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FELICIDADE : OS CAMINHOS ERRADOS

10/23/2010
"Meu nome é Fabricia,tenho 18anos. A minha vida não tem andado como eu planejei, e isso está me sufocando... Meus pais se separaram há dois anos e, sinceramente, eu nao sei como lidar com isso... Sinto um vazio, um vazio sufocante. Isto está sugando a minha vida. Tento dizer que sou forte (sinto que presiso ser forte), mas não consingo. Tô machucada, sem direção. Não sei como viver, como prosseguir. As vezes queria sumir, queria munca ter existido. Sucumbi a essa vida, que e tão passagueira e, agora, tão sem sentido..." (comentário na Rede Quero Morrer)


E nós o buscamos. Mas, muitas vezes, nos lugares errados, como nos bens materiais. Em geral, os cientistas concordam que há limitações para a quantidade (e qualidade) de felicidade que eles podem proporcionar. "Um vestido novo ou uma casa enorme podem fazer você feliz, mas por um período de tempo curto", diz o físico Stefan Klein, ex-editor de ciência da revista alemã "Der Spiegel" e autor dos livros "A Fórmula da Felicidade"e "The Science of Happiness - How Our Brains Make Us Happy" (A Ciência da Felicidade - Como Nossos Cérebros nos Fazem Felizes, inédito no Brasil).

Esse mecanismo é chamado pelos pesquisadores de "adaptação hedonista". É a calmaria que se segue a um evento alegre, como a compra de um carro. Isso pode acontecer também com uma promoção, uma cirurgia plástica, uma mudança para outro país ou novos relacionamentos.

A advogada e escritora americana Gretchen Rubin estudou tudo isso e pôs em prática seu "Projeto Felicidade". Sua meta é "passar um ano testando todas as dicas, teorias e estudos científicos que puder encontrar, seja de Aristóteles, Martin Seligman ou Oprah Winfrey".

Para Richard Davidson, professor de psicologia e psiquiatria da Universidade de Harvard, a felicidade é uma habilidade que se aprende. "Não é diferente de tocar um instrumento musical ou praticar um esporte. Se treinar, você vai melhorar", afirma. Vire a página para saber como começar seu treino.

Juliana Tiraboschi
Ilustração: Fernanda Alyssa (Flickr)

FELICIDADE TEM VALOR EM SI MESMA

10/22/2010
Cada um é cada um. Nesse caso, o velho chavão é verdade: cada um reage de um jeito aos acontecimentos. Parte da explicação para isso pode estar inscrita em nossos genes, conforme pesquisas vêm demonstrando há duas décadas. Uma das mais recentes, realizada pela Universidade de Edimburgo (Escócia), estudou mais de 900 pares de gêmeos para inferir a influência da genética em nosso "bem-estar subjetivo" - termo técnico para felicidade. Para os autores, os genes que agem sobre nossa satisfação são os mesmos que atuam sobre nossa personalidade.

"Quanto mais extrovertida, estável e consciente - o oposto de neurótica - uma pessoa é, maior tende a ser o seu bem-estar", diz Alexander Weiss, professor de psicologia e líder do estudo. E vai além. "Cerca de 50% das diferenças do nível de felicidade entre os indivíduos se deve a variações genéticas." A americana Sonja Lyubomirsky, professora de psicologia da Universidade da Califórnia (EUA), concorda e afirma que, além da porção genética, 40% da satisfação seria explicada por nosso comportamento. Os 10% restantes seriam fruto das circunstâncias: se somos homens ou mulheres, bonitos ou feios, brasileiros ou dinamarqueses, por exemplo.

Isso mostraria que mudanças não são fáceis. Porém são possíveis. "Nossas personalidades são estáveis. Contudo, pesquisas sugerem um aumento modesto na estabilidade emocional e consciência na idade adulta. Então algumas mudanças ocorrem naturalmente", diz. Segundo o professor, um alto grau de bem-estar não é caracterizado pela felicidade constante, mas pela atitude positiva permanente.

A maioria dos especialistas concorda que há um ponto de saturação no bem-estar de cada um de nós. "Precisamos voltar a um estado normal porque a felicidade precisa ser buscada", diz a neurocientista Silvia Helena Cardoso, fundadora do Instituto da Ciência da Felicidade, vinculado ao Instituto de Teleneurociência de Campinas (SP). Após um evento muito prazeroso, como uma promoção no emprego, chega a hora em que a satisfação acaba e nos sentimos motivados a buscá-la novamente. "Aristóteles já dizia que a felicidade é conseqüência de ações", diz Silvia.

Mas, segundo a neurocientista, a felicidade possui um diferencial em relação a outros objetivos de vida: é o único que tem valor em si mesmo. Os outros, como saúde, poder, dinheiro, beleza e sucesso, fazem sentido apenas como um meio de alcançar o bem-estar.

Juliana Tiraboschi
Ilustração: Fernanda Alyssa (Flickr)

Crônica de Natal : 'O bom de ser criança'

12/24/2009
Acordo cedo e saio a caminhar pela casa. Entro na sala de estar, que ainda tem os destroços da festa. Papel de embrulho descartado, restos da algazarra que fizemos abrindo os presentes na noite anterior. Os cheiros da festa também ainda estão no ar. Bebida, peru assado.

Lembro que os presentes também tinham cheiro. Bola de futebol nova, por exemplo. As bolas eram de couro mesmo, com a cor natural e o cheiro do couro, e com cadarço. Você não sabia se já saía chutando a bola ou se guardava aquela preciosidade à salvo de chutes e arranhões, só para cheirar.

Lembro que no mesmo Natal em que ganhei minha primeira bola de tamanho oficial ganhei outro presente: um kit com uma estrela de xerife, um revólver, um cinturão de caubói com coldre e um cilindro cheio de fitas de espoletas. Colocava-se uma fita de espoletas no revólver e acionava-se o gatilho, fazendo estourar as espoletas. Outro cheiro inesquecível do Natal, o de espoleta recém-deflagrada. Sem saber escolher entre um presente e outro, eu afivelei o cinturão (com babados no coldre) em torno do corpo franzino e saí abraçado com a bola e dando tiros, iniciando uma carreira inédita de jogador de futebol caubói, até a mãe ordenarque parasse porque ninguém conseguia conversar na sala. E foi nesse Natal que conheci o Papai Noel.

Tinham anunciado que naquele ano receberíamos o Papai Noel em casa.

Ele não deixaria apenas os nossos presentes, misteriosamente, como das outras vezes. Apareceria. Em pessoa! E à noite lá estava o Papai Noel batendo na nossa porta, e sendo recebido por mim, minha irmã, um primo e várias crianças da vizinhança, todos de boca aberta. Era ele mesmo, não havia dúvida. A roupa vermelha grossa, o gorro, a barba branca, as bochechas rosadas e o saco.

O maravilhoso saco, de dentro do qual tirou nossos presentes - a bola de futebol, o revólver de espoleta, como ele sabia que era o que eu queria? Depois deu tapinhas na cabeça de cada um, disse qualquer coisa e desapareceu. Mais tarde entrei na cozinha e dei com o Papai Noel sentado, conversando com a cozinheira e tomando uma cerveja. Tinha tirado a máscara. Reconheci a sua cara suada: era o Bataclan, uma figura folclórica de Porto Alegre, um negro que fazia propaganda - "reclame", chamava-se então - na rua. Não lembro como eu racionalizei a revelação. Se deixei de acreditar no Papai Noel ali mesmo, se passei a acreditar que o Papai Noel, quando não estava em serviço, era o Bataclan, e vice-versa. Talvez não tenha concluído nada. O bom de ser criança é que a gente não precisa racionalizar.

 
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