Estudos & Pesquisas

Últimas Postagens

Mostrando postagens com marcador jovens. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador jovens. Mostrar todas as postagens

SÍNDROME DA RESIGNAÇÃO : CONHEÇA ESTA DOENÇA MISTERIOSA

10/28/2017
Sophie há 20 meses vivem estado vegetal

Quando seu pai a retira da cadeira de rodas, o corpo de Sophie, de nove anos, parece sem vida. Mas o cabelo de menina é espesso e brilha como o de uma criança saudável.

Os olhos de Sophie estão fechados e, em vez de calcinhas, ela usa fraldas por baixo da calça de moletom. Uma sonda gástrica adentra seu nariz. Ela se alimenta desse jeito há quase dois anos.

Sophie e sua família são originários de uma das antigas repúblicas da União Soviética e pediram asilo à Suécia em dezembro de 2015. Vivem em acomodação destinada a refugiados, em uma pequena cidade na região central do país nórdico.

"A pressão sanguínea dela é normal", diz a médica Elisabeth Hultcrantz, voluntária da ONG Médicos do Mundo.

"Mas seu pulso está um pouco acelerado hoje. Talvez ela esteja reagindo à visita de muitas pessoas hoje".

Hultcrantz testa os reflexos de Sophie. Tudo parece normal. Mas a criança não se mexe.

A médica se preocupa, pois Sophie sequer abre a boca. Isso pode ser perigoso, pois a menina pode se engasgar se houver qualquer problema com a sonda gástrica.

Mas como uma criança que gostava tanto de dançar ficou tão inerte?

"Quando explica aos pais o que aconteceu, digo que o mundo foi tão terrível que Sophie trancou-se dentro de si própria, desconectando as partes conscientes de seu cérebro", diz a médica.

Sophie não é um caso único: por quase vinte anos, a Suécia tem enfrentado uma misteriosa doença, batizada de Síndrome da Resignação. Ela afeta apenas crianças solicitantes de asilo ou refugiadas, e todas simplesmente "desligam"- param de andar, falar ou mesmo abrir os olhos. A boa notícia é que se recuperam.



Elisabeth Hultcrantz diz que crianças simplesmente "desligam" partes do cérebro

Mistério

Mas porque esses casos ocorrem apenas na Suécia?

Os profissionais de saúde tratando dessas crianças argumentam que o trauma é a causa deste afastamento das crianças. As mais vulneráveis são justamente as que passaram por episódios de violência extrema ou cujas famílias fugiram de ambientes perigosos.

Os pais de Sophie sofreram extorsão de uma máfia local em seu país de origem. Em setembro de 2015, o carro em que a família viajava foi parado por homens em uniformes policiais.

"Fomos retirados do carro à força. Sophie viu sua mãe e seu pai serem espancados", conta o pai da menina.

Depois de libertar a mãe, que fugiu do local com a filha, os homens levaram o pai embora.

"Não me lembro de mais nada (do que aconteceu depois)", diz ele.

Sophie conta que a menina ficou transtornada com o sequestro do pai. Três dias mais tarde, ele finalmente fez contato com a família.

A família permaneceu escondida nas casas de amigos até viajar para a Suécia, três meses depois.

Ao chegar à Escandinávia, foram detidos por horas pela polícia sueca. A partir daí, a saúde de Sophie deteriorou rapidamente.

"Após alguns dias, percebi que ela não estava brincando muito com sua irmã", diz a mãe de Sophie, grávida de oito meses.

Foi na mesma época que a família teve negado o pedido de asilo, em uma audiência na qual Sophie esteve presente. Naquele momento, ela parou de falar e comer.

Histórico

A Síndrome da Resignação foi reportada pela primeira vez na Suécia, nos anos 1990. Mas apenas no biênio 2003-05, mais de 400 casos foram registrados.

As chamadas "crianças apáticas" se tornaram uma questão política em meio a um debate crescente sobre as consequências da imigração na Suécia, país onde, segundo o Censo de 2010, quase 15% da população é imigrante.

Houve relatos de casos de crianças fingindo estar doentes e mesmo de pais drogando ou envenenando crianças para garantir direito de residência - nenhuma dessas histórias foi comprovada.

Na última década, o número de crianças afetadas pela síndrome diminuiu. O equivalente sueco ao Ministério da Saúde divulgou recentemente que houve 169 casos no biênio 2015-16.

A doença parece afetar crianças de perfis geográficos e étnicos mais vulneráveis: aquelas da antiga União Soviética, dos Balcãs, crianças ciganas e, mais recentemente, yazidis.

Apenas um pequeno número de afetados é de crianças desacompanhadas, muito poucas são asiáticas e nenhuma africana.

Ao contrário de Sophie, as crianças com a síndrome normalmente vivem na Suécia há anos quando ficam doentes, e já viviam vidas adaptadas ao estilo nórdico, falando até a língua local.

Inúmeras condições parecidas com a Síndrome da Resignação já foram observadas antes - entre sobreviventes de campos de concentração nazistas, por exemplo.

"Pelo que sabemos, nenhum caso foi identificado fora da Suécia", diz Karl Sallin, pediatra do Hospital Universitário Karolinska, em Estocolmo.

Mas como uma doença pode respeitar fronteiras nacionais?


Família de Sophie diz ter fugido da máfia da antiga União Soviética


Sallin, que estuda a Síndrome da Resignação em sua tese de doutorado, diz não haver resposta definitiva para a pergunta.
"A explicação mais plausível é que existem alguns tipos de fatores socioculturais necessários para que a condição se desenvolva", explica.

Sendo assim, ainda que não conheçamos o mecanismo e nem a razão disso acontecer na Suécia, o tipo de sintoma exibido pelas criança é explicado culturalmente: seria uma forma das crianças expressarem seu trauma.

Contágio?

Caso isso seja verdade, uma questão importante é levantada: poderia a Síndrome da Resignação ser contagiosa?

"Isso é meio implícito. Se você nutrir esses comportamentos em uma sociedade, terá mais casos", diz o pediatra.

"O primeiro caso da doença foi registrado em 1998, no norte da Suécia e, assim que se tornou público, houve outras ocorrências na mesma área. Tivemos ainda casos de irmãos desenvolvendo a condição", completa ele.

Mas Sallin ressalta que os estudos sobre a síndrome até agora não detectaram a necessidade de contato direto entre os casos.

Por sinal, há uma carência de pesquisas mais específicas sobre o assunto, especialmente em relação às crianças, o que impede a compreensão da doença.

Ao menos se sabe que as crianças podem se recuperar.

No entanto, é difícil para os pais de Sophie acreditarem nessa possibilidade. Eles não viram qualquer melhora no estado da filha em 20 meses. Seus dias são vividos em função do tratamento da menina - seja em exercícios para a manter a musculatura dela funcionando, alimentação, troca da fralda ou passeios.

"Você precisa ter o coração forte nesses casos", diz Lars Dagson, pediatra de Sophie.

"Eu só posso mantê-la viva. Não posso fazer com que ela melhore. Nós, médicos, não podemos decidir se essas crianças vão ou não ficar na Suécia", acrescenta.

Dagson faz parte de uma corrente de médicos tratando de crianças com Síndrome da Resignação cujo argumento é que elas se recuperam quando se sentem seguras. E que o direito permanente a residência é o que deflagra a convalescência.

"De certa forma, a criança vai precisar sentir que há esperança, algo para que valha a pena viver. Essa é a única maneira de explicar como, em todos os casos que vi até agora, o direito de permanecer no país pode mudar a situação", diz.

Burocracia

Até recentemente, as autoridades suecas permitiram que famílias imigrantes com uma criança doente permanecessem.
Mas a chegada de mais de 300 mil pessoas nos últimos três anos mudou esse cenário.

No ano passado, uma lei temporária entrou em vigor para limitar o número de chances para solicitantes de asilo obterem residência permanente.

Candidatos recebem vistos com duração 13 meses ou três anos. A família de Sophie tem o primeiro, e o documento vence em março.

"O que vai acontecer depois? A família está no limbo", diz Dagson, para quem Sophie não deve se recuperar em 13 meses.

"Tudo vai depender de como os pais vão se sentir, se vão acreditar que podem permanecer após 13 meses. Se eles não estão certos, não podem dar o Sophie a sensação de que está tudo bem".

Mas em Skara, no sul do país, há evidências de cura mesmo sem que as famílias recebam direito a residência.

Trauma

"Do nosso ponto de vista, essa doença está ligada ao trauma, não ao asilo", diz Annica Carlshamre, assistente social da Gryning Health, que administra Solsidan, um abrigo para crianças com problemas.

Os especialistas de Solsidan acreditam que crianças perdem sua mais significativa conexão com o mundo quando testemunham violência ou ameaça contra os pais.

"A criança percebe que 'minha mãe não pode tomar conta de mim'. E perde a esperança porque sabem que são totalmente dependentes dos pais. Quando isso acontece, para onde a criança pode ir - ou a quem pode recorrer?", explica Carlshamre.

A conexão familiar precisa ser reconstruída, mas primeiro a criança tem que se recuperar. Em Solsidan, o primeiro passo é separar as crianças dos pais.

"Mantemos a família informada sobre o progresso, mas não deixamos que fale com as crianças, porque elas precisam depender dos nossos funcionários. Ao separarmos as crianças, leva apenas alguns dias até vermos os primeiros sinais de melhora", diz Carlshamre.

As crianças frequentemente ficam sem qualquer contato com os pais até que consigam falar com eles ao telefone.

Conversas sobre o processo migratório são proibidas. No abrigo, recebem roupas diurnas e noturnas e são retiradas das camas todos os dias. Funcionárias como Clara Ogren ajudam-nas a colorir ou desenhar, segurando o lápis em suas mãos.

"Brincamos por elas até que possam brincar sozinhas. Dançamos e ouvimos muita música. Queremos despertar seus sentidos. Colocamos um pouco de refrigerante em suas bocas para que provem algo doce. As que estão sendo alimentadas por sonda, a gente coloca na cozinha para sentirem cheiro de comida", explica Ogren.

"Temos a expectativa de que elas queiram viver e sabemos que suas habilidades ainda estão ali, mas as crianças se esqueceram delas ou ou não conseguem mais usá-las. Vivemos pelas crianças até que elas consigam viver por si próprias", acrescenta.

O mais longo tempo que uma criança levou para se recuperar em Solsidan foi seis meses.

Das 35 crianças que Carlshamre tratou durante seus anos de trabalho, apenas uma delas teve permissão para ficar na Suécia enquanto ainda estava em Solsidan. As outras se recuperaram antes da concessão do asilo.

Esse tipo de tratamento, ainda não muito conhecido no país, poderia ajudar Sophie? Vinte meses é um tempo muito longo para uma criança estar desconectada do mundo. O que pode ajudar, na opinião de seus pais?

"Talvez a chegada do novo bebê", diz o pai.

A mãe da menina apenas repete o que ouviu do pediatra.

"Para Sophie acordar, o médico diz que ela e a família precisam se sentir seguras", defende.

No entanto, o maior medo da família é ser deportada e eventualmente encontrada pelos homens que a fizeram fugir.

Para a segurança da família, o nome real de Sophie foi alterado nessa reportagem.

A partir do UOL. Leia no original
Imagens : Reprodução

SUICÍDIO DE DOUTORANDO LEVANTA DEBATE SOBRE ESTRESSE ACADÊMICO

10/27/2017

Prazos apertados, pouco dinheiro, pressão para publicar artigos, carga de trabalho excessiva, cobranças, solidão. A vida de quem está na pós-graduação não é fácil.


Esses fatores não só trazem dificuldades pessoais e sociais àqueles que optam por seguir carreira acadêmica como também podem gerar consequências graves, como níveis altos de estresse, depressão, ansiedade e outros transtornos.

"É uma questão sobre a qual ainda se fala pouco, embora o mestrado e o doutorado tenham, sim, características que podem desencadear problemas psicológicos ou psiquiátricos", diz Tânia de Mello, coordenadora do Serviço de Assistência Psicológica e Psiquiátrica ao Estudante da Unicamp.

Em alguns casos, essa combinação pode levar a atos extremos. Há cerca de dois meses um aluno de doutorado do Instituto de Ciências Biomédicas da USP se suicidou no laboratório no qual trabalhava.

Deixou, numa lousa que havia no local, uma mensagem em que dizia estar cansado de tentar, de ter esperança, de viver. O texto terminava com a expressão em inglês "I'm just done" ("para mim, chega", em tradução livre).

Segundo colegas, ele estava próximo da qualificação (exame crucial que precede a defesa da tese) e vinha enfrentando problemas em sua pesquisa. "Ele estava travado. O doutorado dele parecia que não ia", disse um amigo que pediu à reportagem que não o identificasse.

Para Eduardo Benedicto, coordenador do Centro de Orientação Psicológica da USP de Ribeirão Preto, é preciso levar em conta as especificidades de cada caso, mas, algumas situações da pós, sobretudo em indivíduos mais suscetíveis, podem contribuir para o estudante achar que não tem saída e desencadearem, por exemplo, um quadro de ideação suicida.
Mello lembra que as áreas experimentais –como a do estudante que morreu– trazem um complicador a mais. "Às vezes um equipamento quebra, um reagente não chega e o trabalho fica parado. Estar sujeito a circunstâncias que não dependem de você é angustiante."

CRISES DE PÂNICO

Mesmo quando não está ligada a uma situação tão trágica, a rotina às vezes brutal da pós pode causar prejuízos.

Rita (nome fictício), 32, nunca havia tido nenhum transtorno psiquiátrico até entrar na pós, há cinco anos. A carga excessiva de trabalho levou a estudante, hoje doutoranda no Instituto de Biologia da Unicamp, a enfrentar problemas desde o mestrado.

"Eu recebi logo de cara muitas responsabilidades e comecei a achar que não daria conta, que era uma impostora. A impressão que eu tinha era a de que esperavam de mim mais do que eu poderia dar. Cheguei a pensar em suicídio."

Após buscar ajuda psicológica e psiquiátrica –dentro e fora da universidade–, Rita superou a crise e conseguiu concluir o mestrado.

No doutorado, os problemas reapareceram. As responsabilidades se tornaram ainda maiores e os prazos mais apertados. "Eu entrei em desespero. Tive crises de pânico. Sofria com insônia e não conseguia levantar de manhã."

Os sintomas, hoje, estão sob controle, mas Rita conta que a doença deixou sequelas. "Terminei o mestrado há três anos e até hoje não consegui abrir a minha dissertação".

Segundo a estudante, problemas como o que ela enfrentou são encarados, dentro do ambiente acadêmico, como uma fraqueza. "Te tratam como se você não estivesse aguentando a pressão, não tivesse maturidade para o curso".

As dificuldade a fizeram ainda repensar sua situação profissional. "Por mais que eu goste das coisas que eu estudo, tenho sérias dúvidas, não sei se devo continuar num meio que me machuca."

ORIENTADOR

Uma das figuras centrais para todo aluno da pós-graduação é o orientador, o professor incumbido de ajudá-lo a concluir a tese e prepará-lo para a pesquisa acadêmica.

Para Benedicto, seria importante que os orientadores estivessem atentos às dificuldades de seus alunos. "Verificamos, porém, que poucos têm essa perspectiva. Em geral, eles enfatizam a produção do estudante e o pressionam para que atinja os resultados esperados".

Mas o oposto, isto é, o orientador ausente, pode ser tão prejudicial quanto o exigente demais. "Eu escuto muitos alunos angustiados porque queriam alguém que lhes desse um cronograma de atividades, um prazo para fazer as coisas", diz Tânia de Mello.

"Não se trata de transformar a figura do orientador num terapeuta, mas me parece fundamental que ele tenha sensibilidade às características de cada aluno", diz Benedicto.

CRISE ECONÔMICA

As incertezas quanto ao futuro profissional, que acompanham quase todo estudante de pós-graduação, tornam-se ainda mais agudas num momento de crise como o atual, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem.

Neste ano, os recursos para a ciência, que já vinha em rota descendente, foram cortados em cerca de 40%, tornando-se os menores em mais de uma década.

Além disso, as universidades federais têm reduzido drasticamente as obras, atividades de pesquisas e concursos para novos docentes.


Do R$ 1,5 bilhão inicialmente previsto no orçamento para as federais investirem –valor um terço menor do que 2016–, apenas 60% foram liberados até o momento.

"Vejo os estudantes mais ansiosos diante dessa política de cortes. As agências de fomento têm restringido as bolsas e isso os afeta diretamente, inclusive o próprio envolvimento com o trabalho. Isso também os deixa com uma perspectiva pessimista em relação às possibilidades da carreira acadêmica", diz Eduardo Benedicto, psicólogo da USP de Ribeirão Preto.

Tânia de Mello, psiquiatra da Unicamp, vai na mesma linha. "Percebemos no atendimento ao estudante como a conjuntura econômica os deixa ansiosos e angustiados".

Trata-se de uma situação enfrentada pela pesquisadora Luciana Franci, 31, que hoje faz pós-doutorado –atuando como pesquisadora– na Universidade Federal do Paraná.

Franci, especialista na área de biologia vegetal, conta que, embora não tenha tido maiores problemas durante o doutorado, teve crises graves de depressão e ansiedade após o término do curso, em fevereiro de 2016.

"Bateu aquela incerteza sobre o que eu faria a seguir, já que os concursos nas universidades estavam parados e as bolsas de pós-doutorado não estavam sendo concedidas. Tive uma sensação de estagnação, de ter perdido tempo fazendo doutorado".

Ela diz que, então, teve de voltar por um período para a casa dos pais e caiu em depressão profunda, sem conseguir sair de casa ou conversar com as pessoas por semanas.

Hoje, contudo, está melhor. "Estou fazendo um tratamento com psiquiatra há mais de um ano."

A pesquisadora conta que a desolação quanto ao futuro é muito comum entre seus colegas. "Não temos perspectiva de que o cenário vá melhorar nos próximos anos. Vejo muita gente na pós-graduação se perguntando 'para onde isso vai?', ' o que vou fazer depois?'".

Tânia de Mello aponta que existe muita oferta e estímulo para estudantes cursarem a pós-graduação, mas que não se está parando para pensar nas perspectivas da carreira acadêmica.

ESTATÍSTICAS

Apesar da importância do tema, há poucas pesquisas sobre a influência da pós-graduação sobre a saúde mental dos estudantes. Uma delas foi feita com alunos da UFRJ e publicada em 2009 no periódico "Psicologia em Revista".

Após entrevistas com 140 estudantes de todos os centros da universidade carioca, os pesquisadores concluíram que 58,6% dos alunos apresentavam níveis médio e alto de estresse.

Um estudo publicado neste ano na Bélgica com quase 3.700 estudantes de doutorado mostrou que um terço deles estava sob alto risco de desenvolver uma patologia como a depressão. A taxa, segundo a pesquisa, é mais do que o dobro da apresentada por grupos de comparação fora da universidade.

Tânia de Mello diz que, embora seja difícil extrapolar tais resultados para os estudantes daqui, todos os fatores considerados no artigo como debilitadores da saúde mental do aluno de doutorado estão presentes na realidade brasileira.

Ela acrescenta ainda um dado a mais que compõe o quadro nacional: "a vulnerabilidade socioeconômica de alunos que não têm as bolsas aumentadas há anos".

O governo federal paga, desde 2013, R$ 1.500 para estudantes de mestrado e R$ 2.200 para os de doutorado, por sua dedicação exclusiva à pesquisa.

A partir da Folha de S.Paulo. Leia no original
Imagem :  Pexels

CARTA DE DESPEDIDA

10/24/2017
Reprodução
Esse texto do vídeo (reproduzido abaixo) é a história verídica de Thalia Mendes Meireles, de 16 anos, que sofreu abuso sexual durante dois anos. A jovem recorreu ao suicídio no início da noite do dia 14/04/2017, na cidade de Monção (MA). Na carta de despedida, ela relata o suposto abuso sexual e afirma que a mãe a tratava de forma fria. Thalia informa ainda que já havia tentado suicídio em outras ocasiões. Em depressão, a adolescente se isolou do mundo recorrendo às drogas, automutilação, sem que os familiares percebessem.
* * *



"Eu sei que a decisão que eu tomei foi totalmente desqualificada e imoral. Quem diabos é para tirar a própria vida?
Mas eu posso dizer uma coisa:Pra que serve o livre arbítrio? A vida é minha, a essência é minha. Respeitem.
As pessoas passam a vida inteira julgando tudo que vêem. Jogam palavras que não voltam, olhares que machucam, rejeitam, maltratam, usam. Isso dói, tá legal? O ser humano vai guardando isso dentro de si até formar uma grande bola prestes a explodir. Você pode ver uma pessoa sorrindo, parecendo feliz, mas não se engane, sempre há coisas além.
Por isso somos cegos. Nunca vemos além.
Aquela menina sentada de cabeça baixa tá precisando de ajuda. Mas o que as pessoas fazem? “Fulana está na bad”. Que sociedade maldita. Como se tristeza fosse algo irrelevante, que nao precisa de atenção. Idiotas. Quando é tarde eles se perguntam o que tinha de errado. Pais que não vêem seus filhos se cortando, se drogando, se destruindo. Escolas que não vêem o bulling debaixo do seu nariz. Pais que estrupam os filhos, mães que humilham, irmãos que rejeitam. Malditos. Malditos.

Eu não queria morrer. Eu penso que tenho um futuro pela frente. Eu sei que tenho.
Tudo isso acima faz a mente humana enlouquecer, sabia? Ela definha, fica angustiada e cheia de coisas inexplicáveis, pensamentos perigosos. Você vê no jornal aquele jovem que matou inúmeros estudantes e julga. Já parou pra pensar o que levou ele fazer aquilo? Será que não foi a hipocrisia e idiotice da sociedade? Essa sociedade que nos coloca em um lugar durante anos, em total humilhação e depois quer escolher um futuro pra nós. Ninguém nunca vê. Até que é tarde. Tnho mais amigos para fazer, mais músicas para escutar, mais pessoas para namorar, mais shows para ir. Tanta coisa. Mas sabe o que eu e outras milhões de pessoas pensam sobre isso? “Eu não tenho força de vontade para continuar. Eu não sou forte, eu não consigo seguir em frente sem derrubar mais uma lagrima”.

Ela era uma mãe tão atenciosa, o que aconteceu? Porque ela ficou tão alheia? Porque ela demonstra amar mais a meu irmão? Porque ela não me ama? Porque ela não me abraca e me beija assim como ela faz com meu irmão?
Sejam mais gentis, por favor. Amem mais, ajudem mais, vêem mais, peguem na mão de pessoas que estão se afogando. Dê sua mão. Dê um sorriso. Eu tenho inúmeros motivos para ter feito o que fiz. Meu próprio pai me abusou e foi por isso que eu morri por dentro. Eu fui morrendo durante dois anos. Fui vendo minha morte sem poder fazer nada a respeito. Quantos cortes eu não fiz? Eu até apelei a drogas, o que não resultou em nada. Meu pai iniciou a destruição. Minha mãe me tirou minha rotina e passou a assistir tudo em total inconsciência. Eu sei que ela via, mas quem disse que ela percebia? Porque ela me humilha por causa de um erro tão pequeno? Porque ela não pergunta como foi meu dia na escola? Porque ela não quer saber o motivo de eu estar tanto tempo trancada no quarto? Porque ela não pergunta o motivo de eu usar tanta blusa de manga comprida?

Eu irei deixar muita coisa no mundo e o mundo ira perder muita coisa. Eu sou diferente. Eu sou uma daquelas pessoas que os outros precisam .
Ela ta deixando eu morrer sem fazer nada. E eu não quero as lágrimas de meus pais. Eu sentiria nojo delas. Eu sentiria nojo porque eu passei a odiar meu pai e odiar minha nova mãe. Porque eu ainda amo aquela mãe que me abraçava e me beijava. É como se ela não me amasse mais porque fui usada pelo meu pai, como se ela sentisse nojo de mim. Sim, ela sabe do abuso, mas jogou pra debaixo do tapete. Assim como aquela maldita escola em que eu passei os piores momentos da minha vida. Eu ja tentei suicídio outras vezes. E isso e é horrível, porque eu já sei a sensação. Pensar em suicídio é uma coisa, mas planejar e ir no ponto é outra. Dá aquele aperto no peito, aquela sensação de frio na barriga. “O que acontecerá depois disso?” Eu não acredito em deus, eu creio que depois disso não há nada. Mas enfim, fazer isso é difícil. Eu sou muito covarde. As vezes acho que sou hipócrita porque eu vejo pessoas depressivas e vou ajudar, dar conselhos, tirar a pessoa daquela situação. Mas eu não faço isso comigo. Porque não dá mais. Droga, eu queria tanto ficar aqui. Porque ninguém me ajudou antes?

E quando forem se lembrar de mim, pensem em uma Thalia verdadeira. Aquela feliz que vocês viam era total mentira.
Ontem vi pessoas dizendo que a série 13 Reasons Why influência jovens a se suicidarem. Mas eu não acho isso. Eu Estava planejando tirar minha vida a meses e essa serie só fez eu parar e pensar: Estou prestes a fazer algo muito idiota”. Sim, eu tinha desistido de tirsr minha vida por causa de uma série, mas depois algo mudou. Eu voltei com a decisão . Então eu digo: Eu não me matei porque uma serie me influenciou, não pensem isso . Eu me matei porque eu não aguentava mais existir assim. Eu ja estava morta, o que mais eu serviria nesse mundo? Uma garota totalmente sem essência, sem nada por dentro. Já imaginou um oceano no meio da tempestade? O céu escuro? É assim dentro de mim. Mas tudo silencioso. Tudo muito destruído e silencioso. Tudo muito angustiante e doloroso. É dificil acordar de manhã e pensar: “Mais um dia em que irei ter lembranças más” “Mais um dia ao lado de pessoas que não me amam, que me odeiam””Mais um dia sentindo uma imensa vontade de chorar em todos os momentos” “Mais um dia desejando morrer” Então eu quero pedir que sejam mais tolerantes. Depressão não e é frescura. Não neguem ajuda a aqueles que estão angustiados, no fundo do poço. Adeus"

Thalia Mendes Meireles

ATAQUES VIRTUAIS SERVEM DE ALERTA SOBRE SUICÍDIOS

9/27/2017

Apesar de ser um grave problema de saúde pública, com tendência de crescimento nos próximos anos, pois acompanha a expansão de doenças como a depressão, o suicídio ainda é um tabu no Brasil. Dificuldade de obter dados, preconceito e medo de estimular a prática ao falar sobre ela são fatores que dificultam a discussão e o desenvolvimento de políticas públicas, segundo estudos e especialistas consultados.

Neste ano, o silêncio que ronda o tema foi quebrado com a divulgação do Baleia Azul, o jogo virtual que envolveria o estímulo às mutilações corporais de jovens e até ao suicídio. O game virou tema de novela e mesmo de operação da Polícia Federal, que prendeu acusados de aliciar crianças e adolescentes por meio do Baleia Azul.

O fato trouxe à tona uma realidade comum: a ocorrência do assédio virtual, também chamado de cyberbullying. O debate sobre o delicado tema é estimulado este mês, no âmbito do Setembro Amarelo, para sensibilizar a sociedade para a prevenção ao suicídio.

Além do jogo, casos como o do jovem americano Tyler Clementi, de 18 anos, que se suicidou após ter fotos íntimas divulgadas pelo colega de dormitório, e da britânica Hannah Smith, de 14 anos, que se matou após receber ofensas na rede, têm chamado a atenção de pesquisadores e instituições públicas.

Segundo o integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP), Pablo Nunes, não há estudos confiáveis que comprovem a ligação direta entre crescimento do número de suicídios e ataques nas redes sociais. No entanto, indícios dessa relação pedem atenção ao ambiente online.

“O fato é que a popularização da internet tem propiciado a circulação de informações sobre métodos de se suicidar e a proliferação de grupos de pessoas em sofrimento. Nesses grupos, os participantes discutem meios, lugares e 'encorajam' uns aos outros. No caso da automutilação, são centenas as páginas e grupos dedicados. Em muitas escolas o fenômeno já virou problema sério”, explica Pablo Nunes.

Além disso, o pesquisador destaca que o anonimato  faz das mídias sociais um ambiente favorável para ataques.

Segundo o Safernet, organização não governamental (ONG) que recebe denúncias sobre crimes que ocorrem na internet, em 2016, 39,4 mil páginas da internet foram denunciadas por violações de direitos humanos, que incluem conteúdos racistas, de incitação à violência, que contém pornografia infantil, etc.

A ONG, que também oferece apoio às vítimas de crimes que ocorrem na internet, registrou no ano passado 312 pedidos de orientação e auxílio relacionados à intimidação ou discriminação na rede. A mesma quantidade de solicitações de apoio às vítimas do vazamento de fotos e vídeos íntimos, prática conhecida como sexting, foi registrada. Foi a primeira vez que o cyberbullying ocupou o primeiro lugar no ranking dos motivos que levaram a pedidos de ajuda. Já 128 casos relataram sofrimento devido a conteúdos de ódio e violência.

Ataques virtuais

A consultora em políticas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) e Direitos Humanos Evelyn Silva, de 43 anos, foi diagnosticada com depressão severa há mais de dez anos. Desde julho, a situação piorou depois que sofreu uma série de ataques na rede. Colunista de um site feminista, ela escreveu um texto sobre problemas recorrentes em relações entre lésbicas e bissexuais. A repercussão do texto veio junto a diversas mensagens violentas.

“O tema é polêmico, mas foi muito mais do que isso. Eu recebi mensagens de violência muito complicadas, de pessoas que eu não conheço, a maior parte da mensagem tinha cunho lesbofóbico. Chegaram a ameaçar a revista porque ela estaria dando guarida para uma 'bifóbica'”, relata a militante de direitos LGBT, que já havia sofrido ameaças de morte e “estupro corretivo” nas redes vindas dos chamados haters, pessoas que postam comentários de ódio na internet.

É ódio puro. As pessoas não têm a menor ideia de quem você é, mas elas estão ali colocando para fora uma opinião que elas nunca expressariam pessoalmente”.

Muitas mensagens evidenciavam que as pessoas não haviam lido o texto, pois faziam referência a temas não abordados nele. Evelyn também foi alvo de uma série de pedidos de bloqueio no Facebook, que acabou suspendendo sua conta por 24 horas e, depois, por 72 horas. Apesar de ter buscado explicar a situação à empresa, não obteve nenhuma resposta.

Depois dos ataques, Evelyn decidiu se afastar das redes sociais, o que não impediu, entretanto, que ela enfrentasse crises de transtorno de ansiedade e pânico, o que dificultaram atividades básicas como trabalhar e sair de casa. “Bati no fundo do poço”, afirma.

Monitoramento dos parentes

Evelyn revela que outros problemas ajudaram a reforçar o quadro de doenças e que ela chegou a pensar em cometer suicídio. Para evitá-lo, ela passa por um tratamento com monitoramento, uma técnica que envolve a presença constante e acolhedora de uma rede de amigos e parentes.

A consultora acredita que falar e expor a situação é importante para quebrar o tabu sobre o tema. A opinião é compartilhada por Pablo Nunes. “Preferir manter o suicídio no desconhecimento auxilia na manutenção do tabu, sendo mais difícil traçar ações de prevenção e sensibilização”.

O pesquisador explica que uma cobertura responsável da mídia, em vez de produzir o temido efeito de contágio, é considerada importante pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que oferece manuais e treinamento para jornalistas sobre como reportar casos.

Ao falar sobre suicídio, é preciso que também sejam apontados mecanismos de prevenção.

No ambiente da rede, isso começa com a adoção de mecanismos de proteção, como uso de aplicativos seguros para compartilhamento de fotos íntimas para pessoas conhecidas; cuidados com senhas; denúncias de agressores; busca de delegacias especializadas, quando necessário, e, principalmente, informação.

“Um adolescente que sabe como funciona determinado aplicativo, que entende as questões relacionadas ao anonimato e enxergue os potenciais prejuízos de um vazamento de informações pessoais possa ter, será um indivíduo que certamente prevenirá que situações como essas aconteçam”, defende o pesquisador.

A partir da Agência Brasil. Leia no original

'SURTO DE SUICÍDIOS' NA USP MOBILIZA ALUNOS E PROFESSORES

9/03/2017
Marcos Santos/USP Imagens

Um série de tentativas de suicídio entre alunos do quarto ano de medicina da USP tem mobilizado estudantes e professores de uma das melhores faculdades do país.

Ao menos seis casos foram registrados neste ano –três nas últimas semanas de abril.

O clima de tensão aparece em páginas do Facebook dos estudantes –que citam "surto de suicídios"– e em textos de professores aos alunos.

"Ficamos muito chocados com os acontecimentos recentes envolvendo a saúde dos alunos. Há uma grande apreensão e tristeza pairando em todos nós", escreveu o coordenador do curso de clínica médica do quarto ano, Arnaldo Lichtenstein.

Em outra carta, um grupo de profissionais do serviço de psicoterapia do IPq (Instituto de Psiquiatria da USP) fala sobre a angústia dos alunos.

"Esgotamento, ansiedade, depressão, internações psiquiátricas, tentativas de suicídio, mortes. Os relatos [dos estudantes] nos parecem crescentes em frequência e intensidade, e soam como um pedido de ajuda."

O texto fala sobre as dificuldades em lidar com o assunto no ambiente acadêmico e termina com um convite para que os alunos saiam do silêncio e falem "do que não se fala, a não ser na privacidade dos corredores".

Na condição de anonimato, a Folha conversou com seis estudantes. Eles relatam que, no quarto ano, o aluno fica mais vulnerável porque as pressões se multiplicam.

"A formatura está próxima e a realidade da profissão vai matando as ilusões dos tempos de calouros. Há disputas infantis por notas, muitas divulgadas nominalmente."

Outro afirma que não existe tempo suficiente para atividades que não estejam ligadas ao mundo médico. As aulas começam às 8h e terminam às 18h quase todos dias.

"Além do cansaço mental, da desumanização cotidiana, temos que ter a cabeça tranquila para estudar doenças."

Os alunos apontam como um dos focos do problema a disciplina de clínica médica. "Em apenas dez semanas de duração, somos cobrados sobre fisiopatologia das doenças, sobre diagnósticos e sobre quais exames solicitar para excluir ou confirmar hipóteses", relata um deles.

Ele se queixam também que a saúde mental do aluno não é considerada quando se trata de faltas. "As notas de conceito [quase 50% da nota final] são multiplicadas pela frequência. Se o aluno está deprimido, não consegue ir às aulas. Mas não podemos faltar sem punição. Não temos tempo para cuidar da nossa saúde mental e física."

Outro fator de estresse são as "panelas". No quarto ano, são formados grupos de cerca de 15 alunos para o estágio obrigatório (internato).

Em várias universidades, como na Unicamp, os grupos são formados por sorteio, mas, na USP, é por livre escolha. São os alunos que decidem com quem se agruparão, o que gera grupos de exclusão e perseguição.

"Alunos mal vistos ou que não são bem relacionados, por inúmeros motivos, acabam sobrando e formando a famigerada 'panela lixo' ou são excluídos e têm que mendigar uma vaga entre os grupinhos já formados."

APOIO PSICOLÓGICO

Para Francisco Lotufo Neto, professor de psiquiatria indicado pela diretoria da FMUSP para falar sobre o assunto, as tentativas de suicídio estão relacionadas a uma soma de fatores.

"São jovens em amadurecimento, enfrentando a entrada numa profissão que tem contato com o sofrimento humano. É um curso difícil, que exige das pessoas. Também há a pressão pelo sucesso."

Em sua opinião, isso tudo leva a uma maior predisposição à depressão, que é mais prevalente entre os estudantes de medicina do que na população em geral.

Segundo ele, na comissão de graduação já existe um grupo que acompanha os alunos com dificuldades (por exemplo, que foram mal nas provas ou que têm faltado às aulas), mas que agora, após as tentativas de suicídio, foi criado um grupo de atendimento psicológico para atendimento individualizado.

Foi instituída também uma linha telefônica que funciona 24 horas para onde os alunos podem ligar em situações de emergência. "Fiquei como plantonista o fim de semana todo, mas ninguém ligou", diz Lotufo.

Sobre as queixas relativas à falta de tempo dos alunos, ele afirma que a nova grade curricular da medicina, implantada a partir de 2015, já prevê mais tempo livre aos alunos. "O atual quarto ano ainda segue a grade antiga."

Em relação às panelas, disse que já houve uma proposta da direção em adotar sorteios na formação dos grupos, mas que a maioria dos alunos foi contrária à ideia.

Sinais de Alerta

Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
  • falar sobre querer morrer
  • procurar formas de se matar
  • falar sobre estar sem esperança ou sobre não ter propósito
  • falar sobre estar se sentindo preso ou sob dor insuportável
  • falar sobre ser um peso para os outros
  • aumento no uso de do álcool e drogas
  • agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável
  • dormir muito ou pouco
  • se sentir isolado
  • demonstrar raiva ou falar sobre vingança
  • ter alterações de humor extremas
  • quanto mais sinais, maior pode ser o risco da pessoa
Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
O que fazer
  • não deixar a pessoa sozinha
  • tirar de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes
  • ligar para canais de ajuda
  • levar a pessoa para uma assistência especializada
Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
Alguns pontos de alerta para depressão em adolescentes:
  • Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos
  • Piora do desempenho na escola, no trabalho e em outras atividades rotineiras
  • Afastamento da família e de amigos
  • Perda de interesse em atividades de que gostava
  • Descuido com a aparência
  • Perda ou ganho inusitado de peso
  • Comentários autodepreciativos persistentes
  • Pessimismo em relação ao futuro, desesperança
  • Disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade e acessos de raiva)
  • Comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática
  • Doação de pertences que valorizava
Cerca de 90% das pessoas que morrem de suicídio possuíam transtornos mentais. Elas poderiam ser tratadas e acompanhadas


Mitos em relação ao suicídio

Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir uma pessoa a isso

Questionar sobre ideias de suicídio, fazendo-o de modo sensato e franco, fortalece o vínculo com uma pessoa, que se sente acolhida e respeitada por alguém que se interessa pela extensão de seu sofrimento.

Ele está ameaçando o suicídio apenas para manipular...

Muitas pessoas que se matam dão previamente sinais verbais ou não verbais de sua intenção para amigos, familiares ou médicos. Ainda que em alguns casos possa haver um componente manipulativo, não se pode deixar de considerar a existência do risco de suicídio.

Quem quer se matar, se mata mesmo

Essa ideia pode conduzir ao imobilismo. Ao contrário dessa ideia, as pessoas que pensam em suicídio frequentemente estão ambivalentes entre viver ou morrer. Quando falamos em prevenção, não se trata de evitar todos os suicídios, mas sim os que podem ser evitados.

Veja se da próxima vez você se mata mesmo!

O comportamento suicida exerce um impacto emocional sobre nós, desencadeia sentimentos de franca hostilidade e rejeição. Isso nos impede de tomar a tentativa de suicídio como um marco a partir do qual podem se mobilizar forças para uma mudança de vida.

Uma vez suicida, sempre suicida!

A elevação do risco de suicídio costuma ser passageira e relacionada a algumas condições de vida. Embora a ideação suicida possa retornar em outros momentos, ela não é permanente. Pessoas que já tentaram o suicídio podem viver, e bem, uma longa vida.

Telefones e sites de ajuda

Centro de Valorização da Vida (CVV): 141

Também é possível entrar em contato e receber apoio emocional do CVV via internet, a partir de email, chat e Skype 24 horas por dia


Fontes: American Foundation for Suicide Prevention; Centro de Valorização da Vida; "Comportamento suicida: vamos conversar sobre isso?", de Neury José Botega, membro-fundador da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio; "Preventing Suicide: A Global Imperative", da Organização Mundial da Saúde

A partir da Foilha de S.Paulo. Leia no original
 
Copyright © QUERO MORRER. . OddThemes