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'A DEPRESSÃO MATA, EU QUASE MORRI DUAS VEZES'

4/11/2015

Rebeca Gusmão, ex-nadadora brasileira que conquistou quatro ouros no Pan-Americano de 2007, mas depois teve as medalhas retiradas após ser banida do esporte pelo uso de anabolizantes. Hoje com 30 anos, Rebeca Gusmão já se recuperou das polêmicas, do duro período em que foi banida da natação por conta do doping e até da depressão.

Excluída das piscinas pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) pelo uso de anabolizantes, a agora ex-nadadora respira novos ares. Rebeca Gusmão trabalha como personal trainer em Brasília (DF), dá palestras motivacionais e faz até ensaios sensuais. O corpo já está bem diferente daquele dos tempos de atleta, quando aos 14 anos disputou o Pan-Americano de 1999 ou então ganhou 4 medalhas de ouro no Rio de Janeiro em 2007.

As medalhas, retiradas dela por conta do doping, e a participação nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 não representam a maior emoção da vida da ex-nadadora, que hoje em dia serve de inspiração e até ajuda idosos a superar o medo das piscinas.

Veja um trecho de seu depoimento à  ESPN.

Você passou por depressão?
Eu tive uma depressão forte. Eu engordei muito, cheguei a pesar 104kg e ao mesmo tempo eu tinha preocupação com a minha família porque minha mãe também entrou em depressão. Tudo na minha casa girava em torno da natação, do que eu fazia. Eu tinha que me concentrar naquele momento em me manter forte. Quando eu precisava de colo, eu tinha que estar como uma rocha, mas queria desmoronar. Eu acordava 4h30min da manhã e ia para a casa dos meus pais para pegar o jornal, para eles não verem. Na hora do noticiário da hora do almoço ou da noite, eu procurava estar na casa deles para não deixar eles verem porque o dia que eu vi uma repórter na televisão falando que eu podia pegar de 3 a 5 anos de prisão...escutar a voz da minha mãe no fundo, chorando, foi duro. Desde aquela época meu pai e minha mãe não assistem mais televisão, não leem jornal, não vêm noticiário. Eu até achei engraçado porque quando fui na casa deles outro dia eu falei "Pai, você viu o avião que caiu?" e ele respondeu: "Que avião?". Eles se desligaram do que acontece no mundo.

A depressão mata, eu quase morri duas vezes por causa dela. A primeira foi por causa da natação. Eu fiquei muito mal, várias vezes na minha cabeça passou fazer alguma besteira. A outra foi quando acabou meu casamento, foi uma depressão mais profunda. Emagreci bastante. Eu tive uma overdose de medicação. Eu cheguei a ficar 3 dias em coma. Depois que eu acordei desse coma parece que acendeu a luz na minha vida. Eu ainda uso a medicação até hoje, mas numa dose menor. Antes eu precisava ficar dopada o dia todo. Hoje não, uso da mesma forma que um diabético precisa da insulina.

Como está sua vida hoje em dia?
Hoje eu estou trabalhando como Personal Trainer, sou modelo também, dou palestras. Hoje eu estou fazendo uma coisa que eu nunca pensei que fosse fazer. Descobri que mais gratificante que ganhar uma medalha, representar seu país, é você ajudar as pessoas a conseguir seus objetivos. Tenho alunos que eram obesos e hoje são magros. Essa semana me emocionei com uma aluna minha de 66 anos que tinha pavor de água e ela entrou, mergulhou, nadou comigo. São coisas que realmente você vê que valem muito mais de uma medalha. Eu estou amando o momento que estou vivendo.

'ATENÇÃO PLENA' NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

3/18/2015

Aproveitar todos os momentos do dia a dia, dedicar a máxima atenção a cada atividade, guardar uns minutos para estar com os seus pensamentos... soa a autoajuda. Mas Mark Williams, investigador da Universidade de Oxford, apoia-se em estudos científicos que nos provam que o mindfulness não é só para místicos


Investigador e professor emérito de psicologia clínica na Universidade de Oxford, Mark Williams, 62 anos, é uma referência no estudo e aplicação de mindfulness, ou atenção plena. O método que desenvolveu foi incorporado pelo Sistema Nacional de Saúde britânico no tratamento e prevenção da depressão, diminuindo para metade o risco de recaída, em pacientes de alto risco. Começou por ser um cético, mas acabou por se render à técnica que compara a um exercício de ginásio - mas para a mente. Veio esta semana pela primeira vez a Portugal para lançar o seu livro Mindfulness e para dar uma conferência, tão concorrida como um concerto de pop rock, na Fundação Champalimaud. Atento e atencioso, conseguiu convencer uma cética a experimentar o seu método. "Afinal, são só oito semanas."

Afinal, o que significa mindfulness?
Significa ter consciência do que se passa, momento a momento. A maioria das pessoas está quase sempre em piloto automático, o que implica que estejamos muito stressados - logo, não estamos em controlo sobre o que acontece ao nosso corpo, à nossa mente e à nossa vida. Não fazemos pausas suficientes para descansar ao longo do dia, para refletir, para estar em sintonia com o tempo, com o que estamos a fazer ou com o que pretendíamos estar a fazer... Mindfulness é um treino que utiliza técnicas simples de meditação, que já são conhecidas e usadas há vários séculos, e que podem ser utilizadas num contexto secular para permitir que as pessoas aprendam a prestar atenção a cada momento, e que o façam intencionalmente. Estando em controlo, sem se autocensurarem ou sem se julgarem a si próprias - reações que por vezes nos motivam a não querer parar para pensar. É o contrário de mindlessness (mente vazia, falta de propósito ou significado). 

E como se aplica no dia a dia?
Quando se está em piloto automático, não sabemos a que sabe a comida, caminhamos sem reparar por onde andamos, ouvimos sem escutar, porque a mente está a divagar. Desperdiçamos momentos da nossa vida porque não estamos despertos. A palavra meditação significa "cultivar". Não cultivar um jardim ou um terreno, mas sim cultivar uma forma de estar presente, de estar acordado para todos os aspetos da vida. Enquanto estamos abstraídos a pensar, a planear, a recordar, é frequente que diferentes estados de espírito se aglutinem, agregando-se a tristeza, preocupação, ansiedade, sem sequer nos apercebermos. Ao meditarmos, passamos a estar conscientes da forma como nos sentimos e podemos reagir antes que seja demasiado tarde.

Passar a ferro é muito aborrecido. Qual o interesse em estar consciente deste ato?
O mindfulness dá-lhe uma escolha, não é uma obrigação. Se acha alguma coisa aborrecida, não tente ignorar essa sensação. Repare no que consiste. Pense como se fosse um detetive - e Portugal é famoso pelos seus exploradores que navegaram pelo mundo. Explore o seu corpo e a sua mente, dentro desse espírito de descoberta. Aborrecimento é uma noção muito interessante, costuma vir ligado a um ligeiro desconforto. Onde é que sente desconforto no seu corpo? 
Na minha mente...

Porque está desligada do seu corpo. A maioria de nós vive dentro da sua mente grande parte do tempo. Mas provavelmente vai haver alguma dor, alguma contração algures no corpo que reflete esse aborrecimento. Se mudar a atenção da sua mente para o seu corpo pode descobrir que há algo em que não tinha reparado antes. Através desse processo de curiosidade pode descobrir todo um tipo de padrões semelhantes entre o corpo e a mente, e da próxima vez que estiver aborrecida pode aceitar esse sentimento com mais compaixão. O aborrecimento pode levar a algo mais, como comer algo que não precisava de comer... Reconhecer estes sinais permite-lhe evitar fazer algum disparate. Ou seja, é um modo de estar presente, reconhecendo que até os estados de espírito que são desagradáveis, como o aborrecimento, são afinal compostos por várias camadas que merecem ser descortinadas.

É mais difícil para pessoas distraídas?
Fez-se uma pesquisa com alunos do primeiro ciclo e percebeu-se que as crianças menos atentas foram as que apresentaram melhores resultados. Então montamos um programa, adotado em escolas públicas, que começou com rapazes de 14 e 15 anos, e depois se estendeu. A dada altura do programa, enviavam mensagens de telemóvel uns aos outros a dizer "para e respira". O grupo meditava antes de dormir, seguia a técnica de pés no chão e rabo na cadeira, habituaram-se a fazer pausas ao longo do dia. Contaram-nos que usavam estas técnicas quando se sentiam assustados, quando os pais discutiam, antes de marcarem um penalty ou entrarem num palco. Os miúdos que se encontravam deprimidos, ansiosos ou preocupados passaram a sentir-se melhor. Também houve benefícios em quem não tinha nenhum problema especial. 

Em crianças mais novas, também resulta?
Há uma meditação que se chama Body Scan e que pratico com o meu neto, de 7 anos, quando ele não consegue dormir. Focamo-nos primeiro nos dedos do pé e vamos subindo pelo corpo. Geralmente adormece antes de chegar aos joelhos...

O mindfullness está muito associado aos fenômenos 'new age'. Não devia?
Sim, é verdade... Em 1992, quando comecei, era bastante cético. Pensava que era apenas para pessoas religiosas ou que viviam na Califórnia. Só que vi os seus efeitos em pessoas com dor física profunda, e que, através da meditação, conseguiam recuperar as suas vidas. ?A dor física não acabava, mas deixava de ser tudo. Então, adaptámos a técnica ao tratamento da depressão e hoje foi integrada no Sistema Nacional de Saúde britânico. Mas mindfulness é sobretudo prevenção, de ocorrência de novas crises depressivas. 

Vários estudos relacionam a meditação com uma série de benefícios, também ao nível do envelhecimento, ou da imunidade.

O estado que se alcança através da meditação pode ter impacto na nossa estrutura de ADN, nomeadamente nos genes que influenciam o envelhecimento ou o aparecimento de doenças como o cancro. Pessoas que meditam mais vezes e durante mais tempo registam mudanças permanentes no cérebro, ficam mais focadas, com uma memória melhor. ?O que acaba por ser do senso comum. Se aprendemos algo novo, como tocar um instrumento, o cérebro vai sofrer alterações. ?O mesmo acontece através da meditação.

O mindfulness surge como ponto de equilíbrio nesta era do multitasking?
Vivemos num estado de ameaça constante. Nas pessoas que estão sempre em múltiplas tarefas, a amígdala [estrutura cerebral ligada à resposta ao perigo] está cronicamente em estado de alerta - como se estivéssemos a ser perseguidos por um leão, o tempo todo. Por exemplo, se soletrar a palavra multitasking, demora uns 5 segundos. A palavra tem 12 letras, se contar até 12, demora cerca de 3 segundos. Ao todo, são 8 segundos. Agora tente alternar entre soletrar e contar. Veja se ainda demora 8 segundos. Não, demora muito mais. Chamo a isto o custo de alternar. Precisamos de aprender a fazer uma atividade de cada vez. Há técnicas que nos permitem realizar todas as tarefas, sem nos sobrecarregarmos deste modo. O mindfulness é uma dessas técnicas.

O que diz aos céticos?
Que tentem. Isto é como ir ao ginásio - parece fácil, mas afinal é complicado. Sobretudo conseguir que a pessoa não desista. Quando se começa a meditar, passado 30 segundos a mente dispersa-se. Muitas pessoas pensam que deveriam estar a limpar a mente e que estão a fazer algo de errado. Mas meditar não se trata de limpar a mente, mas sim de reconhecer os padrões da nossa mente, como esta opera. A maioria das pessoas não está atenta e segue erroneamente a sua mente, sendo absorvidas por aquilo que ela dita. Quando se medita, o processo simplifica-se - dá à sua mente apenas uma coisa para fazer. Por exemplo, foca-se apenas na respiração. Mais tarde ou mais cedo, as pessoas aprendem o que significa pensar. É como se tivéssemos um balão na mão, o deixássemos ir com o vento e o apanhássemos novamente. Peço às pessoas que sejam elas próprias cientistas e que experimentem, que tirem conclusões. São apenas 8 semanas, não tem nada a perder. 

O que fez o mindfulness por si?
Teria de perguntar à minha esposa e à minha família [risos]. O tempo, que parecia passar cada vez mais depressa, de repente abrandou. Passei a ter mais momentos no meu dia em que podia refletir se estava a fazer o que queria. Cheguei a um ponto em que digo a mim mesmo: Não tenho que fazer isto, não vou responder a este email agora. Essa capacidade de abrandar é muito importante.

A partir do site Visão. Leia no original


PROJETO QUER PREVENIR DEPRESSÃO PERINATAL

3/16/2015
Uma equipe de investigadores do Serviço de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), dirigido pelo professor António Ferreira de Macedo, acaba de obter um financiamento de 200 mil euros para aplicar um programa pioneiro a nível internacional, que visa minimizar o elevado impacto negativo da Depressão Perinatal (gravidez e pós-parto).

O Projeto “Rastreio, prevenção e intervenção precoce na depressão perinatal – Eficácia de um novo programa nos cuidados de saúde primários” é financiado pelo Programa Iniciativas de Saúde Pública, European Economic Area Grants (EEA-Grants), do Mecanismo Financeiro do Espaço Econômico Europeu 2009-2014, resultante do memorando de entendimento celebrado entre o Estado Português e os países doadores (Islândia, Liechtenstein e Noruega).

De uma forma genérica, o projeto, coordenado pela investigadora Ana Telma Pereira, consiste, numa primeira fase, na aplicação a uma vasta amostra representativa de mulheres portuguesas, recrutadas nos cuidados de saúde primários e maternidades das regiões de Coimbra e de Aveiro, de um novo teste preditivo de auto-resposta intitulado “Rastreio e Prevenção da Depressão Perinatal”.

Desenvolvido de raiz na Universidade de Coimbra, pela equipa do Serviço de Psicologia Médica, o teste avalia sintomas e fatores de risco, permitindo prever quais as mulheres com maior probabilidade de ter depressão durante a gravidez e no período pós-parto.

Paralelamente, a equipe vai realizar ensaios clínicos (aos níveis da prevenção e intervenção precoce), por forma a validar a eficácia do programa de rastreio.

Ana Telma Pereira explica que o grande objetivo da investigação, que dá continuidade ao trabalho científico desenvolvido na última década pelo Serviço de Psicologia Médica da FMUC, e do qual resultaram muitas publicações e apresentações internacionais, é «continuar a contribuir para a minimização do elevado impacto negativo da Depressão Perinatal. Note-se que apesar da Depressão Perinatal ser um problema de saúde pública prevenível e tratável, sem programas de rastreio menos de 10% das mulheres afetadas recebem tratamento».

«Todas as mulheres no período perinatal poderão, potencialmente, beneficiar com esta intervenção, pois a todas será dada a oportunidade de serem avaliadas quanto à presença de sintomas de depressão perinatal e fatores de risco associados. Todas aquelas que mantenham ou a quem seja diagnosticada a patologia serão encaminhadas para consulta externa de psiquiatria, para avaliação e tratamento especializado por membros da equipa de investigação, no Centro de Responsabilidade Integrada de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra», conclui a investigadora.


A partir de Sul Informação. Leia no original

SUS TERÁ REMÉDIOS PARA TRANSTORNO BIPOLAR

3/11/2015

Medicamentos serão oferecidos na rede pública a 271 mil pessoas. Principal complicação da doença mental é o suicídio.



Ministério da Saúde decidiu incorporar cinco medicamentos para tratar brasileiros que sofrem de transtorno afetivo bipolar (TAB) ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A doença é caracterizada por alterações no humor que se manifestam como episódios de mania, hipomania e depressão.

Segundo portaria divulgada nesta terça-feira (10) no Diário Oficial da União, os medicamentos clozapina, lamotrigina, olanzapina, quetiapina e risperidona serão oferecidos a 271 mil pessoas em tratamento no país.

A decisão foi tomada após relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, responsável por realizar consulta pública sobre o tema.
De acordo com o documento, o gasto com os remédios ainda este ano deve variar entre R$ 89,3 milhões, considerando a menor dose, e R$ 176,2 milhões, considerado a maior dose.

O tratamento para TAB depende da apresentação da doença e consiste em monoterapia ou terapia combinada com lítio, anticonvulsivos, antipsicóticos ou antidepressivos. A principal complicação da doença é o suicídio.

Levantamento feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a doença mental está entre as dez que mais afastam os brasileiros do trabalho. Ocupa o terceiro lugar na lista, depois da depressão e da esquizofrenia.

PESQUISA TRAÇA MAPA DA SAÚDE MENTAL E SUICÍDO

7/19/2013
Imagem : sxc.hu
Os pesquisadores Adeir Archanjo da Mota, doutorado em Geografia, e Raul Borges Guimarães, do Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde da Unesp de Presidente Prudente, iniciaram o estudo “Geografia da Saúde Mental e o Suicídio no Brasil: Construção de Geoindicadores e Índice para Política Pública”. Segundo o primeiro levantamento, no Brasil, de 1996 a 2010, quase 120 mil pessoas se suicidaram. Em torno de 22 pessoas tiraram a própria vida por dia, sendo que as taxas mais elevadas prevalecem nas regiões Sul e Sudeste.

Conforme a 10ª Classificação Internacional das Doenças, caracterizam-se como tentativas de suicídio as internações e como suicídios os óbitos provocados por lesões autoprovocadas voluntariamente. O objetivo do estudo é analisar a distribuição espacial do suicídio e sua correlação com a existência de serviços de saúde mental, como também o acesso da população a eles.

Apesar de prevenível, o suicídio está entre as três principais causas de morte entre pessoas com idade entre 15 e 44 anos, sendo a segunda maior causa de óbito dos 15 aos 19 anos. A coordenadora da comissão de divulgação do Centro de Valorização da Vida (CVV) em Uberaba, Valderli Menezes, ressalta que ninguém procura realmente a extinção da própria vida. Na realidade, esta atitude deve ser considerada um ato extremo de comunicação, a última forma que uma pessoa encontra para fazer com que os outros saibam de seu sofrimento. “Hoje, nosso enfoque é na valorização da vida. Previne-se o suicídio quando se dá importância à pessoa que está passando por um sentimento de perda ou de qualquer outra ordem. O ponto central do suicídio é um gesto de comunicação. Pode ser extremo, mas é um pedido de socorro da pessoa que está no limite”, afirma.

Para a coordenadora, o ser humano se equilibra em uma balança e quando ele passa a viver situações de forte dor e sofrimento, o instinto de sobrevivência vai sendo sobrepujado pelo desejo de não sofrer mais. Mais de 80% das pessoas que tentaram tirar a própria vida uma vez voltaram a cometer o ato, quando a verdadeira causa do sofrimento não foi trabalhada.

O Centro de Valorização da Vida (CVV), instituição filantrópica em Uberaba, tem sede à rua Fausto Salomão Trezzi, nº 40, atendendo por meio dos telefones 141 e (34) 3317-4111, das 15h às 23 horas. O CVV atende ainda através da internet, pelo endereço www.cvv.org.br.

APRENDER ESPERAR AJUDOU A SUPERAR DEPRESSÃO

7/17/2013
Em depoimento, o religioso conta como recuperou a autoestima. Após sofrer uma lesão, o padre ficou três meses numa cadeira de rodas. Deixou de correr, engordou 40 quilos, diz que sentiu dor e frustração, mas perseverou. Assim, alega ter descoberto o significado da frase "o tempo de Deus"

PADRE MARCELO ROSSI

Padre Marcelo Rossi, em 2010. 

Quando machucou o tornozelo,
 ficou meses sem andar e beirou a
 depressão: “Agora, eu sei como é”
"Não conseguia explicar o que sentia. Parecia existir um deserto dentro de mim. Acordar e dormir eram os piores momentos daqueles dias de 2010. Na cama, deitado, imaginava que tudo o que acontecera no dia anterior se repetiria de novo. E de novo. É como obrigar alguém que gosta de provar novos sabores e combinações a comer, em todas as refeições, o mesmo prato. Não conseguia me olhar no espelho. Evitava encarar um reflexo frustrado. Chorava sem motivo. Machucar gravemente o tornozelo esquerdo, em abril daquele ano, não tirou apenas minha independência de ir e vir quando desejasse. Roubou o prazer que sentia todos os dias quando corria na esteira. Apagou minha autoestima. Foi a primeira vez que experimentei uma profunda tristeza na minha vida, um princípio de depressão.

Tudo aconteceu muito rápido naquele final de abril. No dia 27, depois de realizar a missa da manhã, recebi a visita do embaixador de Roma, Dom Dino Samaja, na minha sala. Ele disse: ‘Você foi presenteado’. Diante da minha surpresa e da paralisia pela qual fui acometido, Dom Dino continuou: ‘Você receberá um prêmio, em Roma, das mãos do (então) papa Bento XVI.’ A cerimônia tinha data marcada, 22 de outubro. Essa premiação, até então por mim desconhecida, é concedida pelo papa todos os anos. Cinco pessoas são escolhidas por se destacar na difusão do catolicismo no mundo. É obrigatória a presença do homenageado. Em caso de falta, o prêmio é cancelado. Naquele ano, eu seria um dos cinco a receber o prêmio Van Thuân, com o título de evangelizador moderno.

Dois dias depois, torcedor fanático do Corinthians, não conseguia dormir por causa do jogo em que o Flamengo, por 1 a 0, tirou meu time da disputa da Copa Libertadores da América. Mal-humorado e sem sono, decidi correr na esteira. Eram 4 horas da manhã. Pratico corrida sempre à tarde ou à noite, a 9 quilômetros por hora. Naquele dia, não era possível esperar tantas horas para aliviar o estresse. O treino não durou mais que cinco minutos. Tive uma vertigem, pisei mal na esteira e fui lançado para trás. Na hora, me lembrei de proteger a cabeça – regra básica das aulas de artes marciais que fiz na adolescência. Levantei do tombo com dor no corpo, em especial na clavícula. Decidi procurar ajuda médica. 

A avaliação mostrou que a clavícula estava bem. Meu tornozelo esquerdo não. Na queda, rompi todos os ligamentos. A previsão mais otimista falava em meses de tratamento – e nenhuma viagem. Pensei: ‘Não vou me recuperar a tempo de receber o prêmio’. Diante desse impasse, o médico deu duas opções. Uma cirurgia, de resultado incerto, ou centenas de sessões de fisioterapia. Sem a operação, o tratamento seria mais longo, mas era a única chance de voltar a caminhar até a entrega do prêmio, em outubro. Optei pela recuperação em casa."

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL AUXILIA NA DEPRESSÃO

7/15/2013
Imagem : sxc.hu
Você sabia que acontecimentos positivos - como a promoção em um emprego, o início na faculdade ou até mesmo o nascimento de um filho - podem desencadear uma depressão? De acordo com Rodrigo Fonseca, fundador da Sociedade Brasileira de Inteligência emocional, as pessoas que não tem habilidade para lidar com os acontecimentos da vida são prejudicadas até quando conseguem alcançar objetivos e realizar sonhos.

“Imagine, então, para aquelas pessoas que não sabem como superar uma adversidade, como uma demissão, ou a morte de alguém próximo. E quantas pessoas passam por situações como essas todos os dias? Como evitar essa dor invisível, que hoje afeta mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo?”, indaga o especialista.

Para Rodrigo, muitos mais do que uma tristeza passageira, a depressão é uma tristeza que não tem fim e atinge uma em cada seis pessoas ao longo da vida. Em 2030 deverá ser a doença mais comum, que em função dos gastos com a população afetada, será a doença que mais produzirá custos econômico-sociais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Quais são as reais causas dessa doença que só cresce?

A interação entre fatores genéticos, ambientais e psicológicos podem levar a essa doença silenciosa. Porém, os fatores psicológicos funcionam como um gatilho para o transtorno vir à tona.

“Se você tem uma predisposição genética para a doença, mas é capaz de usar seus recursos emocionais para lidar com os acontecimentos da vida, para recuperar e estabilizar suas emoções cada vez que algo novo acontece, poderá evitar o início de uma depressão e de tantas outras doenças. O desenvolvimento da Inteligência Emocional, que é a somatória de habilidades que permite as pessoas administrarem melhor suas emoções e as adversidades da vida, pode ser uma prevenção para que esse gatilho não seja acionado”, explica o especialista.

Segundo Rodrigo, a depressão, como todas outras doenças, é uma tentativa do nosso corpo nos trazer consciência sobre algo que estamos vivenciando, e que está nos gerando uma dor emocional que, se não for compreendida e tratada, acarretará naturalmente uma dor física.

Para ele, hoje, a partir de toda evolução científica neste campo emocional, podemos afirmar que a depressão é uma espécie de "Programa Emocional" que foi desenvolvido e gravado durante a fase mais importante da vida de todo ser humano: a gestação. De acordo com as experiências vividas e interpretadas por nós enquanto éramos "fetos", mais tarde essas mesmas memórias são acionadas por fortes experiências emocionais (positivas ou negativas), fazendo uma pessoa que vivia aparentemente saudável, começar a sentir desde angústias incontroláveis até a própria perda da vontade de viver.

Outra fase significativa para o desenvolvimento da doença é a infância. Estudos afirmam que entre 30% das crianças que sofreram maus tratos na infância, sofrerão com depressão quando chegarem aos 20 anos. Os traumas são seguidos de dores e tristezas que uma pessoa pode carregar por toda a vida se não der a eles um novo significado. Ficam registrados e mais tarde são interpretados de maneira que pode ser tão prejudicial a ponto de uma pessoa achar que não merece viver, ou que merece sentir a dor para o resto de sua vida. Pensamentos como esses podem desencadear os sintomas da depressão, como uma sensação de vazio e melancolia, a falta de prazer e motivação e o excesso de negatividade.

“A depressão é uma doença de origem emocional, psicológica e ambiental. Vai muito além de fatores genéticos e alterações químicas cerebrais. Por meio de medicamentos, a ciência nos permite controlar a parte química e genética, mas somente através do desenvolvimento da nossa Inteligência Emocional assumimos o poder de controlar e evitar a doença”, diz o Fundador da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional. Entre as dicas:

• Atribuir novos significados para memórias que são registradas em nosso inconsciente quando éramos fetos e/ou crianças é um dos grandes passos para evitar que sejamos influenciados por essas memórias ocultas, que podem nos assombrar até o final de nossas vidas.

• Aprender a superar conflitos, aceitar as mudanças e todas emoções, especialmente as "negativas", são outros pequenos passos que podem ser aprendidos com o desenvolvimento desta Inteligência, evitando que as mudanças naturais das nossas vidas nos impeçam de alcançar aquilo que realmente queremos: SER FELIZ.

A partir do site Segs. Leia n o original
 
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