pois há uma perda de diagnóstico dos casos de suicídio. Segundo ela, nas classes sociais mais altas há um tabu sobre o tema, questões relacionadas a seguros de vida e diagnósticos feitos por médicos da família. “As pessoas mais pobres, em geral, captamos a morte porque ele vai pro IML [Instituto Médico Legal]”, explicou.

Das 1,2 milhão de mortes, em 2015, 17% tiveram causa externa. Dessas 40% são registradas por causas não determinadas, segundo Fátima. “Ainda tem 6% de mortes que ainda não conseguimos chegar na causa. São cerca de 10 mil mortes que foram por causa externa, violenta, mas não sabe porquê. Por isso temos esse subdiagnostico do suicídio”, disse.

No Brasil, os idosos, de 70 anos ou mais, apresentaram as maiores taxas, com 8,9 suicídios para cada 100 mil habitantes, mas, segundo Fátima, em números absolutos, a população idosa vem aumentando. Além disso, eles sofrem mais com doenças crônicas, depressão e abandono familiar. Ela explica que esse índice alto de suicídio entre idosos é observado no mundo todo.

Os dados apontam que 62% dos suicídios foram causados por enforcamento. Entre os outros meios utilizados estão intoxicação e arma de fogo. Fátima conta que nos Estados Unidos são registrados mais suicídios por armas de fogo porque o acesso é mais facilitado.

A proporção de óbitos por suicídio também foi maior entre as pessoas que não têm um relacionamento conjugal, 60,4% são solteiras, viúvas ou divorciadas e 31,5% estão casadas ou em união estável. “E os homens casados se suicidam menos. O casamento é um fator de proteção para os homens e de risco para as mulheres”, disse Fátima, explicando que existe uma associação das tentativas de suicídio das mulheres com a violência intradomiciliar. Ela compara que as mulheres tentam mais e, por outro lado, os homens anunciam menos, mas são os que mais morrem por suicídio.

Entre 2011 e 2015, a taxa de mortalidade por suicídio no Brasil foi maior entre a população indígena, sendo que 44,8% dos suicídios indígenas ocorreram na faixa etária de 10 a 19 anos. A cada 100 mil habitantes são registrados 15,2 mortes entre indígenas; 5,9 entre brancos; 4,7 entre negros; e 2,4 morte entre os amarelos.

Para Fátima, o alto risco de suicídio entre jovens indígenas compromete o futuro dessas populações, já que elas também há um alto risco de mortalidade infantil.

Segundo a secretaria especial de Saúde Indígena, Lívia Vitenti, existe um número alto de indígenas em sofrimento por uso álcool, disputas territoriais e conflitos com a família e com a população não indígena. Entre os jovenes, então, há falta de perspectivas de vida. Entretanto, o problema do suicídio indígenas não está distribuído por todo o território, sendo mais frequente entre os Guarani Kaiowá, Carajás e Ticunas.

Tentativas de suicídio

As notificações de lesões autoprovocadas tornaram-se obrigatórias a partir de 2011 e elas seguem aumentando. Entre 2011 e 2016, foram notificadas 176.226 lesões autoprovocadas; 27,4% delas, ou seja, 48.204, foram tentativas de suicídio.

As tentativas de suicídios são mais frequentes em mulheres. Das 48.204 pessoas que tentaram tirar a própria vida entre 2011 e 2016, 69% era mulheres e 31% homens. A proporção de tentativas de suicídio, de caráter repetitivo também é maior entre as mulheres. Entre 2011 e 2016, daqueles que tentaram suicídio mais de uma vez, 31,3% são mulheres e 26,4 são homens.

O meio mais utilizado nas tentativas de suicídio foi por envenenamento, 58%. Seguido de objeto pérfuro-cortante, 6,5%; enforcamento, 5,8%.

Fatores de risco e proteção

Entre os fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicas, como perdas recentes; e condições incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica e neoplasias malignas. No entanto, o Ministério da Saúde ressalta que tais aspectos não podem ser considerados de forma isolada e cada caso deve ser tratado de forma individual.

Segundo o Ministério da Saúde, a existência de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) no município reduz em 14% o risco de suicídio. Na análise feita, é o único fator de proteção ao suicídio. Fátima ressalta, entretanto, que é preciso uma melhor distribuição desses centros, principalmente nas áreas com mais concentração de suicídios. Existem hoje no Brasil 2.463 Caps em funcionamento.

Como a ocorrência de suicídio é grande entre os indígenas, ser indígena por si só já é um fator de risco, explicou Fátima. Pessoas que trabalham na agropecuária, que tem acesso a pesticidas, também são vulneráveis a cometerem suicídio por intoxicação.

Os casos acontecem em quase todo país, mas Região Sul concentrou 23% dos suicídios, entre 2010 e 2015. Segundo Fátima, alto nível de renda, pouca desigualdade social e baixo índices de pobreza são características de municípios que concentram mais suicídios.

Ela explica, entretanto que, no caso da Região Sul, existe a associação dos casos de suicídio com a agricultura, especificamente a cultura da folha do tabaco. Segundo Fátima, a folha verde do fumo pode causar uma intoxicação neurológica em quem mantém um contato muito próximo, “o efeito dessa intoxicação é chamada bebedeira da folha verde do fumo”.

Além disso, o pesticida usado nessa cultura contém manganês, que é absorvido e depositado no sistema nervoso central. Fátima ressalta, entretanto, que esta é uma associação e que ainda não existe o nexo causal entre esse tipo de pesticida e os casos de suicídio.

“Então temos o risco ocupacional e a pressão social e econômica em cima de agricultores familiares. É uma exposição conjunta”, disse a diretora. Ela explicou que as políticas de incentivo para a diversificação das culturas no sul do país não tiveram um impacto importante pois o tabaco ainda é muito lucrativo.

Além da Região Sul e de áreas indígenas, esse levantamento trouxe novas áreas com altas taxas de suicídio, que são a região da divisa de São Paulo e Minas Gerais e o estado do Piauí. Segundo Fátima, esses locais ainda precisam ser mais estudos, mas também há uma associação ao uso de pesticidas e a agricultura.

Agenda global

Mais de 800 mil pessoas tiram a própria vida por ano no mundo. Por isso, em 2013, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu um plano de ações em saúde mental que pretende reduzir em 10% da taxa de suicídio até 2020.

O coordenador de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, Quirino Cordeiro, disse que o governo promovia ações na área de prevenção ao suicídio, mas agora que está começando a fazer uma política focada no tema. Uma das ações estratégicas é a construção do Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio, para ampliar as ações para as populações vulneráveis.

Segundo ele, o Ministério da Saúde quer expandir a rede de CAPS, inclusive entre a população indígena, além de outras estratégias de cuidados na saúde mental. É importante ainda cruzar os mapas para identificar possíveis associações de causas de suicídios, como a associação com pesticidas. Outros órgãos e ministérios serão convidados para apoiar futuras ações.

Quirino explica que as políticas de prevenção ao suicídio devem focar em dois fatores, nos transtornos metais e nos meios de suicídio. “Sabemos que entre os vários fatores para o suicídio existe a presença do transtorno mental não tratado de maneira apropriado, então ter políticas públicas focadas nesses transtornos é importante”, disse.

Outra frente de ações é o controle de meios para o suicídio, segundo Quirino, que tem um impacto importante na redução dessas mortes. “Muitas vezes quem comete suicídio está passando por problemas graves e acaba fazendo uma tentativa por desespero. Mas se não tem à mão um método, muitas vezes aquele momento passa e a pessoa não efetiva”, disse, explicando que o controle de armas é importante no Brasil, por exemplo, pois onde se restringe o acesso a armas, se reduz os casos de suicídio.

Acordo com o CVV

O Ministério da Saúde, desde 2015, tem uma parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que começou com um projeto-piloto no Rio Grande do Sul. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias.

O objetivo da parceria é ampliar gradualmente a gratuidade de ligações para o CVV, mesmo que por celular, por meio do número 188. Além do Rio Grande do Sul, a partir de 1º de outubro, pessoas de mais oito estados poderão ligar gratuitamente para o serviço: Acre, Amapá, Mato Grosso do Sul, Piauí, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rondônia e Roraima.

De acordo com o Ministério da Saúde, 21% da população brasileira reside nos nove estados a serem atendidos gratuitamente pelo CVV, o que garante uma ampla cobertura. O acordo já ampliou o número de atendimentos, de 4,5 mil em setembro de 2015, para 58,8 mil em agosto de 2017. Até 2020 todo o território nacional poderá contar com o atendimento pelo 188.

No restante dos estados, o CVV ainda atende pelo número 141 ou diretamente no posto regional. Em cidades sem posto de atendimento do CVV, as pessoas podem utilizar o atendimento por chat, skype e e-mail disponíveis na página do CVV.

O boletim epidemiológico sobre suicídio está disponível na página do Ministério da Saúde. A pasta também disponibiliza materiais de orientação para jornalistas, profissionais de saúde e população geral.

Por 
Andreia Verdélio

A partir da Agência Brasil. Leia no original


 
Copyright © QUERO MORRER. . OddThemes