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O ELO ENTRE ALZHEIMER E A DEPRESSÃO

1/12/2013
Cientistas brasileiros descobriram o mecanismo responsável pela associação entre doença de Alzheimer e depressão. Na prática clínica, observa-se que uma das manifestações psiquiátricas mais comuns do paciente com Alzheimer são transtornos depressivos, que também atuam como fatores de risco importantes para a doença degenerativa. O que não se conhecia até agora era o mecanismo molecular exato por trás dessa relação.

O estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concluiu que neurotoxinas chamadas oligômeros de abeta, presentes em maior quantidade no cérebro dos pacientes com Alzheimer, são capazes de levar a sintomas de depressão em camundongos. O tratamento desses roedores com antidepressivo reverteu o quadro depressivo e melhorou a memória.

A descoberta, que abre a possibilidade de investigar mais a fundo a eficácia da indicação de antidepressivos em fases iniciais do Alzheimer, foi publicada na revista Molecular Psychiatry, do mesmo grupo que publica a Nature. Os oligômeros, estruturas que se agregam formando bolinhas, atacam as conexões entre os neurônios, impedindo o processamento de informações. Como são solúveis no líquido que banha o cérebro, eles se difundem, atacando o órgão em várias regiões. Pesquisas anteriores demonstraram que os oligômeros são os principais responsáveis pela perda de memória nas fases iniciais da doença.

Para testar a hipótese de que eles também provocam depressão, os cientistas aplicaram a toxina nos cérebros de camundongos. Após 24 horas, os animais foram submetidos a testes que identificaram comportamentos depressivos. Mediante o tratamento com fluoxetina, o quadro foi revertido.

“Uma boa surpresa do estudo foi que a fluoxetina também teve efeitos positivos na memória”, diz um dos líderes do estudo, o pesquisador Sergio Ferreira, do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.

Segundo o neurologista Ivan Okamoto, membro da Academia Brasileira de Neurologia, quem não tem histórico de depressão e desenvolve um quadro depressivo com idade mais avançada tem de três a quatro vezes mais risco de desenvolver Alzheimer.

Agora, de acordo com Ferreira, o desafio é entender por que os oligômeros levam também à depressão. “Observamos que eles induzem uma reação inflamatória no cérebro dos animais. É possível que essa reação esteja levando à depressão, mas os dados ainda não permitem garantir isso.”

Para o neurologista Arthur Oscar Schelp, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é difícil reproduzir o Alzheimer em modelos animais, por isso a transposição do que se descobre nos roedores para os seres humanos ainda é difícil. Ele observa que a depressão predispõe ao surgimento de muitas doenças.

A partir do Estadão. Leia no original


*   *   *
Ouça abaixo entrevista concedida pelo médico Rodrigo do Carmo Carvalho, dos hospitais Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz, à Rádio Joven Pan.

DEPRESSÃO EM JOVENS LEVA À AUTOMUTILAÇÃO

10/26/2012

Você conhece seu filho? No fim da infância e durante a adolescência o diálogo com ele se torna difícil. Nesse período da vida pais e filhos podem se afastar por causa disso. Os jovens podem viver dramas, experiências e riscos que os pais nem imaginam. Na primeira reportagem da série especial, exibida pelo Jornal da Record, a repórter Cleisla Garcia mostra uma prática secreta de adolescentes que choca os pais e os especialistas: a automutilação.

A partir do R7. Veja no original

DEPRESSÃO: MAIORIA NÃO BUSCA TRATAMENTO

10/25/2012
Embora seja uma doença tratável, seis em cada dez pessoas que sofrem de depressão na América Latina e no Caribe, não procuram ou não recebem o tratamento adequado. Na região, a depressão afeta 5% da população adulta. “Esta é uma doença que pode afetar qualquer pessoa, em algum momento de suas vidas, de modo que devem ser apoiadas psicológica e socialmente”, disse o Conselheiro Sênior de Saúde Mental da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), Jorge Rodriguez.

Nos casos mais graves, a doença pode levar ao suicídio. Quase um milhão de pessoas se matam a cada ano em todo o mundo. Nas Américas são cerca de 63 mil. “Em termos humanos, significa sofrimento e economicamente envolve custos significativos para as famílias e para os Estados”, disse Rodriguez.

Na região da América Latina e Caribe, estima-se que a porcentagem do orçamento de saúde atribuída à saúde mental é inferior a 2% e, desta, 67% é gasta em hospitais psiquiátricos. Os transtornos mentais e neurológicos somam 14% da carga global de doenças em todo o mundo. Na América Latina e no Caribe, esse número chega a 22%.

Como parte do Dia Mundial da Saúde Mental (dia 10/10/2012), a OPAS se junta à Federação Mundial para Saúde Mental (WFMH, na sigla em inglês) para aumentar a conscientização sobre esta doença que afeta mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades pelo mundo.

“Depressão, uma crise global” é o tema do Dia este este ano, que pede por um reconhecimento maior à doença e a seu combate. A Organização Mundial de Saúde desenvolveu uma campanha que inclui folhetos e um vídeo para chamar a atenção para este problema de saúde pública.
A partir da ONU Brasil. Leia n o original

350 MILHÕES SOFREM DE DEPRESSÃO NO MUNDO

10/24/2012
Mais de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização alertou para a necessidade de combater o estigma em torno da doença e incentivar que os governos implementem tratamentos para combater o transtorno. Pelos dados da OMS, pelo menos 5% das pessoas que vivem em comunidade sofrem de depressão. "Temos alguns tratamentos muito eficazes para combater a depressão. Infelizmente só metade das pessoas com depressão recebe os cuidados de que necessitam. De fato, em muitos países, o número é inferior a 10%", disse o diretor do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias, Shekhar Saxena. "É por isso que a OMS está trabalhando com os países na luta contra a estigmatização como ato essencial para aumentar o acesso ao tratamento."

A OMS define depressão como um transtorno mental comum, caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite. Também há a sensação de cansaço e falta de concentração.

A depressão pode ser de longa duração ou recorrente. Na sua forma mais grave, pode levar ao suicídio. Casos de depressão leve podem ser tratados sem medicamentos, mas, na forma moderada ou grave, as pessoas precisam de medicação e tratamentos profissionais. A depressão é um distúrbio que pode ser diagnosticado e tratado por não especialistas, segundo a OMS. Mas o atendimento especializado é considerado fundamental. Quanto mais cedo começa o tratamento, melhores são os resultados.

Vários fatores podem levar à depressão, como questões sociais, psicológicas e biológicas. Estudos mostram, por exemplo, que uma em cada cinco mulheres que dão à luz acaba sofrendo de depressão pós-parto. Especialistas recomendam que amigos e parentes da pessoas que sofrem de depressão participem do tratamento.

Em 1992, a Federação Mundial para Saúde Mental lançou o Dia Mundial de Saúde Mental na tentativa de aumentar a conscientização sobre as questões na área e estimular a discussão sobre os transtornos mentais e a necessidade de ampliar os investimentos na prevenção, na promoção e no tratamento. Mais informações podem ser obtidas no site da OMS.

EM SP, MAIORIA DOS IDOSOS TEM DEPRESSÃO

9/22/2012
Um dado alarmante: 50% dos suicídios são cometidos por idosos

Um estudo realizado pelo Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Psiquiatria da cidade de São Paulo apontou que 61% dos idosos que vão até a unidade em busca de tratamento apresentam quadros de transtorno de ansiedade e depressão. Segundo o levantamento divulgado nesta segunda-feira (10), a maior parte dos casos é causada por sentimentos de solidão.

O estado de saúde pode ter diversas origens, dentre elas a morte do cônjuge, de amigos, familiares, do medo de morrer e de dificuldades financeiras.

Somente em agosto deste ano, 960 idosos foram atendidos na unidade, que fica no bairro da Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista. Segundo a Secretaria de Saúde, no ano passado, neste mesmo mês, o número foi de 917. O maior aumento, no entanto, pôde ser observado em relação a 2010, quando a unidade foi inaugurada: 124 atendimentos - oito vezes menos que este ano.

No ambulatório, os idosos em tratamento participam de atividades de terapia ocupacional, grupos de reabilitação cognitiva, grupos de contadores de histórias e atividades manuais. De acordo com a secretaria, também é realizado um trabalho específico com os cuidadores dos pacientes, que possuem um alto risco de apresentar os mesmos problemas no futuro.

De acordo com Gerardo Araújo, diretor do AME, esse tipo de depressão causa um impacto negativo na qualidade de vida dos idosos. Ele diz que esse quadro tem consequências diretas, inclusive, na saúde dos pacientes e, por isso, o trabalho possui grande importância.

A partir do Portal G1. Leia no original

SUICÍDIO DE IDOSOS: SOFRIMENTO FAMILIAR E PREVENÇÃO

9/06/2012
Para apresentar e discutir os resultados da pesquisa É possível prevenir a antecipação do fim? Suicídio de idosos no Brasil e possibilidade de atuação do setor saúde, o Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP) realizou o I Seminário Nacional sobre Prevenção de Suicídio de Pessoas Idosas. Durante os três dias de atividades, os participantes debateram, entre outros temas, visão epidemiológica sobre o suicídio de idosos, perspectiva de gênero em relação ao suicídio, o impacto do ato suicida na família, fatores de risco e prevenção de suicídio de idosos. Confira na Biblioteca Multimídia da ENSP as apresentações do seminário.

“Este seminário nos fez refletir sobre um tema que atravessa várias áreas disciplinares e foi tratado por meio de uma pesquisa realizada no período de dois anos e financiada pelo programa Inova-ENSP, que incentiva e apoia investigações de temas novos que possam contribuir, estrategicamente, para o avanço da saúde pública”, destacou a coordenadora da pesquisa, Cecília Minayo. A pesquisa de âmbito nacional deu origem ao volume 17, número 8 da Revista Ciência e Saúde Coletiva, com diversos artigos sobre o suicídio de idosos no Brasil.



Na ocasião, Ana Elisa Bastos Figueiredo, pesquisadora do Claves e participante do estudo, ressaltou que o suicídio não ocorre em uma relação lateral, e sim sempre numa relação bilateral. Ana Elisa é autora, com Raimunda Magalhães da Silva, professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), do artigo intitulado "O impacto do suicídio da pessoa idosa em suas famílias". Elas apontaram que o suicídio tem consequências impactantes nos grupos sociais mais próximos das pessoas que cometem o ato suicida, nesse caso o grupo familiar. “O caso de suicídio é uma realidade da qual ninguém sai ileso, além da família, todos que estão em volta sofrem.” Para explicar a relação de sofrimento das famílias, as pesquisadoras citaram o cruzamento entre a dinâmica e a estrutura familiar, procurando buscar como as famílias entendem o ato suicida.

O conceito de dinâmica familiar foi explicado como as condutas e ações sustentadas em uma normatividade estabelecida, que permeiam a vida cotidiana dos membros de um grupo. O padrão organizado dentro do qual os membros da família interagem é visto como a estrutura familiar. Elas explicaram ainda a trajetória metodológica do estudo de âmbito nacional que teve abordagem qualitativa. Ana Elisa e Raimunda apresentaram histórias contadas pelos familiares dos idosos e ressaltaram a importância de compreender a atmosfera em que ocorreu o ato suicida e mostrar as fraturas que ficam entre os familiares.



Foram entrevistadas cerca de 50 famílias que possuíam desde nível superior a nenhum grau de escolaridade, residentes da zona rural ou procedentes dela, de diversas religiões, com predomínio da católica, e os mais diversos níveis de ocupação, desde servidores públicos, agricultores e autônomos a vendedor ambulante e trabalhadores rurais. No estudo, foram apresentados ainda os núcleos de sentido, que dizem respeito ao que fica para as famílias. Cinco descritores foram apontados nos núcleos de sentido: sentimento de culpa pelo ato suicida do familiar idoso; isolamento social e suas manifestações na saúde; estigma, preconceito social e crença na improbabilidade do ato; raiva e sofrimento familiar; e superação e atenção aos familiares.

Outro ponto explorado pela pesquisa foi em relação à atenção do setor saúde para esses casos. De acordo com dados citados no artigo, 67% ou mais de idosos que cometeram suicídio estavam em atendimento em serviços de atenção primária nos últimos 30 dias de vida e até meia semana antes de cometerem o ato. Por fim, as pesquisadoras afirmaram que é preciso intensificar programas de atenção ao idoso e seus familiares no sistema de saúde e fortalecer os programas sociais e psicológicos entre os familiares. “Capacitar profissionais em todos os níveis de atenção, principalmente na atenção básica, para dar suporte aos idosos e suas famílias e desvelar o mito do suicídio entre os diversos atores que mantêm vínculo com o idoso são ações muito importantes no combate ao suicídio”, concluíram.

Para debater o artigo "Autópsia psicológica e psicossocial sobre suicídio de idosos: abordagem metodológica", Fátima Gonçalves Cavalcante, professora da Universidade Veiga de Almeida e também coordenadora da pesquisa É possível prevenir a antecipação do fim?, esteve presente no evento. Fátima explicou que a autópsia psicológica é um tipo de estudo retrospectivo que reconstitui o status da saúde física e mental e as circunstanciais sociais das pessoas que se suicidaram, a partir de entrevistas com familiares e informantes próximos às vítimas. O objetivo da apresentação da professora foi apresentar a metodologia de autópsia psicológica e psicossocial, além de expor os primeiros recortes que o estudo produziu.

De acordo com a professora, a maior parte das famílias quer conversar sobre o suicídio. Por isso, é muito importante abrir espaços de escuta, ressaltando a atuação dos profissionais de saúde, para beneficiar as famílias. Em seguida, a professora citou que o ponto forte da autópsia psicológica e psicossocial está na contextualização dos dados da história psicológica e psicossocial das pessoas estudadas e na possibilidade de se mostrar uma série de circunstâncias e nuances que grandes estudos epidemiológicos ou populacionais não conseguem apontar. Por fim, Fátima apresentou os formatos de entrevista, a construção dos roteiros, ficha de identificação e genograma.



Fatores de risco, prática e teoria da prevenção e experiência exitosa

O último de dia do seminário abordou os fatores de risco e a prevenção de suicídio de idosos, e a prática e a produção de conhecimento sobre a prevenção de suicídio. Também apresentou a experiência exitosa do caso de Candelária, no Rio Grande do Sul. "Fatores de Risco e Prevenção de Suicídio de Idosos" foi o tema do artigo escrito pelo médico da Sociedade Cubana de Psiquiatria Sergio Perez. Segundo ele, os fatores de risco são aqueles que facilitam o surgimento ou desenvolvimento de um estado mórbido; no caso de suicídio, são aqueles que aumentam, facilitam ou promovem a ocorrência do ato suicida.



Em sua exposição, o médico descreveu os fatores de risco para o suicídio em idosos, entre os quais estão a depressão, o abuso e os fatores médicos, psicológicos e sociais. De acordo com Perez, os fatores de risco possuem as seguintes características: individuais, genéricos, historicamente determinados, associados a cultura e geracionais. Além disso, existem os fatores de risco pessoais, familiares e socioambientais. Sergio Perez ofereceu ainda um guia prático para avaliar o risco de suicídio em idosos.

Em seguida, Marta Conte, também pesquisadora do estudo, apresentou a prática e a produção de conhecimento sobre a prevenção de suicídio de idosos. Segundo Marta, nas teorias de prevenção, as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) são, em linhas gerais, quanto à identificação do problema, às abordagens, às formas de comunicação fatos e ficção, às articulações de retaguarda e às formas de encaminhamento. No entanto, essa não é a realidade do cotidiano na relação entre o profissional de saúde e o paciente.


De acordo com Marta Conte, a rede de saúde deve ser vista como um local de conexão envolvendo o sujeito idoso na linha de cuidado (desenha o itinerário que o usuário faz por dentro de uma rede de saúde). Em seguida, Marta falou das condições para acolhimento na linha de cuidado, com destaque para a hospitalidade. “É preciso considerar o que é risco para cada um e como exercer o autocuidado, construindo, a partir daí, estratégias para isso. Apenas agir com flexibilidade não suprime o estabelecimento de algumas combinações”, afirmou.

Finalizando as exposições, a coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (CAP) de Candelária, Rio Grande do Sul, Aline Trindade, apresentou dados da experiência exitosa do CAP. Inicialmente, Aline contextualizou o problema. De acordo com ela, estima-se que anualmente 1 milhão de pessoas no mundo cometem suicídio, são cerca de dez tentativas para cada suicídio consumado. A cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo e, a cada quatro segundos, alguém tenta contra a própria vida no mundo. “O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com maior percentual de suicídios. "A cada dia, três pessoas se matam no estado. Para cada morte, 30 tentativas ocorrem”, advertiu.



Em seguida, Aline falou sobre o Programa de Prevenção ao Suicídio, que reduziu significativamente os números de suicídios na região. De acordo com a coordenadora, as estratégias de prevenção do Programa foram baseadas na estruturação dos profissionais envolvidos nas oficinas; na prioridade do grupo de risco, ou seja, pacientes com tentativas de suicídio; na sensibilização da rede sobre a realidade do município e aplicação de ações de prevenção; e na capacitação de profissionais e locais envolvidos.

Aline afirmou também que, mesmo com a avaliação e o tratamento adequado, os suicídios ocorrem e causam forte impacto sobre os profissionais envolvidos. “O objetivo do trabalho de prevenção é obter um bom índice dentro dos padrões epidemiológicos. É preciso sempre aplicar ações que facilitem o programa identificando e tratando transtornos mentais, por exemplo, conversando francamente sobre o assunto e acompanhando adequadamente pacientes que já tiveram tentativas de suicídio”, finalizou.

Tatiane Vargas 
A partir do Informe ENPS Fiocruz. Leia no original

DEPRESSÃO. E AGORA !?

7/25/2012

Hoje em dia, já não é tão difícil falar sobre depressão; afinal, ela já foi classificada como “o mal do século”. Ainda há muito preconceito quando se fala nela. Muitas pessoas acham que depressão é doença “de quem não tem o que fazer”, de pessoas fracas, que não rezam nem lutam, mas isso não é verdade. Depressão é uma doença e, com certeza, todos os que sofrem desse mal não gostariam de estar nesta situação. 

Assumir a depressão chega a ser humilhante, pois, além de tudo, épreciso consultar um psiquiatra; daí, outro preconceito: psiquiatra é “médico de louco”. Eu costumo dizer que, na verdade, é para não ficar louco!

O maior risco da depressão é camuflá-la. Quanto mais tempo demoramos para buscar ajuda, mais sofrimento enfrentamos. Partilho aqui, com vocês, a minha experiência:

Há vários anos, quando partilhava minha vida com Irmã Lucimar, em Londrina (PR), percebi que seu semblante mudou, e ela me disse: "Carla, eu tenho a impressão de que você está depressiva, mas não posso afirmar, porque somente um psiquiatra pode dar o diagnóstico correto". Pronto. Meu mundo caiu! Como assim? Logo eu? Uma missionária da Comunidade Canção Nova, há tantos anos, poderia estar com depressão?

Assim que o choque passou, comecei a me analisar. Tenho pai e mãe depressivos, então, seria difícil fugir desta realidade. Chegando a Cachoeira Paulista (SP), procurei um psiquiatra que, a princípio, diagnosticou uma bipolaridade. Iniciei o tratamento com medicação, mas logo ele foi interrompido, pois engravidei da Sofia. Mais uma vez, meu mundo caiu! Como conduzir uma gravidez, aos 38 anos, depressiva e sem medicação?

Foi aí que Deus me mostrou Sua grandiosidade. Foi à melhor gravidez que vivi, sem nenhum problema! A Sofia nasceu, no final das 40 semanas de gestação, de parto normal.

Passado um tempo, resolvi retomar o tratamento, mas quis trocar de médico, uma vez que não me via bipolar, pois não sentia os picos de euforia. Busquei outro profissional  e ele me diagnosticou com “distimia” (depressão crônica, de intensidade moderada); ela não tem cura, mas é controlável.  

Hoje, esta é a minha realidade. Sei da enfermidade e faço tratamento com medicação e psicoterapia; além de me esforçar para fazer uma atividade física, o que acho muito difícil. É preciso um esforço sobrenatural, mas consigo conviver bem, no dia a dia, e ter mais qualidade de vida: pessoal, familiar, comunitária e profissional.

Há dias em que dá aquela tristeza da alma, vontade de não fazer nada, mas sei o quanto ists não me fará bem e dou uma resposta diferente. Há dias também que necessitamos fazer algo diferente, algo só nosso, sair sozinha, comer algo que tem vontade, etc. Não é feio ter desejos e necessidades, muito menos pensar em nós de vez em quando. Pelo contrário, nos faz bem.

Não posso deixar de relatar aqui a colaboração da família e dos amigos mais próximos. O que mais nos faz bem é sermos acolhidos naquilo que estamos vivendo, sabermos que não somos peso, e que todos, a seu modo, preocupam-se e querem nos ajudar.

Por isso, se você, hoje, descobriu ou foi diagnosticada (o) com depressão, não se desespere! É possível conviver com ela, basta buscar ajuda profissional apropriada. Tem jeito! Mas do jeito de Deus; não do meu!
Carla Astuti
A partir do Portal Canção Nova. Leia no original

SUICÍDIO: OS ERROS NA ABORDAGEM E PREVENÇÃO

7/24/2012
São muitos e generalizados os erros que se cometem na intervenção junto às pessoas que estão considerando mais seriamente dar um fim à sua própria vida. Sua origem repousa sempre na incapacidade de, efetivamente, penetrar mais profundamente os processos mentais (e sociais *) que levaram àquela situação. Antes de mais nada, a iminência do suicídio obriga a que revejamos todos os códigos baseados no sucesso ou alegria individuais e, principalmente, não os tentemos aplicar ao suicida em potencial. Tentar trazer um pré-suicida para um código mesquinho de valores pode até agravar o risco e apressar a decisão. Ele, certamente, já o terá tentado infinitas vezes, sempre de maneira infrutífera. Esforçar-se para, sob diversas maneiras, convencê-los de que a vida é boa e que a felicidade até existe, só agrava sua sensação de isolamento. Há que abrir algum caminho novo e segundo novos princípios.

"Coração de tísico.../Ó meu coração lírico!/Tua felicidade não pode ser como a dos demais /Terás que construir você mesmo a tua própria/Uma felicidade única/Que seja como o vestido em farrapos de uma menina pobre/---Feito por ela mesma."

("Bonheur Lyrique", tradução livre do original em francês, de M. Bandeira). O que têm em comum o tuberculoso e o pré-suicida? Todos vivem permanentemente em "tête-à-tete" "com uma senhora magra, séria,/Da maior distinção." ("Adeus Amor", M. Bandeira).

Que as taxas de suicídio se elevem, nos países do HNorte, no início da primavera, deveria ser suficiente para que nos convencêssemos de que os nossos códigos de expectativa de prazer e expressão vital invertem-se quando da aproximação da decisão de alguns por dar fim à própria vida. Para muitos desses, deve-se pensar que a espera da primavera é como uma espécie de última oportunidade (ou "Última Primavera", canção de E. Grieg, mas válido também para a "Derradeira Primavera" de Tom Jobim): "se, mais uma vez, tudo falhar; as pessoas à minha volta estiverem mais alegres, cheias de vitalidade e com o egoísmo típico e se eu não conseguir disso participar, o que me resta é morrer".

Alguns entenderão esse processo como uma prova do egoísmo dos suicidas e de sua necessidade de destruir a alegria dos demais. Outros, apoiados nessa maneira de ver, desenvolverão para com eles uma hostilidade, como um famoso cineasta em artigo de jornal há alguns anos. Condenam o suicida, como se aquele ato fosse "somente para atrapalhar". Os que assim pensam expressam apenas a sua própria mesquinhez. São os mesmos que nunca conseguiram "descer" de seus próprios códigos para tentar entender/acolher os que sofrem de algo para além de sua própria capacidade de compreensão. Melhor seria que simplesmente se calassem e deixassem o tema para outros.

Quando ouço jovens dizendo de si mesmos "Sou uma pessoa triste!", replico sempre "Não! V. é, em princípio, uma pessoa mais profunda!". Aquela sentença é suficiente para a conclusão. Muitos deles são apenas incapazes de participar do "coro dos contentes". Exiladas em meio a um mundo que as bombardeia com a comunicação: "V. tem que ser feliz! Se não for, aprenda a representar para v. mesma! Se não conseguir, finja diretamente! E se tudo isso der errado, desapareça!", essas pessoas começam até a afetar aquilo que pensam ser sua própria tristeza, enquanto outros afetam uma alegria patética, o que pode ser um indício de agravamento. Tudo pelo esforço de encontrar semelhantes e formar uma comunidade. Muitos ficarão completamente sozinhos, mais por suas virtudes do que por seus defeitos.

"O poeta é como o príncipe das alturas/Que busca a tempestade e ri da flecha no ar/Exilado em meio à corja impura/Suas asas de gigante impedem-no de andar" (O Albatroz, C. Baudelaire)

Do ponto de vista social, o quanto essa apologia da alegria é perigosa, atesta-o o paralelismo verificado em vários países desenvolvidos, entre altas taxas de suicídio, por um lado, e alta percepção de "felicidade" numa mesma sociedade. Na Dinamarca, por exemplo, há uma alta percepção das pessoas quanto a serem "felizes", mas também muito altas taxas de suicídio. Enquanto em Portugal observa-se exatamente o oposto. Em vez de discutir "percepção de felicidade", talvez precisemos começar a discutir a abertura das sociedades para acolher a dor e ouvir os dramas mais profundos de seus membros. Essa discussão um tanto tola quanto à felicidade, como se ela estivesse somente na nossa dependência, talvez esteja apenas aprofundando o abismo entre as pessoas e inibindo sua comunicação.

O estudo do suicídio revela tantos aparentes PARADOXOS! Um outro foi assinalado por Primo Levi, judeu sobrevivente de Auchwitz: por lá, os suicídios eram muito raros ou simplesmente não aconteciam. Ele mesmo, veio a se suicidar já depois do 80 anos e, até hoje, muitos consideram isso um absurdo. TODO PARADOXO É APARENTE. Revela apenas a estreiteza de nossas mentes e valores. Tudo isso para dizer: se v. quer abordar o problema do suicídio e do encontro de um sentido para vida, tem que estar preparado para buscar um novo código de valores, baseado na importância social da sua própria vida.

Por fim, tudo que a grande mídia e as grandes corporações visam é induzir nas pessoas uma alegria vazia**. Assim, elas se tornarão mais facilmente manipuláveis. Em relação à nossa cultura, sofrem de uma total incompreensão quando nos julgam padrão para o tipo de alegria que buscam. O grande perigo que os cariocas correm, hoje em dia, é o de tentar se tornar a caricatura que os estrangeiros estão dizendo que eles são. O ritmo que é considerado nossa marca, por exemplo, está muito longe da alegria vazia. Por isso, talvez não sirva para divulgação em grande mídia. A marcação no surdo é por demais profunda para os "ouvidos alegrinhos". Por isso abandonaram também os "Negro Spirituals" em função dos muito "alegres"e um tanto vazios "Gospell". Há uma perspectiva trágica na simples existência humana e ela não é acessível a todos. Alguns podem até estar no mundo como "Veranistas" (A.Tchecóv). Há alguma grandeza em não aceitar esse caminho...Mas nem todos conseguem abrir outros. A eles minha simpatia.
Márcio Amaral
Para Flávio, Im memoriam
A partir da Revista IPUB. Leia no original

* O suicídio é o fenômeno demográfico mais previsível entre todos. Por isso, está longe de ser uma mera decisão individual. Antes de começar um ano, pode-se prever, com margem de erro mínima, o número de suecos, alemães, húngaros, japoneses, etc. que cometerão o sucídio. Temos fracassado demais nessa prevenção e isso repousa na incapacidade das sociedades de rever valores de maneira mais profunda. A intervenção técnica se dá apenas quando o conflito está configurado ou quando houve uma tentativa.

** Não faz muito tempo, a Globo tentou "emplacar" nas transmissões esportiva um boneco que sintetizava tudo isso: um certo "João Sorrisão". Chegamos a ver alguns jogadores tentando imitá-lo. Não viveu para contar muitas histórias. Há algo de indomável em nosso povo. Já no Faustão, a musiquinha é: "Sorria/Tire a tristeza dessa cara/...O bom da vida é ser feliz....".

TEMPESTADES DO CORPO E DA ALMA

7/18/2012
Desde 2009 o psiquiatra Rodrigo Bressan e outros pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) acompanham um grupo de adolescentes com alto risco de desenvolver doenças mentais graves como o transtorno bipolar e a esquizofrenia. Eles querem descobrir o momento adequado para agir antes que os problemas se manifestem e, assim, tentar evitar que se instalem. Ao mesmo tempo, procuram ensinar os adolescentes e seus familiares a lidar com situações estressantes que podem disparar as crises. Assim que possível, Bressan e os psiquiatras Elisa Brietzke e Ary Araripe Neto querem ver se compostos anti-inflamatórios, antioxidantes ou neurotróficos poderiam proteger as células cerebrais e, quem sabe, reduzir o risco de desenvolver essas doenças mentais.

A estratégia de tentar proteger o cérebro com esses e outros compostos se baseia na hipótese de que os neurônios e outras células cerebrais sofrem danos gradativos a partir do primeiro episódio mais intenso da doença – há quem suspeite de que os danos podem começar até mesmo antes. Estudos recentes indicam que nesses distúrbios o cérebro produz certos compostos em níveis nocivos que atrapalham o funcionamento das células e podem causar danos irreparáveis à medida que se sucedem, levando à deterioração das capacidades de raciocínio, planejamento e aprendizagem e até a uma alteração leve e definitiva do humor. Simultaneamente ao aumento na concentração dessas substâncias, haveria também uma diminuição nos de compostos neuroprotetores naturalmente produzidos pelo organismo.

Um dos pesquisadores que ajudou a desenvolver essa hipótese é o psiquiatra Flávio Kapc-zinski, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional. Ele está convencido de que a evolução dramática dos casos graves de transtorno bipolar e de depressão é consequência de alterações fisiológicas causadas pelas crises recorrentes.

As crises que de tempos em tempos atormentam a mente também intoxicam o corpo, acredita Kapc-zinski. Elas seriam como tempestades químicas que desfazem o equilíbrio das células cerebrais e liberam compostos que, carregados pelo sangue, inundariam o organismo – às vezes levando a um grau de intoxicação quase tão grave como o enfrentado por quem desenvolve uma infecção generalizada (sepse). Repetidas ao longo de anos ou décadas, essas avalanches tóxicas precipitadas por surtos de depressão ou de mania produziriam um desgaste lento e progressivo do cérebro e de todo o corpo, reduzindo a capacidade de recuperação e acelerando o processo de envelhecimento.

Kapczinski começou a elaborar esse modelo teórico com base em experimentos feitos por sua equipe e por outros grupos para explicar como e por que a depressão e o transtorno bipolar, uma vez instalados e sem o tratamento adequado, seguem um padrão de agravamento progressivo que pode culminar com a morte precoce por problemas cardiovasculares e até câncer. De acordo com o modelo, as outras doenças que aparentemente nada têm a ver com o que se passa no cérebro poderiam evoluir como resultado dos desequilíbrios orgânicos gerados pelos episódios severos de depressão e mania.

Apresentada inicialmente em 2008 na Neuroscience and Behavioral Reviews, essa hipótese vem ganhando reconhecimento internacional. No último ano os estudos de Kapczinski já foram citados cerca de mil vezes em outros trabalhos. O psiquiatra australiano Michael Berk, da Universidade de Melbourne, acompanha essas pesquisas e, com Kapczinski, chamou esse novo modelo de neuroprogressão.

“Sabemos que esses distúrbios são progressivos e essa proposta teórica explica por quê”, diz Berk. Para ele, a interpretação de que essas doenças se agravam a cada surto pode gerar um impacto importante no tratamento por indicar a necessidade de diagnóstico e intervenção precoce e por sugerir que terapias neuroprotetoras possam atenuar o efeito desses problemas.

 “A ideia está posta”, diz o pesquisador da UFRGS. “Agora é possível trabalhar para tentar confirmá-la ou refutá-la.” Ele sabe que o modelo é ousado e que é necessário reunir mais evidências para demonstrar que ele representa de modo adequado a evolução da depressão e do transtorno bipolar. “Temos trabalho para umas duas décadas”, diz Kapczinski.

Conceito e realidade
Segundo alguns especialistas, o conceito de neuroprogressão explica bem os sintomas clínicos, mas é possível questionar se essas alterações biológicas de fato ocorrem, uma vez que as evidências ainda são incipientes. Exames de imagens que indicam redução no volume de algumas áreas cerebrais em geral são feitos com pacientes de idades diferentes, que passaram por números distintos de surtos de mania e depressão. Provas mais consistentes exigiriam o acompanhamento de pacientes por vários anos, com a realização de exames de tempos em tempos para avaliar a evolução do problema.

Ainda que esteja longe de ser comprovada, essa proposta está abrindo caminhos para a busca de terapias mais específicas e eficientes e para o desenvolvimento de estratégias que permitam identificar precocemente as pessoas com risco de desenvolver esses problemas, como vem fazendo a equipe da Unifesp.

Se estiver correta, pode ajudar a entender como uma doença que de início se manifesta com um quadro relativamente benigno, em alguns anos deteriora a capacidade de raciocínio, planejamento e aprendizagem e altera definitivamente o humor a ponto de impedir uma pessoa de levar uma vida normal, como Kapczinski e outros médicos estão habituados a ver.

“Esse é um dos múltiplos mecanismos de progressão da doença”, afirma o psiquiatra norte-americano Robert Post, autoridade internacional em transtorno bipolar. “A evidência mais clara [de que pode estar correto] é que o número de episódios precedentes de depressão ou mania está correlacionado com o grau de disfunção cognitiva”, afirma Post, com quem Kapczinski colabora desde 2008.

Em um artigo publicado em maio deste ano no Journal of Psychiatric Research, Post, Kapczinski e Jaclyn Fleming analisaram quase 200 trabalhos com evidências de que a disfunção cognitiva aumenta, as alterações em algumas regiões cerebrais se intensificam e o tratamento perde eficiência à medida que cresce o número de crises e a duração da doença. No artigo, os pesquisadores reconhecem que não é possível saber se toda essa transformação é causa ou consequência da doença. Mas sugerem que, do ponto de vista clínico, parece prudente pensar em iniciar o tratamento o mais cedo possível e mantê-lo por um período mais prolongado.

“De acordo com essa visão, um surto de mania ou depressão pode ser entendido da mesma forma que o infarto”, diz Elisa Brietzke, ex-orientanda de Kapczinski. “Todos são eventos agudos, resultado de alterações que surgiram no organismo bem antes.” Ante essa interpretação, completa Araripe, “o objetivo do tratamento deixa de ser apenas a remissão dos sintomas e passa a ser evitar a recaída e auxiliar na manutenção da capacidade funcional”.

Danos às células
O modelo sobre a progressão das doenças mentais proposto por Kapczinski e seus colaboradores representa um avanço em relação aos anteriores. A proposta teórica mais aceita considera os transtornos mentais resultado da interação entre as condições sociais, econômicas, psicológicas e culturais em que o indivíduo vive (os fatores ambientais) e sua propensão a desenvolver o problema, determinado por suas características genéticas.

Essa abordagem mais antiga começou a ser construída há uma década pelos psicólogos Avshalom Caspi e Terrie Moffit, pesquisadores do King’s College, em Londres, a partir dos resultados de estudos em que acompanharam 1.037 crianças dos 3 anos de idade até os 26 anos. Nesses trabalhos, eles observaram que certas alterações em genes responsáveis pela produção de mensageiros químicos do cérebro (neurotransmissores) aumentavam o risco de uma pessoa desenvolver comportamento antissocial ou depressão.

Além da influência dos genes e do ambiente, Kapczinski e seus colaboradores incluem no modelo novo um terceiro elemento: os danos às células do cérebro e de outros órgãos causados pelos surtos da própria doença psiquiátrica. Esses surtos em geral se iniciam como uma resposta do organismo a um evento estressante, que pode ser intenso e breve, como um assalto a mão armada, ou mais ameno e duradouro, a exemplo daquele vivido por quem trabalha o tempo todo sob tensão. Repetidos muitas vezes, os episódios de mania ou de depressão acabariam por minar a capacidade do corpo de lidar com novos eventos estressantes. “Nossa hipótese é que a doença se realimenta”, conta Kapczinski.

Essa proposta parece explicar melhor o agravamento dos distúrbios psiquiátricos marcados por crises sucessivas, como a depressão e o transtorno bipolar. Nessas enfermidades, a influência de fatores ambientais sobre a propensão genética seria fundamental para disparar os primeiros episódios de mania ou de depressão. Mas esses fatores perderiam importância à medida que a doença avança e os surtos se tornam cada vez mais frequentes e prolongados – em alguns casos, mesmo com o uso de medicamentos – e o intervalo entre eles menores. Com o tempo, em geral a partir da décima crise, os surtos ganham autonomia e podem se tornar independentes das condições estressantes que antes os disparavam (ver infográfico).

Tormenta química
Transtorno bipolar
Há tempos se sabe que em cada episódio leve ou intenso de estresse, provocado por um perigo real ou imaginado, o organismo reage liberando o hormônio cortisol. Produzido por glândulas situadas sobre os rins e lançado na corrente sanguínea em pequenas quantidades e por pouco tempo, o cortisol aumenta os batimentos cardíacos, eleva a pressão arterial e acelera a produção de energia. Enfim, prepara o corpo para fugir do perigo ou enfrentá-lo. Mas, em doses altas e por períodos prolongados como pode acontecer antes das crises, o cortisol começa a lesar os órgãos, entre eles o cérebro (ver Pesquisa FAPESP n° 129).

Pouco tempo atrás pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos verificaram que, no interior das células cerebrais, em especial os neurônios, os níveis elevados de cortisol danificam as mitocôndrias, compartimentos em que o açúcar dos alimentos é convertido em energia. E danos nas mitocôndrias significam problema na certa. Elas produzem 85% da energia que as células consomem para se manterem vivas. Ainda que de modo indireto, o excesso de cortisol faz surgirem poros nas paredes das mitocôndrias, por onde vazam compostos tóxicos que avariam os lipídeos e as proteínas e alteram a estrutura da molécula de DNA no núcleo das células. Toda essa transformação aciona os mecanismos de apoptose, a morte celular programada.

Por meio de uma técnica que permite avaliar as milhares de proteínas produzidas pelo organismo em certo momento, o biólogo brasileiro Daniel Martins-de-Souza, pesquisador do Instituto Max Planck para Psiquiatria, na Alemanha, também obteve indícios de que o funcionamento dessas organelas está alterado nas doenças psiquiátricas. Em especial, na depressão verificou diferenças na fase final da produção de energia, a chamada fosforilação oxidativa ou respiração celular, que ocorre no interior das mitocôndrias.

As consequências dos danos às mitocôndrias não se restringem às células. Os compostos liberados por elas alcançam a corrente sanguínea e ativam proteínas do sistema de defesa que disparam a inflamação, como a interleucina-6 (IL-6), a interleucina-10 (IL-10) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa). Chegando ao cérebro, essas proteínas ativam outras reações bioquímicas que causam a morte de mais neurônios. Segundo Kapczinski, esse processo realimenta a destruição celular, reforçada por outro fenômeno típico do transtorno bipolar: a superprodução do neurotransmissor dopamina, que também aciona a apoptose.

Foi medindo os níveis desses compostos no sangue que o grupo de Kapczinski identificou um fenômeno ao qual pouco se dava atenção: os surtos causam uma toxicidade sistêmica. Segundo ele, durante os episódios de mania e depressão, o nível de compostos associados à inflamação era bem mais elevado que o normal no sangue de pessoas com transtorno bipolar – em alguns casos, era semelhante ao de pessoas internadas em unidade de terapia intensiva com infecção generalizada (sepse).

Em roedores, já foi demonstrado que a toxicidade que se vê no sangue corresponde às alterações nas células cerebrais. Mas isso ainda precisa ser comprovado em seres humanos. “O melhor teste para comprovar os efeitos tóxicos dos episódios seria fazer uma intervenção para evitá-los e verificar se essa intervenção seria capaz de evitar alterações neurobiológicas”, diz Post.

A maioria das células parece sobreviver a essa tormenta química, ainda que com danos. Imagens do cérebro em funcionamento e exames de microscopia do tecido cerebral post mortem indicam que, nas crises de mania ou de depressão, algumas regiões perdem 10% a 20% mais neurônios do que em condições normais. De acordo com psiquiatras e neurologistas, esse nível de perda não é suficiente para classificar os transtornos de humor como doenças neurodegenerativas. Tanto no transtorno bipolar como na depressão o problema maior é que os neurônios que sobrevivem não permanecem íntegros: eles aparentemente perdem prolongamentos chamados neuritos, que os conectam com outros neurônios.

Muitos pesquisadores da área acreditam que é a perda de conectividade neuronal que compromete o funcionamento das regiões cerebrais mais afetadas nos distúrbios do humor. O fato de serem alterações sutis pode explicar por que o neuropatologista alemão Alois Alzheimer, que descreveu 100 anos atrás os danos neuronais típicos da doença que leva seu nome, não encontrou alterações importantes no cérebro de pessoas com depressão – razão por que se passou a dizer na época que a neuropatologia era o túmulo dos psiquiatras. “Apesar de sutis, essas transformações seriam suficientes para causar uma reorganização patológica do cérebro”, afirma Kapczinski.

As transformações anatômicas do cérebro nas doenças do humor começaram a ficar evidentes há cerca de 10 anos, quando Grazyna Rajkowska e seu grupo na Universidade do Mississípi verificaram uma redução no volume do córtex pré-frontal de pessoas com depressão. A diminuição de volume nessa área e também na região dos ventrículos vem sendo confirmada por exames de imagem também no transtorno bipolar. Localizado na parte anterior do cérebro, o córtex pré-frontal é responsável pela estruturação do raciocínio, pela tomada de decisões e pelo controle do comportamento. Essa alteração morfológica permite explicar por que, com o avanço da doença, quem tem transtorno bipolar perde progressivamente a capacidade de planejamento e aprendizado. Essas pessoas também se tornariam mais impulsivas e suscetíveis às emoções por ocorrer simultaneamente um aumento do volume da amígdala, que coordena a resposta ao medo e às emoções negativas.

Hipótese em formação
Kapczinski começou a colecionar evidências de que uma tormenta química se instala no organismo de quem sofre de transtorno bipolar em 1997, quando retornou de seu doutorado na Inglaterra e de um período de estágio no Canadá. Na época o grupo chefiado por ele no Laboratório de Psiquiatria Molecular da UFRGS havia notado que pessoas com transtorno bipolar, além das alterações psicológicas e cognitivas em geral observadas pelos psiquiatras, apresentavam no sangue níveis elevados de compostos que indicam danos nas células cerebrais e taxas baixas de fatores que protegem essas células. “As moléculas que estudamos funcionam como biomarcadores [indicadores de alterações biológicas] que permitem distinguir se a doença se encontra num estágio inicial ou avançado”, afirma Kapczinski.

E conhecer o estágio da doença é importante para se indicar o tratamento adequado – e essa nova hipótese pode ajudar a aprimorar o uso dos medicamentos. Há evidências de que o controle da enfermidade logo após os primeiros episódios de depressão ou de euforia preserve a capacidade de recuperação do organismo, impedindo a degradação psicológica e cognitiva. Os medicamentos – estabilizadores do humor, antidepressivos, antipsicóticos e anticonvulsivos, usados sozinhos ou em combinação – em geral são eficazes em 80% dos casos de transtorno bipolar e de depressão e, comprovadamente, produzem efeito neuroprotetor, em especial o lítio, um estabilizador do humor barato e eficiente, que antes era usado para combater estresse, gota e pedras no rim.

Mas os psiquiatras nem sempre conseguem acertar a medicação e a dose na primeira tentativa. Um estudo norte-americano recente, conduzido por pesquisadores da Escola Médica Mount Sinai com 4.035 pessoas com transtorno bipolar, verificou que 40% delas, em especial aquelas com quadros depressivos mais graves, só conseguiam manter a doença sob controle tomando três ou mais medicamentos.

Kapczinski acredita que, em geral, essas doenças atingem um estágio muito mais difícil de ser controlado após a décima crise, que costuma ocorrer por volta de 10 anos após as primeiras manifestações da doença. Por essa razão, os psiquiatras consideram fundamental iniciar o tratamento com medicamentos o mais cedo possível. Também já se havia observado que o lítio, um dos medicamentos mais usados para tratar o transtorno bipolar, perde eficácia após o décimo surto (ver gráfico).

As pessoas com transtorno mental normalmente só vão ao psiquiatra muito tempo depois de surgirem os primeiros sinais da doença. Podem correr anos até um especialista fazer o diagnóstico correto e receitar os medicamentos adequados. No caso do transtorno bipolar, o período decorrido entre a primeira manifestação do problema e início do tratamento varia de 5 a 10 anos, tempo suficiente para surgirem complicações no trabalho, na convivência com a família e os amigos e a vida se desestruturar.

As partes e o todo
Foi analisando as variações nos níveis desses biomarcadores no sangue de pacientes que Kapc-zinski sentiu necessidade de buscar uma explicação mais abrangente, que permitisse associar os sinais clínicos da doença às alterações fisiológicas e anatômicas que a ciência começava a detectar no cérebro de pessoas com transtorno bipolar, que em média atinge 1% da população – calcula-se que até 8% possam apresentar formas mais leves –, e outro distúrbio do humor bem mais comum: a depressão maior ou unipolar, que quase 15% dos adultos desenvolvem ao longo da vida.

Kapczinski viu que não estava satisfeito com o que tinha em mãos quando recebeu um convite para apresentar os resultados de seu grupo em um simpósio internacional no Hospital Clínic de Barcelona, na Espanha, em meados de 2006. “Faltava uma cola teórica que mostrasse como os dados se encaixavam”, diz Kapczinski.

Ele e sua equipe haviam coletado amostras de sangue de pessoas com transtorno bipolar durante os períodos em que se experimentam os estados extremos de humor, que variam de uma tristeza intensa e baixa autoestima a uma grande vitalidade e energia muito além do normal. Em uma bateria de testes, o psiquiatra Angelo Miralha da Cunha, então na UFRGS, observou um fenômeno novo tanto nas crises depressivas como nos episódios de mania: os níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), de ação neuroprotetora, eram ao menos 25% mais baixos do que nas pessoas que não apresentavam o transtorno ou que o mantinham sob controle com a ajuda de medicamentos.

Ao mesmo tempo, Ana Cristina Andreazza e Elisa Brietzke, que integravam a equipe de Kapc-zinski, detectaram taxas mais elevadas de proteínas indicadoras de inflamação, além de níveis mais altos de radicais livres, moléculas altamente reativas, com potencial para lesar as células, durante os períodos de alteração do humor. Esses dados sugeriam que o sangue poderia guardar pistas do que se passava no cérebro. Mas, àquela altura, não era possível saber com segurança o que essa alteração significava nem por que ocorria.

Cola teórica
Kapczinski encontrou a cola teórica que procurava nos estudos do neurocientista norte-americano Bruce McEwen. Em 2000 McEwen havia proposto a hipótese de que situações estressantes obrigam o organismo a fazer ajustes para recuperar a estabilidade perdida. McEwen chamou essa adaptação de alostase, uma mudança necessária para restabelecer o equilíbrio (homeostase). E disse mais. Ao longo do tempo essa adaptação cobrava um preço: causava o desgaste do organismo.

As propostas teóricas do psiquiatra Robert Post completavam essa ideia. Na década de 1980, Post havia sugerido que os sinais clínicos do transtorno bipolar se tornariam mais intensos a cada crise, em consequência da maior sensibilidade dos circuitos cerebrais afetados nos episódios anteriores. O fenômeno, chamado em inglês de kindling, havia sido descoberto duas décadas antes por Graham Goddard, neurocientista inglês que estudava a epilepsia. Durante testes com roedores, Goddard notou que estímulos elétricos de baixa intensidade, inicialmente incapazes de causar danos ao animal, passavam a disparar crises epilépticas depois de repetidos algumas vezes – sinal de que o cérebro havia se tornado mais sensível.

“A partir desses experimentos, outros autores começaram a conceituar a ideia de que o cérebro aprendia a ficar doente também em outras situações, em especial no transtorno bipolar”, conta o neurofisiologista Luiz Eugenio Mello, da Unifesp. “De acordo com essa ideia, modificações no sistema nervoso central, possivelmente no nível das sinapses [conexões entre as células cerebrais], seriam capazes de transformar um cérebro pouco doente em muito doente”, explica.

Ao analisar seus dados à luz da ideia de alostase e de sensibilização – mais tarde reunidas no conceito de neuroprogressão –, Kapczinski encontrou o vínculo entre o que seu grupo havia observado e as alterações de volume em algumas áreas do cérebro que equipes estrangeiras detectavam. Essa unificação de conceitos poderia explicar a origem dos sinais clínicos característicos dessas doenças e, além disso, por que as pessoas com transtorno bipolar e depressão podem morrer entre 25 e 30 anos mais cedo do que as pessoas sem distúrbios psiquiátricos. Uma proporção maior das pessoas com transtorno bipolar e depressão desenvolve câncer e problemas cardiovasculares.

Por influência do neurocientista Iván Izquierdo, Kapczinski fez algo pouco comum na área da saúde no Brasil: a formulação de uma teoria para explicar o desenvolvimento e os desdobramentos de doenças psiquiátricas. Como toda tentativa de reproduzir uma realidade a partir dos fragmentos que podem ser identificados e medidos, o modelo teórico idealizado pelo grupo gaúcho continua em constante aperfeiçoamento. Desde a apresentação em Barcelona, Kapczinski e seus colaboradores no Brasil, na Austrália, nos Estados Unidos e na Espanha trabalham para aprimorar essa proposta teórica e ver se estão no caminho certo.

O próprio Kapczinski está pondo sua hipótese à prova ao testar em camundongos uma versão modificada do antidepressivo tianeptina, desenvolvida na UFRGS, com o propósito de aumentar a proteção dos neurônios. Outra forma de verificar se a hipótese está correta é examinar as alterações químicas e celulares em amostras de bancos de encéfalos de pessoas com doenças psiquiátricas, como o que os psiquiatras Beny Lafer e Helena Brentani estão organizando na Faculdade de Medicina da USP. Em outra linha de trabalho, Lafer iniciou recentemente um teste clínico com suplementos do aminoácido creatina, que deve melhorar o funcionamento das mitocôndrias e também pode aumentar a proteção celular.

Ana Cristina Andreazza, atualmente pesquisadora da Universidade de Toronto, onde investiga os efeitos do mau funcionamento das mitocôndrias nas células cerebrais, lembra que uma dieta adequada e rica de antioxidantes também pode ajudar na proteção cerebral.

“A hipótese da neuroprogressão é um dos modelos importantes hoje em dia para explicar a progressão dessas doenças”, comenta Lafer, colaborador do grupo gaúcho. “Há outras hipóteses, baseadas na genética, na interação entre genes e ambiente e na inflamação, mas ainda não existe consenso.”

A partir da Revista Fapesp. Leia no original
Artigos científicos
1 KAPCZINSKI, F. et al. Allostatic load in bipolar disorder: Implications for pathophysiology and treatmentNeuroscience and Behavioral Reviews. v. 32, p. 675-92. 2008.

2 BERK, M. et al. Pathways underlying neuroprogression in bipolar disorder: Focus on inflammation, oxidative stress and neurotrophic factorsNeuroscience and Behavioral Reviews. v. 35, p. 804-17. 2011.

TERAPIA USA 'LIMPEZA' PARA TRATAR DEPRESSÃO

7/06/2012
Símbolo usado na Apometria, a Merkaba
 é considerado um veículo pessoal de luz que
 afeta corpo e espírito
Depressão, ansiedade, irritabilidade, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo, esquizofrenia, insônia, fibromialgia, dores de cabeça ou outras persistentes sem origem: estes são alguns dos distúrbios que estão na mira da apometria, técnica desenvolvida, nos anos 1970, pelo médico gaúcho José Lacerda de Azevedo, e que vem ganhando adeptos simpatizantes de terapias alternativas.

Partindo do princípio de que tais males são oriundos da chamada ‘obsessão espiritual’, o método busca trabalhar os campos espiritual, mental, emocional e psíquico do paciente para que venha à tona a origem do problema.

“Desde 1998, a Organização Mundial de Saúde reconhece a obsessão espiritual, que consta no Código Internacional de Doenças no item F 44.3, embora a maioria dos profissionais de saúde desconheça o fato”, ressalta Dárcio Cavallini, terapeuta holístico com cursos de especialização em Filosofia, Metafísica da Saúde, Reiki, Apometria e Radiestesia.

O trabalho, realizado nos diversos níveis de consciência do indivíduo, tem como objetivo promover a cura de doenças e o bem-estar geral. Durante a sessão, os profissionais direcionam as energias por meio de impulsos magnéticos, usando o poder da vontade sob o controle da mente. “

As pessoas chegam à sua casa, olham para um vaso e, no dia seguinte, as flores estão mortas. Se isso acontece com as plantas, imagine o que pode ocorrer com você. Precisamos ir além do corpo físico, pois já está provado que o remédio é apenas um caminho para debelar distúrbios. Então, vamos atrás da causa, e não dos sintomas, possibilitando a cura e não uma simples melhora temporária”, diz o terapeuta.

Origem: desequilíbrio de energia

Segundo a apometria, qualquer doença ou problema psicológico que se manifesta no campo físico é consequência de um desequilíbrio do corpo energético. E tudo começa com a influência, junto do indivíduo, de um ou mais espíritos obsessores, que podem ser desencarnados ou encarnados – ou seja, a interferência viria tanto de pessoas que já morreram como das que estão vivas.

“Ao longo de décadas de atendimento, vi que males como depressão, transtorno bipolar, síndrome do pânico e outros de natureza psíquica são processos obsessivos espirituais. Por essa razão, é difícil para a medicina contemporânea alcançar a cura. São moléstias que atingem a alma, e não o corpo físico, pois a parte afetada é o pensamento”, explica Cavallini.

Os espíritos obsessores se aproximam para absorver o magnetismo do outro. “Sabe aquele amigo que gosta de abraçar você? Ele procura isso porque, no contato físico, capta sua energia e sente bem-estar. É provável que não proceda assim conscientemente ou por mal, porém acaba lhe prejudicando”, conta ele.

Conhecida como “a medicina da alma”, a apometria apresenta possibilidades de cura nos casos de depressão, por exemplo, em poucas sessões: “Em geral, três atendimentos são suficientes para o paciente receber alta, o que acontece num período de aproximadamente 45 dias”.

Para você entender como a prática funciona: a pessoa entra em uma sala, onde já estão três ou quatro profissionais. Diz o nome completo e a data de nascimento e, depois, é orientada a sentar em uma cadeira, fechar os olhos e relaxar o mais que puder.

Os terapeutas captam as “subpersonalidades” do paciente, quer dizer, seus níveis mentais, além das energias, vindas de espíritos encarnados ou desencarnados, que estão provocando desequilíbrio e desarmonia. A partir daí, fazem uma limpeza do campo magnético, afastando tais espíritos. Todo o procedimento dura em média 30 minutos. “Não é invasivo e não se recomenda uso de medicação e tampouco ingestão de qualquer substância; apenas concentração, meditação, orações e outras atividades mentais” – diz o terapeuta.

Cada caso é um caso

Figuras de uma mesa quantiônica, usada pelo
 terapeuta para identificar a origem do problema
Para receber a apometria em um dos locais que difunde o método, como o Instituto Biosegredo, em São Paulo, é necessário passar por consulta com um terapeuta. Em uma mesa quantiônica – equipada com aparelho radiônico de pesquisa –, ele identifica a origem do problema e as melhores condutas para o caso.

Também é usado o Merkaba, união de três palavras egípcias Mer (luz), Ka (espírito) e Ba (corpo).  Ele é considerado o veículo de luz do ser humano, capaz de transportar o espírito (em estágios mais avançados até o corpo físico) para outras dimensões. Essa estrela tetraédrica de oito pontas é um veículo pessoal de luz, onde os dois triângulos separaram-se com o ponto de cada um juntando-se no terceiro olho para criar um diamante: Merkaba é um campo de luz que gira ao contrário e que afeta o espírito e o corpo simultaneamente.

Depois de receber alta, é indicado que o paciente invista no autoconhecimento e, por essa razão, os profissionais sugerem cursos de reprogramação mental e emocional e práticas de harmonização espiritual. “Não há contraindicação e o tratamento é individual e personalizado”, explica Dárcio Cavallini.

Acreditando que a doença existe antes mesmo de ser descoberta, ele adverte que, na ocorrência de distúrbios psicológicos, é muito comum as pessoas irem “empurrando com a barriga”: “Da mesma maneira que as chances de cura são maiores quando se detecta um câncer no começo, é muito mais fácil e rápido encontrar a solução para problemas de ordem energética e espiritual se o diagnóstico for realizado precocemente.” Ele garante que “raros são os casos em que um indivíduo necessita passar por outro tratamento” após o emprego da apometria.

TPM e tristeza

Além dos males já citados, o método é usado contra tensão pré-menstrual (TPM) acentuada e regular, perda de desejo sexual, pensamentos negativos e culpas injustificáveis, quadros de tristeza crônica e sono demasiado. “Chorar à toa e dormir demais, por exemplo, são sintomas que indicam forte possibilidade de existir um processo obsessivo espiritual.” Em doenças como o câncer, a técnica também pode dar bons resultados.

“Acreditamos que se trata de um mal de ordem emocional, somatizado no corpo físico. Logo, é possível ajudar muito no tratamento feito pela medicina tradicional – que obviamente não pode ser abandonado –, principalmente se na sequência a pessoa se dedicar a reprogramação mental e emocional. Há casos em que há regressão e cura de tumores, em outros não – todo o processo depende da fé e da transformação do portador da doença.”

Importante: para que, após a terapia, a obsessão espiritual não retorne, é preciso, segundo Cavallini, investir nessa mudança interna. O indivíduo receberá orientações de como proceder, incorporando hábitos como relaxamento e meditação. “Dessa forma, ele se manterá em total equilíbrio e afastará qualquer tipo de energia que possa lhe fazer mal.”
A partir do UOL Saúde. Leia no original

PLANTA PODE AJUDAR NA CURA DA DEPRESSÃO

7/02/2012
Narcisos: substância presente na planta age
 sobre o transportador glicoproteína-P. 
Cientistas da Universidade de Copenhague já haviam documentado que algumas substâncias presentes em plantas sul-africanas do gênero Cyrtanthus, um tipo de narciso, têm efeito em mecanismos cerebrais envolvidos na depressão. Agora, uma nova pesquisa da Universidade mostra como os compostos da planta têm características que lhes permitem ultrapassar a barreira hematoencefálica, que separa o cérebro do sangue.

Saiba mais

BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA
Estrutura em forma de membrana que protege o cérebro contra substâncias químicas presentes no sangue. Ela é semipermeável, impedindo a passagem de algumas substâncias e aceitando a de outras, permitindo assim que o órgão funcione normalmente. Apesar de seu efeito protetor, a barreira atrapalha a ação de drogas que pretendam agir diretamente no cérebro, como remédios contra a depressão.
Segundo os pesquisadores, ultrapassar essa barreira é o grande desafio no desenvolvimento de novas drogas que afetem o cérebro. "Os vasos sanguíneos do cérebro são impenetráveis para a maioria dos compostos. Uma das razões para isso é que a barreira possui proteínas transportadoras muito ativas. Podemos dizer que essas proteínas expulsam as drogas das células tão rápido quanto elas conseguem entrar", diz o professor Birger Brodin, responsável pelo estudo, publicado no Journal of Pharmacy and Pharmacology.
O estudo foi feito em modelos celulares geneticamente modificados da barreira hematoencefálica, que continham altos níveis do transportador glicoproteína-P, presente no cérebro. Segundo o pesquisador, alguns dos compostos da planta conseguem ser 'contrabandeados' pela barreira ao se comunicar com essa proteína transportadora. "Nosso resultado é promissor, e muitos dos compostos estudados devem ser testados como candidatos para o desenvolvimento de novas drogas", afirma. No entanto, ainda são necessárias mais pesquisas para determinar quais são os compostos exatos que têm esse efeito.
A partir da Veja. Leia no original
 
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