Distimia é uma forma crônica de depressão, porém menos grave do que a forma mais conhecida da doença. Com a distimia, os sintomas de depressão podem durar um longo período de tempo - muitas vezes, dois anos ou mais.
O paciente com distimia pode perder o interesse nas atividades diárias normais, se sentir sem esperança, ter baixa produtividade, baixa autoestima e um sentimento geral de inadequação. As pessoas com distimia são consideradas excessivamente críticas, que estão constantemente reclamando e são incapazes de se divertir.
Só no Brasil existem cinco a 11 milhões de pessoas que sofrem desse mal, de acordo com a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA).
Causas
A causa exata da distimia não é conhecida. A distimia pode ter causas semelhantes à depressão tradicional, incluindo:
Fatores bioquímicos: pessoas com distimia podem ter mudanças físicas em seus cérebros. O significado destas mudanças ainda é incerto, mas pode ser um caminho para buscar a causa
Fatores genéticos: a distimia parece ser mais comum em pessoas com grau sanguíneo de parentesco
Fatores ambientais: tal como acontece com a depressão, o ambiente pode contribuir para a distimia. As causas ambientais são situações da vida que são difíceis de lidar, como a perda de um ente querido, problemas financeiros ou um alto nível de estresse.
Fatores de risco
Certos fatores aumentam o risco de uma pessoa ter distimia. Veja:
- Ter um parente de primeiro grau com distimia ou depressão
- Eventos estressantes, como a perda de um ente querido ou problemas financeiros
- Ser excessivamente dependente de aprovação e atenção das pessoas próximas.
- Entre os pacientes que possuem algum transtorno mental, aproximadamente 36% apresentam sintomas depressivos leves e de longa duração – indicando um quadro de distimia. Dessa forma, é comum uma pessoa que tem um transtorno mental, como pânico ou fobia, desenvolver sintomas depressivos. É o que os psiquiatras chamam de "comorbidade", quando dois ou mais quadros psiquiátricos se associam num mesmo indivíduo.
Os sintomas da distimia são os mesmos da depressão maior, mas em menor número e menos intensos. Os sinais podem incluir:
- Tristeza ou humor deprimido na maior parte do dia, ou quase todos os dias
- Perda de prazer nas atividades que antes eram agradáveis
- Grande mudança em peso (ganho ou perda de mais de 5% do peso dentro de um mês)
- Perda ou aumento do apetite
- Insônia ou sono excessivo quase todos os dias
- Inquietação
- Fadiga ou perda de energia quase todos os dias
- Sentimentos de desesperança, inutilidade ou culpa excessiva quase todos os dias
- Problemas de concentração, que ocorrem quase todos os dias
- Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, plano de suicídio ou tentativa de suicídio.
- As pessoas com distimia também apresentam altas taxas de faltas no trabalho, comparáveis as taxas de abstenção pode cardiopatias – uma das causas mais comuns no mundo inteiro.
Em crianças, a distimia pode ocorrer juntamente com o TDAH, distúrbios de comportamento ou de aprendizagem, transtornos de ansiedade ou deficiências de desenvolvimento. Exemplos de sintomas distimia em crianças incluem:
- Irritabilidade
- Problemas de comportamento
- Mau desempenho escolar
- Atitude pessimista
- Habilidades sociais pobres
- Baixa autoestima.
- Sintomas distimia geralmente vêm e vão ao longo de um período de anos, e sua intensidade pode mudar ao longo do tempo. Quando a distimia começa antes dos 21 de idade, ele é chamada de distimia de início precoce. Quando começa depois disso, ele é chamada de distimia de início tardio.
Buscando ajuda médica
É perfeitamente normal sentir-se triste, chateado ou infeliz com situações estressantes da vida. Contudo, pessoas com distimia experimentam essas sensações constantemente durante por anos. Isso pode interferir nos relacionamentos, trabalho e atividades diárias.
Se você apresenta os sintomas de distimia e acredita que isso esteja atrapalhando duas atividades e modo de vida, busque ajuda. Se não tratada efetivamente, a distimia geralmente progride para depressão. Você pode buscar ajuda com profissionais de saúde mental (psicólogos, psiquiatras) ou procurar alguém próximo que pode ser capaz de ajudar, como um amigo, parente, professor, líder religioso ou alguém que você confia.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar distimia são:
Psicólogo
Psiquiatra
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
Quando os sintomas começaram?
Sua vida é afetada por seus sintomas?
O que você tentou para se sentir melhor?
Que coisas fazem você se sentir pior?
Você tem algum parente tinha distimia, depressão ou outra doença mental?
O que você espera ganhar com o tratamento?
Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar. Para distimia, algumas perguntas básicas incluem:
É possível tratar a distimia por conta própria?
Como a distimia é tratada?
Psicoterapia pode ajudar?
Existem medicamentos que podem ajudar?
Por quanto tempo seria necessário tomar a medicação?
O que eu posso fazer para me ajudar?
Você teria algum material impresso que eu posso levar comigo? Quais sites você recomenda?
Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Diagnóstico de Distimia
O diagnóstico é baseado nos sintomas da pessoa. No caso de distimia, esses sintomas devem estar presentes por um longo período de tempo e ser menos grave do que nos pacientes com depressão.
O médico ou médico vai querer ter certeza de que os sintomas não são o resultado de uma condição física, como hipotireoidismo. Dessa forma, podem ser pedidos alguns exames de sangue e imagem para descartar outras possibilidades.
Será feita então uma análise psicológica completa, incluindo uma discussão com profissional da área de psicologia ou psiquiatria sobre os seus problemas, sentimentos e comportamento geral. Pode ser que você precise responder um questionário que ajuda no diagnóstico.
Tratamento de Distimia
Os dois principais tratamentos para a distimia são medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos parecem ser mais eficazes no tratamento de distimia quando combinados com a psicoterapia.
Qual o tratamento se aproxima do seu quadro irá depender de fatores como:
- Gravidade dos sintomas
- O desejo do paciente de resolver questões emocionais ou situacionais que afetam sua vida
- Preferências pessoais do paciente
- Métodos de tratamento anteriores
- Capacidade de tolerar medicamentos
- Outros problemas emocionais que podem ocorrer junto com a distimia.
- Medicamentos para distimia
Tipos de antidepressivos mais comumente usados para tratar a distimia incluem:
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs)
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina (ISRSN ou SNRI)
Antidepressivos tricíclicos
Quando se tem distimia, é necessário fazer acompanhamento médico e, se necessário, tomar antidepressivos para manter os sintomas sob controle.
Psicoterapia para distimia
A psicoterapia pode ajudá-lo a aprender sobre a sua condição e seu humor, sentimentos, pensamentos e comportamentos. Usando as ideias e conhecimentos que você adquire na psicoterapia, é possível aprender habilidades de enfrentamento saudáveis e gestão de estresse. A psicoterapia também pode ajudá-lo a:
Aprender a tomar decisões
Reduzir padrões de comportamento autodestrutivo, como a negatividade, a desesperança e a falta de assertividade
Melhorar a sua capacidade de funcionar em situações sociais e interpessoais de trabalho.
Você e seu terapeuta podem discutir que tipo de terapia é ideal, os objetivos do tratamento e outras questões, como a duração do tratamento.
Convivendo/ Prognóstico
A distimia não é uma doença que você pode tratar por conta própria. Mas, além de tratamento profissional, você pode tomar estes passos:
- Siga o tratamento à risca. Mesmo que você sinta desmotivação, não deixe de tomar os medicamentos e frequentar a terapia
- Aprenda mais sobre sua condição. Busque sites com informações sobre distimia e encontre pessoas que também convivem com a doença. Isso pode te ajudar a entender o que é normal do tratamento e como passar pelas dificuldades
- Preste atenção aos sinais de alerta. Entenda o que desencadeia os sintomas de distimia e quanto é preciso ficar alerta para recaídas
- Mantenha-se ativo. Pratique exercícios ou outras atividades que te façam bem, como jardinagem e leitura
- Evite drogas e álcool.
- Complicações possíveis
Não é incomum para uma pessoa com distimia também experimentar um episódio de depressão ao mesmo tempo. Isso é chamado de depressão dupla. É por isso que é tão importante procurar um diagnóstico médico precoce e preciso. O médico ou médica pode então recomendar o tratamento mais eficaz.
Prevenção
Não há nenhuma maneira de evitar a distimia. Entretanto, estratégias podem ajudar a afastar os sintomas de distimia precocemente:
- Controle o estresse
- Peça ajuda de sua família e amigos, principalmente nos momentos de crise
- Obtenha tratamento ao primeiro sinal de problema.
A partir de Minha Vida. Leia no original
Fontes e referências
Revisado por: Fábio Roesler, psicólogo e Neuropsicólogo da Clínica de Cefaleia e Neurologia "Dr Edgard Raffaeli"
Havard Health Publications