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USP SELECIONA PARA PESQUISA SOBRE DEPRESSÃO

1/24/2013
O Instituto de Psiaquiatria (IPq), ligado ao Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) seleciona pessoas de ambos os sexos, de 18 a 55 anos, com diagnóstico e sintomas de depressão, para ingresso em projeto de pesquisa.
Além de tratamento médico e farmacológico, o paciente participará de programa de exercícios físicos controlados, especialmente desenvolvido para atuar como adjuvante no tratamento, influenciando na redução e controle da doença.
O cadastro para triagem pode ser feito pelo site ou pelo telefone (11) 98266-9227, com Geórgia. O IPq fica na R. Dr. Ovídio Pires de Campos, 785, Cerqueira César, São Paulo.
Mais informações: (11) 2661-7801; e-mail   -   imprensa.ipq@hc.fm.usp.br

DEPRESSÃO: DOENÇA QUE PRECISA DE TRATAMENTO

1/15/2013

Depressão não é tristeza. É uma doença que precisa de tratamento. Cerca de 18% das pessoas vão apresentar depressão em algum período da vida. Quando o quadro se instala, se não for tratado convenientemente, costuma levar vários meses para desaparecer. Depressão é também uma doença recorrente. Quem já teve um episódio na vida, apresenta cerca de 50% de possibilidades de manifestar outro; quem teve dois, 70% e, no caso de três quadros bem caracterizados, esse número pode chegar a 90%.

A depressão é uma patologia que atinge os mediadores bioquímicos envolvidos na condução dos estímulos através dos neurônios, que possuem prolongamentos que não se tocam. Entre um e outro, há um espaço livre chamado sinapse, absolutamente fundamental para a troca de substâncias químicas, íons e correntes elétricas. Essas substâncias trocadas na transmissão do impulso entre os neurônios, os neurotransmissores, vão modular a passagem do estímulo representado por sinais elétricos.

Na depressão, há um comprometimento dos neurotransmissores responsáveis pelo funcionamento normal do cérebro. Acompanhe a seguir a entrevista realizada por Drauzio Varela com o médico Ricardo Moreno, psiquiatra e professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo.

DIFERENÇA ENTRE TRISTEZA E DEPRESSÃO

Drauzio – Vamos começar pela pergunta clássica: qual a diferença entre tristeza e depressão?

Ricardo Moreno – Tristeza é um fenômeno normal que faz parte da vida psicológica de todos nós. Depressão é um estado patológico. Existem diferenças bem demarcadas entre uma e outra. A tristeza tem duração limitada, enquanto a depressão costuma afetar a pessoa por mais de 15 dias. Podemos estar tristes porque alguma coisa negativa aconteceu em nossas vidas, mas isso não nos impede de reagir com alegria se algum estímulo agradável surgir. Além disso, a depressão provoca sintomas como desânimo e falta de interesse por qualquer atividade. É um transtorno que pode vir acompanhado ou não do sentimento de tristeza e prejudica o funcionamento psicológico, social e de trabalho.

SINTOMATOLOGIA DA DEPRESSÃO

Muitas pessoas portadoras de depressão não reconhecem os sintomas da doença. Que dicas dar aos familiares para ajudá-los a identificar o comportamento de um deprimido?

Em geral, o indivíduo com depressão reconhece que está sendo afetado por algo novo, diferente das outras experiências de tristeza que teve na vida. A família pode identificar o comportamento do deprimido pela mudança de atitudes, porque ele deixa de ser o que era, deixa de sentir alegria, apresenta queda de desempenho e passa a agir de forma diferente da habitual.

Exatamente por estarem deprimidos, a maioria leva bastante tempo para procurar ajuda, não é?

Infelizmente, isso acontece. Muitas vezes, os indivíduos custam a identificar como anormal o que estão sentindo. É comum atribuírem a depressão a um mau momento da vida ou a relacionam com um obstáculo que poderá ser transposto sem dar-se conta de que foram acometidos por uma doença que tem tratamento capaz de melhorar sua qualidade de vida.

Quais são os sintomas mais característicos de um quadro depressivo?

São muitos os sintomas da depressão. Talvez o mais evidente seja o humor depressivo, que se caracteriza por tristeza e melancolia, acompanhado por falta de ânimo e de disposição, incapacidade de sentir prazer em atividades habitualmente agradáveis, alterações do sono e do apetite, pensamentos negativos, desesperança, desamparo.

Um de meus pacientes dizia que apesar de estar tudo bem na vida, não conseguia olhar para nenhum lado sem ver os aspectos negativos e que esses assumiam importância muito maior do que os positivos.

De fato, essa doença provoca uma distorção na visão de mundo e de si mesmo. Lembro-me bem de um paciente que dizia existir uma nuvem cinzenta a seu redor que o impedia de olhar o espectro das cores. Achei uma definição interessante que bem traduz o sentimento depressivo.


COMPORTAMENTO FAMILIAR PARADOXAL

Existe uma contradição que se estabelece nesses quadros. A família vê a pessoa nesse estado e quer que reaja, mas ela não consegue e os familiares se voltam contra o deprimido. Isso é regra?

Essa é uma armadilha em que caem as famílias e o deprimido porque, esgotadas todas as tentativas para estimulá-lo, surge a raiva: “Ele não reage; eu tento, mas ele não quer melhorar”. Tal comportamento reforça a desesperança e a baixa autoestima próprias do indivíduo com depressão. Por isso, é importante esclarecer familiares e paciente que essa incapacidade de reação é uma das características da doença e ajuda a diferenciar o estado patológico do normal. Quando estamos tristes, somos capazes de reagir aos estímulos de prazer. O deprimido dificilmente o consegue. A depressão tira-lhe as forças. Ele não tem como lutar contra ela.

DOENÇA PREVALENTE NAS MULHERES

Por que as mulheres têm mais depressão do que os homens?

O sexo feminino passa por vários processos hormonais durante a vida: o início dos ciclos menstruais, a gravidez, o parto e, por último, a menopausa. Tudo isso implica alterações na produção dos hormônios sexuais femininos e torna a mulher mais vulnerável. Tanto é assim que no período da gravidez, do parto e da perimenopausa, a depressão ocorre com maior frequência. Após a menopausa, a relação da incidência entre homem e mulher tende a igualar-se, pois nessa fase cessam essas flutuações hormonais femininas.

DEPRESSÃO PÓS-PARTO

Fale um pouco da depressão ligada ao parto, especialmente desses quadros graves que se estabelecem no pós-parto quando mulheres chegam a matar seus próprios filhos?

Existem duas posições no pós-parto. A primeira é um estado leve de melancolia que dura de cinco a sete dias e não traz grandes consequências nem para as mães nem para as crianças. A outra é a depressão pós-parto propriamente dita, um manifestação mais grave, porque compromete a mulher e sua visão de mundo e favorece o risco de um infanticídio.

É um caso tão sério que o código penal não o reconhece como crime, pois considera que a mulher perdeu a crítica e o ajuizamento da realidade.


DEPRESSÃO NA MENOPAUSA

Na passagem da menopausa, muitas mulheres se queixam de que de repente caem numa tristeza incontrolável e apresentam forte labilidade emocional. Por que isso acontece?

A menopausa também é um período de risco de depressão para as mulheres. É um fenômeno relacionado com a perda da capacidade reprodutiva e com as mudanças hormonais do sexo feminino.

DEPRESSÃO NOS HOMENS

Em que faixa etária os homens estão mais predispostos a sentir depressão?

Nos homens, a depressão é mais frequente nos adultos jovens, isto é, no final da adolescência e início da vida adulta. Pode-se dizer que o pico da incidência da doença ocorre dos 18 aos 30, 40 anos,  justamente na fase mais produtiva do indivíduo.

DEPRESSÃO NA VELHICE

E na velhice, também ocorrem casos de depressão?

A depressão pode ocorrer em qualquer ciclo da vida: na infância, adolescência, na vida adulta e na velhice. A infância é a fase de diagnóstico mais difícil. Muitos casos passam despercebidos, pois os sintomas são atribuídos a características de personalidade da criança. Na velhice, acontece algo semelhante. Muitas vezes, atribui-se a queda de energia e disposição ao peso da idade. “Ele está velho, já fez o que tinha de fazer” é a explicação que se dá, ignorando os sintomas da depressão e a possibilidade de mudar sensivelmente a condição de vida do velho porque existe tratamento para essa doença.

MUDANÇAS NO PARADIGMA DO TRATAMENTO

No passado, depressão era tratada com aconselhamento e psicoterapia. Hoje, depressão é tratada mais agressivamente. O que mudou no conhecimento da fisiologia da depressão que permitiu essa transformação no tratamento?

No cérebro existem células nervosas, os neurônios, e substâncias químicas que estabelecem a comunicação entre elas, os neurotransmissores. Em condições normais, a quantidade dessas substâncias é suficiente, mas ela cai consideravelmente durante a crise de depressão. Os medicamentos antidepressivos aumentam a oferta de neurotransmissores e promovem a volta ao estado normal do paciente.

O tratamento da depressão mudou muito com a descoberta desses medicamentos que provocam algumas modificações químicas no cérebro pela oferta de substâncias mediadoras que estabelecem a comunicação entre uma célula nervosa e outra durante o processo de transmissão dos sinais. No deprimido, os níveis dos neurotransmissores são baixos. Os antidepressivos bloqueiam o mecanismo de recaptura (impedem que os neurotransmissores retornem à célula de origem) o que aumenta a quantidade dessas substâncias nesse espaço virtual entre os neurônios.

Na verdade, a depressão reflete uma alteração bioquímica do cérebro.
Os estados depressivos são provocados por uma disfunção na bioquímica do cérebro o que acarreta manifestações psicológicas e comportamentais.

O tratamento visa à modulação mais harmônica dessa bioquímica cerebral?

O tratamento visa a regular essa disfunção e existem medicamentos bastante eficazes nesse aspecto. Costumo dizer que, nos últimos 40 anos, eles apresentaram uma evolução importante porque, apesar das desvantagens dos efeitos colaterais, promovem uma melhora significativa nos pacientes. Na relação custo-benefício, a decisão tende sempre para o tratamento uma vez que restabelece a qualidade de vida e diminui o risco de morte por suicídio ou outras doenças.

EFEITOS COLATERAIS

Quais os  principais efeitos colaterais desses medicamento?

Existem vários grupos de antidepressivos. Alguns provocam boca seca, intestino preso; outros, tremor. Os mais recentes, os chamados antidepressivos de nova geração, podem ocasionar ansiedade, tremores, inquietação, náuseas e, às vezes, vômitos. No entanto, isso acontece com pequena parcela das pessoas que tomam essa medicação, talvez 20% ou 30% delas.

No tratamento da depressão existe um complicador importante. Em geral, leva algum tempo para que o doente sinta os benefícios da medicação, mas os efeitos colaterais desagradáveis são piores no começo.

De fato, o medicamento leva de 10 a 15 dias para começar a ter boa ação antidepressiva. Em compensação, os efeitos colaterais são imediatos. Isso dificulta bastante a adesão ao tratamento e faz com que o paciente tenda a abandoná-lo precocemente.

ESTRATÉGIAS DE CONVENCIMENTO

Que estratégia você usa para explicar isso aos pacientes?

Tento ser o mais claro possível para convencê-los de que vale a pena suportar o desconforto inicial se considerados os riscos e o sofrimento que a depressão traz. Mostro-lhes que a primeira escolha de antidepressivos funciona bem em aproximadamente 70% dos casos. Nos outros, será necessário trocar de medicamento ou combinar formas diferentes de tratamento.

DURAÇÃO DO TRATAMENTO

Depressão é uma doença crônica. Em muitos casos há períodos em que a pessoa passa bem e depois volta a ficar deprimida. Isso implica tratamentos muito longos?

Sabemos que a doença tende a ser recorrente em mais ou menos metade dos pacientes. Quem já teve um quadro de depressão tem 50% de possibilidade de ter outro. Para quem já teve dois episódios, o risco aumenta para 70% e, para quem teve três, sobe para mais de 90%. Portanto, alguns pacientes precisarão tomar medicamentos durante anos e outros, pela vida toda com o intuito de prevenir a recorrência. Para esses pacientes, o acompanhamento psicológico e uma boa relação médico-paciente são fundamentais para a adesão e sucesso do tratamento.

Como convencer os pacientes de que precisam tomar os remédios a vida inteira?

É preciso explicar que a retirada do medicamento nunca deve ser feita de forma abrupta, porque no processo de diminuição gradativa da dose os sintomas podem voltar. Isso convence o paciente da necessidade de manter o tratamento por um período mais longo ou até pela vida toda.

GATILHOS DESENCADEANTES DA DEPRESSÃO

Existem fatores que disparam o processo depressivo?

Sabemos hoje que existe predisposição genética para a depressão. Os indivíduos nascem com vulnerabilidade para a doença, mas ela não se manifesta em todas as pessoas predispostas. Isso vai depender de vários fatores, chamados estressores, que funcionam como gatilho. Por exemplo, o estresse psicológico provocado por qualquer adversidade da vida, o estresse físico, certas doenças, o consumo de drogas lícitas ou ilícitas e alguns medicamentos de uso contínuo podem precipitar os quadros. Entre as drogas lícitas destaca-se o álcool e entre as ilícitas, as estimulantes como a cocaína e a as anfetaminas.

Isso me faz lembrar de que, no passado, havia medicamentos associados, com certa frequência, à ocorrência de suicídios. Em alguns casos, por não receberem esclarecimentos sobre a ação das drogas, os médicos prescreviam um remédio para controlar a pressão arterial e desencadeavam um episódio depressivo.


DEPRESSÃO SAZONAL

O que se sabe sobre a influência do clima, especialmente nos países frios, sobre a depressão?

Há um quadro de surtos depressivos, chamado depressão sazonal, que está relacionado diretamente com os fotoperíodos, isto é, com a luminosidade. No outono e no inverno, especialmente nos países frios, a luz diminui muito e algumas pessoas se tornam mais vulneráveis às flutuações normais do humor e desenvolvem quadros depressivos.

FORÇA DA HEREDITARIEDADE

Você falou que uma pessoa pode nascer com predisposição para desenvolver depressão. Existe uma relação direta entre pais depressivos e seus filhos?

Existe. A ocorrência de depressão num membro da família aumenta muito a possibilidade de um parente próximo ou de primeiro grau ser afetado pela doença. Filhos de deprimidos, em geral, manifestam maior predisposição do que filhos de pais não deprimidos. No entanto, devem sempre ser considerados, nesses casos, não só os fatores genéticos, mas também o peso dos fatores ambientais.

REFLEXO NAS RELAÇÕES AFETIVAS

Quando aparece um quadro depressivo na família, como ficam as relações afetivas?

Geralmente a família se desestrutura bastante. A tendência inicial é querer ajudar o indivíduo a reagir. Como ninguém consegue, aflora um sentimento de frustração difícil de contornar. Por outro lado, uma série de crenças populares, que rotulam a depressão como falta de vontade, defeito de caráter e doença de rico, interferem negativamente. A mistura dessas crenças com as tentativas infrutíferas de auxílio distorcem as relações familiares. Além disso, deve-se considerar o impacto social e econômico que a doença pode representar para toda a família.

ORIENTAÇÃO AOS FAMILIARES

Como você orienta os familiares nesses casos?

O primeiro passo é a informação. Todos, inclusive os pacientes, precisam saber o que está sendo feito, que riscos correm os doentes, os benefícios do tratamento e o prognóstico a longo prazo. Acima de tudo, é preciso vencer o medo. De modo geral, os doentes e suas famílias têm medo da doença mental, da loucura. Abordados esses temas, consegue-se melhorar o resultado do tratamento e as relações interpessoais.

O que a família pode fazer para ajudar a pessoa deprimida a sair da crise mais depressa?

Ricardo Moreno – A família pode fornecer parâmetros da realidade. Não deve deixar a pessoa trancada no quarto o dia todo com as cortinas fechadas, nem deixá-la desrespeitar a necessidade de alimentação e higiene.

Esse paciente precisa ser estimulado o que não significa levá-lo ao shopping ou pô-lo para correr. Significa estimulá-lo de acordo com suas possibilidades de desempenho. Ninguém incentiva um paciente de UTI a andar pelos corredores do hospital. É importante respeitar as limitações que a doença impõe naquele momento.

A atividade física ajuda?

A atividade física ajuda bastante. Há evidências de que associada a tratamentos medicamentosos e psicológicos pode ser um componente importante para alcançar resultados satisfatórios no tratamento.

DEPRESSÃO: DOENÇA IMPACTANTE?

Dê um exemplo prático de quão incapacitante pode ser um quadro depressivo?

A depressão se divide em leve, moderada e grave. É um engano imaginar que a depressão leve seja menos incapacitante se considerarmos a duração dos sintomas. No entanto, os quadros moderados e graves comprometem mais o indivíduo que fica com baixa produtividade, autoestima diminuída e uma visão distorcida do mundo. Já tive pacientes que ocupavam cargos importantes, recebiam salários razoáveis, desfrutavam uma condição de vida relativamente boa e pediram demissão, porque não se julgavam merecedores daquele emprego. Isso a curto e a longo prazo provoca desdobramentos complicados e desgastantes para a família e para o indivíduo.

Tive também pacientes que tentaram o suicídio. Apesar de todos, felizmente, terem continuado vivos, alguns ficaram com sequelas importantes e sua atitude pôs em xeque valores éticos, morais e religiosos e criou um conflito traumático na família. Sob o ponto de vista econômico, o indivíduo deprimido representa, ainda, um ônus para si, para a família e para a sociedade.

Você considera uma boa orientação aconselhar as pessoas a não tomarem decisões radicais durante as crises?

Geralmente aconselhamos o paciente e sua família a não tomarem nenhuma decisão importante ou definitiva enquanto perdurar a crise.

Num relacionamento sentimental a depressão é devastadora e frequentemente destrói casamentos, não é mesmo?

Destrói casamentos e sempre interfere negativamente na relação.

POSSIBILIDADES DE PREVENÇÃO

O que se pode fazer neste mundo moderno para não cair em depressão?

A primeira coisa é apelar para o bom-senso. Não há uma receita básica, mas todos podemos contar com o bom-senso para conseguir uma qualidade de vida satisfatória. Depois, é preciso desenvolver a capacidade de enfrentar e resolver problemas, dificuldades e conflitos. Tanto isso é possível que apenas 18% da população apresenta quadros depressivos ao longo da vida. Problemas todos temos. É necessário, dentro das possibilidades, aprender a lidar com eles e a não deixar que nos abalem demais.
A partir do site Estação Saúde. Leia no original

O ELO ENTRE ALZHEIMER E A DEPRESSÃO

1/12/2013
Cientistas brasileiros descobriram o mecanismo responsável pela associação entre doença de Alzheimer e depressão. Na prática clínica, observa-se que uma das manifestações psiquiátricas mais comuns do paciente com Alzheimer são transtornos depressivos, que também atuam como fatores de risco importantes para a doença degenerativa. O que não se conhecia até agora era o mecanismo molecular exato por trás dessa relação.

O estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concluiu que neurotoxinas chamadas oligômeros de abeta, presentes em maior quantidade no cérebro dos pacientes com Alzheimer, são capazes de levar a sintomas de depressão em camundongos. O tratamento desses roedores com antidepressivo reverteu o quadro depressivo e melhorou a memória.

A descoberta, que abre a possibilidade de investigar mais a fundo a eficácia da indicação de antidepressivos em fases iniciais do Alzheimer, foi publicada na revista Molecular Psychiatry, do mesmo grupo que publica a Nature. Os oligômeros, estruturas que se agregam formando bolinhas, atacam as conexões entre os neurônios, impedindo o processamento de informações. Como são solúveis no líquido que banha o cérebro, eles se difundem, atacando o órgão em várias regiões. Pesquisas anteriores demonstraram que os oligômeros são os principais responsáveis pela perda de memória nas fases iniciais da doença.

Para testar a hipótese de que eles também provocam depressão, os cientistas aplicaram a toxina nos cérebros de camundongos. Após 24 horas, os animais foram submetidos a testes que identificaram comportamentos depressivos. Mediante o tratamento com fluoxetina, o quadro foi revertido.

“Uma boa surpresa do estudo foi que a fluoxetina também teve efeitos positivos na memória”, diz um dos líderes do estudo, o pesquisador Sergio Ferreira, do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.

Segundo o neurologista Ivan Okamoto, membro da Academia Brasileira de Neurologia, quem não tem histórico de depressão e desenvolve um quadro depressivo com idade mais avançada tem de três a quatro vezes mais risco de desenvolver Alzheimer.

Agora, de acordo com Ferreira, o desafio é entender por que os oligômeros levam também à depressão. “Observamos que eles induzem uma reação inflamatória no cérebro dos animais. É possível que essa reação esteja levando à depressão, mas os dados ainda não permitem garantir isso.”

Para o neurologista Arthur Oscar Schelp, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é difícil reproduzir o Alzheimer em modelos animais, por isso a transposição do que se descobre nos roedores para os seres humanos ainda é difícil. Ele observa que a depressão predispõe ao surgimento de muitas doenças.

A partir do Estadão. Leia no original


*   *   *
Ouça abaixo entrevista concedida pelo médico Rodrigo do Carmo Carvalho, dos hospitais Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz, à Rádio Joven Pan.

DEPRESSÃO EM JOVENS LEVA À AUTOMUTILAÇÃO

10/26/2012

Você conhece seu filho? No fim da infância e durante a adolescência o diálogo com ele se torna difícil. Nesse período da vida pais e filhos podem se afastar por causa disso. Os jovens podem viver dramas, experiências e riscos que os pais nem imaginam. Na primeira reportagem da série especial, exibida pelo Jornal da Record, a repórter Cleisla Garcia mostra uma prática secreta de adolescentes que choca os pais e os especialistas: a automutilação.

A partir do R7. Veja no original

DEPRESSÃO: MAIORIA NÃO BUSCA TRATAMENTO

10/25/2012
Embora seja uma doença tratável, seis em cada dez pessoas que sofrem de depressão na América Latina e no Caribe, não procuram ou não recebem o tratamento adequado. Na região, a depressão afeta 5% da população adulta. “Esta é uma doença que pode afetar qualquer pessoa, em algum momento de suas vidas, de modo que devem ser apoiadas psicológica e socialmente”, disse o Conselheiro Sênior de Saúde Mental da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), Jorge Rodriguez.

Nos casos mais graves, a doença pode levar ao suicídio. Quase um milhão de pessoas se matam a cada ano em todo o mundo. Nas Américas são cerca de 63 mil. “Em termos humanos, significa sofrimento e economicamente envolve custos significativos para as famílias e para os Estados”, disse Rodriguez.

Na região da América Latina e Caribe, estima-se que a porcentagem do orçamento de saúde atribuída à saúde mental é inferior a 2% e, desta, 67% é gasta em hospitais psiquiátricos. Os transtornos mentais e neurológicos somam 14% da carga global de doenças em todo o mundo. Na América Latina e no Caribe, esse número chega a 22%.

Como parte do Dia Mundial da Saúde Mental (dia 10/10/2012), a OPAS se junta à Federação Mundial para Saúde Mental (WFMH, na sigla em inglês) para aumentar a conscientização sobre esta doença que afeta mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades pelo mundo.

“Depressão, uma crise global” é o tema do Dia este este ano, que pede por um reconhecimento maior à doença e a seu combate. A Organização Mundial de Saúde desenvolveu uma campanha que inclui folhetos e um vídeo para chamar a atenção para este problema de saúde pública.
A partir da ONU Brasil. Leia n o original

350 MILHÕES SOFREM DE DEPRESSÃO NO MUNDO

10/24/2012
Mais de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização alertou para a necessidade de combater o estigma em torno da doença e incentivar que os governos implementem tratamentos para combater o transtorno. Pelos dados da OMS, pelo menos 5% das pessoas que vivem em comunidade sofrem de depressão. "Temos alguns tratamentos muito eficazes para combater a depressão. Infelizmente só metade das pessoas com depressão recebe os cuidados de que necessitam. De fato, em muitos países, o número é inferior a 10%", disse o diretor do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias, Shekhar Saxena. "É por isso que a OMS está trabalhando com os países na luta contra a estigmatização como ato essencial para aumentar o acesso ao tratamento."

A OMS define depressão como um transtorno mental comum, caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite. Também há a sensação de cansaço e falta de concentração.

A depressão pode ser de longa duração ou recorrente. Na sua forma mais grave, pode levar ao suicídio. Casos de depressão leve podem ser tratados sem medicamentos, mas, na forma moderada ou grave, as pessoas precisam de medicação e tratamentos profissionais. A depressão é um distúrbio que pode ser diagnosticado e tratado por não especialistas, segundo a OMS. Mas o atendimento especializado é considerado fundamental. Quanto mais cedo começa o tratamento, melhores são os resultados.

Vários fatores podem levar à depressão, como questões sociais, psicológicas e biológicas. Estudos mostram, por exemplo, que uma em cada cinco mulheres que dão à luz acaba sofrendo de depressão pós-parto. Especialistas recomendam que amigos e parentes da pessoas que sofrem de depressão participem do tratamento.

Em 1992, a Federação Mundial para Saúde Mental lançou o Dia Mundial de Saúde Mental na tentativa de aumentar a conscientização sobre as questões na área e estimular a discussão sobre os transtornos mentais e a necessidade de ampliar os investimentos na prevenção, na promoção e no tratamento. Mais informações podem ser obtidas no site da OMS.

EM SP, MAIORIA DOS IDOSOS TEM DEPRESSÃO

9/22/2012
Um dado alarmante: 50% dos suicídios são cometidos por idosos

Um estudo realizado pelo Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Psiquiatria da cidade de São Paulo apontou que 61% dos idosos que vão até a unidade em busca de tratamento apresentam quadros de transtorno de ansiedade e depressão. Segundo o levantamento divulgado nesta segunda-feira (10), a maior parte dos casos é causada por sentimentos de solidão.

O estado de saúde pode ter diversas origens, dentre elas a morte do cônjuge, de amigos, familiares, do medo de morrer e de dificuldades financeiras.

Somente em agosto deste ano, 960 idosos foram atendidos na unidade, que fica no bairro da Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista. Segundo a Secretaria de Saúde, no ano passado, neste mesmo mês, o número foi de 917. O maior aumento, no entanto, pôde ser observado em relação a 2010, quando a unidade foi inaugurada: 124 atendimentos - oito vezes menos que este ano.

No ambulatório, os idosos em tratamento participam de atividades de terapia ocupacional, grupos de reabilitação cognitiva, grupos de contadores de histórias e atividades manuais. De acordo com a secretaria, também é realizado um trabalho específico com os cuidadores dos pacientes, que possuem um alto risco de apresentar os mesmos problemas no futuro.

De acordo com Gerardo Araújo, diretor do AME, esse tipo de depressão causa um impacto negativo na qualidade de vida dos idosos. Ele diz que esse quadro tem consequências diretas, inclusive, na saúde dos pacientes e, por isso, o trabalho possui grande importância.

A partir do Portal G1. Leia no original
 
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