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ROTEIRISTA CONFESSA TENTATIVA DE SUICÍDO

2/23/2015
Graham Moore
Vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado por "O Jogo da Imitação", o escritor Graham Moore fez, ao receber a estatueta, um dos discursos mais pessoais da história da premiação ao falar que tentou cometer suicídio quando era adolescente. O escritor transformou o livro Alan Turing: The Enigma, de Andrew Hodges (ainda sem tradução no Brasil) no roteiro para o filme O Jogo da Imitação.

"Eu tentei cometer suicídio quando tinha 16 anos e agora estou aqui", ele revelou. "Eu gostaria de dedicar este momento para aquele garoto que sente como se não se encaixasse em lugar nenhum. Você se encaixa. Continue estranho. Continue diferente, e depois, quando chegar a sua hora de estar neste palco, por favor, passe a mesma mensagem adiante."

Depois da cerimônia, Moore falou com a imprensa nos bastidores da premiação sobre o seu discurso. "Foi realmente difícil", ele admitiu. "Eu não sei. Sou um escritor, quando eu estaria de novo na televisão? Eram os 45 segundos que eu tinha na minha vida para aparecer na televisão e dizer algo, então achei que deveria fazer um bom uso disso e dizer algo significante." Ele garantiu que a sua família lhe deu muito suporte enquanto ele enfrentava depressão. 

Alan Turing foi um matemático britânico, unanimemente considerado um dos gênios da era moderna. Seu trabalho estabeleceu a fundação para a criação dos computadores; durante a Segunda Guerra Mundial, ele conseguiu decifrar os códigos que os alemães usavam para criptografar suas mensagens, fato que se tornou um trunfo durante o conflito. Homossexual, em 1952 foi condenado a se submeter a um programa de castração química pelo governo britânico – a homossexualidade na época era crime. Turing suicidou-se em 1954, tomando cianeto. Em 2013 o cientista recebeu perdão póstumo da rainha Elizabeth II.

Ao receber o prêmio da Academia, Moore aproveitou a história de Turing para contar fatos pessoais e enviar uma mensagem de esperança:

Então, é o seguinte. Alan Turing nunca pôde subir num palco como esse e olhar para todos esses rostos desconcertantemente lindos, e eu posso. E essa é a coisa mais injusta que eu já ouvi. Quando eu tinha 16 anos, eu tentei me matar porque eu me sentia esquisito e me sentia diferente e sentia que não pertencia a lugar nenhum. E agora que eu estou aqui eu gostaria de dedicar esse momento aos jovens por aí que sentem que são estranhos ou diferentes ou que não se encaixam – sim, vocês se encaixam. Eu prometo. Permaneçam estranhos, permaneçam diferentes, e quando chegar a sua vez, e vocês estiverem sobre esse palco, transmitam essa mensagem para as pessoas que virão depois de vocês.

Depois de vencer o prêmio, Moore falou com a revista Advocate sobre a responsabilidade que sentia ao escrever o roteiro sobre a história de Alan Turing: “Alan foi alguém que foi tão maltratado pela história. Ele foi alguém que, por ser gay, foi perseguido pelo governo cuja existência manteve. Então eu sempre senti que nós precisávamos de um filme que ajudasse a espalhar seu legado, e o celebrasse, e o levasse um novo público que de outra maneira não seria exposto a este homem porque a história o tratou tão miseravelmente.”

Graham Moore se declara heterossexual, mas isso não o impediu de usar seu momento perante as câmeras do mundo todo para enviar uma mensagem de apoio a todos que se sentem deslocados e desesperançados, seja qual for o motivo. A empatia não precisa ser limitada pela orientação sexual.
 
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