De acordo com Campos, os benefícios podem ser sentidos pelos pacientes entre três a sete meses após o implante e os sintomas melhoram em até 70%.
Nos EUA, um estudo observacional acompanhou por cinco anos 795 pacientes que sofriam com depressão resistente. Os participantes tinham o problema há pelo menos dois anos e falharam em quatro tratamentos ou mais. Os pesquisadores compararam os resultados de melhora clínica entre os pacientes que tiveram o nervo vago estimulado e os que não tiveram.
O grupo com estimulação elétrica do nervo apresentou melhora clínica dos sintomas 26,7% maior em comparação ao grupo que adotou o tratamento usual, e uma taxa de remissão dos sintomas 17,6% superior.
Para Campos, dispositivos semelhantes na neurocirurgia estão se tornando cada vez mais comuns e representam um avanço significativo na vida dos pacientes
Já existem técnicas semelhantes para tratar Parkinson, distúrbios de movimento, toque, agressividade e para inibir os sinais da dor. Esses métodos físicos mudaram a partir do entendimento de como funciona cada doença e os circuitos neuronais envolvidos, e quais sinapses devemos interferir para tratar as disfunções.Wuilker Knoner Campos, neurocirurgião
Por que é difícil tratar a depressão resistente?
Rodrigo Marques, psiquiatra, professor da UFPE, explica que a depressão refratária é caracterizada por um quadro que é mais difícil de tratar do que a maioria dos casos. "Apesar do crescente arsenal terapêutico para tratamento, alguns pacientes ainda irão persistir sintomáticos", diz.
Além das limitações clínicas, ainda há o problema do diagnóstico correto da doença e o preconceito relacionado ao tratamento da saúde mental.
"É preciso a verificação que de fato foram feitos tratamentos eficazes previamente. Outra questão importante é que muitas vezes a depressão não é considerada tão importante como deveria ser. Às vezes, os pacientes demoram muitos anos antes de procurar tratamento pelo estigma e por receio das medicações", diz a psiquiatra e professora Catarina de Moraes Braga, mestre em neuropsiquiatria e ciências do comportamento pela UFPE.
Publicado originalmente no UOL