Estudos & Pesquisas

Últimas Postagens

Mostrando postagens com marcador depoimentos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador depoimentos. Mostrar todas as postagens

UM DIA ACORDAMOS CANSADOS DE VIVER

5/01/2015
"Um dia a gente acorda e sente que já não é mais a mesma pessoa, que as antigas motivações não nos servem mais, percebe que a luz está diferente, que o som do nosso coração está cansado das mesmas batidas, percebe que antigos sonhos morreram e nada mais ocupa o lugar naquele espaço que lhes foi destinado.

A gente acorda e se dá conta do que não fez, de onde não chegou e,
decepcionados, quisemos crer em tantas crenças e doutrinas, nos esforçamos para agradar a todos, dissemos “sim” quando queríamos dizer “não”, e deixamos de falar “não” tantas vezes que já não sabíamos mais qual era o nosso querer, quais eram os nossos sabores preferidos e a direção que escolhemos caminhar.

Aí a gente se lembra do tanto que sofreu, chorou, sonhou, riu, comeu e sentou a mesa com gente que de fato nunca se importou, e a gente oferecendo nosso melhor sorriso em troca de aceitação. 
Lembramos que não protestamos diante de absurdos, recolhendo-nos à boa educação, que demos amor para a pessoa errada, e deixamos de amar, abraçar e pedir um abraço quando mais precisava e em quem mais precisava.

Um dia acordamos cansados de dizer que estamos cansados de viver."

M.K.
Depoimento na Comunidade QM
Imagem: Pexels

SE PERDER A ESPERANÇA, PERCO A MIM MESMO

4/29/2015
"Nem sei mais por que estou aqui, talvez preso a alguns sonhos e objetivos no futuro. Só vivo pelo futuro e pra mudar o agora, mudar primeiramente minha aparência que acho uma merda. Pra começar sou gordo, minha cara é estranha. Fico triste todos os dias por não conseguir ficar com nenhuma garota porque sou muito feio  e algumas vezes que já tentei nem as feias me quiseram.

Meu pai sabe o que passo, sabe de tudo isso, mas pouco se importa. Meu irmão pelo menos gosta de mim, mas nunca está em casa e sinto falta dele. Pra acabar de me lascar completamente fui idiota de me apaixonar por minha prima, que sempre que tento conversar me ignora e nem liga pra mim. Ela é orgulhosa e só gosta de ficar com garotos bonitos. De vez em quando ela me trata bem mas acho que é só pelo parentesco, se não fosse isso nem falava comigo.

Queria tentar chegar nela, mas sei que não tenho chance. Se as feias não me querem, as bonitas piorou.

Quase todos os dias choro e fico pensando como deve ser a vida de garotos normais e bonitos, que conseguem amor e se dar bem nas paixões. Fico pensando como seria feliz com ela, e embora eu saiba que não se deve valorizar tanto uma pessoa e colocá-la como única chance de ser feliz, estou preso nessa desgraça de amor que não tem como apagar ou esquecer. 

Odeio quando as pessoas me comparam com meu irmão, que é muito bonito e eu bem feio. Daí dizem que não somos irmãos,sou ridicularizado por pessoas da minha própria família por ter 16 e ainda ser bv, o que destrói qualquer auto-estima ou valor que eu possa pensar que tenho. Só queria viver em um lugar onde aparência não fosse tudo. Garotas hoje em dia, mesmo indiretamente, sempre vão valorizar mais garotos bonitinhos, não importa o que qualquer um diga.

Isso é lei. Está imposto isso no mundo e não vai mudar. Então ultimamente tenho vivido pra buscar isso e talvez mudar a minha vida, mas se não conseguir provavelmente vou morrer, não quero chegar aos 20 anos e ser zoado até pelas primas de "virjão" ou perdedor. 

Sei que tenho muitas habilidades únicas, tenho muito conteúdo, tenho grande conhecimento apesar de 16 anos, mas a lei que o mundo é submisso é de que beleza é tudo. Claro que há exceções, mas até agora não conheço ninguém assim. Vivo sonhando como seria a vida se eu fosse pelo menos mais bonito, mesmo que um pouco. Me imagino sendo feliz com a pessoa que amo, mas não sei se vou conseguir. E como muitos daqui, acredito que existam pessoas que nasçam pra se dar bem na vida e terem sucesso no amor, na carreira, ser sucedido na vida; enquanto outras nasçem pra desgraça, solidão e destruição emocional completa.

Eu não quero morrer, mas quero viver uma vida digna, onde pelo menos eu possa lutar por alguém que amo sem isso ser ridículo por causa da minha aparência. Todos os dias eu me preocupo com a minha aparência. Estou tomando medidas pra emagrecer e está funcionando, e espero que funcione, por que viver como um perdedor sem honra que não pega ninguém eu não suporto. Eu mudo essa vida minha ou termino logo com ela.  O que acontece com muitas pessoas é que não acreditam que a beleza é extremamente importante é que não vêem que isso é imposto de maneira subjetiva. É  claro que quando se envelhece naturalmente a beleza vai se acabando, mas ser feio na juventude é meio que um "tempo perdido" em que eu poderia estar sendo feliz, conquistando quem eu amo ou mesmo viver os "anos de ouro" da vida.

Sempre me ferro com garotas. Sempre elogio mas nunca sou elogiado. Sempre vou atrás mas nenhuma vem atrás ou puxa assunto comigo, não acho que vale a pena viver o corpo com a alma morta por decepções e perdas e danos emocionais. Estar bem por fora faz estar bem por dentro, é isso. Estou vivendo agora unicamente por um tênue fio de esperança de estar melhor no futuro. Tudo o que faço é direcionado a isso, por que é minha última esperança de ser feliz na vida. Por isso luto tanto pra viver. Se eu perder isso, perco a mim mesmo... "
Depoimento anônimo
Imagem : Pexels

O SEGREDO PARA MIM FOI MUDAR TUDO

4/28/2015
"Que doideira este blog. É sério isso! Estou entediado hoje, mas já tive depressão! E das fortes. Entendo perfeitamente cada um. Não li todos os textos, mas todos tem as sua particularidades. Escrevi um livro para mim, mas que talvez  possa ajudar a cada um de vocês. 

Quando falo do meu livro, as vezes sinto vergonha, pois tenho que ter muita coragem para falar dele para alguém e dizer que tive depressão. Depressão que hoje é considerado o mal deste século. 

Me livrei dela graças ao meu livro e a mim. Pois minha cabeça faz parte de mim. E mudar ela é o segredo. Mudar os pensamentos. Viver coisas novas e principalmente. Pensar em coisas boas e em coisas que gostamos. O segredo é fazer coias que gostamos e nos trazem prazer. Algo teu. Sorrir de nós mesmos. Relaxar um pouco... Tentar ver que esse mundo é lindo demais e estar nele é um presente. 

Apenas viva... sinta... Mostre que está vivo... Sinta seu coração, seu corpo... Arrisque mais... Não tenha medo... Não tem nada a ver com religião... Ou qualquer outra coisa... Você só esqueceu de você... Apenas isso... 

O segredo para mim foi mudar tudo... Melhorar tudo... Demora... Mas as mudanças são demais... Concerte tudo que te incomoda. Cada detalhe de sua vida. Comece mudando o visual. é maravilhoso receber elogios. Sou um artista, sei muito bem disso. Sorria mais... Seja mais simpático... Fale... Pergunte... Olhe para as pessoas... Note cada detalhe em tudo... e em todos... Saia de casa... sinta a natureza... Ela acalma a nossa alma. Vá para uma praia, leia um bom livro, ou escute uma música boa... Faça as coisas que você gosta e não desista de você... Entre em mundos diferentes é demais isso. 

Aprenda um instrumento musical... qualquer um... você não precisa ser bom em nada. Podemos errar a vontade... Só não podemos fazer mal a ninguém e principalmente a nos mesmos... 

Se suicidar é perder tudo. Chegar lá... e querer voltar... Tá cansado de viver essa vida... Mude de vida... " Cada minuto que passa é uma nova chance de mudarmos tudo a nossa volta "... Vanilla Sky... Esse filme é demais... Eu estava entediado... E escrever isso para vocês me trouxe um sentimento bom dentro de mim. Em saber que eu passei por isso e talvez pudesse ajudar alguém. "

Depoimento anônimo em
Imagem : Pexels

FILHO DE SUICIDA INVESTIGA O DESEJO DE MORRER

4/25/2015
O suicídio leva um número preocupante de vidas em todo o mundo e, no Reino Unido, os homens sofrem um risco muito maior do que as mulheres. Simon Jack, cujo pai cometeu suicídio, tentou investigar as razões.


Os 44 anos de idade, uma idade não muito memorável para a maioria das pessoas mas, no meu caso, foi um aniversário que sempre terá uma importância especial. Foi a idade em que meu pai cometeu suicídio, há 25 anos, por razões que ainda não consegui esclarecer totalmente.

Como resultado, sempre fui muito sensível em relação a histórias sobre suicídio no noticiário e notei também a frequência com que estas histórias envolviam homens.

O que não percebi até recentemente é que o suicídio é a mais frequente causa de morte de homens abaixo dos 50 anos na Inglaterra e no País de Gales. Cem homens morrem por semana. É a causa de morte mais prevalente atualmente, mais do que em qualquer outro momento dos últimos 14 anos e homens têm quatro vezes mais chances de acabar com a própria vida do que as mulheres.

Queria descobrir o porquê. Qual a razão de homens serem mais suscetíveis e o que pode ser feito a respeito, se é que algo pode ser feito?

Meu próprio pai, na faixa dos 40 anos, estava na faixa etária mais vulnerável.

A incidência de suicídio chega ao auge entre homens nesta idade. É possível adivinhar as razões: as esposa vai embora e leva os filhos, o homem perde o emprego em uma idade em que é difícil conseguir outro. Tudo isso pode gerar estresse em homens que se sentem pressionados a sustentar a família.

No caso do meu pai, nenhuma destas razões poderia explicar seu suicídio. Ele era um homem popular, gregário e talentoso, com uma mulher amorosa e quatro filhos, dos quais eu era o mais velho.

Pesquisa

Para tentar descobrir as causas, perguntei para os Samaritanos, cuja pesquisa é baseada em 60 anos de experiência. O trabalho deles destaca uma série complexa de fatores - incluindo problemas financeiros e emocionais, traços de personalidade, desafios da idade e questões de saúde mental.

Todos estes problemas afetam mulheres também. Então, qual a razão de que, apesar de metade dos telefonemas recebidos pelos Samaritanos ser de mulheres, quatro vezes mais homens acabam mortos?

Existe uma opinião muito comum de que suicídio é prova de doença mental. O argumento é que, se você comete suicídio, você precisa estar sofrendo de uma doença mental diagnosticável como depressão.

Rory O'Connor é responsável por um dos mais importantes centros de pesquisa sobre suicídio no mundo, na Universidade de Glasgow, Escócia. Faz experiências em psicologia e comportamento suicida. Frequentemente, a doença mental é parte do problema, mas não é uma explicação suficientemente completa para isto.

"Acreditamos que a maioria das pessoas que morrem por suicídio tem uma doença mental, mas menos de 5% das pessoas com uma doença mental acabam com a própria vida", diz O'Connor.

Eu precisava descobrir mais sobre o que estava acontecendo na vida de meu pai quando ele cometeu suicídio e, para isto, precisava conversar com minha mãe, algo que estava pendente há muito tempo. Quase nunca tocamos neste assunto na família.

E isto é uma parte importante do problema para muitas famílias. Meus irmãos e eu não conseguíamos conversar, provavelmente temendo choro ou discussões familiares durante a conversa.

Apesar das ressalvas e da preocupação de meus três irmãos, minha mãe, com muita coragem, permitiu que a conversa fosse filmada. Naquela conversa, descobri que, assim os casos extraconjugais que meu pai teve, os problemas financeiros que enfrentava só foram descobertos depois da morte. E nunca discutidos antes.

Estes tipos de problemas podem ajudar a explicar a alta taxa de suicídio entre homens da faixa dos 40 anos, mas o suicídio também é a maior causa de morte entre os homens 20 e 34 anos, quase um quarto de todos os óbitos.

Experiência

Conversei com Stephen Habgood, presidente da instituição de caridade britânica de prevenção de suicídio entre jovens chamada Papyrus. O filho dele morreu aos 25 anos e, novamente, era considerado um jovem popular e extrovertido. Sua morte foi um grande choque para a família.

"Ele era tão atraente, era bonito (....) muito eloquente, parecia muito confiante", diz Habgood.

Mas, por mais eloquente que parecia ser, Chris nunca conversou sobre seu estado com sua família. O pai afirma que esta falta de habilidade ou relutância dos homens de todas as idades para falar sobre o que sentem é a chave para explicar o número maior de suicídios masculinos.

Há uma experiência mental muito útil para ilustrar estes casos, segundo Joe Ferns, diretor-executivo de políticas dos Samaritanos.

"Imagine chegar no trabalho na manhã de segunda-feira e encontrar alguém triste no escritório, chorando por algo que acontece no fim de semana. Se fosse uma mulher, alguém a levaria ao banheiro, teria uma conversa com ela e ninguém pensaria nada muito sobre isto."

"Se o mesmo acontecer com um homem, que chora em sua mesa, acho que a reação das pessoas seria muito mais dramática. As pessoas presumem que algo muito ruim deve ter acontecido", acrescentou.

Há uma diferença na forma em que reagimos a homens e mulheres quando eles expressam o que sentem.

Conversas que salvam?

Então, simplesmente conversar pode salvar vidas? Matt foi uma das pessoas que conheci que pensou em suicídio, mas não o fez.

Ele estava desesperado pois não se encaixava nas ideias do que significava ser um homem em sua comunidade.

"Sempre fui uma pessoa muito expressiva, sempre gostei de arte e acredito que era muito afeminado, talvez. Isto não se encaixava muito bem com meu grupo de amigos, sempre me senti como um estranho. Era difícil, pois quando você está crescendo, ninguém quer se sentir excluído", disse.

Depois de decidir pelo suicídio, Matt passou na frente da sede dos Samaritanos em Manchester e, como pensava que não tinha nada a perder, entrou.

Agora ele percebe que esta decisão salvou sua vida.

"A razão principal que me levava a não conversar com ninguém era esta ideia de fraqueza. Se você não pode resolver os problemas sozinho, então é uma pessoa fraca."

E esta percepção é a chave para entender a razão de os homens tirarem a própria vida em números tão altos, segundo Jane Powell, diretora da Campanha contra uma Vida Triste (CALM, na sigla em inglês).

Rugby

Se alguém procura estereótipos de homens, então o mundo dos jogadores de rugby tem muitos. Mas lá encontrei tentativas de lutar contra estes estereótipos.

Ian Knott era um jogador profissional bem-sucedido do time Warrington Wolves quando sofreu uma lesão que acabou com sua carreira e o deixou sentindo dores constantes. Knott sentia que não conseguia mais cumprir seu papel como jogador, marido e pai. Isto o levou a tentar o suicídio.

"A dor chegou a tal ponto que pensei: por que estou aqui? Minha mulher e meus filhos continuavam ao meu lado, mas eu já não queria fazer parte (da família)."

Knott agora dá palestras em reuniões de uma instituição chamada State of Mind, que exibe vídeos de jogos clássicos, convida ex-jogadores para falar sobre suas carreiras e funciona como um fórum para discussões a respeito de problemas emocionais.

"Estou orgulhoso pois agora posso falar de minhas experiências e talvez ajudar outras pessoas, principalmente outros homens", afirmou Knott.

"Este é o principal problema com os homens. Eles não se abrem. Mas não deveriam absolutamente ter nada do que se envergonhar."
A partir do Terra. Leia no original
Imagem: Pexels

O MUNDO É O TEATRO DA HIPOCRISIA

4/24/2015

Como é complicado sentir uma tristeza tão profunda, um vazio imenso, e ter que disfarçar. Não estou conseguindo manter minha aparência de falsa felicidade, mostrar-me feliz quando, na verdade, estou detonada por dentro, sentindo uma tristeza e uma angustia insuportáveis. 

E como é difícil viver nesse mundo onde parece que não existem mais pessoas normais, que digam que estão tristes e chateadas, que se assumam cansadas com a vida, mesmo de vez em quando. 

Como conviver com essa indústria da felicidade aparente sem sentir culpa?

Mesmo com tanta dificuldade para sustentar a falsa felicidade, somos obrigados a nos mostrar bem, porque a pessoa triste fica isolada, como se tivesse uma doença contagiosa, afinal, ninguém gosta de quem não está feliz o tempo todo – como se fosse possível alguém estar bem, alegre e satisfeito sempre. 

Diante de tanta “felicidade”, sinto vergonha da minha infelicidade e desesperançada, vergonha de expressar meu desalento diante da vida e da minha própria fraqueza.

Parece-me que o mundo é o teatro da hipocrisia onde todos são atores que interpretam papéis de extrema satisfação com a vida, onde todos são felizes menos eu.
M.K.
A partir da Comunidade QM
Imagem: Pexels

PARECE QUE A VIDA QUER ME TESTAR

4/24/2015

"Olá, eu queria mandar o meu depoimento do quem vem acontecendo na minha vida. Tá muito difícil ultimamente viver. Só vem acontecendo problemas (e muitos problemas) em torno do meu dia a dia.

Eu tenho 17 anos, prestes a ser de maior no final do ano, mas tô muito ansiosa. Isto porque eu namoro há 1 ano e 7 meses e minha família é muito rigorosa em relação de ter 'liberdades', entendeu? E meu namorado é uma boa pessoa e está tendo muita pressão. Meus pais estão com planos de ir embora para nordeste daqui a alguns meses, e eu não quero. O único jeito seria casar. Mas esta é uma escolha bem difícil, porque eu tô preparada e ao mesmo tempo não.

É uma confusão só. E a causa dos meus problemas é o ciúme obsessivo da minha mãe. Ela faz um inferno toda que vez que falo que meu namorado vem aqui em casa, ou peço pra passar uma tarde lá na casa dele, com os pais dele.

Meu pai, por outro lado, é super de boa e ama muito ele.

Não aguento mais tanta briga, tanta indecisão. Suplico todas as noites por misericórdia, pra que tudo mude, mas eu não tô vendo resultado. Parece que a vida quer me testar ou Deus mesmo quer me testar.Eu quero uma ajuda, pois não vejo mais graça em viver e continuar vivendo uma vida presa enquanto todos vivem a vida. Peço uma ajuda, muito obrigada."
M.
Depoimento por e-mail
Imagem : Pexels

'TIVE MEDO DE SER O PRÓXIMO A SE SUICIDAR'

4/03/2015
“Era de manhã quando recebi o telefonema avisando que meu irmão tinha se suicidado. Enforcou-se. Levei um susto muito grande, foi um choque. No caminho até minha casa, senti vergonha por ser da família de um suicida. Tenho três tias velhinhas, que são de uma geração em que o suicídio era ainda mais estigmatizado – e disse a elas que devíamos contar para todos que o meu irmão havia se suicidado. Preferi não ocultar. O gesto dele me trouxe uma sensação dolorida de que também poderia acontecer comigo. Tive medo de ser o próximo. Fiquei muito assustado. Venho de um núcleo de morte – minha mãe morreu jovem, de câncer, quando eu era criança, e meu pai sofreu um infarto agudo há alguns anos. Não acredito que tenham sido mortes naturais, talvez eles quisessem mesmo morrer.

Me senti muito culpado, foi inevitável. Pensei que talvez pudesse ter feito alguma coisa. O suicídio é uma violência muito grande. Parece uma bomba, uma explosão. Era meu irmão mais velho. Acho que ele nunca desejou alguma coisa com empenho. Tudo, para ele, tanto fazia, qualquer coisa estava bem. Era uma situação crônica. Ele entrou em várias faculdades e não terminou de cursar nenhuma. Tentou vários empregos, mas saiu de todos eles. Foi casado, separou-se, tinha uma namorada. Aparentemente sua vida estava estruturada. E ele não era depressivo. Talvez não estivesse vendo perspectivas. As razões do suicídio são um mistério. Pensei muito em quais teriam sido os motivos. Só relaxei quando assumi que não podia entendê-los. No enterro, senti uma raiva muito, muito grande. Naquele instante, experimentei uma profunda sensação de abandono. Nunca tinha sentido isso antes. Meu irmão foi enterrado no mesmo túmulo onde já estavam os meus pais.

Fiquei sozinho. Tenho muita vontade de viver. Acho que é uma espécie de resistência – gosto de festas, brigo pela vida, vivo intensamente, tenho amigos, curto meu trabalho, sou afetivo... Sempre fui assim, mas o suicídio me fez ver de maneira mais consciente que a vida é uma só. Não sou nada religioso, mas acho que todos nascemos para ser felizes, para desfrutar.
Pensei muito nisso, logo depois do suicídio. Um dia, fiquei parado uns 15 minutos diante de uma avenida onde os carros vinham em alta velocidade e não havia faixa de pedestres. Era só um passo, tão fácil, e tudo se acabaria. Depois, ao visitar um novo apartamento, também contemplei a janela demoradamente... Num ato poderia resolver tudo, todos os meus problemas. Mas prefiro os meios mais difíceis. Não acredito em outra maneira.”

E.S., médico e professor universitário, 45 anos

Para saber mais

NA LIVRARIA
Quando a Noite Cai – Entendendo o Suicídio
Kay Redfield Jamison. Gryphus, Rio de Janeiro, 2002
Suicídio, Testemunhos do Adeus
Maria Luiza Dias. Brasiliense, São Paulo, 1991
O Deus Selvagem – Um Estudo do Suicídio
A. Alvarez. Companhia das Letras, São Paulo, 1999
O Que é Suicídio
Roosevelt M.S. Cassorla. Brasiliense, São Paulo, 1985
Do Suicídio – Estudos Brasileiros
Roosevelt M.S. Cassorla (org.). Papirus, Campinas, 1998
Suicide and the Unconscious
Antoon Leenaars and David Lesters (ed.).
Jason Aroson, Estados Unidos, 1996
Dicionário de Suicidas Ilustres
J. Toledo. Record, Rio de Janeiro, 1999
O Suicídio: Um Estudo Sociológico
Émile Durkheim. Zahar, Rio de Janeiro, 1982

NA INTERNET
www.queromorrer.com
www.cvv.org.br
www.who.int/mental_health

NINGUÉM ME CONHECE DE VERDADE

3/26/2015
Ano passado eu fui demitida de dois bons empregos por causa do meu comportamento instável, nunca fui muito sociável e trabalhar em equipe pra mim é um grande sacrifício!

Logo depois de ser demitida do segundo emprego eu entrei num poço tão fundo que quando não tinha mais pra onde ir, comecei a cavar mais fundo ainda...

Desisti de tudo, dos meus poucos amigos, da faculdade, de arrumar outro emprego, de sair de casa...
Eu me acho a pessoa mais fracassada do planeta, quem perde dois empregos em 6 meses???

Sempre tive complexo de inferioridade e nunca acreditei em que eu tinha potencial, mas nunca tinha pensado em desistir, até o ano passado.

Eu pensei em tantas maneiras de acabar com minha vida, mas eu sofria por minha família... 

Eu sempre me mostro feliz e sorridente, aparentemente sou calma e tranquila, como se eu não tivesse problemas na vida... 

Ninguém me conhece de verdade.

Eu não deixo as pessoas se aproximarem pq tenho medo que elas me desprezem, me confundem com uma pessoa antipática e arrogante quando na verdade eu só não quero me expor e deixar os outros descobrirem que tipo de monstro eu me tornei.

Sempre fui tão vaidosa e feminina, mas me abandonei.

Não uso mais maquiagem, cortei meu cabelo, minhas unhas crescem sem nenhum cuidado...

Estou tentando dar agora uma revira volta em minha vida, sou carioca e moro no RJ, vou pra Bahia tentar me afastar de tudo isso e recomeçar, quem sabe encontrar o que me falta... 

Vou arrumar um outro emprego e me cuidar mais...

Essa é minha última chance, se não der certo, farei parecer um acidente.

A.M.
A partir da Comunidade QM

POR HOJE, ESTOU BEM !

9/12/2013
"Bem, quando estou mal, venho aqui me desabafar e me sinto muito bem em poder ter vocês aqui no blog, não me deixam sozinho, pessoas muito semelhantes a mim, me compreendem; e exatamente por isso achei injusto não vir aqui para dizer que estou bem, por hoje estou bem!


Não estou 100%, ainda, mas não piorei, e sinto sim uma melhora, não há um segredo, mas vou contar como tenho feito para alcançar a estrada que esta me tirando da depressão.

Bem, uma coisa eu percebi, as coisas não mudam, nós é quem mudamos. Meus problemas continuam os mesmos, minha forma de encara-los é que esta mudando.

Tenho sido muito mais individualista, tenho minha vida social, mas não me permito me apegar em ninguém  não quero que um qualquer me desestabilize emocionalmente.

Preenchi meu tempo vago, ficar sem fazer nada é a pior coisa que pode acontecer a um depressivo, estudos, trabalho, livros, passeios, filmes, jogos, sempre há algo pra fazer, mesmo que não seja tão interessante assim, mas devemos nos esforçar.

Aceitei que não adiante fugir da dor e da tristeza, na verdade esses sentimento não são tão ruins quando você encara eles como parte da vida, e cedo ou tarde terá que enfrenta-los. É como fugir de uma injeção, ou você enfrenta a dor e segue adiante ou fugirá pro resto da vida, e não progride, e quando enfrente vê que não era tão ruim assim!

Bem, e o velho ingrediente: meditação, em outras palavras, tirar da mente aquilo que não é produtivo, não alimentar pensamentos que sabemos que não vai dar em nada, pensar coisas indevidas é a raiz de todo sofrimento....

Enfim, muita coisa tenho mudado em mim, em mim! sempre em mim, o resto continua tudo igual...

Grande abraço a todos!"
Jonh
A partir da Comunidade QM

APRENDER ESPERAR AJUDOU A SUPERAR DEPRESSÃO

7/17/2013
Em depoimento, o religioso conta como recuperou a autoestima. Após sofrer uma lesão, o padre ficou três meses numa cadeira de rodas. Deixou de correr, engordou 40 quilos, diz que sentiu dor e frustração, mas perseverou. Assim, alega ter descoberto o significado da frase "o tempo de Deus"

PADRE MARCELO ROSSI

Padre Marcelo Rossi, em 2010. 

Quando machucou o tornozelo,
 ficou meses sem andar e beirou a
 depressão: “Agora, eu sei como é”
"Não conseguia explicar o que sentia. Parecia existir um deserto dentro de mim. Acordar e dormir eram os piores momentos daqueles dias de 2010. Na cama, deitado, imaginava que tudo o que acontecera no dia anterior se repetiria de novo. E de novo. É como obrigar alguém que gosta de provar novos sabores e combinações a comer, em todas as refeições, o mesmo prato. Não conseguia me olhar no espelho. Evitava encarar um reflexo frustrado. Chorava sem motivo. Machucar gravemente o tornozelo esquerdo, em abril daquele ano, não tirou apenas minha independência de ir e vir quando desejasse. Roubou o prazer que sentia todos os dias quando corria na esteira. Apagou minha autoestima. Foi a primeira vez que experimentei uma profunda tristeza na minha vida, um princípio de depressão.

Tudo aconteceu muito rápido naquele final de abril. No dia 27, depois de realizar a missa da manhã, recebi a visita do embaixador de Roma, Dom Dino Samaja, na minha sala. Ele disse: ‘Você foi presenteado’. Diante da minha surpresa e da paralisia pela qual fui acometido, Dom Dino continuou: ‘Você receberá um prêmio, em Roma, das mãos do (então) papa Bento XVI.’ A cerimônia tinha data marcada, 22 de outubro. Essa premiação, até então por mim desconhecida, é concedida pelo papa todos os anos. Cinco pessoas são escolhidas por se destacar na difusão do catolicismo no mundo. É obrigatória a presença do homenageado. Em caso de falta, o prêmio é cancelado. Naquele ano, eu seria um dos cinco a receber o prêmio Van Thuân, com o título de evangelizador moderno.

Dois dias depois, torcedor fanático do Corinthians, não conseguia dormir por causa do jogo em que o Flamengo, por 1 a 0, tirou meu time da disputa da Copa Libertadores da América. Mal-humorado e sem sono, decidi correr na esteira. Eram 4 horas da manhã. Pratico corrida sempre à tarde ou à noite, a 9 quilômetros por hora. Naquele dia, não era possível esperar tantas horas para aliviar o estresse. O treino não durou mais que cinco minutos. Tive uma vertigem, pisei mal na esteira e fui lançado para trás. Na hora, me lembrei de proteger a cabeça – regra básica das aulas de artes marciais que fiz na adolescência. Levantei do tombo com dor no corpo, em especial na clavícula. Decidi procurar ajuda médica. 

A avaliação mostrou que a clavícula estava bem. Meu tornozelo esquerdo não. Na queda, rompi todos os ligamentos. A previsão mais otimista falava em meses de tratamento – e nenhuma viagem. Pensei: ‘Não vou me recuperar a tempo de receber o prêmio’. Diante desse impasse, o médico deu duas opções. Uma cirurgia, de resultado incerto, ou centenas de sessões de fisioterapia. Sem a operação, o tratamento seria mais longo, mas era a única chance de voltar a caminhar até a entrega do prêmio, em outubro. Optei pela recuperação em casa."

LIVRO ABORDA DOLOROSO CAMINHO DA DEPRESSÃO

7/10/2013

Lana Valentim. Foto: Divulgação
Em 2012, a jornalista e escritora Svetlana Valentim deu entrada em um pronto-socorro do Recife tomada pelo desespero. Com as pernas doloridas e inchadas, implorava para os médicos amputá-las. Hoje, ao olhar para trás, ela reconhece que os sintomas eram todos psicológicos, frutos de uma das várias crises depressivas sofridas ao longo da vida. Não por acaso, o último episódio veio à tona justamente quando Lana transformava as agruras do passado em bandeira contra as doenças sociais. O projeto começa a tomar corpo nesta terça-feira (28), com o lançamento de Caminhos de Lana - como venci a depressão (Carpe Diem, 200 páginas, R$ 35).

Por meio de textos escritos durante uma grave crise depressiva, a pernambucana revela as muitas facetas da doença e os caminhos possíveis para a cura. De um lado, estão poesias densas e obscuras, capazes de lançar luz sobre as dores, a falta de interação com o mundo e a impotência diante da enfermidade psíquica. Do outro, as crônicas caminham leves, serenas, e são quase didáticas ao encarar o problema como um desequilíbrio biológico que precisa ser tratado.

“Não escrevi pensando em fazer livro, e sim como uma maneira de interagir comigo mesma e com a vida. Quando estava em crise profunda, me isolava, não falava com ninguém, mal me alimentava. Perdi todo o contato com o mundo”, diz. Após a superação do problema, Lana Valentim decretou como missão de vida o combate aos males da alma. “Quero ajudar o máximo de pessoas que sofrem bastante e muitas vezes nem sabem qual o problema”.

Além da própria doença, Lana Valentim destaca o preconceito como outro vilão de relevância no contexto. Ela própria foi vítima, inclusive dentro de casa. “Você se transforma em um peso. Se antes era uma pessoa produtiva e de repente não tem mais condições de manter o ritmo, ninguém aceita ou entende. O preconceito parte da sociedade e dos amigos, que privilegiam os vitoriosos e se afastam de quem está mal. Isso é desumano”, critica a autora.

Simultaneamente ao lançamento no Recife, entra no ar o portal www.lenteinterior.com.br, para expandir ainda mais o debate acerca da temática. Em seguida, estão agendados eventos de divulgação em livrarias de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e Salvador. Terminada a maratona, Lana vai lançar novamente o livro, desta vez no formato de história em quadrinhos. “O esforço é no sentido de alcançar todo mundo. Em HQ, teremos um apelo visual maior, e tornaremos a obra mais interessante”.

Ainda na agenda de divulgação do livro e da página na internet, estão palestras em escolas, abrigos e instuições para jovens infratores. “Quero falar também para adolescentes que desde cedo têm a alma machucada, massacrada. São abandonados pela família, cobrados pela sociedade, sofrem diante dos apelos consumistas… e acabam seguindo caminhos errados. Essas são vítimas da vida”. Todas as apresentações serão gravadas e disponibilizadas na internet.

A partir do Diário de Pernambuco. Leia no original

SAIBA MAIS
Outros livros que abordam o tema
  
Sociedade x a depressão (Letras do Pensamento, 184 páginas, R$ 29), Roberto Hristos Ioannou
Depressão e autoconhecimento (Dufaux, 235 páginas, R$ 42), de Wanderley Oliveira
Depressão - teoria e clínica (Artmed, 248 páginas, R$ 79), de Antônio Geraldo Da Silva
Vencendo a depressão (Nossa Cultura, 363 páginas, R$ 44,90), de Richard O'Connor

ACREDITO EM DEUS, MAS NÃO QUERO MAIS VIVER

4/07/2013
Tenho 21 anos, sou cristã, acredito muito em Deus e no evangelho. Mas não quero mais viver... não vejo sentido para isso, não sou feliz porque algo me falta, morro todos os dias um pouco e estou oca por dentro. De uns 2 meses a 3 meses para cá, eu vivo entre altos e baixos, e não sei como controlar as minhas crises. Hoje foi um dos dias mais difíceis pra mim...

Acho que chorei umas 2 horas seguidas dentro do carro no meio da rua, pensei em me internar em um hospital de 'doido'que tem perto da minha casa pensei em todas as formas que eu poderia me matar. 
Desde q começou essa fase da minha vida, eu comecei a ter vontade de me suicidar...mas hoje foi bem mais crítico, pensei em me enfocar, cortar a jugular, jogar o carro num barranco, me jogar de um viaduto... enfim...

Sei que não tenho motivos para viver dessa forma porque tenho uma família maravilhosa.Mas algo me falta. Nunca tive uma vida 'normal', porque minha mãe morreu quando eu era criança, e desde então eu tive que crescer e ser forte pra tudo na minha vida. Mas com o tempo a gente vai cansando de ser forte, cansando de ser surrado pela vida e pelas circunstâncias, as vezes me sinto mais mãe do meu pai do que filha. Para falar a verdade, acho que fui filha por pouco tempo.

Desde que minha irmã casou, sou eu que cuido da casa...e as vezes me sinto sobrecarregada de responsabilidade, porque não tenho ninguém para me ajudar com nada. 

AS vezes converso com minhas amigas sobre isso,converso com minha irmã,meu namorado, mas acredito que só a minha irmã que realmente entende, porque ela passou por tudo que estou passando...ela quase se suicidou na minha frente quando eu era criança ( Hoje ela está curada).

Não tenho forças para mais nada...nem orar eu consigo, meu namoro mal começou e já está por um fio porque ele não consegue se adaptar as crises. Fico muito triste, porque ele disse que não consigo fazê-lo feliz.Me sinto incompetente, fraca, medíocre... um lixo.

Tento ficar feliz...ser mais tranquila e maleável...mas parece que uma gota vira um oceano, e ele disse que não dá mais conta.

Já não sei o que eu faço da minha vida...só tenho vontade de ficar em casa..mas infelizmente tenho q me arrastar para o trabalho e para faculdade que termino daqui 3 meses.

Não tenho mais vontade de nada...só de morrer. Antes o medo do inferno me 'segurava' para não fazer nada contra minha própria vida, mas hoje parece que nem isso importa mais.

Sei que todos que entram nesse site estão passando por algo parecido, mas honestamente eu tenho a esperança que alguém possa ler isso e me ajude, porque sei que estou no fundo do poço. E que preciso de ajuda. Não sei o que eu tenho...nem sei se é depressão..transtorno bipolar...ou apenas uma fase.
To confusa.

Mas ainda assim quero que o Senhor me leve. Essa é a única oração q eu tenho feito. Quem pode me ajudar ...

PSIQUIATRAS E ANTIDEPRESSIVOS

4/03/2013
Então eu fui a um novo psiquiatra...

O médico é novo, simpático, bem educado, atencioso e me olhava com aquela carinha de dó que os psiquiatras fazem pros deprimidos...Ele me ouviu, não fez questionamentos, também não deu conselhos, não indicou terapia (como todos os outros fizeram) e foi logo passando os remédios e alguns exames de sangue e outros neurológicos. falou sobre os efeitos colaterais que, convenhamos, não são nada bons, principalmente pra quem tem que levantar cedo, preparar o café da família, pegar um trânsito complicado e coordenar uma equipe de 50 pessoas no trabalho; sem falar que preciso do famoso remedinho pra dormir, senão é insônia na certa. E o principal: o cara já foi logo me dando o telefone do laboratório pra conseguir um desconto no preço do remédio que custa em média 200,00 a caixa com 28 comprimidos (o mês não tem 30 ou 31 dias?).

Esse é o preço de 1 dos remédios, tenho que tomar mais outros 2. Meu filho que tem deficiência toma outros 4, que também são caros. E o IPVA e o IPTU já chegaram. Como se cuida da saúde neste país? E por quê os medicamentos são tão caros? E o pior de tudo, em casos de depressões profundas, como a minha, nunca se tem a certeza se o remédio irá realmente funcionar. Acho que devo me resignar e passar os meus finais-de-semana trancada no quarto, durante a semana sou obrigada a trabalhar. Ou abreviar a vida, há sempre essa opção. 
S.S.

*   *   *
Mais uma Vez no Psiquiatra

Essa semana voltei ao psiquiatra, pra ser sincero não acredito que ele possa me ajudar, mesmo assim acabo indo.

Não falo dos meus verdadeiros sentimentos pra ele, minhas tristezas e neuroses ele jamais entenderia, apenas faço um breve resumo, sem perder tempo falando um monte da minha vida chata para ele.

Desta vez ele não quis receitar meu calmante preferido, ah, ele sabe que vou lá só por causa da bendita receita medica, por isso nem fica me questionando nada.

Me sugeriu um medicamento novo, um indutor do sono, disse que não me daria meu tranquilizante por causa do risco de dependência química e toda essa balela que a gente já conhece.

Mas eu gostei, o remédio tem um bom efeito, e tirando a amnésia anterógrada não apresenta mais nenhum efeito colateral; gostei bastante.

E minha relação com ele é assim; acho que ele confia em mim, eu sei oque eu preciso, sei me equilibrar, então ele sabe que quando vou ate ele é porque as coisas estão um pouco pior, mas que logo passa, e depois de alguns longos meses estarei lá de volta, conto a mesma historia,;e saio todo contente com minha receitinha na mão, como se fosse um premio, um vale trégua, um tratado de paz... mesmo que temporariamente!
Jonh 

SENCIÊNCIA VERSUS CONSCIÊNCIA

3/26/2013
Imagem por alexandre_vieira
Cansados da vida por esta já ter sido demasiado preenchida de emoções e acontecimentos marcantes, talvez comparáveis a uma vida demasiado longa... isso nos dá essa sensação, de nos sentirmos demasiados velhos para a idade que temos, o peso no nosso interior parece cada vez maior e mais denso.

Em astronomia os buracos negros são considerados como os objectos cósmicos mais pesados e densos. Parece que é isso que está a acontecer no nosso interior, um vazio cada vez mais pesado e denso, e que se todo esse interior for libertado cá para fora vai destruir os que nos rodeiam, tamanha é a nossa dor e o nosso sofrimento... esse abismo é alimentado por nós a cada dia que passa por ser mais forte que nós, porque por fora nos sentimos cada vez mais transparentes, a nossa identidade a ser sugada para esse interior voraz.

Pensar na nossa longevidade, refletindo sobre o que até agora foi suportado, parece que o fim da nossa existência está tão longe de nós como a eternidade.

Por tudo isso é compreensível querer antecipar o fim da nossa vida, para deixarmos de alimentar esse nosso interior que está sugando tudo.

Admito, não consigo segurar o meu próprio buraco negro, é mais forte que eu em muitas ocasiões, destrói-me de dentro para fora, e mais facilmente atrai o negativo do nosso exterior não me deixando apreciar o que me rodeia com a atenção e a perspectiva merecida...

A minha solução? Desligo-me do que é exterior a mim, enfrento o meu próprio abismo como se ele fosse o meu oposto e me alimento dele. Não somos culpados por ter esse buraco dentro de nós, o mundo assim nos criou, nos prometendo e  fingindo felicidade, nesta vida e em outras existências... devíamos ter aprendido desde pequenos que o sofrimento faz parte da nossa natureza humana, enquanto criaturas sencientes. Essa é a nossa dávida e a nossa maldição enquanto criaturas...

Charles Darwin disse: "Não existe nenhuma diferença fundamental entre o ser humano e os animais superiores em termos de faculdades mentais. A diferença entre a mente de um ser humano e de um animal superior é certamente em grau e não em tipo". São sencientes, tem sentimentos, dor, medo, e querem preservar suas vidas tanto quanto nós humanos. (in dicionarioinformal.com.br)

Sensciência é a "capacidade de sofrer ou sentir prazer e felicidade".

Mas temos uma vantagem sobre as outras criaturas: a nossa consciência.

Então enfrento esse meu abismo interior, não mais viro as costas para "ele", fico de frente para ele, fecho os olhos e observo-o intensamente, e aprendi a me alimentar dele... o negativo se torna positivo, porque estou consciente que não o quero mais alimentar nem me deixar ser consumido por ele, apenas com a minha perseverança, insistência, determinação.

Depois de enfrentar esse nosso interior, o que está cá fora, aqueles pequenos pormenores que nos provocavam tão facilmente, deixam de ser assim tão relevantes, nos tornamos neutros porque estamos em equilíbrio, não há mais negativo nem positivo, deixamos de ter duas naturezas dentro de nós e passamos a ser um só...

Gostaria de ter aprendido isso em pequeno para não pensar que andei este todo tempo a sofrer pensando que um dia poderia ser feliz quando esse sofrimento terminasse, me alimentar de esperanças supérfluas e inventadas pelos outros, me deixar iludir... e apenas aceitar que a senciência faz parte de nós, a nossa consciência é que tem de se adaptar a ela.
सचेतन
A partir da Comunidade Q.M. 

A PERDA DE MIM MESMO

3/21/2013
Efeitos da personalidade egóica
"É pela segunda vez que venho postar neste espaço. Como da outra vez me sinto muito mal. E para piorar o céu está muito nublado e isso contribui (e muito!) para que eu me se esconda no meio dessas negras nuvens.

Há cerca de dez dias me separei de minha namorada. Estávamos juntos há quase dois anos. No começo, o relacionamento estava super bem, nos amávamos intensamente, transavamos de forma louca, fazíamos muitas coisas legais juntos, ela, eu e nossos filhos. Mas como, muita das vezes, como é de se esperar, veio o declínio juntamente com sua obsessão e neuroses. 

Chegou ao ponto em que não estava entendendo mais nada. Muitas brigas, desconfianças, acusações, cobranças, idas e voltas etc. Por fim nos separamos! O mais intrigante é que desta vez nem conversamos sobre nossa separação, simplesmente cada um foi para seu lado sem falar nada. 

Sabe por mais que não estivéssemos bem sempre tive otimismo e achei que poderíamos chegar à paz, pois também sei que no fundo eu a amo e também sei que é recíproco. Mas devido nossa falha egóica, de não suportar a dor da frustração, silenciosamente, nos separamos. 

Mas na minha vida sempre foi assim. Muitas perdas significantes tive, inclusive a perda de mim mesmo. Tenho a sensação de estar em um eterno labirinto onde passo, repasso e nunca transpasso; vou e volto e nunca encontro a saída. O meu grito é silencioso no qual não quero que ninguém o ouça, inclusive eu; a minha carapaça existencial é de tal resistência que muitas vezes desconheço minha existência. Já que não existo, logo não penso, logo estou morto! 

Obrigado por deixar compartilhar minha dor." 
Anônimo
Depoimento em Suicídio : Frases

SEI QUE NÃO POSSO CONTAR COM NINGUÉM

3/19/2013
Imagem :  por Andréa Farias
"Penso em suicídio todos os dias e semanas. Já tentei suicídio algumas vezes quando era adolescente, mas não obtive êxito. O medo falou mais alto. Primeiramente penso nos meus pais e na minha família, senão fosse por isso, já teria cometido suicídio. Mas eu não confio em mim. Acredito que no desespero eu possa me suicidar alguma hora.

Não gosto de viver, não gosto mais de nada, tudo dá errado pra mim. Não tive sucesso profissional, amoroso, financeiro. Não tenho um emprego, não consigo nada, nem uma mulher, um carro, uma boa instabilidade financeira. Sou muito azarado, amaldiçoado, condenado acho.

Pela minha idade hoje posso me considerar um fracassado, um ninguém. Eu sei que sou isso há muito tempo.

Estou ficando cada ano mais velho e não conquistei nada até agora, só um emprego, mas não o tenho mais. Já tenho quase 30 anos. Sou tímido, tenho fobia social. Sofro preconceito, desprezo de muitas pessoas por ser tímido. Não sou compreendido por ninguém. Sou muito medroso também. Sem falar que tenho gostos, segredos, que não podem ser revelados para ninguém. Pois tenho certeza que serei criticado. Minha vida é uma bosta, uma droga, um inferno. A morte me faria bem, confortaria a minha alma. A cada dia que passo fico mais feliz porque é um dia a menos de vida nessa droga de planeta, de mundo.

Peço perdão a Deus por pensar nessas besteiras, mas cheguei a conclusão que não tenho salvação, nem orações, acho que nem Deus podem me ajudar. O único que podia era eu mesmo, mas não acredito mais nisso. Não vejo futuro, nem presente, nada. Há muitos anos não sorrio verdadeiramente. 90 % dos meus sorrisos são falsos. Tenho uma vida boa, confortável, mas por causa do meu pai. Sou grato a isso. Nunca passei necessidade. Mas se dependesse de mim, se eu não tivesse ninguém, estaria morrendo na rua, seria um indigente, um mendigo tenho certeza, sem desmerecê-los. Não tenho capacidade de nada. Sou um inútil. Devo ter vindo nesse mundo a passeio, para me dar mal e sofrer. Se existem vidas passadas mesmo, devo ter sido uma pessoa muito ruim para passar pelas coisas que passo atualmente.

Esse é o meu desabafo. Sei que não posso contar com ninguém mesmo".
Anônimo
 
Copyright © QUERO MORRER. . OddThemes