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SE TE QUERES MATAR

11/30/2011
Se te queres matar, por que não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por atores de convenções e poses determinadas,
O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E, de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!

O SUICÍDIO E A IMORTALIDADE

11/27/2011

Está claro que o suicídio, quando se perdeu a ideia da imortalidade, torna-se de uma imprescindibilidade absoluta e inevitável para todo o homem que tenha alguma noção da sua superioridade sobre os animais. Pelo contrário, a imortalidade que nos promete uma vida eterna amarra o homem, por isso mesmo, mais fortemente à Terra. Poderá parecer que há aqui contradição; se há tanta vida, quer dizer, a imortal, além da terrena, porque estimar tanto esta última? Acontece o contrário; é em virtude da sua fé na imortalidade que o homem alcança o seu fim razoável na Terra. Sem fé na imortalidade quebram-se os laços que prendem o homem à Terra, tornando-se mais subtis, mais frouxos, e a perda do alto conceito da vida (ainda que se sinta apenas em forma de inconsciente pesar) leva, inevitávelmente, ao suicídio.

A VISÃO ESPIRITUAL SOBRE O SUICÍDIO

10/06/2011
Por trás de cada ato há sempre uma força-poderosa, que chamamos de motivação. É a motivação que determina cada ato de nossas vidas -- não apenas o suicídio. Como sempre afirmo, há uma lei natural de causa e efeito, ou seja, a ação é resultado direto da motivação.

SUICIDAS SE TORNAM 'ALMAS ATORMENTADAS', DIZ ESCRITOR

10/03/2011
Muitos me perguntam o que deve ser feito com o corpo daqueles que cometem suicídio. O corpo é meramente uma concha. Ao deixar a concha, o espírito perde suas ligações com o envoltório físico. É como uma peça de roupa já gasta. No caso do suicídio ou de um acidente trágico, é importante que o corpo seja cremado. A cremação destrói o corpo rapidamente, e o espírito é liberado de qualquer resquício de ligação com o corpo. Assim, irá se tornar mais fácil para a alma conscientizar-se de sua nova situação.

'QUANDO ALGUÉM SE MATA E SE DÁ CONTA QUE NÃO MORREU'

10/03/2011
  
A terra é o lugar onde se experimentam os elementos e aspectos da condição humana - que não podem ser vivenciados em nenhum outro lugar. É um lugar de crescimento - e crescer não é fácil. A maioria das pessoas vivas hoje está constantemente pressionada por desafios de sobrevivência. Somos bombardeados com preocupações de ordem financeira, profissional, emocional, por problemas de saúde. Muitas dessas preocupações estão associadas com sentimentos de autodestruição. A certa altura, acreditamos: "Não posso suportar isso!" ou "É melhor morrer!".

SUICÍDIO, SEGUNDO 'O LIVRO DOS ESPÍRITOS'

9/24/2011
944. Tem o homem o direito de dispor da sua vida?
"Não, só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntário transforma-se numa transgressão desta lei."

944.   a) Não é sempre voluntário o suicídio?
"O louco que se mata não sabe o que faz."

ESPIRITISMO E O SUICÍDIO: PERGUNTAS E RESPOSTAS

9/23/2011
Quais as principais motivações que podem levar alguém ao suicídio nos dias de hoje?
A primeira delas é a falta da noção da Ideia de Deus. O restante é tudo consequência, como por exemplo uma noção deturpada da vida após a morte. Hoje, como consequência destas duas ideias citadas acima, vemos as pessoas a procurar necessidades que as fazem sofrer por não atingir o padrão que os meios de comunicação e a sociedade impõem; estes cobram das criaturas que elas tenham determinado padrão de beleza, determinado padrão social, determinado padrão de cultura determinado padrão de pensamentos e se as pessoas não alcançam este padrão, entram num desânimo, num sentimento de menos valia, na depressão e daí, como lhes faltam o conhecimento da Ideia de Deus e de Suas Leis, para o suicídio faltam poucos passos, pois a noção de mundo espiritual também é frágil.

ESPIRITISMO : DEPOIMENTOS DE SUICIDAS

9/22/2011

Camilo Castelo Branco, in Memórias de um Suicida (Ivone A. Pereira)

"(...) O vale dos leprosos, lugar repulsivo da antiga Jerusalém de tantas emocionantes tradições, e que no orbe terráqueo evoca o último grau da abjecção e do sofrimento humano, seria consolador estágio de repouso comparado ao local que tento descrever. Pelo menos, ali existiria solidariedade entre os renegados! Os de sexo diferente chegavam mesmo a amar-se! Adoptavam-se em boas amizades, irmanando-se no seio da dor para suavizá-la! Criavam a sua sociedade, divertiam-se, prestavam-se favores, dormiam e sonhavam que eram felizes!

SUICÍDIO, A FALSA SOLUÇÃO

8/20/2011
Os vídeos abaixo foram elaborados pelo Projeto Espiritizar, que faz parte da Federação Espírita do Estado de Mato Grosso, e tem como objetivo desenvolver produtos de divulgação da teoria espírita. Nas quinze aulas a seguir, o tema escolhido foi o suicídio, encarado pelos espíritas como uma "falsa solução" para os dramas da vida. Segundo o escritor Alírio de Cerqueira Filho, que está lançando o livro "Suicídio - Falsa Solução!" (EBM Editora), "o suicídio nunca será a solução para mal algum, simplesmente porque a morte não existe".

DEPRESSÃO E O MAL ESTAR SOCIAL - Maria Rita Kehl

7/01/2011


Psicanalista e escritora brasileira, doutora em Psicanálise, clinica desde 1981 em consultório particular. Maria Rita Kehl é autora de diversos livros e ainda escreve artigos sobre cultura, comportamento, literatura, cinema, televisão e psicanálise para a imprensa nacional.

Em sua conferência no projeto  Fronteiras do Pensamento -- um seminário internacional em formato de conferência, em que o público encontra com renomados cientistas, artistas e intelectuais da atualidade -- Maria Rita Kehl abordou a depressão do ponto de vista da relação entre o sujeito e o tempo. O controle do tempo seria a face mais visível e onipresente do poder, aquilo que organiza e ordena a vida social. Para Kehl, a época em que vivemos é claramente antidepressiva: temos mais liberdade e estímulos (o “gozo” nos termos da psicanálise). Contudo, argumentou a psicanalista, é justamente a dificuldade de lidar com tudo isso que transforma a época em que vivemos em claramente depressiva.


A seguir, a segunda parte da conferência "Depressão: a face contemporânea do mal-estar na civilização", com a psicanalista Maria Rita Kehl, gravado no dia 26/10/2009.



TODOS PROCURAM PELA CURA

6/25/2011
Todos procuram pela cura. Ela se esconde como uma faísca de esperança em doenças e dores emocionais. Curar o stress, a ansiedade, a depressão, o diabetes, câncer, o mal-estar da civilização. É possível?

Partindo de um problema particular, o psicólogo e quiroprático Bruce Forceia começou a refletir sobre o assunto por conta de uma doença no coração que o surpreendeu quando tinha 24 anos. Insatisfeito com o modo infeliz que vivia, com surtos de pânico, angústia e medicamentos frequentes, começou a buscar meios para enfrentar de maneira digna sua enfermidade.

Após muitos anos de pesquisas, observações e transformações, reuniu dados suficientes para compartilhar o que ele acredita ser "O Código da Cura".

"Voltei-me para o mundo da medicina alternativa em busca de uma resposta. Nele, descobri vários sistemas de tratamento ligados a uma filosofia universal. A medicina alternativa é fundamentada na filosofia do vitalismo. Os que aceitam o vitalismo acreditam numa força vital que permeia toda a vida", destaca o profissional.

Compreender a força vital o fez entender que deve haver uma conexão entre os sistemas de cura convencionais e os alternativos. "A cura e a vida nada mais são que manifestações do mesmo processo. O mesmo ocorre com a doença e a morte. Todos os sistemas de cura podem ser compreendidos em termos de informação."

Unindo as informações das diferentes formas de cura, o autor, após cerca de dez anos, conseguiu que os sintomas desaparecessem por completo, fazendo-o perceber também que, além deles, toda uma insatisfação pessoal criada por seu psicológico apenas pioravam o estado emocional e físico.

Com isso, criou o que chama de "cura informacional", baseada em sete princípios que permite a qualquer um acessar as chaves básicas para a cura eficiente de qualquer particularidade.

"Este livro foi escrito para qualquer pessoa que necessite de cura. Você pode adotar os conceitos apresentados aqui e aplicá-los imediatamente. Também verá que este livro é útil para a compreensão, avaliação e elaboração de programas de tratamento que integrem sistemas de cura da medicina convencional e da alternativa," conclui o especialista, dando esperanças aos que buscam e acreditam na cura possível, no "Código da Cura"

* * *

"O Código da Cura"
Autor: Bruce Forceia
Editora: Cultrix - Páginas: 200
Preço: R$ 34,00

LIVRO DEFENDE CURA DA DEPRESSÃO SEM REMÉDIOS

6/19/2011
Doenças ligadas ao stress são comuns em nossa sociedade. Não é por acaso que cada vez mais escutamos histórias relacionadas à depressão e ansiedade. Frente a essas constatações, evidencia-se uma busca frenética pela tal felicidade. A falsa inveja ganha espaço. "Falsa", porque quando deseja-se a vida do outro, esquecem-se dos problemas naturalmente atrelados.

"Se nos tornássemos outra pessoa, nos livraríamos de nossos problemas costumeiros - isso é verdade - mas teríamos outros, os deles", justifica o psiquiatra David Servan-Schreiber, autor do livro "Curar o Stress, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamento Nem Psicanálise", sucesso de vendas.

Com competência, o autor apresenta o seu ponto de vista sobre a cura, baseado em princípios estudados por mais de 20 anos, úteis tanto para si mesmo quanto para seus pacientes. "Para minha surpresa, elas (as descobertas) não têm nada a ver com os métodos que eu tinha aprendido na universidade. Não envolviam medicação nem terapias verbais convencionais", justifica.

Então, como curar o stress sem medicamento nem psicanálise?

Fábio Nascimento teve depressão
na fase pré-vestibular
Logo de cara, Servan-Schreiber esclarece que "cura é uma palavra com muito poder", e avalia o trabalho por ele apresentado. "Não seria presunçoso demais um médico usar tal palavra no título de um livro sobre stress, ansiedade e depressão? Pensei muito sobre a questão."

Para o autor "cura" significa que os pacientes não estão mais sofrendo daqueles sintomas e que se queixavam quando o consultaram pela primeira vez, e que tais sintomas não voltarão depois que o tratamento terminar.

Todos estão acostumados a se tratar ou por medicamentos, ou pela psicanálise (investigando traumas inconscientes que se manifestam como patologia nas pessoas), contudo, o método que propõe foge das duas propostas.

"É precisamente o que observei quando comecei a usar os métodos descritos neste livro e isso é sustentado por algumas pesquisas. Por fim decidi que não havia problema em usar 'cura' no título do livro, uma vez que não utilizá-la teria sido desonesto", escreve.

Cérebro Emocional

Felicidade coletiva gera tranquilidade ?
A abordagem diferente a que se refere diz respeito ao "cérebro emocional". "Dentro do cérebro há um cérebro emocional, um verdadeiro 'cérebro dentro do cérebro'. Este segundo cérebro tem uma estrutura diferente, uma organização celular diferente e, inclusive, propriedades bioquímicas que são diferentes do resto do neocórtex, a parte mais 'evoluída' do cérebro, que é o centro da linguagem e do pensamento".

Portanto, o cérebro emocional controla tudo o que governa o bem-estar psicológico e, naturalmente, físico. "A principal meta do tratamento é 'reprogramar' o cérebro emocional para que ele se adapte ao presente em vez de continuar a reagir às experiências passadas", explica.

Com isso, o estudioso acredita que o cérebro emocional contém mecanismos naturais para se autocurar: "um instinto para curar. Esse instinto para curar abrange a habilidade inata do cérebro emocional em descobrir equilíbrio e bem-estar, comparáveis a outros mecanismos de autocura no corpo, como a cicatrização de uma ferida ou a eliminação de uma infecção."

Ao longo das páginas de "Curar o Stress, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamento Nem Psicanálise", o autor busca comparar e apresentar por meio de pesquisas científicas os resultados e da nova medicina das emoções, sempre comparando com os outros métodos os pontos positivos e negativos de cada um, indicando, enfim, o caminho libertador e coerente do que ele acredita com que todos nascemos. o instinto para curar.

* * *

"Curar o Stress, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamento Nem Psicanálise "
Autor: David Servan-Schreiber (biografia)
Editora: Sá  -  Páginas: 304
Preço: R$ 39,20

O autor  - David Servan-Schreiber nasceu na França em 1961. Estudou e trabalhou nos Estados Unidos e no Canadá, onde foi um dos fundadores, e depois diretor, do Centro de Medicina complementar da Universidade de Pittsburgh. Fez parte da organização “Médicos sm Fronteiras” (ONU), trabalhando com refugiados em Kosovo e Saravejo.

É Doutor em Ciências Neurocognitivas pela Universidade Carnegie Mellon, sob orientação de Herbert Simon, pai da inteligência artificial e Nobel de Economia, e de James McClelland, pioneiro da teoria das redes de neurônios. Recentemente, sua tese de doutorado foi publicada na revista “Science”. Em 2002 foi eleito o melhor psiquiatra clínico da Pensilvânia.

Atualmente, divide seu tempo entre a França e os Estados Unidos, estudando e dando conferências sobre seu trabalho”.

Saiba mais sobre o autor:
http://www.servan-schreiber.com

'ANGÚSTIA': LIVRO DIZ QUE É PRECISO REINVENTAR A VIDA

4/08/2011
O lançamento da Zahar, "Angústia", cutuca sem medo um sentimento que desde sempre acompanha o Homem, mas que encontra cada vez mais meios para se manifestar.

Escrito pela psicanalista e doutora em psicologia clínica, Sonia Leite, a obra busca traduzir o significado da experiência que inspira as mais diferentes interpretações no campo da filosofia, medicina e psicanálise.

A começar por uma questão importante. "A angústia é real", pontua a autora. "Além disso, a experiência da angústia aponta para o fato de que a vida precisa ser constantemente reinventada porque, de um modo ou de outro, somos sempre atravessados pelo imprevisível" descreve a psicanalista.

Em entrevista concedida ao site da editora do livro, a autora comenta que "ao fazer uma reflexão sobre o tema, ao longo da história, a proposta do livro foi destacar que a angústia é algo estrutural à experiência humana. Por isso a psicanálise indica que a angústia é aquilo que fundamenta o sujeito e possibilita o nascimento do desejo. Ou seja, para que uma pessoa faça suas próprias escolhas, descubra seus limites e o seu caminho na vida é inevitável o encontro com a angústia."

Com solidez nas referências bibliográficas e experiência na prática analítica, Sonia Leite sente-se à vontade na explicação sobre esse estado de sentimento, responsável por desestruturar muitas pessoas. Para tornar o conteúdo de fácil acesso, usa de exemplos das artes e literatura, que como Freud e Lacan afirmavam, sempre fizeram contribuições significantes para traduzir os sentimentos humanos.

"A angústia deve ser entendida como uma espécie de lugar onde se entrecruzam as linhas e as malhas de uma rede desejante. É preciso supor que a partir desse ponto obscuro tudo também se irradia, porque tudo aí sempre retorna. A angústia é, ao mesmo tempo, ponto de interrupção, ponto de sideração e ponto a partir do qual seguem os trilhos do desejo", encerra.


Ficha Técnica:
Coleção: Psicanálise Passo-a-Passo
Título: Angústia
Autor: Sonia Leite
Editora: Zahar
Edição: 1
Ano: 2011
Especificações: Brochura | 96 páginas

CINCO MITOS SOBRE TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

2/13/2011
Um aviso: para pessoas satisfeitas com seus tratamentos-padrão para depressão, desfazer mitos sobre eles pode ser perturbador. No entanto, para depressivos com pensamento crítico que não tenham se beneficiado de medicação antidepressiva, psicoterapia, ou outros tratamentos-padrão, descobrir verdades sobre esses tratamentos pode lhes dar idéias sobre o que poderia funcionar para si.

Pessoas dotadas de senso crítico têm dificuldade em acreditar em qualquer tratamento para a depressão porque a ciência lhes diz que esses tratamentos com freqüência não são melhores do que placebos, ou do que não fazer coisa alguma, e se uma pessoa não confia num tratamento para depressão, este dificilmente será eficaz. Na verdade, são a crença e a confiança – ou o que os cientistas chamam de “expectativas” e o “efeito placebo” – os principais responsáveis pelo funcionamento de qualquer tratamento contra a depressão. Pessoas com pensamento crítico podem sair das garras da depressão quando seu pensamento crítico a respeito de tratamentos antidepressivos é validado e respeitado, e elas são então desafiadas a pensar mais criticamente sobre o próprio pensamento crítico.


Mito 1: antidepressivos são mais eficazes do que placebos

Muitos deprimidos relatam que antidepressivos são eficazes para eles, mas os antidepressivos são mais eficazes do que uma pílula de açúcar? O pesquisador Irving Kirsch [professor de psicologia da Universidade de Hull no Reino Unido, e emérito da Universidade de Connecticut, além de autor do livro The emperor’s new drugs (As novas drogas do imperador)] vem tentando responder a essa pergunta durante uma boa parte de sua carreira.

Em 2002, Kirsch e sua equipe na Universidade de Connecticut avaliaram retrospectivamente 47 estudos de tratamentos contra a depressão que haviam sido patrocinados por farmacêuticas responsáveis pelos antidepressivos fluoxetina, sertralina, paroxetina, venlafaxina, citalopram e nefazodona. Muitos desses estudos não haviam sido publicados, mas todos haviam sido submetidos à Agência de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA; todos os acrônimos são em inglês), de modo que Kirsch usou a Lei de Liberdade da Informação para obter acesso a todos os dados. Ele descobriu que, na maioria dos ensaios clínicos, os antidepressivos não conseguiram superar em desempenho as pílulas de placebo. “Todos os antidepressivos”, relatou Kirsch em 2010, “incluindo os bem conhecidos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRI), não causaram benefício clinicamente significativo em relação a um placebo.” Embora se tomados como um todo, os antidepressivos superem os placebos ligeiramente, a diferença é tão pequena que Kirsch e outros a descrevem como “clinicamente desprezível”.

Por que muitos médicos não estão a par da falta de vantagem dos antidepressivos em relação aos placebos? A resposta se tornou clara em 2008, quando o pesquisador e clínico Erick Turner (atualmente no Departamento de Psiquiatria e no Centro de Ética em Saúde, Universidade de Saúde e Ciências do Oregon) descobriu que estudos de antidepressivos com desfechos favoráveis tinham muito maior chance de serem aceitos para publicação do que aqueles com desfechos desfavoráveis. Ao analisar estudos publicados e recusados de antidepressivos, todos registrados junto ao FDA, no período de 1987 a 2004, Turner descobriu que 37 de 38 estudos com desfechos favoráveis foram publicados; no entanto, relatou Turner, “estudos que o FDA julgou ter resultados negativos ou questionáveis [para os antidepressivos] foram, com três exceções, ou recusados para publicação (22 estudos), ou publicados de uma forma que, em nossa opinião, transmitiu a [falsa] impressão de um desfecho positivo (onze estudos).”


Mito 2: se o primeiro antidepressivo falhar, outro provavelmente funcionará

Na popular obra de 2001 sobre a depressão, O demônio do meio-dia (The noonday demon), o escritor e depressivo Andrew Solomon repetiu a assertiva, que então tinha o status de lenda urbana, de que “mais de 80% dos pacientes deprimidos respondem à medicação.” Solomon cita com precisão um artigo científico que enuncia essa estatística; no entanto, ao seguir a “trilha” de referências bibliográficas, descobri que o artigo que Solomon citou encaminha o leitor para um segundo artigo que conteria a evidência que sustenta a estatística, mas este segundo artigo nada menciona sobre 80% dos pacientes deprimidos responderem a alguma medicação.

O Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH) estava ciente de que não havia pesquisa que sustentasse a afirmação de que 80% dos pacientes deprimidos melhoram se persistirem em tentar medicações diferentes. Assim o NIMH patrocinou o estudo “Alternativas de tratamento consecutivas para alívio da depressão” (STAR*D), o maior do gênero já conduzido sobre tratamentos sequenciais para a depressão. Os resultados do STAR*D foram publicados em 2006.

Na Primeira Etapa do STAR*D, todos os pacientes receberam o antidepressivo citalopram, e na Segunda Etapa, os pacientes que não responderam ao citalopram foram divididos em grupos diferentes e receberam outros tratamentos (em sua maioria, outros medicamentos) em substituição ou em adição ao primeiro. Se o segundo regime de tratamento falhasse, havia uma terceira e, se necessário, uma quarta etapa.

Em cada etapa de tratamento do STAR*D, as taxas de remissão foram ou iguais, ou significativamente inferiores ao desempenho costumeiro do placebo em outros estudos de antidepressivos, mas, para a exasperação de muitos cientistas, não houve grupo placebo neste estudo de 35 milhões de dólares, pago com dinheiro do contribuinte, o STAR*D. (Pesquisadores do STAR*D revelaram terem recebido proventos de consultoria e conferências da parte de empresas farmacêuticas que fabricam os antidepressivos estudados pelo STAR*D.)

Em março de 2006, o NIMH anunciou, triunfante, que metade dos deprimidos atingiram a remissão dos sintomas após as duas primeiras etapas do STAR*D. No entanto, o NIMH se esqueceu de mencionar no comunicado à imprensa que no mesmo período que fora necessário para completar essas duas etapas – um pouco mais de seis meses – pesquisas prévias mostram que pessoas deprimidas que não recebam qualquer forma de tratamento têm uma taxa de remissão espontânea de 50% (ou seja, metade).

Em novembro de 2006, após a conclusão das quatro etapas do STAR*D, seus autores alegaram uma taxa de remissão cumulativa de 67%, que novamente exasperou muitos cientistas porque este número não incorporou as taxas extremamente altas de recidiva da depressão e abandono do estudo que marcaram o STAR*D. Num editorial da Revista Americana de Psiquiatria (American Journal of Psychiatry), que acompanhava o relato dos autores do STAR*D, o Dr. J. Craig Nelson, MD (médico), declarou: “Em meus próprios estudos, que incluem as taxas de recidiva e usam um método similar ao dos autores do STAR*D, encontrei uma taxa de recuperação acumulada de 43%.” Ainda assim, até esses 43% se revelam uma taxa inflada.

Análises em separado do STAR*D, feitas em 2010 pelo psicólogo Ed Pigott e o jornalista especializado em temas médicos Robert Whitaker, revelaram que os pesquisadores do STAR*D haviam inflado os número de remissão ao mudarem sua aferição para um método mais leniente bem no meio do estudo, e também ao incluir pacientes que não estavam deprimidos o suficiente no começo do estudo para se encaixarem em seus critérios. Porém, mesmo que se tomem os dados do STAR*D da forma como são apresentados, a análise de Pigott revelou que menos de 3% de todo o grupo de pacientes deprimidos que foram incluídos no início do STAR*D podem ser confirmados como tendo entrado num estado de remissão sustentada (ou seja, pacientes que, de fato, foram até o fim do estudo sem sofrerem recidiva da condição e/ou sem abandonarem o estudo).


Mito 3: a eletroconvulsoterapia (ECT) é um eficaz tratamento de último recurso

Em seu Demônio do meio-dia, Andrew Solomon também afirma, “a ECT parece ter um impacto significativo em de 75 a 90% dos casos. Cerca de metade dos que melhoram com ECT ainda se sentem bem após um ano do tratamento.” Mas será que a ECT é realmente tão eficaz assim? Em 2004, a pesquisadora Joan Prudic, MD, e sua equipe no Instituto Psiquiátrico de Nova Iorque conduziram um estudo de larga escala da ECT, que envolveu 347 pacientes em sete hospitais. Foram relatados tanto os desfechos imediatos como os desfechos após um período de acompanhamento de seis meses (24 semanas). Com relação aos desfechos imediatos, Prudic relatou: “Em contraste com as taxas de remissão esperadas para a ECT, entre 75 e 90%, as taxas de remissão neste estudo foram, dependendo do critério adotado, entre 30,3 e 46,7%.” E ainda pior para os defensores da ECT, Prudic acrescenta que, “dez dias após a ECT, os pacientes haviam perdido 40% dos ganhos imediatos.”

Também existem estudos que comparam a ECT com um placebo (chamado de “simulacro de ECT”). No simulacro, os pacientes recebem as drogas para anestesia e relaxamento muscular que rotineiramente acompanham a ECT, são ligadas ao aparelho de ECT, mas não recebem corrente elétrica alguma. O psiquiatra Colin Ross relata, “Nenhum estudo demonstrou uma diferença significativa entre a ECT real e o simulacro no primeiro mês após o tratamento.”


Mito 4: a terapia cognitivo-comportamental (CBT) é a melhor psicoterapia para a depressão

Primeiro, as boas notícias sobre a CBT. O único tratamento não-farmacológico avaliado pelo STAR*D foi uma forma de terapia cognitiva (que não foi completamente detalhada pelos autores do STAR*D e só foi administrada na Segunda Etapa). Dentre aqueles que não responderam ao citalopram na Primeira Etapa, três grupos na Segunda Etapa mudaram do citalopram para um de três antidepressivos, e suas taxas de remissão ficaram entre 25 e 26,6%; mas um grupo na segunda etapa mudou do citalopram para a terapia cognitiva, e sua taxa de remissão foi de 41,9%. Os pesquisadores do STAR*D não verificaram se quaisquer diferenças entre as eficácias dos tratamentos foram estatisticamente significativas.

Outro grupo na Segunda Etapa manteve o citalopram e apenas acrescentou a terapia cognitiva, e essa combinação terapêutica atingiu 29,4% de remissão; portanto, não tão alta quanto a do grupo que recebeu terapia cognitiva sem medicação. Isso exige que se faça a questão: também não seria um mito dizer que “antidepressivos mais psicoterapia” funcionam melhor do que cada um separadamente? O psicólogo pesquisador David Antonuccio da Faculdade de Medicina da Universidade de Nevada relata: “a combinação de psicoterapia com tratamento farmacológico não parece ser superior à terapia ou ao tratamento farmacológico separadamente.”

Que psicoterapia é melhor para a depressão? Enquanto os estadunidenses ouvem falar com mais freqüência da CBT, o que se descobre é que a CBT, ou outra forma de terapia cognitiva, não é mais eficaz para a depressão do que qualquer uma de muitas outras formas de psicoterapia. Em 2008, os psicólogos Pim Cuijpers e Annemicke van Straten da Universidade de Amsterdã relataram os resultados de uma meta-análise que congregou 53 estudos prévios, cada um dos quais comparando dois ou mais tipos de psicoterapia para a depressão. Foram incluídos vários tipos de “terapia cognitivo-comportamental”, “terapia psicodinâmica”, “terapia de ativação comportamental”, “treinamento em habilidades sociais”, “terapia de resolução de problemas”, “terapia interpessoal” e “abordagem não-diretiva centrada na pessoa.” O principal resultado? “Não houve grandes diferenças em eficácia entre as principais psicoterapias para a depressão de leve a moderada.”

Então, se a técnica psicoterapêutica não é assim tão importante, o que é? O psicólogo Bruce Wampold da Universidade de Wisconsin reviu a literatura de desfechos psicoterapêuticos, examinando centenas de estudos e meta-análises, para seu livro The Great Psychotherapy Debate(“O grande debate sobre a psicoterapia”). Wampold afirma de forma inequívoca que a eficácia do desfecho não depende de técnicas específicas de psicoterapia, mas, ao invés, depende de assim chamados fatores “não específicos”, tais quais a natureza da aliança entre o terapeuta e seu cliente e a confiança do cliente na terapia e em seu terapeuta. “Dito de maneira simples”, conclui Wampold, “o cliente tem de acreditar no tratamento ou ser levado a acreditar nele.”


Mito 5: nenhum tratamento para a depressão funciona

Em abril de 2002, um estudo financiado pelo NIMH sobre o antidepressivo sertralina, a erva-de-são-joão (ou hipérico) e um placebo gerou alguns resultados curiosos. Os achados foram, em síntese, de que 32% dos pacientes tratados com placebo entraram em remissão, mais do que os 25% tratados com sertralina ou que os 24% verificados no grupo da erva-de-são-joão. A maioria dos cientistas diria que este estudo mostra que nem a sertralina, nem a erva-de-são-joão funcionam, mas os indivíduos que tiveram desfechos positivos com esses dois tratamentos discordariam. Então, este estudo mostra que antidepressivos e a erva-de-são-joão não ajudam, ou que “expectativas”, “crença” e “confiança” são os prováveis fatores que fazem que todos esses tratamentos funcionem?

Ao avaliarem se um tratamento específico é eficiente, cientistas são treinados a subtrair, ou eliminar, os efeitos das expectativas. Os pesquisadores avaliam um tratamento como eficaz se, num estudo controlado, o desfecho do tratamento é significativamente melhor do que um placebo. No entanto, a realidade dos tratamentos para a depressão é que expectativas, confiança, crença e o efeito placebo são – de longe – as principais razões pelas quais qualquer coisa funciona.

Em 2004, a Dra. Heather Krell, MD, e sua equipe na Universidade da Califórnia em Los Angeles investigaram a influência das expectativas dos pacientes na eficácia de um antidepressivo experimental. Eles descobriram que, dentre aqueles pacientes deprimidos que esperavam que a medicação fosse muito eficaz, 90% tiveram uma resposta positiva; enquanto que, dentre aqueles que esperavam que a medicação fosse algo eficaz, apenas 33 tiveram uma resposta positiva. Nenhum depressivo foi incluído no estudo que achasse que a droga experimental fosse ineficaz, mas esses descrentes, em minha experiência, raramente respondem positivamente a antidepressivos. Todos os tratamentos funcionam, mas raramente o fazem se uma pessoa não crê neles.

Um caminho para os que não respondem ao tratamento: pensar criticamente sobre o pensamento crítico

O senso crítico e uma ausência de auto-engano são cruciais para o sucesso em muitas áreas da vida, mas esses elementos podem ser problemáticos com respeito à depressão. Uma noção mais exata da própria impotência numa situação (tais como a família, uma organização, ou a sociedade) pode resultar num sentimento ainda maior de desamparo, dor e depressão.

Vários estudos clássicos nos deram a saber que pessoas moderadamente depressivas são, de certa forma, mais dotadas de senso crítico do que pessoas não deprimidas. Esses estudos mostram que pessoas deprimidas são mais precisas do que as não deprimidas em sua avaliação dos eventos que as cercam e do grau de controle que têm sobre eles, e em seu julgamento das atitudes de outras pessoas com relação a elas. Em 1979, as pesquisadoras Lauren Alloy e Lyn Abramson da Universidade da Pensilvânia, estudando pessoas deprimidas e não deprimidas que jogavam um jogo deliberadamente avariado para que não tivessem controle real algum sobre ele, descobriram que indivíduos deprimidos avaliavam com mais precisão sua falta de controle, quer estivessem perdendo, quer ganhando. E em 1980, o pesquisador Peter Lewinsohn da Universidade de Oregon descobriu que indivíduos deprimidos julgam as atitudes de outras pessoas com relação a eles com maior precisão do que os não deprimidos.

O senso crítico também cria um problema para o tratamento da depressão, uma vez que o ceticismo torna o sujeito teimosamente refratário a muitas coisas que são funcionam em outros. Especificamente, na medida em que uma pessoa confia acriticamente num tratamento, este tem muito mais chances de dar certo; mas, na medida em que uma pessoa é mais cética com relação à eficácia do tratamento, ela tende a depositar menos expectativas no seu resultado, o que acarreta uma profecia auto-realizável.

Antes que a pesquisa moderna revelasse essa relação problemática entre a depressão e o senso crítico, o psicólogo e filósofo estadunidense William James (1842-1910) reconhecera essa realidade com base em sua experiência pessoal. James tinha uma história de depressão severa, que ajudou a gerar parte de sua imensa sabedoria a respeito de como vencer a depressão.

Em The thought and character of William James (“O pensamento e o caráter de William James”), a clássica biografia de Ralph Barton Perry a respeito de seu professor, no capítulo “Depressão e recuperação”, descobrimos que James, aos 27 anos, se descrevia como no meio de um período de “aversão à vida”, em que a descrição de Perry é de “um esvaimento da vontade de viver… uma crise pessoal que só encontrou alívio por meio de percepções filosóficas.” E que percepções foram essas que transformaram James?

James tinha senso crítico e não suportava pensamento positivo do tipo “carinha sorridente”, mas ele também concluiu que seu pessimismo talvez conseguisse destruí-lo. Com seu senso crítico, ele chegou, de forma bastante pragmática, a “acreditar em acreditar”. Ele continuou a sustentar que não se pode escolher acreditar em qualquer coisa que se queira (não se pode escolher acreditar que dois e dois são cinco); no entanto, ele chegou à conclusão que há um espectro de experiências humanas dentro do qual se pode escolher aquilo em que se quer acreditar. Ele logrou compreender que a “crença num fato pode ajudar a consubstanciar esse fato”. Assim, por exemplo, a crença de que “se tem uma contribuição significativa para dar ao mundo” pode impedir uma pessoa de cometer suicídio durante um período de profundo desespero, e manter-se vivo pode tornar possível que se dê, de fato, uma contribuição significativa.

 Pensadores dotados de senso crítico são céticos que têm dificuldade com crença e confiança, mas tratamentos para a depressão funcionam na medida em que se confia neles. Ao invés de se considerarem fracassados por não melhorarem com tratamentos-padrão, pensadores dotados de senso crítico podem reconhecer, com base em pressupostos lógicos, a desvantagem imposta por seu próprio temperamento. Desfazer mitos sobre tratamentos-padrão permite que aqueles renitentes dotados de senso crítico se livrem da angústia ligada ao “fracasso da terapia”. A dor do fracasso é uma das muitas dores que resulta em depressão, ou em abuso de substâncias e outras compulsões que são alimentadas pela necessidade de aliviar a dor. Libertar-se da dor, inclusive da dor do fracasso, pode ser de grande ajuda.

Quando pacientes refratários ao tratamento, e dotados de senso crítico, descobrem que existem outros como eles que escaparam desse labirinto ao acharem algo em que conseguissem acreditar sem abrirem mão de seu senso crítico, isso pode ser um empurrão inicial para que achem seu próprio antídoto para a depressão. William James finalmente deixou de flertar com o suicídio, manteve-se um pensador de grande agudeza mental e leal à realidade dos fatos, mas também desenvolveu a confiança de que “a vida será construída de fazer, sofrer e criar.”

Bruce E. Levine 
Psicólogo clínico e seu último livro é Surviving America’s Depression Epidemic: How to Find Morale, Energy, and Community in a World Gone Crazy (Chelsea Green Publishing, 2007; Sobrevivendo à epidemia de depressão dos Estados Unidos: como revigorar o moral, encontrar disposição e ligar-se à comunidade num mundo que enlouqueceu). Página:  www.brucelevine.net.

SUICÍDIO: RAZÕES, ESTUDOS E INCERTEZAS

1/23/2011
As estimativas sugerem que ocorram 24 suicídios por dia no Brasil. O número deve ser 20% maior, pois muitos casos não são registrados, e a quantidade de tentativas é 10 a 20 vezes mais alta do que as mortes. O país é o 11º colocado no ranking mundial de suicídios, segundo a Organização Mundial da Saúde, mas ainda existe muita divagação e os dados existentes ainda geram um ambiente inconclusivo sobre a real extensão do problema.  

“Os números são apenas a ponta do iceberg, pois, para cada suicídio, estima-se que haja pelo menos 20 tentativas. Para cada caso de tentativa que atendemos no hospital, outras cinco pessoas, na comunidade, estão planejando e 17 estão pensando seriamente em pôr fim à vida”, esclarece o pesquisador Neury José Botega, professor titular Psicologia Médica e Psiquiatria da UNICAMP, e autor das obras Comportamento Suícida (2004), escrito em parceria com Blanca Guevara Werlang, e Prática Psiquiátrica No Hospital Geral (2006). Ainda para Botega, os dados mostram a necessidade de práticas de Saúde Publica para enfrentar o problema. “Basta dizer que apenas uma em cada três tentativas de suicídio recebe atendimento médico”, disse. Já os pesquisadores da USP Daniel Hideki Bando e Ligia Vizeu Barrozo, autores de O suicídio na cidade de São Paulo (2010), mapearam a cidade com dados do IBGE de 1995 a 2006 e mostraram na obra quais regiões da cidade são mais afetadas pela prática. 

Um dos que mais se debruçou sobre o tema foi Émile Durkheim (1858-1917), tido por muitos estudiosos (incluindo Daniel Hideki Bando) como um dos mais conceituados pesquisadores do assunto. Durkheim foi o fundador da escola francesa de sociologia (posterior a Marx), que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. É reconhecido como um dos melhores teóricos do conceito da coesão social. Sua obra O Suicídio, publicada em 1897, foi um dos grandes marcos da sociologia que estuda o problema. As conclusões de Durkheim são um divisor de águas na pesquisa sobre suicídio, como, por exemplo, sua análise mostrando que, na maioria das vezes, quem “sofre de suicídio” quase sempre não sobrevive. Claro que a obra se baseia em estatísticas da época e que hoje devem ser complementadas com os modernos estudos de seus pares. Mas as reflexões de Durkheim são de uma textura racional que até hoje são usadas como parâmetros universais.

O tema é vasto, científico, complexo e está longe de ter abordagens definitivas. Desde os grandes romances do século XIX até os dias atuais poucos temas são tão discutidos e pensados como o suicídio, até porque são infinitos os fatores que levam o ser humano a pensar nele. Parece até que nem precisamos pensar para “estar” com ele, como escreveu o genial Balzac: “A resignação é um suicídio cotidiano”. De qualquer maneira é sempre um tema fascinante, seja tratado de forma romanesca ou ensaística.

* A pintura que abre o texto é a última de uma série de trípticos que Francis Bacon pintou depois que seu companheiro George Dyer cometeu suicídio em 1971, em um banheiro de um hotel parisense onde ele e Bacon estavam hospedados.

TODA A DESESPERANÇA DESAPARECE

1/17/2011
Disseram a Osho: Não tenho uma pergunta - apenas um sentimento de desesperança. Não acredito em minhas perguntas, sinto que elas vêm de algo frágil e irreal.

Como surge essa desesperança? Você deve estar esperando demais; ela vem do excesso de esperança.

Se você não espera, toda a desesperança desaparece. Se espera demais, a frustração é garantida . Se está querendo ter sucesso, fracassará com certeza. Tudo aquilo que você tenta com afinco exagerado produz o contrário.

Você deve estar querendo com muito afinco concretizar alguma esperança, e é aí que surge a desesperança. Se quiser mesmo se livrar da desesperança - e todo mundo quer -, então livre-se da esperança.

Abandone toda esperança e de repente verá que, com ela, a desesperança também desaparece. Assim você alcançará a tranquilidade interior, na qual não há esperança - e tampouco desesperança. Estará simplesmente calmo, quieto e sereno - um reservatório profundo de energia, um lago fresco de energia.

Mas, para isso, você precisa sacrificar a esperança. A questão mostra que você ainda está esperando... Vá um pouco mais fundo e mais longe - se estiver totalmente sem esperança, a desesperança desaparece.

Osho 
em "A Música Mais Antiga do Universo"
Colaboração: Ana Maria (Comunidade Q.M.)
Imagem por King Chimp

CINCO COISAS SOBRE O SUICÍDIO E A MORTE

12/31/2010
1. A vida não acaba com a morte.
A morte não significa o fim da vida, mas somente uma passagem para uma outra vida: a espiritual.

2. Os problemas não acabam com a morte.
Eles são provas ou expiações, que nos possibilitam a evolução espiritual, quando os enfrentamos com coragem e serenidade. Quem acredita estar escapando dos problemas pela porta do suicídio está somente adiando a situação.

3. O sofrimento não acaba com a morte.
O suicídio só faz aumentar o sofrimento. Os espíritos de suicidas que puderam se comunicar conosco descrevem as dores terríveis que tiveram de sofrer, ao adentrar o Mundo Espiritual, devido ao rompimento abrupto dos liames entre o Espírito e o corpo. Para alguns suicidas o desligamento é tão difícil, que eles chegam a sentir seu corpo se decompondo. Além disso, há o remorso por ter transgredido gravemente a lei de Deus, perante a qual suicidar-se equivale a cometer um assassinato.

4. A morte não apaga nossas falhas.
A responsabilidade pelas faltas cometidas é inevitável e intransferível. Elas permanecem em nossa consciência até que a reparemos.

5. A Doutrina Espírita propicia esperança e consolação quando oferece a certeza da continuidade infinita da vida, que é tanto mais feliz quanto melhor suportamos as provas do presente.

Retirado do livro "Palavras Simples,
Verdades Profundas", de Rita Folker
EME Editora
Imagem : por h.koppdelaney

LIVROS TRATA DE SUICÍDIO E ESPIRITUALIDADE

12/05/2010
lygia
A roteirista e escritora carioca Lygia Barbiére Amaral é casada e mãe de quatro filhos - Sophia (12 anos), Alice (9 anos), Estevão (6 anos) e Miguel (7 meses). Morando há 15 anos em Caxambu (MG), formada em jornalismo, pós-graduada em teatro e com mestrado em literatura brasileira, ela se apaixonou pela literatura ainda menina, o que a motivou mais tarde, inclusive, a ser professora de língua portuguesa. "Mas sempre soube que iria escrever”.
Autora de obras de sucesso, entre elas O jardim dos girassóis, a autora entrelaça as ideias espíritas em emocionantes histórias de personagens que se envolvem com dilemas existenciais, como síndrome do pânico, alcoolismo, depressão, regressão de memória e suicídio.

Lygia Barbiére lança agora pela Editora Correio Fraterno uma nova edição, revisada e ampliada, do seu consagrado romance A luz que vem dentro. E faz questão de salientar que seus livros não são psicografados, mas frutos de muito trabalho e suor. Acompanhe sua entrevista.

Você relaciona o suicídio com obsessão. Isso é sempre uma verdade?
Acho que sim. A Laura [personagem principal de A luz que vem de dentro ] estava obsediada quando se suicidou. Ela entrou numa sintonia negativa. Acredito que cerca de 80% dos suicídios sejam causados por obsessão. É uma questão de instantes, às vezes; em outras, uma ideia que fica nos perseguindo.

Você se baseou em caso verídico para escrever seu livro A luz que vem de dentro? Por que a abordagem desse tema?
Quando tive a minha filha Sophia, ela não queria mamar no peito. Foi um desespero pra mim, que tinha me programado para ter parto normal, amamentar. Até dois meses,tentamos tudo o que era possível. Ela ia ficando magra, com aspecto de doente e eu desesperada, até que tudo se resolveu. Depois de um tempo, um casal de amigos dos meus pais foi nos visitar. Contaram a história de uma moça que também não havia conseguido amamentar, entrou em depressão e se suicidou. Pensei: Meu Deus, coitada, ela não conseguiu vencer. Aquilo me doeu muito e decidi estudar sobre suicídio. Queria ajudar, e, na medida do possível, fazer alguma coisa para que outras pessoas não fizessem o mesmo.

Você sentiu a ajuda da autora Yvonne Pereira para escrever esse romance?
Acho que sim. Eu rezava muito para ela me ajudar. Em geral, quando escrevo, tenho sempre muita ajuda. E agradeço muito a Deus por isso.

Suas obras não são psicográficas; exigem muito trabalho de pesquisa. Quanto tempo você leva para escrever um romance?
Leio em torno de 200 obras para cada romance que escrevo, para depois poder pesquisar e relacionar os itens necessários à história. Para escrever A luz que vem de dentro levei nove meses. Realmente A luz veio à luz. (risos)

E por que exatamente esse título?
Porque somente a luz que vem dentro é que pode ajudar tirar as trevas em volta de nós, que geram tanta dificuldades e compromissos. Há um trecho na história em que um dos irmãos da moça que se suicidou encontra um bilhete que ela mesma deixou para ele há muito tempo, onde diz que ele tinha que achar a luz que vem de dentro, encontrar a solução dentro dele. Isso ilustra que o suicídio é uma questão de envolvimento de um momento da pessoa. A moça, no caso, já havia pensado um dia iluminadamente. Há pessoas que se revoltam, que julgam, mas é preciso ter compaixão do suicida, porque isso pode acontecer com qualquer um de nós.

Mas ainda se fala meio de lado sobre casos de suicídio. Por quê?
luzpequena
Isso passa pela cabeça de muito mais pessoas que você imagina. E muitas vezes não se quer falar sobre o assunto por próprio medo. Porque, na verdade, o que mais nos incomoda no outro é o que justamente se tem. A psicologia diz isso. E quem não passa momentos difíceis em que surge a ideia de desistir da luta?

O suicídio é isso, para você?
Sim. É você desistir da oportunidade que tem de crescer e aprender na vida. É você acreditar que não consegue mais. É preciso saber que nada está fora do lugar. E que estamos preparados para dar conta do recado, inclusive da dor por que passamos.

Mas o senso comum diz que devemos falar apenas de coisas boas, para não cairmos em vibração negativa...
O conhecimento da vida, numa visão aberta para a espiritualidade, só ajuda você a pensar antes de se enganar, de se desesperar. Acho que o suicídio, principalmente, acontece muito mais porque não se conversa a respeito das tristezas, das angústias. Quanto mais eu puder externalizar, mais possibilidades terei de me sentir acolhida, de pedir ajuda para outras pessoas.

Na sua opinião, falta contato entre as pessoas. Está faltando ombro amigo?
Sim. Não podemos esquecer que um desespero, uma desilusão, pode desencadear o suicídio numa fração de segundos. No Congresso Espírita de Brasília, uma mensagem de Yvonne Pereira mostrou que um grupo de suicidas foi desarticulado durante o evento e que eles queriam levar mais gente dessa forma. Ela fala que o momento que atravessamos é seriíssimo. Há alguns espíritos que, depois que cometem o suicídio, querem levar outros para a mesma situação, por vingança, diversão ou ignorância, porque ainda não despertaram para a luz. Eles se aproveitam dos nossos momentos de fraqueza.

Por que há tanto suicídio?
Porque precisamos ter uma visão mais espiritualista da vida. Descobrir e compreender realmente o que estamos fazendo aqui. Não estou na Terra apenas para comprar roupas, sapatos, carro novo, ir para churrasco ou balada. Os valores estão muito deturpados; muitas vezes nem são passados de pais para filhos. Muitos não dão conta de criar, quanto mais de passar valores. Aí se sentem culpados e substituem essa tarefa por dar coisas, presentes . Que, contudo, não tapam o vazio que fica, a falta de esperança, de perspectivas, de crença em si mesmo, nos próprios valores. O homem veio ao mundo para servir e ser útil. Quem se sente útil não pensa em suicídio.

Você concorda que muitas pessoas se decepcionam com a falta da felicidade ilusória estampada nas capas das revistas: a mãe perfeita, a mulher sensual, o executivo bem-sucedido, a família feliz...
Não podemos nos entregar a essa ilusão, senão tudo fica muito superficial. Ao se viver esse mundo de Hollywood, acaba-se deslumbrado , perdendo-se a noção da tarefa, do que se veio fazer aqui. Quando você está fazendo aquilo para o que veio, você se sente bem com você mesmo e com o próximo.

Que solução você daria para a sociedade materialista, que valoriza o glamour, a posse, o poder ?
Perceber que tudo isso é transitório. Como digo sempre a meus filhos, você não pode levar um sofá para o mundo espiritual. Nem um computador. São coisas materiais, que fazem parte deste contexto de vida aqui. Mas a nossa sociedade, infelizmente, valoriza tanto o material, o ilusório que o desejo de felicidade acaba se desvirtuando.

Nas suas pesquisas, o que mais lhe chamou atenção?
Em 2001, o suicídio já era considerado a terceira causa de morte de jovens no Brasil, perdendo apenas para homicídios e acidentes de trânsito. A mesma reportagem informava os jovens tinham entre 15 e 24 anos e que este número havia aumentado cerca de 40 por cento só entre 1993 e 1998. Pelo que li recentemente, o quadro só piorou de lá para cá.

Não seria uma desistência do espírito, quando ele começa a assumir as suas tarefas, a sua reencarnação?
Não sei. Acho que também é muita droga e muito álcool. Eles acabam se destruindo, ficando muito loucos, assediados por obsessores. Bebem antes de ir pra balada, durante e depois; se drogam até se sentirem fora da realidade, para “ficar bem”. Depois pegam o carro, correm e morrem. Quando não, vão ficando desequilibrados em meio a tantos devaneios. E aí as portas realmente se abrem. Foi uma escolha.

Você sente saudades de seus personagens?
Alguns realmente marcam a gente. A Laura [de A luz que vem de dentro], por exemplo, era bailarina. Ela se joga de um edifício. No mundo espíritual, percebe que para voltar à reencarnação, precisará valorizar o que destruiu . Em determinado momento da história, ela pergunta ao médico sobre suas dificuldades, limitações futuras: “...mas eu nunca mais vou poder dançar?” Isso me emocionou muito. Passado algum tempo, fui a um espetáculo de balé. Chorei tanto! Parece que eles ganham vida própria depois que a gente acaba o livro. A gente sente saudades.

Como você costura suas histórias? O que é, afinal, escrever um romance?
Eu tenho regras. Fiz o curso de oficina de roteiros, na Globo. Tenho formação para escrever telenovelas. Há a parte técnica, determinados pontos que têm que ser marcantes na história para se criar suspense, os ganchos, os pontos fortes. Desde o começo sei qual o fim a que quero chegar. Um romance, por exemplo, não pode ter apenas o tema central. É preciso que se relatem outras histórias sobre outros temas interessantes, que despertem a leitura, como se fizéssemos uma linda embalagem para presente, criando curiosidade, expectativa.

E o que você tem a dizer sobre quem critica os romances espíritas. Eles aproximam ou distanciam da realidade?
Não se trata de uma ilusão. Os meus romances são baseados, sim, na vida real. Como fazia Janete Clair, eu busco um fato atual, um recorte da vida e trago para dentro do tema que quero explorar. Há um preconceito muito grande com relação aos romances. Fico profundamente incomodada quando ouço: ah, não se pode só ler romance, tem que estudar para entender o espiritismo. Ora, assim como existem as mais diversas religiões para as mais diversas pessoas e tipos de entendimento, assim também é com a literatura. O romance é uma maneira mais fácil de se assimilar conceitos. E para isso, tenho todo um trabalho como escritora. O maior elogio que posso receber é saber que uma pessoa que nunca leu, começa a se interessar por leitura, ao ler um dos meus livros. E o meu objetivo é dar a minha contribuição ao maior número de pessoas.

E no caso do suicídio...
Se eu conseguir passar alguma informação para que as pessoas saibam como é o suicídio e pensem duas vezes antes de fazer qualquer coisa, já vou ficar muitíssimo feliz. Que a história consiga ser uma ruptura no pensamento, porque o conhecimento faz o contraponto na hora de qualquer impulso. Meu objetivo em todos os livros é fazer as pessoas pensarem, terem a informação espírita. O objetivo não é dar lição de moral. Cada um conclui o que quiser. Passo a minha leitura sobre os temas e divido com o leitor.

Você se angustia quando escreve? Como é o sentimento do escritor enquanto está desenvolvendo uma obra?
É muito difícil. Mas escrever, para mim, sempre foi uma necessidade. Lendo entrevistas de grandes escritores, Jorge Amado, Rubem Braga, que descrevem exatamente aquela angústia que sinto, vejo que faz parte. Quando a gente nasce com isso, tem que escrever , porque se não colocar para fora, começa a intoxicar e você acaba adoecendo. Quando estou criando, tudo está ótimo. Quando escrevo um capítulo legal, fico feliz, porque consegui fazer o meu trabalho. Em compensação, no dia em que não rende sinto uma tristeza profunda, uma sensação de incompetência, fico zangada comigo mesma. É muita pesquisa, muita transpiração. Claro que há a inspiração, como em quaquer trabalho. Tenho uma ajuda imensa da espiritualidade, à qual tenho uma gratidão sem tamanho. Mas meus livros não são obras psicografadas. Tenho certeza. Fico megulhada na vida dos personagens , tentando compreender o universo de cada um, buscando a coerência das suas reações. Quando encerro uma história, choro. É uma despedida em todos os sentidos. Você sente que existe além dos personagens toda uma equipe espiritual que trabalhou junto e que ela também termina seu trabalho e vai embora. É muito emocionante, como as cenas de bastidores de último capítulo de novela. Fico em estado de graça.

A quem você recomenda esse seu livro?
A todos os que tenham vontade de entender um pouco sobre o tema. Procurei falar de uma maneira bem ampla, como para onde vão os suicidas, como é a organização, o que sentem, como se recuperam e o que podemos fazer por quem, infelizmente, se suicida. E que não existe aquela história: não posso fazer mais nada por aquela pessoa que já se foi de uma maneira tão triste. Não. Pode-se fazer ainda muita coisa, através do auxílio da prece, enviando-lhe fluidos positivos que a desperte para recomeçar. Nada está acabado. Também é próprio para qualquer idade. Minha filha de doze anos está lendo A luz que vem de dentro. Foi uma iniciativa dela, fiquei preocupada se era a hora certa. Mas ela parece tão empolgada, tão satisfeita que acabei percebendo que era uma decisão que não cabia a mim. Acredito que os livros – todos os livros – têm o “poder mágico” de atrair quem está precisando deles.

A partir do jornal Correio Fraterno. Leia no original
 
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