Não sei porque fico me ocupando pensando essas coisas. Talvez a loucura seja uma proteção contra a tristeza. Como quando eu fico doente: eu simplesmente deixo de ficar deprimido. Meu corpo ganha uma coisa mais importante para lidar. Talvez minha mente faça isso também, tendo idéias mirabolantes e me distraindo.
Eu acho um pouco frustrante que o assunto mais importante da nossa existência seja tão descaradamente ignorado. Desde crianças a morte é um assunto jogado pra frente. Ninguém pensa a respeito dela até que ela aparece para um confronto, e o resultado é sempre tristeza.
De certa forma há um motivo para isso, já que morrer deixa saudades e na maioria das vezes não é indolor. Além do óbvio motivo de simplesmente não sabermos o que há depois. E é esse aspecto que chamou a atenção da minha mente curiosa. Nós sempre encaramos a vida e a morte como dois extremos. Duas coisas completamente antagônicas, dois extremos de uma linha. Mas e se a morte for na verdade um tanto próxima da vida? Se ela for apenas uma outra forma de existência? Faz sentido. As pessoas falam que alguém "morreu", e não que "deixou de existir". Talvez a morte signifique outra vida. Muitos imaginam a morte como uma eterna noite dormindo, sem sonhar. A mente apagada, sem pensar nem sentir nada.
Talvez seja isso, mas talvez seja um leque inteiramente novo de possibilidades. Algo tão magnífico quanto a vida não pode simplesmente acabar morrendo. Os sentimentos que temos são fortes e reais demais para simplesmente se perderem com a morte orgânica do corpo. Tem que haver algo mais. Tem que haver o outro lado da moeda. Tem que haver a possibilidade de caminharmos para a morte sem isso ser uma sentença de punição e sofrimento.
É o que eu acho.
A partir da Comunidade Quero Morrer. Leia no original