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DRAUZIO VARELLA E OS SINTOMAS DA DEPRESSÃO

4/10/2013


Depressão é uma doença psiquiátrica, crônica e recorrente, que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite.

É importante distinguir a tristeza patológica daquela transitória provocada por acontecimentos difíceis e desagradáveis, mas que são inerentes à vida de todas as pessoas, como a morte de um ente querido, a perda de emprego, os desencontros amorosos, os desentendimentos familiares, as dificuldades econômicas, etc. Diante das adversidades, as pessoas sem a doença sofrem, ficam tristes, mas encontram uma forma de superá-las. Nos quadros de depressão, a tristeza não dá tréguas, mesmo que não haja uma causa aparente. O humor permanece deprimido praticamente o tempo todo, por dias e dias seguidos, e desaparece o interesse pelas atividades, que antes davam satisfação e prazer.

A depressão é uma doença incapacitante que atinge por volta de 350 milhões de pessoas no mundo. Os quadros variam de intensidade e duração e podem ser classificados em três diferentes graus: leves, moderados e graves.

Existem fatores genéticos envolvidos nos casos de depressão, doença que pode ser provocada por uma disfunção bioquímica do cérebro. Entretanto, nem todas as pessoas com predisposição genética reagem do mesmo modo diante de fatores que funcionam como gatilho para as crises: acontecimentos traumáticos na infância, estresse físico e psicológico, algumas doenças sistêmicas (ex: hipotireoidismo), consumo de drogas lícitas (ex: álcool) e ilícitas (ex: cocaína), certos tipos de medicamentos (ex: as anfetaminas).

Mulheres parecem ser mais vulneráveis aos estados depressivos em virtude da oscilação hormonal a que estão expostas principalmente no período fértil.

Sintomas

Além do estado deprimido (sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias) e da anedonia (interesse e prazer diminuídos para realizar a maioria das atividades) são sintomas da depressão:

1) alteração de peso (perda ou ganho de peso não intencional); 2) distúrbio de sono (insônia ou sonolência excessiva  praticamente diárias); 3) problemas psicomotores (agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias); 4) fadiga ou perda de energia constante; 5) culpa excessiva (sentimento permanente de culpa e inutilidade); 6) dificuldade de concentração (habilidade diminuída para pensar ou concentrar-se); 7) ideias suicidas (pensamentos recorrentes de suicídio ou morte); 8) baixa autoestima, 9) alteração da libido.

Muitas vezes, no início, os sinais da enfermidade podem não ser reconhecidos. No entanto, nunca devem ser desconsideradas possíveis referências a ideias suicidas ou de autodestruição.

Diagnóstico

O diagnóstico da depressão é clínico e toma como base os sintomas descritos e a história de vida do paciente. Além de espírito deprimido e da perda de interesse e prazer para realizar a maioria das atividades durante pelo menos duas semanas, a pessoa deve apresentar também de quatro a cinco dos sintomas supracitados.

Como o estado depressivo pode ser um sintoma secundário a várias doenças, sempre é importante estabelecer o diagnóstico diferencial.

Tratamento

Depressão é uma doença que exige acompanhamento médico sistemático. Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico. Nos outros mais graves e com reflexo negativo sobre a vida afetiva, familiar e profissional e em sociedade, a indicação é o uso de antidepressivos com o objetivo de tirar a pessoa da crise.

Existem vários grupos desses medicamentos que não causam dependência. Apesar do tempo que levam para produzir efeito (por volta de duas a quatro semanas) e das desvantagens de alguns efeitos colaterais que podem ocorrer, a prescrição deve ser mantida, às vezes, por toda a vida, para evitar recaídas. Há casos de depressão que exigem a associação de outras classes de medicamentos – os ansiolíticos e os antipsicóticos, por exemplo – para obter o efeito necessãrio.

Há evidências de que a atividade física associada aos tratamentos farmacológicos e psicoterápicos representa um recurso importante para reverter o quadro de depressão.

 Recomendações

* Depressão é uma doença como qualquer outra. Não é sinal de loucura, nem de preguiça nem de irresponsabilidade. Se você anda desanimado, tristonho, e acha que a vida perdeu a graça, procure assistência médica. O diagnóstico precoce é o melhor caminho para colocar a vida nos eixos outra vez;

* Depressão pode ocorrer em qualquer fase da vida: na infância, adolescência, maturidade e velhice. Os sintomas podem variar conforme o caso. Nas crianças, muitas vezes são erroneamente atribuídos a características da personalidade e nos idosos, ao desgaste próprio dos anos vividos;

* A família dos portadores de depressão precisa manter-se informada sobre a doença, suas características, sintomas e riscos.  É importante que ela ofereça um ponto de referência para certos padrões, como a importância da alimentação equilibrada, da higiene pessoal e da necessidade e importância de interagir com outras pessoas. Afinal, trancafiar-se num quarto às escuras, sem fazer nada nem falar com ninguém,está longe de ser um bom caminho para superar a crise depressiva.
Drauzio Varella
A partir da Estação Saúde. Leia no original

SUICÍDIO : SEM JUSTIFICATIVA

4/09/2013
A literatura sobre o suicídio é ampla e segue vários enfoques, do apoio ao doente mental até o apoio ao trauma familiar – por vezes passando por algumas considerações de cunho ético, filosófico e cultural.

Em nossa cultura cada vez mais secular, o suicídio é progressivamente menos julgado como uma questão moral, de ação e deliberação: torna-se o mero produto de uma doença. Isso com certeza tem o lado positivo de poder ajudar a família a encontrar algum tipo de consolo, já que, ao menos em grande parte, as questões de saúde estão fora de seu controle. Mas, por outro lado, não lida com os fortes impactos culturais desta ação.

Sem querer entrar muito a fundo em filosofia da mente e nas bases falhas do funcionalismo que permeia toda a ciência cognitiva e de saúde mental, é preciso deixar claro que a crença numa causalidade unidirecional (da fisiologia pro comportamento) não tem justificação ou evidência – se não em certos âmbitos muito restritos de estudo e com metodologias estabelecidas já com ela em mente.

Isto é, embora a causalidade que vai da fisiologia para nossa consciência seja o principal enfoque hoje, há evidências fortes de uma causalidade noutro sentido, por exemplo, neuroplasticidade. Uma visão em que a fisiologia determina quase totalmente nossas tendências habituais, chegando ao ponto de determinar nossas ideações, e, através desta, nossos comportamentos e ações particulares, não se sustenta.

Ainda assim, é a perspectiva usual da experiência científica que alcança grande penetração na visão usual das pessoas comuns.

Essa perspectiva se espelha na forma com que encaramos o suicídio. Ao nos depararmos com o suicídio de alguém, podemos até passar por alguns momentos de raiva, mas todos nós tendemos, e algumas vezes somos encorajados, a retirar totalmente a responsabilidade moral do suicida sobre seu ato – algumas pessoas chegam a achar a ação corajosa, ou tentam mesurar o grande sofrimento pelo qual passou antes de tomar tal ação extrema. Porém, parece existir uma grande incongruência ao não encararmos, por exemplo, um pedófilo com a mesma benevolência.

O exato mesmo tipo de justificativa fisiológica e psiquiátrica que temos para a depressão e para alguns suicídios temos hoje para o pedófilo perpetrador de certos abusos. Aqui temos uma escolha bem simples: ou exercemos a condenação moral para ambos, ou os consideramos igualmente como doentes que fizeram coisas desagradáveis, que, enfim, compreendemos, porque estavam além de suas forças.

Difícil, não é?

Creio que precisamos, necessariamente, escolher a opção da condenação moral. Isso não quer dizer que faltamos com respeito ao doente, ou deixamos de amá-lo. Isso apenas quer dizer que, socialmente, deixamos claro que ninguém é totalmente determinado a agir desta ou daquela forma, e que há ações que devem ser universalmente condenadas.

O suicídio depende de ideação, isto é, da pessoa considerar, vez após vez, sua própria morte como uma saída lícita para os problemas reais que a assolam. Um suicida constrói, por dizer assim, seu suicídio em conjunto com os outros hábitos mentais de sua doença, por exemplo, a depressão. Aqui é preciso reconhecer como razoavelmente óbvio que essa fisiologia é construída por essa habituação na mesma medida em que essa habituação é construída por fisiologia.

Escolher uma das duas coisas como determinante é fazer uma aposta metafísica – passar a agir por crença, e não por evidência.

Daí também que o suicídio possua um elemento cultural e ideológico. Sociedades onde o suicídio é visto como uma saída honrosa possuem níveis mais elevados de suicídio. É simplesmente mais fácil, num contexto desse tipo, idear, ao longo de toda doença, o ato derradeiro a ser tomado.

E não caiamos em relativismo moral: a ação dos samurais não precisa ser respeitada como ethos japonês na mesma medida em que os sacrifícios humanos dos maias ou as infibulações/circuncisões de algumas culturas africanas merecem nossa total e justificada reprovação. Não caiamos na falácia antropológica de que, porque é aceito em uma cultura naturalmente, não será imoral.

Ademais, há elementos filosóficos que podem ajudar nas ideações nefastas. O argumento libertário para o suicídio diz, por exemplo, que teríamos o direito e a liberdade de tirar a própria vida. No entanto, se a nossa vida é nossa no sentido de que podemos fazer o que quisermos com ela, exceto no que isso limite ou prejudique a liberdade de outro, precisamos certamente considerar que um futuro eu, e em certo sentido “um outro”, estará sendo privado de liberdades.

A pessoa pulou e, enquanto cai do décimo andar, mudou de ideia. Ela traiu a si mesma no futuro: quando ela queria deliberar o oposto, era tarde demais – imagine então depois de morta (mesmo num cenário de vida após a morte, todos parecem concordar que a deliberação não será muito ampla – num cenário sem vida após a morte, a deliberação é nenhuma).

Nesse sentido, se consideramos que nossa individualidade é mutável (com amplas evidências em primeira pessoa de que é), não temos direito de privar nenhum futuro eu possível do exato mesmo direito de escolha que temos hoje.

Seppuku, ou harakiri: o tal ritual de
 suicídio dos guerreiros japoneses
Matar a si próprio é, antes de mero assassinato, frustrar a liberdade de um alguém futuro que poderia vir a ser substancialmente diferente. É, portanto, um crime ainda maior do que simplesmente tirar a vida de outra pessoa: além de tirar uma vida é uma deliberação contra a própria capacidade de deliberação.

Por outro lado, a própria ideia de que somos donos de nós mesmos ao ponto de podermos tomar essa decisão é enganosa. Muitas pessoas investiram tempo e atenção para que hoje estejamos vivos e sejamos capazes de ler um texto como esse. Sem falar nos insetos que morrem na produção de nosso arroz, e os trabalhadores explorados que fazem nossas roupas.

Os sofrimentos, as intenções e boas motivações de todas essas pessoas estão por trás de/e sustentam tudo que somos hoje. Essa superestrutura toda então resolve se voltar contra si mesma, após um hábito embasado em algumas ideações totalitárias e arbitrárias sobre autodeterminação? Isso é exatamente como se a crista de uma onda tivesse direito sobre toda a massa de água que a leva no oceano.

É de uma frivolidade sem dúvida trágica: um indivíduo que trai seu futuro e tudo que o constitui em troca de uma crença numa possibilidade de alívio. É muita fé no lugar errado.

Porém, toda essa ingratidão e filosofia de botequim com certeza não são a causa do suicídio. São apenas fatores contribuintes, na raiz da ideação ou como uma das tantas justificativas desta.

Como disse antes, quando uma pessoa chega a tentar o suicídio, essas ideologias já não são o ponto central da ideação. Elas podem ter sido importantes quando a ideação se formou, mas no fim, a pessoa é levada pela energia de hábito e, como todos concordamos, até mesmo pela fisiologia. Nesse momento, argumentos não são mais úteis: os argumentos são úteis bem antes, em diálogo com a cultura e com as posições gerais das pessoas.

Quando as energias de hábito já se cristalizaram, algumas vezes já é tarde demais, ou ao menos a intervenção precisa ser sistêmica, mas bem antes talvez seja possível colocar algumas dúvidas em pessoas que futuramente podem passar por esses questionamentos.

Essa parte filosófica pode funcionar como uma vacina.
A partir do Blog Papo de Homem. Leia no original

SENCIÊNCIA VERSUS CONSCIÊNCIA

3/26/2013
Imagem por alexandre_vieira
Cansados da vida por esta já ter sido demasiado preenchida de emoções e acontecimentos marcantes, talvez comparáveis a uma vida demasiado longa... isso nos dá essa sensação, de nos sentirmos demasiados velhos para a idade que temos, o peso no nosso interior parece cada vez maior e mais denso.

Em astronomia os buracos negros são considerados como os objectos cósmicos mais pesados e densos. Parece que é isso que está a acontecer no nosso interior, um vazio cada vez mais pesado e denso, e que se todo esse interior for libertado cá para fora vai destruir os que nos rodeiam, tamanha é a nossa dor e o nosso sofrimento... esse abismo é alimentado por nós a cada dia que passa por ser mais forte que nós, porque por fora nos sentimos cada vez mais transparentes, a nossa identidade a ser sugada para esse interior voraz.

Pensar na nossa longevidade, refletindo sobre o que até agora foi suportado, parece que o fim da nossa existência está tão longe de nós como a eternidade.

Por tudo isso é compreensível querer antecipar o fim da nossa vida, para deixarmos de alimentar esse nosso interior que está sugando tudo.

Admito, não consigo segurar o meu próprio buraco negro, é mais forte que eu em muitas ocasiões, destrói-me de dentro para fora, e mais facilmente atrai o negativo do nosso exterior não me deixando apreciar o que me rodeia com a atenção e a perspectiva merecida...

A minha solução? Desligo-me do que é exterior a mim, enfrento o meu próprio abismo como se ele fosse o meu oposto e me alimento dele. Não somos culpados por ter esse buraco dentro de nós, o mundo assim nos criou, nos prometendo e  fingindo felicidade, nesta vida e em outras existências... devíamos ter aprendido desde pequenos que o sofrimento faz parte da nossa natureza humana, enquanto criaturas sencientes. Essa é a nossa dávida e a nossa maldição enquanto criaturas...

Charles Darwin disse: "Não existe nenhuma diferença fundamental entre o ser humano e os animais superiores em termos de faculdades mentais. A diferença entre a mente de um ser humano e de um animal superior é certamente em grau e não em tipo". São sencientes, tem sentimentos, dor, medo, e querem preservar suas vidas tanto quanto nós humanos. (in dicionarioinformal.com.br)

Sensciência é a "capacidade de sofrer ou sentir prazer e felicidade".

Mas temos uma vantagem sobre as outras criaturas: a nossa consciência.

Então enfrento esse meu abismo interior, não mais viro as costas para "ele", fico de frente para ele, fecho os olhos e observo-o intensamente, e aprendi a me alimentar dele... o negativo se torna positivo, porque estou consciente que não o quero mais alimentar nem me deixar ser consumido por ele, apenas com a minha perseverança, insistência, determinação.

Depois de enfrentar esse nosso interior, o que está cá fora, aqueles pequenos pormenores que nos provocavam tão facilmente, deixam de ser assim tão relevantes, nos tornamos neutros porque estamos em equilíbrio, não há mais negativo nem positivo, deixamos de ter duas naturezas dentro de nós e passamos a ser um só...

Gostaria de ter aprendido isso em pequeno para não pensar que andei este todo tempo a sofrer pensando que um dia poderia ser feliz quando esse sofrimento terminasse, me alimentar de esperanças supérfluas e inventadas pelos outros, me deixar iludir... e apenas aceitar que a senciência faz parte de nós, a nossa consciência é que tem de se adaptar a ela.
सचेतन
A partir da Comunidade Q.M. 

NO FUNDO DO POÇO NÃO TEM MOLA

3/20/2013
Divulgação
“No Fundo do poço não tem mola” (Editora Letra Livre) é o quarto livro da carreira da autora sul-mato-grossense Theresa Hilcar. Nesta obra a autora trata da depressão como patologia e seus aspectos filosóficos e sociais. O livro teve investimento do FIC (Fundo de Investimentos Culturais). O lançamento será hoje,19 de março, na livraria Leparole, às 18h30.

O livro retrata um pouco do universo da autora, um conjunto de crônicas de uma mulher que assume sem pudores fazer parte das estatísticas cujos números apontam a existência de milhares de mulheres com a mesma patologia. A depressão, segundo a autora, é tratada sempre com reservas e no mais absoluto silêncio pela maioria das pessoas É quase um despir-se existencial, um diário que se torna público.

As crônicas de Theresa Hilcar escritas como exercício de exorcizar a dor, tem o mérito de quebrar este silêncio e trazer à superfície questões como preconceito e os estigmas impostos pela sociedade que obriga as pessoas a serem felizes o tempo todo. A tristeza, segundo a autora, é algo incômodo para quem não a compreende. Questionamentos mais profundos a respeito da vida e das suas vicissitudes são explorados na obra. Apesar de tratar da tristeza, o livro não é enfadonho, mas leva o leitor a se deliciar com um texto preciso e ao mesmo tempo reflexivo.

Theresa Hilcar
Os leitores serão quase cúmplices de Theresa Hilcar, conhecendo segredos quase inconfessáveis da jornalista. No prefácio escrito pela professora Maria Adélia Menegazzo ela escreve:”... Há, no entanto, um aspecto nestas crônicas que as torna memoráveis. Theresa Hilcar toca a poesia na medida em que impõe cadência às palavras e que, numa certa medida, obriga-se ao uso de frases curtas, sem excessos, com pouca adjetivação. Desta forma, provoca uma leitura quase que vertical de suas frases, como se fossem versos. Filtra, assim, pela razão, a emoção, o sentimento lírico. A crônica é tanto melhor, quanto mais explore este aspecto, quanto mais revista o cotidiano e suas circunstâncias deste repensar subjetivo e raro” tipifica Menegazzo.

A autora já publicou três livros “O outro lado do peito”, “Tereza toda terça” e “No trem da Vida”. A jornalista é cronista no Jornal Correio do Estado. Thereza Hilcar é membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.
A partir de Midiamax. Leia no original

PSIQUIATRA DIFERENCIA TRISTEZA DA DEPRESSÃO

3/13/2013
Imagem  por Fernanda Alyssa
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2020, a depressão será a segunda no ranking de doenças dispendiosas e fatais, perdendo apenas para as doenças cardíacas.

O médico é autor, em parceria com Isabel Vasconcelos, do livro "Mergulho na Sombra - a Depressão Nas Fases da Vida da Mulher" (Editora Cultrix, ano 2011), que tenta  decifrar a salada de mistérios que torna as mulheres vulneráveis a este mergulho na sombra, à doença chamada depressão. Confira no áudio abaixo, entrevista com o  psiquiatra Kalil Duailibi.

O SUICÍDIO É UMA CARACTERÍSTICA DO HOMEM

3/02/2013
É difícil precisar o primeiro suicídio, mas ele sempre fez parte da história do homem, alguns famosos e conhecidos, mas a maioria absoluta está anônima debaixo de uma sombra tétrica que abriga a incompreensão e o arrependimento. Observado na evolução humana e nos vários modelos de sociedade experimentados, vê-se que o suicídio já foi encarado como saída honrosa para situações difíceis, ato de honra e mesmo de coragem.

Na atualidade com o estilo de vida ora adotado, o suicídio se transformou em um verdadeiro “flagelo”, no Brasil subiu cerca de 17% nos últimos dez anos e embora o país não tenha “cultura” nesse tipo de morte, os índices não param de ascender.

Na contramão dos demais países, aqui o suicídio é praticado tanto por jovens como por pessoas adultas e os motivos são os mais variados, desde amores não correspondidos, ignorância pura e simples, tribulações financeiras, perda de emprego, problemas de saúde, etc.

Na semana passada o suicídio do ator Walmor Chagas deu um toque “dramático” ao tema. Homem inteligente, reconhecido pelos pares como um dos maiores atores do mundo, intelectual e...suicida.

Essas qualidades de Walmor parece que não combinavam com a condição de suicida, tanto que o desconforto na família e da própria mídia foi evidente na abordagem do tema, qualquer um que fosse falar sobre o fato de plano ignorava a “palavra maldita” condicionava a “causa mortis” aos “indefectíveis” laudos.

Walmor aos 82 anos vivenciava complexos problemas de saúde e segundo amigos, esse fato o teria levado a “escolher a hora da morte” como afirmou um deles.

Salvo nas culturas onde o suicídio é tido como ato de honra e coragem, ele é de difícil compreensão, em nosso caso onde de fato o Estado não tem nada de laico, esse viés torna-se impossível.

Sendo o suicídio um ato solitário ou de publicidade do desespero como escreveu Fernando Sabido, será sempre chocante porque contraria o instinto maior da preservação vida.

Se pudéssemos conversar com cada suicida, certamente a maioria iria declarar que gostaria de não tê-lo praticado (muitos entre o ato e a morte externam com desespero esse desejo), embora Nietzsche o reconheça como “admissão da morte no tempo certo e com liberdade”, pensamento coerente para quem achava que “o evangelho morreu na cruz”.

Intelectual ou ignorante, famoso ou anônimo o suicídio está a disposição de todos como se fosse um tipo de “nivelador social”, uns o praticam com o fito de entrar para a história, outros para dar um fim na sua própria.

É específico do homem, nenhum outro animal o utiliza, talvez porque seja ele o único a saber que vai envelhecer e morrer, alguns não suportam isso.
Rogério Antonio Lopes
A partir do Paraná Online. Leia no original

AS LIÇÕES DE UM SUICÍDIO

2/07/2013
Imagem por Mikamatto
“Ainda não desistiu de mim, né?” Essa pergunta me foi feita por um querido ex-aluno no chat do Facebook. Dentre tantos, apenas algumas dezenas travam algum contato “real” comigo, fora de sala de aula, a maioria entre 20 e 30 anos, recém-formados ou quase, inquietos e acossados pelas fantasias de inconformismo que começam a ceder diante da urgência de “ganhar a vida”. É quase uma crônica de desespero abafado, típica de sua geração que se vê às voltas com o teste do valor de verdade de suas juvenis aspirações de “mudar o mundo”. Do alto do meio século que já se aproxima contemplo as minhas próprias e, com crueldade melancólica investigo-me especialmente os fracassos, pessoais e geracionais.

A história de nossas vidas é feita das incongruências entre o que sonhamos, pensamos, dizemos e o que efetivamente fazemos. Desse intrincado nó se revela não apenas nossa psique individual, mas, sobretudo, o espírito da época que forjou-se por determinada geração. Nosso conformismo ou resistência, serenidade ou aspereza, cinismo auto-complacente ou obstinação comporá o enigma a ser decifrado pelos biógrafos e historiadores críticos, atentos especialmente aos motivos pelos quais realizamos ou deixamos de realizar as tarefas que nos cabiam, numa palavra, ao legado de nossa geração.

Minha geração cantou que “seus heróis morreram de overdose”. Emblemática narrativa para desistências niilistas. Mas ouça Aaron Swartz, o prodígio ativista libertário da internet: “Eu sinto fortemente que não é suficiente simplesmente viver no mundo como ele é....eu cresci e através de um lento processo percebi que o discurso de que nada pode ser mudado e que as coisas são naturalmente como são é falso...e mais importante: há coisas que são erradas e devem ser mudadas. Depois que percebi isso, não havia como voltar atrás. Eu não poderia me enganar e dizer: “Ok, agora vou trabalhar para uma empresa”. Depois que percebi que havia problemas fundamentais que eu poderia enfrentar, eu não podia mais esquecer disso.” Sua curta e revolucionária vida e o caráter enfaticamente político de seu suicídio, aos 26 anos, pode vir a ser um anátema para toda a sua geração. Ou um desafio para os menos acomodados. Um espelhamento pedagógico para quase trintões e também para quase cinquentões.

Que coisas erradas devem ser mudadas? Uma sugestão a quem vive na quinta cidade mais desigual do mundo e tem vinte e tantos anos: envergonhe-se, olhe ao redor, avalie seus ideais simbólicos, e comprometa-se politicamente com as causas comuns. A seu modo engaje-se, incomode, surpreenda e não cale diante de injustiças.

Grata, meu jovem amigo. Em plena fúria autoinspecional diante do que considero uma vida quase irrelevante, sua queixa aflita revolve o que em mim ainda é vontade e força. Há inúmeros campos de batalha para os bons combates. Não desisto de vocês, não quero; seria igualmente desistir de mim.
Professora de Filosofia e Ética da Unifor
A partir do jornal O Povo. Leia no original

O SUICÍDIO COMO FORMA DE MANIFESTAÇÃO

2/03/2013
Imagem: por epSos.de
Há dez dias Aaron Swartz se suicidou. Ele tinha 26 anos. Em pouco tempo de vida, suas contribuições para o mundo digital foram significativas: aos 14 anos, foi um dos inventores do RSS, formato que liberta o conteúdo das páginas web. Mais tarde foi co-fundador do agregador de notícias colaborativas Reddit e do grupo ativista DemandProgress. Figura importante na luta pela liberdade da informação na rede, foi uma voz forte no combate às propostas de restrição SOPA e PIPA.

Nas fotos que circularam o mundo ele mostra um sorriso confiante, desafiador, com jeito de roqueiro. Mas a pose escondia uma personalidade atormentada pela depressão, agravada pelo processo judicial que enfrentava. Seu crime? Baixar clandestinamente trabalhos acadêmicos do repositório JSTOR e outras pequenas transgressões, nada muito grave. Como Swartz era um ativista, a lei resolveu pegar pesado com ele e o acusou de criminoso, alegando 13 contravenções diferentes.

Uma grande batalha jurídica é, no mínimo, estressante. Ela consome tempo e recursos que não são devolvidos. Mas não é o fim do mundo, ainda mais depois que casos mais graves como o do aplicativo de troca de músicas NAPSTER, do repositório de conteúdo ilegal The PirateBay e do super hacker Kevin Mitnick já tinham passado. Para Aaron Swartz, no entanto, ela foi o motivo derradeiro para transformar sua vida triste em uma morte exemplar, um manifesto. Em poucas horas, de relativamente desconhecido, popular somente entre alguns círculos técnicos, ele se tornou célebre e chamou a atenção para sua causa, criando constrangimentos ao sistema penal americano e à defesa da propriedade intelectual.

Seu tiro, no entanto, pode sair pela culatra. Há 110 anos o jovem filósofo Otto Weininger se suicidou na casa em que seu ídolo Beethoven tinha morrido. Sua morte dramática transformou seu livro "Sexo e Caráter" em best-seller, influenciando intelectuais como Wittgenstein, Kafka e James Joyce até chegar às mãos da propaganda Nazista. Oportunistas, os nazis perceberam que poderiam usar trechos do texto para difundir com clareza argumentos racistas, anti-semitas e misóginos. Morto, o autor não teve como se defender e entrou para a história como mentor intelectual do genocídio, mesmo que não haja como provar qualquer vínculo.

Há quem considere haver no suicídio uma certa nobreza, um tal "suicide chic". Inspirados por Kurt Cobain, Sid Vicious, Ian Curtis, Yukio Mishima, Hunter Thompson, Virginia Woolf, Hemingway, Maiakóvski, van Gogh ou tantos outros, alguns jovens buscam na morte uma conexão com seus heróis e a popularização de seu discurso. Esquecem de levar em conta que foi a obra, não a morte, que lhes garantiu a notoriedade. E que, vivos, poderiam ter feito muito mais.

Da mesma forma que certos artistas não conseguiram dar conta de suas demandas, expectativas e insegurança e acabaram vítimas de severa depressão ou dependentes de álcool e drogas pesadas, gente comum sofre em uma sociedade de consumo e entretenimento, que exige desempenhos cada vez maiores e cujos valores morais vem se esgarçando. Para os desesperados o suicídio é a solução final, o meme extremo, o viral único, a resistência verdadeiramente original de quem acredita deixar a vida para entrar na história.

Via redes sociais, alguns se despedem enquanto outros viram notícia entre um desabafo, uma foto de pé e um link divertido. Na grande galeria online, os mortos sobrevivem como parte do espetáculo, a um clique de distância de um Gangnam Style ou de um massacre na Síria.

Na vitrine social tudo é meio amortecido, anestesiado. O público se distancia do que vê e filtra como pode, assimilando os fatos de maneira fria e cruel. Mais tarde, em retrospecto, talvez sinta algum remorso. Talvez isso só aconteça se a próxima vítima for alguém realmente conhecido. Por enquanto é apenas parte de um grande espetáculo. O show precisa continuar, mesmo que alguém morra na contramão atrapalhando o Sábado.

Luli Radfahrer
 Professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP há 19 anos. Trabalha com internet desde 1994 e já foi diretor de algumas das maiores agências de publicidade do país. Hoje é consultor em inovação digital, com clientes no Brasil, EUA, Europa e Oriente Médio. Autor do livro "Enciclopédia da Nuvem", em que analisa 550 ferramentas e serviços digitais para empresas. Mantém o blog www.luli.com.br, em que discute e analisa as principais tendências da tecnologia. A partir da Folha de S.Paulo. Leia no original.

O QUE FUNCIONA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO ?

1/13/2013
Há algum tempo, a depressão foi considerada o mal do século. Infelizmente este título lhe faz jus, tendo-se em vista os enormes prejuízos sociais e laborais que este transtorno é capaz de gerar.

Estatísticas recentes da Organização Mundial da Saúde apontam que entre 10 e 20 por cento da população já teve ou terá um transtorno depressivo ao longo de sua vida. Resumidamente, os principais sintomas que a depressão apresenta são perda do interesse ou prazer, humor deprimido, mudanças de peso sem serem programadas por dietas ou outras intervenções, insônia ou sono excessivo e fadiga. Pode ocorrer também irritabilidade com agitação, sentimentos de culpa excessivos e dificuldade de concentração, além de pensamentos relacionados com a morte. Estes sintomas precisam estar presentes por, pelo menos, duas semanas, durante todos os dias ou por boa parte dos dias. Portanto, é plenamente compreensível que este seja um transtorno preocupante e incapacitante para as pessoas.

De forma diferente de outras condições médicas, a depressão é um quadro complexo que exige dos psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da saúde uma atenção para o diagnóstico e o tratamento. Isso se deve ao fato de que os transtornos mentais são causados, em parte, por fatores biológicos, como a genética, e em parte por fatores comportamentais, como por exemplo a criação, relacionamento com as pessoas significativas e o estresse ambiental. Essa combinação complexa de fatores é única para cada paciente, e precisa ser levada em conta no diagnóstico e no tratamento. Sem atacar estas duas pontas, o problema permanecerá existindo com intensidade.

Não existe atualmente uma fórmula única e infalível para o tratamento da depressão. Embora a indústria farmacêutica avance a cada dia, oferecendo novas estratégias mais eficientes no combate aos sintomas depressivos, dificilmente uma medicação sozinha terá a palavra final no tratamento deste transtorno. Em pesquisa recente publicada pela PLOS ONE, onde Arif Khan, da Northwest Clinical Research Center de Washington, fez um levantamento com 13.802 pacientes que participaram de estudos sobre a depressão entre os anos de 1979 e 2001, foi identificado que o melhor tratamento contra os sintomas depressivos é uma combinação entre psicoterapia e a administração de medicamentos. Esse resultado foi melhor em comparação com a administração isolada de medicamentos e melhor também do que a psicoterapia somente. Assim, há sólidas evidências que é a combinação entre psicoterapia e medicamento o que faz a diferença no tratamento dos quadros depressivos.

Resta por fim lamentar que os convênios não sejam suficientemente sensíveis a estes dados de pesquisas. Focados ainda nos tratamentos médico-biológicos tradicionais, são raros os que aceitam cadastramento de psicólogos para tratamento psicoterápico. Muito se melhoraria a qualidade de vida dos pacientes e a velocidade de resposta terapêutica, com menos dias de hospitalização e outros efeitos danosos, se estes dados fossem considerados. Talvez somente por força de lei, que já vem fazendo bons progressos nos últimos anos, e com muita, mas muita reclamação dos conveniados, que esta barreira seja finalmente derrubada.
Vinícius R. Thomé Ferreira
Psicólogo, doutor em Psicologia e professor da Imed

TODO DIA É DIA DE SER FELIZ

11/16/2012

A felicidade está nas coisas simples da vida.

Mas, para poder perceber as coisas simples, aquelas que podem fazê-lo feliz, você precisa estar aberto para a felicidade. Mais ainda, você precisa dar-se permissão para ser feliz."

Todo dia é dia de ser feliz. E tudo é apenas uma questão de atitude que você tem perante a vida.

Levante-se pela manhã, olhe-se no espelho e diga a si mesmo, em voz alta e com convicção: "Apenas pelo dia de hoje, eu escolho ser feliz".

Isso será o começo de uma transformação positiva que vai tomar conta de sua vida. Que vai torná-lo mais aberto à felicidade.

Roberto Shinyashiki
Psiquiatra, escritor e palestrante
A partir do livro "Todo dia é dia de ser feliz"

TRISTEZA, DEPRESSÃO E SEXO

11/14/2012
Depressão é uma palavra muito utilizada e abusada, sendo demasiadas vezes usada de forma pouco cuidada. Assim, torna-se difícil sabermos se alguém à nossa volta (ou até mesmo nós) está com uma depressão, ou se está apenas triste. Estar triste não é o mesmo que estar deprimido, pois a tristeza constitui a resposta normal e temporária às desilusões, às perdas e às crises em geral. Por sua vez, a depressão é um sentimento patológico de tristeza com critérios de diagnósticos precisos e definidos.

Um dos principais sintomas da depressão é a falta de interesse em diversos aspetos da vida, podendo incluir o sexo, o desinteresse pela sua saúde, pela aparência e pela conjugalidade, resultando numa perda de intimidade.

A depressão pode ser uma batalha difícil de vencer, mas com o tratamento e os cuidados adequados, é possível sair da mesma fortalecido(a) e em direção à felicidade. Contribui para a evolução do caso, as saídas com familiares e amigos, estar atento às datas das sessões de psicoterapia, bem como exercício físico e muito diálogo. Também o sexo pode ser bastante importante na recuperação de uma depressão, graças às endorfinas que inundam o cérebro durante um orgasmo.

Contudo, pela confusão que podem gerar, merece ser lançado um alerta sobre os, tão frequentes, casamentos por hábito e não por amor. O perigo é que a realidade de ser apenas mãe, e não ser mulher, não realiza ninguém. Tome-se como exemplo as depressões, a porção de ansiolíticos e antidepressivos que estas mulheres ingerem, as neuroses que desencadeiam e as doenças físicas que as afligem. E, claro, o peso e o desconforto que esta dependência afectiva vai exercer sobre os filhos.

Mas a (triste) realidade é que pela carga social, as pessoas prolongam relações que já não fazem sentido em termos pessoais, mas que o fazem em termos sociais e até financeiros, aumentando a sua tristeza e a dos outros.

Assim, se por um lado a tristeza, ou em situações mais graves a depressão, pode "derrotar" o sexo, também por outro lado, o sexo contribui para "derrotar" a tristeza ou a depressão. Depende (e muito) das bases que sustentam a relação conjugal.

A partir da Revista Festa. Leia no original

A DEPRESSÃO TEM DENTES E SORRI

11/01/2012
“Tristeza por favor vá embora, minha alma que chora.....”

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Quando se fala em depressão a imagem é de alguma coisa cinzenta, opaca e completamente fechada. No entanto, a depressão é uma doença com várias características e sintomas. Podemos até dizer que quando a tristeza passa do limite possível para um ser humano, se transforma em depressão, e esse limite não é medido, uma vez que varia de pessoa para pessoa.

Cada ser humano tem uma história e suporte para lidar com tristezas, frustrações, mágoas e perdas. Cada ser humano tem uma reserva de força ao longo da vida, e ao esgotá-la, se renova ou se extingue, dependendo dos fatores que a envolvem. O interessante de observar é que pessoas que sorriem ou riem, sempre passam uma idéia que estão bem.

Pessoas piadistas, que gostam de fazer humor também transmitem socialmente a felicidade. No entanto, pode-se dizer que muitas vezes a depressão também se instala na vida dessas pessoas, pois como se sabe tem múltiplas facetas.

Confundir conceitos é muito comum em nossa sociedade, até pela própria riqueza de nosso vocabulário.

O português é composto de quase 500 mil palavras e em média 5 palavras para a mesma coisa. Como é de se esperar, feliz se confunde com alegre, que se confunde com satisfeito, que se confunde com agradável, que se confunde com confortável ,que se confunde com pleno e saciado. Nem sempre a ordem é essa. Nem sempre a sequência é assim, sendo interrompida em alguma fase desse conjunto de palavras.

Portanto, há depressivos que sorriem, riem e mesmo com depressão em algum grau conseguem “mostrar os dentes”, contrariando a imagem estipulada no imaginário coletivo. Para uma avaliação precisa é necessário se despir de preconceitos, que são conceitos estabelecidos para o diagnóstico eficaz. Fato é que a depressão não escolhe rosto, endereço ou sexo, podendo se instalar como mar revolto em dias de tempestade ofuscando o sol, tornando a vida da pessoa uma noite permanente. Mas que frente ao tratamento adequado a luz do final do túnel se aproxima clareando o caminho a ser percorrido e repondo o estoque findado de forças para continuar a trajetória a ser percorrida, que se chama vida!

Mariângela Salomão
A partir de Paraná Online. Leia no original

QUEM TEM FÉ PODE DESENVOLVER DEPRESSÃO ?

9/27/2012

A depressão é uma doença séria que, especialmente nas últimas décadas, tem atingido pessoas de todas as idades, classes sociais, religiões, sendo considerada um mal do século 21. Ela pode levar o indivíduo a um estado de agonia e melancolia profundas e até ao suicídio. Do ponto de vista médico, a depressão, ou transtorno depressivo maior, é um problema que tem diversas causas e que se apresenta com uma grande variedade de sintomas. Os mais comuns são humor rebaixado, acompanhado de tristeza, angústia e sensação de vazio, e redução da capacidade de sentir satisfação/prazer.

Existem vários tipos de depressão; as mais conhecidas são a depressão maior, a crônica (ou distimia), a atípica, a pós-parto, a sazonal (durante estações do ano), a menstrual e a senil.

A depressão é um problema endógeno (bioquímico e emocional) que altera a forma como a pessoa enxerga a si própria e os outros, interpreta a realidade e manifesta suas emoções. Essa disposição mental normalmente afeta todo o metabolismo da pessoa, podendo diminuir sua imunidade e aumentar a chance de ela desenvolver doenças como infarto, derrame e diabetes, por exemplo.

Trata-se de uma doença de fundo psicobioemocional, que afeta a autoestima e a autoimagem da pessoa, a fisiologia do corpo e da mente dela, comprometendo seu raciocínio, sua memória e concentração. Assim, alguém em estado depressivo normalmente não tem vontade de fazer nada e pode ver-se dominado por desânimo, apatia, desesperança, sentimentos de perda e fracasso, falta de energia ou impaciência para realizar até as tarefas mais simples, como tomar banho, ver televisão ou comunicar-se com alguém. E, se não houver um tratamento adequado, o quadro depressivo poderá perdurar por semanas, meses e até anos, prejudicando a saúde e os relacionamentos da pessoa e gerando consequências irreversíveis.

Às vezes, essa doença demora a ser diagnosticada e tratada devido à dificuldade de sua identi¬ficação, tendo em vista os diversos sintomas e o preconceito com que o problema é encarado tanto na sociedade como na igreja.

Um dos principais motivos de as pessoas deprimidas terem receio de procurar algum tipo de ajuda é o fato de temerem ser estigmatizadas pela família, pelos amigos ou colegas de trabalho que, por falta de informação, costumam confundir depressão com frescura, preguiça, desmotivação e incapacidade de lutar pela vida, ou problemas espirituais.

A pessoa deprimida fica triste e apática, e pode deixar de orar, de ler a Bíblia, de ir à igreja, e até ser levada a pensar que Deus a abandonou. Então, no meio eclesiástico, ela pode ser rotulada como “espiritualmente fraca” por aqueles que não compreendem as causas e a gravidade da depressão e costumam espiritualizar tudo, considerando todas as doenças psicoemocionais como obra satânica.

Mas a verdade é que a depressão pode atingir qualquer um. Sendo o homem é uma unidade psicossomática, tem um corpo, uma alma e um espírito, que estão intrinsecamente interligados. Por isso, doenças emocionais e espirituais podem acarretar enfermidades físicas, e vice-versa.

Existem inúmeras doenças psicossomáticas causadas por culpa devido a pecados não confessados (Salmo 32). No entanto, nem toda enfermidade mental ou emocional é causada por culpa ou por espíritos malignos. É preciso investigar cada caso, para averiguar a causa do problema e buscar o tratamento mais adequado.

Toda pessoa com bom senso sabe que regularmente deve consultar médicos, fazer exames e check-ups de saúde, e buscar aconselhamento com um neurologista, psiquiatra, psicólogo, se perceber que necessita de um tratamento terapêutico e medicamentoso.

Não há nada de vergonhoso nisso; ao contrário, quanto antes ela identificar o problema e buscar uma solução, mais rápido será a saída do túnel escuro da depressão.

Jesus, de modo indireto, validou o trabalho dos médicos quando disse, em Mateus 9.12, que os sãos não necessitavam de médico, e sim os doentes. Se você se encontra oprimido pela depressão, procure ajuda de um médico imediatamente e ore a Deus, pedindo-lhe que oriente seu tratamento e o abençoe com a cura.

Isso não significa que Deus não possa intervir e curar integralmente a pessoa depressiva. É claro que Ele pode e tem poder para isso! Contudo, também pode usar a medicina, os médicos e os medicamentos, como instrumentos de cura para as pessoas depressivas.

Em suma, sempre é bom combinar o tratamento espiritual, com o emocional e o físico. Isso é indispensável à nossa saúde integral!

A partir do site Verdade Gospel . Leia no original

SUGESTÕES DE LEITURA:
1 Reis 18—19; Salmos 38; 116; Eclesiastes 9.2; Tiago 5.17

O SUICÍDIO EM PORTUGAL

9/20/2012
De acordo com a Direção Geral de Saúde (Setembro, 2012), estima-se um aumento do risco de suicídio em Portugal nos próximos anos.

Sabe-se atualmente que a crise econômica que o país atravessa é responsável por quadros depressivos que se notam já na população portuguesa, constituindo um “importante risco” de comportamentos autodestrutivos.

Os comportamentos autodestrutivos, de que o suicídio é a forma mais grave, são uma das principais consequências do flagelo do desemprego.

É importante referir que o fenómeno do desemprego não somente impede a pessoa de trabalhar e de ter um rendimento aceitável, como também destrói famílias e aumenta o alcoolismo, que é um fator que está muitas vezes associado aos comportamentos suicidários.

Em relação ao próprio, e de acordo com dados resultantes da experiência clinica levada a cabo nos últimos anos, ocorre de igual forma uma redução significativa da autoestima da pessoa, constatando que a mesma se vê muitas vezes obrigada a atravessar uma caminhada difícil, penosa e tantas vezes sem luz de esperança ao fundo do túnel.

Confrontada com tudo isso, a pessoa começa a achar-se incapaz, que não vale e não serve para nada, considerando-se um peso para os outros, sobretudo quando se vê obrigada a fazer uma espécie de “marcha atrás” na sua vida.

Tudo isto são fatores que podem levar a comportamentos autodestrutivos e para os quais, enquanto cidadãos, familiares e técnicos de saúde se deve estar atento.

Enquanto psicopedagoga, investigadora na área da saúde mental e cidadã atenta a este fenómeno, considero crucial o desenvolvimento de abordagens e competências que permitam o aprofundamento de perícias a nível do tratamento, diagnóstico e avaliação da depressão vs. risco de suicídio nos cuidados de saúde primários.

A partir do site Setúbal na Rede . Leia no original

DEPRESSÃO: A LIÇÃO DE CHICO ANYSIO

8/14/2012
A última entrevista de Chico Anysio, falecido em março, foi feita em sua casa e não foi para nenhum jornal, rádio ou TV. Com cerca de 40 minutos de duração, foi concedida ao psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Chico havia sido convidado para ser padrinho da campanha "A sociedade contra o preconceito", da ABP, lançada no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ano passado. Devido ao seu estado de saúde e com medo de não comparecer ao evento, fez questão de deixar algumas palavras aos médicos na abertura do congresso, onde seu depoimento foi exibido.

Como sua fala é de grande valia, divido com os leitores algumas de suas últimas palavras. Paciente orgulhoso do psiquiatra Marcos Gebara por quase 25 anos, fez questão de explicitar a importância do tratamento psiquiátrico na sua vida. "Sem os remédios da psiquiatria, eu não teria feito 20% do que fiz."

O grande Chico Anysio, que divertiu a vida de gerações de brasileiros, sofreu de depressão por anos a fio.

"Depressão é um quadro que só se controla com remédio. O antidepressivo acertou a minha vida. A psiquiatria é fundamental como o ar que eu respiro." A depressão era "um demônio, um gás letal, ela entra e a pessoa não sente que está deprimida. Os outros é que descobrem".

Chico definiu como "criminoso" o preconceito contra as doenças mentais, traduzido pela palavra psicofobia. "Achar que ir ao psiquiatra ainda é coisa de maluco é retrato do preconceito. Depressão é uma coisa, maluquice é outra", comparou.

Chico se revoltou com o descaso com que governos e autoridades lidam com os transtornos mentais e o fornecimento de medicamentos.

"Se é possível ajudar e curar pessoas e isso não é feito, é crime. O governo tem esse dever. Não é favor colocar os remédios psiquiátricos ao alcance dos pobres, é obrigação. É dever do governo. Remédios psiquiátricos precisam ser gratuitos para quem precisa, assim como já acontece com os soropositivos", propôs.

Ele afirmava que seu grande mal não era a depressão, mas o cigarro. "Meu pulmão foi meu grande adversário. O grande criminoso da minha vida foi o cigarro. Eu venci a depressão porque pude pagar remédios e psiquiatra. A depressão é vencível, é controlável. É só ir ao psiquiatra e tomar os remédios. O cigarro não."

Ele era categórico em afirmar que seu único arrependimento em quase 80 anos de vida era o vício no cigarro. "Sou do tempo em que fumar era coisa de macho. Cary Grant fumava, Humphrey Bogart fumava... Conseguir que uma pessoa pare de fumar significa que ela volte a viver", afirmou emocionado.

Ele foi capaz de um feito raro: parar de fumar sozinho. Mas, infelizmente, já era tarde demais. Os danos ao pulmão e coração eram de tal ordem que muito pouco poderia ser revertido. Antes de falecer, Chico andava com a ideia de criar uma fundação com seu nome para apoiar os estudos de combate ao tabagismo. Infelizmente, não teve tempo.

Ele tinha a dimensão do poder que suas palavras poderiam ter para as vítimas de depressão e tabagismo.

"O humor só existe em países com problemas. Não existe humorista sueco ou finlandês. Do problema nasce o humor. Como humorista, não tenho nenhum poder de consertar uma coisa, mas tenho o dever de denunciá-la. É o que estou fazendo aqui: denunciando a falta de socorro aos doentes mentais no Brasil".

Que o seu contundente relato alcance aqueles que ainda fumam ou questionam os danos que os transtornos mentais não tratados podem causar na vida de quem os sofre, seus familiares e amigos. Se Chico conseguiu diminuir a tristeza de milhões de brasileiros com o sorriso, que ele possa agora diminuir o preconceito contra as doenças psiquiátricas por meio de suas palavras.

Mestre em psiquiatria pela Unifesp, é medica e sobrinha de Chico Anysio

SUICÍDIO: OS ERROS NA ABORDAGEM E PREVENÇÃO

7/24/2012
São muitos e generalizados os erros que se cometem na intervenção junto às pessoas que estão considerando mais seriamente dar um fim à sua própria vida. Sua origem repousa sempre na incapacidade de, efetivamente, penetrar mais profundamente os processos mentais (e sociais *) que levaram àquela situação. Antes de mais nada, a iminência do suicídio obriga a que revejamos todos os códigos baseados no sucesso ou alegria individuais e, principalmente, não os tentemos aplicar ao suicida em potencial. Tentar trazer um pré-suicida para um código mesquinho de valores pode até agravar o risco e apressar a decisão. Ele, certamente, já o terá tentado infinitas vezes, sempre de maneira infrutífera. Esforçar-se para, sob diversas maneiras, convencê-los de que a vida é boa e que a felicidade até existe, só agrava sua sensação de isolamento. Há que abrir algum caminho novo e segundo novos princípios.

"Coração de tísico.../Ó meu coração lírico!/Tua felicidade não pode ser como a dos demais /Terás que construir você mesmo a tua própria/Uma felicidade única/Que seja como o vestido em farrapos de uma menina pobre/---Feito por ela mesma."

("Bonheur Lyrique", tradução livre do original em francês, de M. Bandeira). O que têm em comum o tuberculoso e o pré-suicida? Todos vivem permanentemente em "tête-à-tete" "com uma senhora magra, séria,/Da maior distinção." ("Adeus Amor", M. Bandeira).

Que as taxas de suicídio se elevem, nos países do HNorte, no início da primavera, deveria ser suficiente para que nos convencêssemos de que os nossos códigos de expectativa de prazer e expressão vital invertem-se quando da aproximação da decisão de alguns por dar fim à própria vida. Para muitos desses, deve-se pensar que a espera da primavera é como uma espécie de última oportunidade (ou "Última Primavera", canção de E. Grieg, mas válido também para a "Derradeira Primavera" de Tom Jobim): "se, mais uma vez, tudo falhar; as pessoas à minha volta estiverem mais alegres, cheias de vitalidade e com o egoísmo típico e se eu não conseguir disso participar, o que me resta é morrer".

Alguns entenderão esse processo como uma prova do egoísmo dos suicidas e de sua necessidade de destruir a alegria dos demais. Outros, apoiados nessa maneira de ver, desenvolverão para com eles uma hostilidade, como um famoso cineasta em artigo de jornal há alguns anos. Condenam o suicida, como se aquele ato fosse "somente para atrapalhar". Os que assim pensam expressam apenas a sua própria mesquinhez. São os mesmos que nunca conseguiram "descer" de seus próprios códigos para tentar entender/acolher os que sofrem de algo para além de sua própria capacidade de compreensão. Melhor seria que simplesmente se calassem e deixassem o tema para outros.

Quando ouço jovens dizendo de si mesmos "Sou uma pessoa triste!", replico sempre "Não! V. é, em princípio, uma pessoa mais profunda!". Aquela sentença é suficiente para a conclusão. Muitos deles são apenas incapazes de participar do "coro dos contentes". Exiladas em meio a um mundo que as bombardeia com a comunicação: "V. tem que ser feliz! Se não for, aprenda a representar para v. mesma! Se não conseguir, finja diretamente! E se tudo isso der errado, desapareça!", essas pessoas começam até a afetar aquilo que pensam ser sua própria tristeza, enquanto outros afetam uma alegria patética, o que pode ser um indício de agravamento. Tudo pelo esforço de encontrar semelhantes e formar uma comunidade. Muitos ficarão completamente sozinhos, mais por suas virtudes do que por seus defeitos.

"O poeta é como o príncipe das alturas/Que busca a tempestade e ri da flecha no ar/Exilado em meio à corja impura/Suas asas de gigante impedem-no de andar" (O Albatroz, C. Baudelaire)

Do ponto de vista social, o quanto essa apologia da alegria é perigosa, atesta-o o paralelismo verificado em vários países desenvolvidos, entre altas taxas de suicídio, por um lado, e alta percepção de "felicidade" numa mesma sociedade. Na Dinamarca, por exemplo, há uma alta percepção das pessoas quanto a serem "felizes", mas também muito altas taxas de suicídio. Enquanto em Portugal observa-se exatamente o oposto. Em vez de discutir "percepção de felicidade", talvez precisemos começar a discutir a abertura das sociedades para acolher a dor e ouvir os dramas mais profundos de seus membros. Essa discussão um tanto tola quanto à felicidade, como se ela estivesse somente na nossa dependência, talvez esteja apenas aprofundando o abismo entre as pessoas e inibindo sua comunicação.

O estudo do suicídio revela tantos aparentes PARADOXOS! Um outro foi assinalado por Primo Levi, judeu sobrevivente de Auchwitz: por lá, os suicídios eram muito raros ou simplesmente não aconteciam. Ele mesmo, veio a se suicidar já depois do 80 anos e, até hoje, muitos consideram isso um absurdo. TODO PARADOXO É APARENTE. Revela apenas a estreiteza de nossas mentes e valores. Tudo isso para dizer: se v. quer abordar o problema do suicídio e do encontro de um sentido para vida, tem que estar preparado para buscar um novo código de valores, baseado na importância social da sua própria vida.

Por fim, tudo que a grande mídia e as grandes corporações visam é induzir nas pessoas uma alegria vazia**. Assim, elas se tornarão mais facilmente manipuláveis. Em relação à nossa cultura, sofrem de uma total incompreensão quando nos julgam padrão para o tipo de alegria que buscam. O grande perigo que os cariocas correm, hoje em dia, é o de tentar se tornar a caricatura que os estrangeiros estão dizendo que eles são. O ritmo que é considerado nossa marca, por exemplo, está muito longe da alegria vazia. Por isso, talvez não sirva para divulgação em grande mídia. A marcação no surdo é por demais profunda para os "ouvidos alegrinhos". Por isso abandonaram também os "Negro Spirituals" em função dos muito "alegres"e um tanto vazios "Gospell". Há uma perspectiva trágica na simples existência humana e ela não é acessível a todos. Alguns podem até estar no mundo como "Veranistas" (A.Tchecóv). Há alguma grandeza em não aceitar esse caminho...Mas nem todos conseguem abrir outros. A eles minha simpatia.
Márcio Amaral
Para Flávio, Im memoriam
A partir da Revista IPUB. Leia no original

* O suicídio é o fenômeno demográfico mais previsível entre todos. Por isso, está longe de ser uma mera decisão individual. Antes de começar um ano, pode-se prever, com margem de erro mínima, o número de suecos, alemães, húngaros, japoneses, etc. que cometerão o sucídio. Temos fracassado demais nessa prevenção e isso repousa na incapacidade das sociedades de rever valores de maneira mais profunda. A intervenção técnica se dá apenas quando o conflito está configurado ou quando houve uma tentativa.

** Não faz muito tempo, a Globo tentou "emplacar" nas transmissões esportiva um boneco que sintetizava tudo isso: um certo "João Sorrisão". Chegamos a ver alguns jogadores tentando imitá-lo. Não viveu para contar muitas histórias. Há algo de indomável em nosso povo. Já no Faustão, a musiquinha é: "Sorria/Tire a tristeza dessa cara/...O bom da vida é ser feliz....".

YOGA 'TRABALHA A MENTE' CONTRA DEPRESSÃO

7/08/2012

A depressão é um estado que tem como característica principal nos sentirmos mal. Nestes momentos, nossa energia está em estado vibracional muito baixo. Estamos envoltos por uma energia que não é visível para maioria das pessoas, mas que vibra constantemente dentro de nós e ao nosso redor. A depressão é uma experiência energética que se apossou de sua vida, mas felizmente não de sua identidade, porque é possível que você a modifique, fazendo, evidentemente, um esforço. Os (seus) pensamentos negativos subconscientes e conscientes alimentam a energia negativa. A maioria das pessoas com depressão tem uma tendência a pensamentos negativos, mesmo que seja livre para escolher os seus pensamentos. Mesmo quando experimentamos uma desagradável energia negativa, sempre é possível pensar positivamente. É necessário afirmar: “não necessito desse pensamento em minha vida”.

Muitas pessoas chegam a este mundo desejando ir embora e quando adultos não têm certeza se desejam ou não permanecer aqui. Têm a percepção de que o mundo não é um lugar seguro e que não há amor suficiente para eles. A depressão transforma-se em uma amiga que está sempre à disposição quando delas necessitam. Se você estiver deprimido há muito tempo, o corpo começa a crer que estar vivo é sentir-se dessa maneira. No entanto, é possível reeducar a nossa mente para que essa opere em uma frequência mais elevada de energia, de modo que se redescubra a luz.

Considera-se a possibilidade que a origem de muitas de suas depressões esteja relacionada com o seu nascimento. Se a sua mãe estava ansiosa, deprimida ou preocupada durante a gestação, possivelmente você recebeu muito desta carga de energia negativa. Muitos carregam essa energia tentando processá-la. Se você teve uma gestação ou um parto complicado é possível que uma parcela disso tenha ficado impresso em sua psique. Nós temos centros de armazenamento de energia e de padrões energéticos em nosso corpo chamados de Chakras, em sânscrito. Podemos armazenar padrões de eventos que ocorreram ontem ou há muitos anos atrás. Alguns desses padrões são memórias felizes, outros desagradáveis. Muitas vezes enterramos esses padrões de memória desagradáveis na profundidade dos Chakras que estão em nossas auras (campo luminoso de energia que envolve nossos corpos), e tratamos de esquecê-los, mas na realidade eles nunca desaparecem e, cedo ou tarde, aparece uma doença, que nada mais é do que o desequilíbrio da energia. A cura reside em equilibrar a nossa energia. Então, a doença é um problema diretamente do indivíduo, não um problema do médico; é de sua responsabilidade, você tem tudo a ver com ela. A medicina não pode ser a arte de “passar a bola para o médico”, só porque esse está sendo pago.

Ao longo de nossas vidas experimentamos variadas formas de energia negativa, como o medo, raiva, culpa, incertezas, criticismos e muitas outras. Porém, depende exclusivamente de nós não nos identificarmos com esses padrões e dirigir a nossa energia para a paz e para a felicidade. Existem muitas maneiras de equilibrar a energia. Uma delas é intencionar ser o mais amoroso possível. A energia amorosa dissolverá aquelas partes de si mesmo que estiverem desequilibradas. Outra forma é reconhecer o problema que afeta você e deixar de tentar controlá-lo. A chave é desprender-se da ideia de como as coisas deveriam ser; e permitir que um poder mais elevado se manifeste e se encarregue do curso das coisas. Todo este processo pode ser acelerado se você contar com um bom terapeuta Reikiano ou um bom massoterapeuta para trabalhar com você em um nível mais profundo.

A depressão afeta o estado de ânimo. Produz raiva e frustração, outros sintomas podem ser o aumento ou diminuição do apetite, desordens do sono, baixa autoestima, fadiga, irritabilidade, agitação, sentimentos relacionados com o suicídio e dificuldade de concentração. Para a pessoa que está passando por um período de melancolia associado a perda de algum ente querido ou com o término de uma relação afetiva, ou perda de trabalho, ficar deitado não é benéfico, a não ser que seja à noite para dormir. A pessoa deprimida passa horas ‘dando voltas’ em sua mente com os problemas que a afetam. Dirigir a mente ao corpo é uma ótima forma de começar a trabalhar a depressão. O problema é que a depressão pode tornar-se um círculo vicioso. Quando alguém está deprimido necessita mover o corpo, mas muitas vezes é impossível encontrar energia para fazê-lo. Como sou fanático pelo Yoga, para mim o melhor antídoto para a depressão é a prática da “Saudação ao Sol”, uma série dinâmica de posturas que estão no coração de qualquer prática de Yoga. Não é necessário praticar outras posturas, especialmente se não houver tempo para isso. A prática da “Saudação ao Sol” é eficiente pois trabalha tanto o corpo quanto a mente e geralmente ela é a chave para abrir emoções bloqueadas. Para estimular a prática, podemos utilizar um truque, que é apoiar os antebraços sobre o assento de uma cadeira e apoiar a cabeça sobre as mãos. Isso aumentará o fluxo de sangue para a cabeça e é o incentivo que precisamos para iniciar a prática da saudação.

Recomendo começar com seis ciclos de saudações e aumentar gradativamente o número de repetições. Ao terminar, descanse na postura da criança (Balasana) por alguns minutos.
Gustavo Ponce
Criador do método
Sattva Yoga, estuda e utiliza Yogaterapia
A partir do site Yoga pela Paz. Leia no original

TERAPIA USA 'LIMPEZA' PARA TRATAR DEPRESSÃO

7/06/2012
Símbolo usado na Apometria, a Merkaba
 é considerado um veículo pessoal de luz que
 afeta corpo e espírito
Depressão, ansiedade, irritabilidade, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo, esquizofrenia, insônia, fibromialgia, dores de cabeça ou outras persistentes sem origem: estes são alguns dos distúrbios que estão na mira da apometria, técnica desenvolvida, nos anos 1970, pelo médico gaúcho José Lacerda de Azevedo, e que vem ganhando adeptos simpatizantes de terapias alternativas.

Partindo do princípio de que tais males são oriundos da chamada ‘obsessão espiritual’, o método busca trabalhar os campos espiritual, mental, emocional e psíquico do paciente para que venha à tona a origem do problema.

“Desde 1998, a Organização Mundial de Saúde reconhece a obsessão espiritual, que consta no Código Internacional de Doenças no item F 44.3, embora a maioria dos profissionais de saúde desconheça o fato”, ressalta Dárcio Cavallini, terapeuta holístico com cursos de especialização em Filosofia, Metafísica da Saúde, Reiki, Apometria e Radiestesia.

O trabalho, realizado nos diversos níveis de consciência do indivíduo, tem como objetivo promover a cura de doenças e o bem-estar geral. Durante a sessão, os profissionais direcionam as energias por meio de impulsos magnéticos, usando o poder da vontade sob o controle da mente. “

As pessoas chegam à sua casa, olham para um vaso e, no dia seguinte, as flores estão mortas. Se isso acontece com as plantas, imagine o que pode ocorrer com você. Precisamos ir além do corpo físico, pois já está provado que o remédio é apenas um caminho para debelar distúrbios. Então, vamos atrás da causa, e não dos sintomas, possibilitando a cura e não uma simples melhora temporária”, diz o terapeuta.

Origem: desequilíbrio de energia

Segundo a apometria, qualquer doença ou problema psicológico que se manifesta no campo físico é consequência de um desequilíbrio do corpo energético. E tudo começa com a influência, junto do indivíduo, de um ou mais espíritos obsessores, que podem ser desencarnados ou encarnados – ou seja, a interferência viria tanto de pessoas que já morreram como das que estão vivas.

“Ao longo de décadas de atendimento, vi que males como depressão, transtorno bipolar, síndrome do pânico e outros de natureza psíquica são processos obsessivos espirituais. Por essa razão, é difícil para a medicina contemporânea alcançar a cura. São moléstias que atingem a alma, e não o corpo físico, pois a parte afetada é o pensamento”, explica Cavallini.

Os espíritos obsessores se aproximam para absorver o magnetismo do outro. “Sabe aquele amigo que gosta de abraçar você? Ele procura isso porque, no contato físico, capta sua energia e sente bem-estar. É provável que não proceda assim conscientemente ou por mal, porém acaba lhe prejudicando”, conta ele.

Conhecida como “a medicina da alma”, a apometria apresenta possibilidades de cura nos casos de depressão, por exemplo, em poucas sessões: “Em geral, três atendimentos são suficientes para o paciente receber alta, o que acontece num período de aproximadamente 45 dias”.

Para você entender como a prática funciona: a pessoa entra em uma sala, onde já estão três ou quatro profissionais. Diz o nome completo e a data de nascimento e, depois, é orientada a sentar em uma cadeira, fechar os olhos e relaxar o mais que puder.

Os terapeutas captam as “subpersonalidades” do paciente, quer dizer, seus níveis mentais, além das energias, vindas de espíritos encarnados ou desencarnados, que estão provocando desequilíbrio e desarmonia. A partir daí, fazem uma limpeza do campo magnético, afastando tais espíritos. Todo o procedimento dura em média 30 minutos. “Não é invasivo e não se recomenda uso de medicação e tampouco ingestão de qualquer substância; apenas concentração, meditação, orações e outras atividades mentais” – diz o terapeuta.

Cada caso é um caso

Figuras de uma mesa quantiônica, usada pelo
 terapeuta para identificar a origem do problema
Para receber a apometria em um dos locais que difunde o método, como o Instituto Biosegredo, em São Paulo, é necessário passar por consulta com um terapeuta. Em uma mesa quantiônica – equipada com aparelho radiônico de pesquisa –, ele identifica a origem do problema e as melhores condutas para o caso.

Também é usado o Merkaba, união de três palavras egípcias Mer (luz), Ka (espírito) e Ba (corpo).  Ele é considerado o veículo de luz do ser humano, capaz de transportar o espírito (em estágios mais avançados até o corpo físico) para outras dimensões. Essa estrela tetraédrica de oito pontas é um veículo pessoal de luz, onde os dois triângulos separaram-se com o ponto de cada um juntando-se no terceiro olho para criar um diamante: Merkaba é um campo de luz que gira ao contrário e que afeta o espírito e o corpo simultaneamente.

Depois de receber alta, é indicado que o paciente invista no autoconhecimento e, por essa razão, os profissionais sugerem cursos de reprogramação mental e emocional e práticas de harmonização espiritual. “Não há contraindicação e o tratamento é individual e personalizado”, explica Dárcio Cavallini.

Acreditando que a doença existe antes mesmo de ser descoberta, ele adverte que, na ocorrência de distúrbios psicológicos, é muito comum as pessoas irem “empurrando com a barriga”: “Da mesma maneira que as chances de cura são maiores quando se detecta um câncer no começo, é muito mais fácil e rápido encontrar a solução para problemas de ordem energética e espiritual se o diagnóstico for realizado precocemente.” Ele garante que “raros são os casos em que um indivíduo necessita passar por outro tratamento” após o emprego da apometria.

TPM e tristeza

Além dos males já citados, o método é usado contra tensão pré-menstrual (TPM) acentuada e regular, perda de desejo sexual, pensamentos negativos e culpas injustificáveis, quadros de tristeza crônica e sono demasiado. “Chorar à toa e dormir demais, por exemplo, são sintomas que indicam forte possibilidade de existir um processo obsessivo espiritual.” Em doenças como o câncer, a técnica também pode dar bons resultados.

“Acreditamos que se trata de um mal de ordem emocional, somatizado no corpo físico. Logo, é possível ajudar muito no tratamento feito pela medicina tradicional – que obviamente não pode ser abandonado –, principalmente se na sequência a pessoa se dedicar a reprogramação mental e emocional. Há casos em que há regressão e cura de tumores, em outros não – todo o processo depende da fé e da transformação do portador da doença.”

Importante: para que, após a terapia, a obsessão espiritual não retorne, é preciso, segundo Cavallini, investir nessa mudança interna. O indivíduo receberá orientações de como proceder, incorporando hábitos como relaxamento e meditação. “Dessa forma, ele se manterá em total equilíbrio e afastará qualquer tipo de energia que possa lhe fazer mal.”
A partir do UOL Saúde. Leia no original
 
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