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CANSAÇO PODE PROVOCAR DEPRESSÃO E PÂNICO

9/23/2012

O programa "Bem Viver" da Rede Globo exibiu recentemente reportagens com uma série de depoimentos e explicações  sobre depressão e síndrome do pânico, doenças que podem ser causadas pelo cansaço. Trabalhar sem dúvida é muito bom. Faz parte da vida, do crescimento. Mas e quando as cobranças e a competitividade sobrecarregam? O resultado é um só: doenças causadas pelas emoções. Depressão, transtorno do pânico, síndrome de Burnout. Essas doenças têm feito muita gente se afastar do trabalho, da escola e até do convívio social. Mas o que fazer para que a doença não tome conta? Qual o caminho para encontrar o equilíbrio?

A psicóloga Kátia Beal e a apresentadora Mônica Cunha falaram no "Bem Viver" do dia 1 de setembro sobre os transtornos mentais causadas pelo estresse. Como foram muitas perguntas de telespectadores, não foi possível responder a todas. Mas a especialista, gentilmente, respondeu de casa as que sobraram.  Veja abaixo as respostas:

Suely – Acho que sou uma das vítimas dos transtornos causados pelo estresse. Cheguei a perder os sentidos na rua. Não conseguia trabalhar, meu emprego me sufocava. Dei uma de maluca e pedi uma semana de férias. Descobri que o meu serviço não está me fazendo falta, e que todos os meus problemas estão vindo de lá.

Kátia Beal - É isso mesmo, às vezes não tem nada de errado conosco, mas com o trabalho ou com líderes despreparados. Tem momentos que precisamos avaliar e ver o que é melhor para a gente!!!
E o que você tem pensado em fazer? Pelo que entendi você está em férias e está bem. Já avaliou o que pretende fazer? Tem condições de mudar de emprego?

Natália - Já fui diagnosticada com depressão há quatro anos. Fiz o tratamento por um tempo, mas acabei me dando alta, sem consultar meu médico. Dois anos depois tive crises de ansiedade que culminaram em crises de pânico. Hoje sou medicada e faço tratamento, mas até quando? Qual é o período médio para retirada dos remédios? As doses aumentaram, mudaram os laboratórios, os preços e não tenho previsão de alta. Me sinto escrava dos remédios, o que é muito frustrante. Não posso nem me imaginar sem as medicações e já fico extremamente preocupada e aparentando os sintomas físicos do pânico. Estou me tratando há ano e meio.

Kátia Beal - com relação aos medicamentos, é preciso realmente avaliar com o seu médico. O tempo de tratamento, qual a melhor medicação e a quantidade somente o especialista é quem pode avaliar. Isso varia de pessoa pra pessoa, há quem use a medicação por um ou dois anos, e há quem fique mais tempo. Daí a importância do acompanhamento com o médico associado à psicoterapia. Porque associar os dois?  Porque os medicamentos controlam e reestabelecem neurotransmissores responsáveis pela desorganização mental. Eles atuam no que chamamos de "doença", como se fosse uma doença física mesmo, uma dor nas costas, por exemplo. Já a psicoterapia é uma forma de tratamento que faz com que a pessoa mude a maneira de ver, de perceber as coisas, mudando o comportamento. É dessa forma que a associação faz com que se encontre o equilíbrio. Um erro bastante comum é "se dar alta" e sabe por quê? Porque a maioria dos medicamentos precisa de um tempo para agir no organismo, e quando a gente para de repente, o organismo se descontrola novamente. Daí a importância da orientação médica. Não sei se foi assim com você, mas a dosagem aumenta gradativamente, por exemplo, só um quarto de comprimido, depois meio, depois um inteiro, não é assim? É justamente para o organismo se reorganizar. A maioria dos medicamentos só começa a fazer efeito depois de 14 ou 15 dias de uso. E aí quando a gente para sem a avaliação médica é como se a depressão ou a ansiedade voltassem com mais força.

Você faz terapia?  Se não faz, deveria começar a pensar na possibilidade para não ficar se sentindo tão dependente da medicação. Terapia demanda tempo e engajamento, é verdade, mas pode ser muito mais vantajoso do que procurar a solução aparentemente mais fácil (os remédios).

Não quer se identificar  - Estou fazendo tratamento há meses contra síndrome do pânico, incluindo terapia. A psicóloga suspeitou que talvez fosse devido ao trabalho, mas como sou extremamente ansiosa desde a infância pode ser que não seja apenas esse o motivo. Fui parar várias vezes no pronto socorro achando que iria morrer com taquicardia e pressão alta. Foi um verdadeiro tormento, mas graças a Deus, estou tendo um bom retorno com o tratamento, com medicação e terapia. Incluindo fazer coisas que gosto, como caminhadas, lazer. Mas a questão é que depois que comecei a tomar a medicação vi a balança saltar em quase 10 quilos e a libido foi embora. A psicóloga disse que precisarei fazer uma dieta. Será que o peso volta ao normal quando parar com a medicação? E a libido, volta?

Kátia Beal - A ansiedade, assim como os outros componentes e características dos perfis de personalidade podem vir desde a infância ou até mesmo pela genética e aí encontra terreno fértil nas situações do dia a dia, quando as pessoas são mais vulneráveis psicologicamente. Alguns medicamentos podem fazer elevar o peso e ocasionam também a perda ou diminuição do desejo sexual. Eu recomendo a você que converse com o seu médico, pois atualmente existem várias medicações que não provocam tantos efeitos colaterais. Há muitas opções e talvez seja o caso de apenas fazer um ajuste com o médico que te acompanha. Com relação à dieta, é importante procurar um nutricionista para te ajudar a se alimentar direitinho, procurar fazer um exercício físico, algo que você goste e também avaliar com a sua psicóloga se a ansiedade ainda está tão grande que te faz "atacar a geladeira", por exemplo. Muitas vezes comemos por ansiedade ou por tristeza.

Não quer se identificar -  Tenho 36 anos. Sofro de uma angústia enorme, uma falta de ar, palpitações e muita tristeza. Além de orar, não sei mais o que fazer. Acho que minha vida só anda pra trás. Durmo muito tarde e quando acordar pela manhã, pra mim é o fim do mundo. Com essa ansiedade enorme, minha vida é comer e comer. Engordei muito e minha autoestima foi parar no chão. Não tenho forças para lutar, mas quando luto por um sonho e consigo realizá-lo não tenho forças nem vontade de prosseguir. O tempo está passando e nada consegui na minha vida por ser assim. O que faço?

Kátia Beal - pelos seus sintomas, está mais para depressão ou transtorno depressivo ansioso. Uma característica forte da depressão é batalhar pelas coisas e quando consegue, não aproveita. Há duas situações: o deprimido que de tanta tristeza e angústia acaba se sentindo sufocado e ansioso. E o ansioso que por tentar conseguir as coisas e não acontecer do jeito que queria, acaba ficando triste. O correto para um diagnóstico mais preciso é você procurar um terapeuta que vai te avaliar e verificar a gravidade do caso, o comprometimento na sua vida pessoal e profissional e se precisar fazer uso de medicação irá te encaminhar ao psiquiatra.  Eu acho que você precisa de um direcionamento, busque uma psicoterapia, tenho certeza que vai te fazer bem!!!

Daiana Carina de Araxá-MG  - Passei por uma separação há pouco tempo, tenho um filho de 5 meses e está tudo muito recente. Estou sem vontade de sair, me sinto horrível perto de outras pessoas e às vezes choro sem motivo. Isso pode ser o começo de uma depressão?

Kátia Beal - A gravidez traz muitas mudanças na vida da mulher e depois que o filho nasce ela se depara com uma nova vida, que de repente pode não estar tão preparada. Leva mesmo um tempinho para tudo se ajustar com o novo membro na família. A mulher pode se achar feia, ter aumentado um pouco o peso. Estas questões mexem demais com a autoestima feminina. Também sou mãe e posso afirmar que a maternidade traz muitas mudanças. Algumas muito boas, mas outras nem tanto assim, não é mesmo? A separação também traz consigo muitos sentimentos, muitas mudanças de vida. Dependendo do caso traz mágoa, tristeza, dor. Agora junte as duas coisas e poderá sim haver um desequilíbrio emocional. Se é ou não começo de depressão a gente precisa avaliar melhor. Mas se você acha que não está se sentindo bem e esse chorar sem motivo já acontece há mais de um mês é importante você procurar ajuda.

Mais de um mês por quê?  Porque para diagnosticar como depressão há alguns critérios, um choro de vez em quando pode não ser depressão, mas uma tristeza momentânea devido aos acontecimentos.
De qualquer forma, acho que seria interessante você conversar com um profissional que vai te dar as devidas orientações e avaliar com mais detalhes a sua historia de vida.

Não quer se identificar - Tenho 43 anos, sou divorciada e tenho duas filhas já adultas, sou professora. Há anos venho sentindo praticamente todos os sintomas da depressão, já fiz tratamento com psiquiatras, tomei remédios que me deixavam fora de mim. Mas parei com tudo, mudei-me para Uberlândia para tomar conta de minhas filhas sozinha. Tanto na educação, como financeiramente. Tinha muito medo de não conseguir e deixar faltar alguma coisa a elas. De dois anos para cá ando perdendo a vontade de fazer tudo. Amava dançar e ser professora. Mas agora parei de vez com a dança. Quanto ao trabalho hoje o faço porque sustento a minha casa. Não sinto vontade de me levantar da cama, o que ainda me impulsiona são as contas a pagar. Sorrir nem sei mais. Ando nervosa com pessoas que vivem próximas a mim, como amigas e namorado. Sinto dores no corpo, principalmente no peito, tonturas, mãos dormentes e com dores. Estou desatenta e às vezes chego a ter vertigens. Dores de cabeças são frequentes e não sinto mais prazer sexual. Me sinto feia. Ano passado retirei o útero e engordei 20 quilos. Gostava de viajar, hoje faço tudo pra não sair de casa. Não sinto mais vontade de viver. Cansei de ter de sustentar toda a casa, de ser boa mãe, boa filha, boa professora e boa namorada.

Kátia Beal - fico muito sensibilizada com a sua história. Mas veja, eu já vou começar te respondendo pelo final do seu e-mail. Quem disse que você precisa ser a namorada perfeita, boa mãe, boa filha, boa professora? De onde vêm essas cobranças? Será que é externa ou interna?

Quem exige que vc seja assim tão perfeita?

Será que conseguimos ser perfeitos? Será que as coisas sempre saem do jeito que a gente queria que fosse? Eu sei que você não se orgulha em ser assim, mas também sei que não deve se culpar tanto. Você parece querer carregar o mundo nas costas. Ter um problema emocional não é vergonha. Mas pode escolher mudar o rumo dessa história.

Pelo seu relato percebo muita insegurança, muita ansiedade, baixa autoestima, medo, depressão, desesperança. Talvez pra sair dessa tristeza só falte um estímulo e aprender que não precisa ser perfeita. Aprender a não se cobrar tanto e entender que não pode controlar tudo! Procure um psicólogo, ele vai ajudar a mudar a sua maneira de pensar, de ver as coisas. Você precisa sair dessa nuvem negra que parou sobre sua cabeça. Você é muito jovem, tem uma vida inteira pela frente, que tal fazer algo por você para mandar essa depressão embora? Vamos lá, coragem e tenho certeza de que tudo vai ficar bem.

Cristina Garcia de Souza - Uberlândia - Tive minha primeira depressão mais ou menos aos 25 anos. Foi de repente sem uma causa. Queria ficar só na cama e não dormia. Procurei ajuda profissional e melhorei. Há três anos estava no quarto mês de gravidez quando deu o surto da gripe h1n1. As pessoas só falavam da tal gripe e soube que grávidas estavam morrendo e deixando seus bebês. Comecei a ter pensamentos obsessivos compulsivos, tive crises de pânico. Os exames mostravam que estava tudo bem comigo e com minha filha, mas eu não acreditava. Foi uma fase muito ruim porque não curti minha gravidez. Minha filha nasceu em 28/11/2009 e muito bem. Na hora do parto não tive nenhum pensamento ruim. A partir do momento que ela nasceu os pensamentos foram todos embora. Como me senti aliviada! Tenho 35 anos um filho de 15 e a menina de quase 3. A médica não quis me operar pelo problema emocional que estava passando. Pergunta: será que se eu engravidar posso ter esses pensamentos obsessivos compulsivos?  Recentemente estava com crises de ansiedade no trânsito. Começava sentir taquicardia, mal estar. Ficava ansiosa para chegar logo ao meu destino. Também tenho um pouco de fobia. Resolvi procurar ajuda de um profissional, a psiquiatra me disse que sou ansiosa crônica. Há quatro meses comecei o tratamento e estou me sentindo outra pessoa. Ela me passou um ansiolítico e um remédio para dormir porque deito e fico pensando em coisas pendentes, no que vou fazer no outro dia, enfim sofrendo por antecipação.

Tenho consciência do mal que isso me causa, mas não tenho controle sobre meus pensamentos. Eu acho que tem mais gente do que pensamos com algum distúrbio emocional. Será que é essa vida corrida?

Kátia Beal - Muito importante o que você falou. Tem muita gente sim que sofre com os problemas emocionais, mas por vergonha ou por outros motivos acabam não procurando ajuda e é quando ficam crônicos. Se as pessoas procurassem ajuda no primeiro sinal de alerta, seria bem melhor pra todo mundo. Mudou muito de uns tempos para cá, mas infelizmente as pessoas ainda tem muito preconceito.
Eu não gosto de dar um diagnóstico, sem conhecer a pessoa e sua história de vida (até porque acho mais importante a intervenção do que os rótulos), mas pelo seu relato, me parece mais um caso de perfil de Personalidade Obsessivo-Compulsivo.

O que é isso? É quando a pessoa sofre por antecipação, mas isso não chega a prejudicar significativamente a vida. Quando não conseguimos mais realizar atividades normalmente e sofremos muito com os pensamentos a ponto de ter prejuízos sociais, no trabalho e nas relações aí sim podemos considerar um transtorno. Você relata também sintomas de ansiedade generalizada. Eu, inicialmente, por meio do relato, diria que você está com TPOC - Transtorno de Personalidade Obsessiva Compulsiva, pois tem medos, os pensamentos obsessivos, as crises de pânico, a ansiedade crônica. Pessoas com estas características gostam de ter tudo sob controle, acham que os outros são irresponsáveis, ou não tão responsáveis como ela, que se quiser algo bem feito, tem de fazer ela mesma.

Tudo isso que eu falei está dentro dos TRANSTORNOS ANSIOSOS, e se você está se sentindo bem, é porque os medicamentos foram prescritos adequadamente.

Você disse que teve depressão. Alguns transtornos podem existir juntos, são as comorbidades. Uma pessoa deprimida pode vir a ficar ansiosa, assim como um ansioso pode vir a se deprimir, quando vê que as coisas não saem do jeito que queria.

Talvez fosse interessante pensar na possibilidade de uma terapia como uma ferramenta para modificar os pensamentos distorcidos e a maneira como a pessoa percebe as coisas a sua volta.

Patrícia Marangon - tenho tido muita dificuldades em dar conta do trabalho doméstico da minha casa. Sou só dona de casa há cerca de um ano e meio e desde o nascimento da minha terceira filha, há dois anos, não consigo mais me organizar e executar as tarefas que sempre fiz. Fico nervosa, irritada, muitas vezes tenho vontade de chorar. Essa tensão piora ainda mais no período pré-menstrual. Tenho tomado valeriana, mas acredito que não tem sido suficiente, pois não tenho mais vontade nem de sair de casa. Estou preocupada! Pode ser depressão?

Kátia Beal – você pode estar se sentindo pouco valorizada por não estar mais trabalhando fora. Infelizmente o trabalho doméstico ainda não é tão valorizado, embora seja de extrema importância. Pelo jeito que vc escreve me passa a ideia de ser uma pessoa organizada, que gosta de ter controle e não fica feliz quando as coisas não saem do seu jeito.

Por exemplo, quando se programa para lavar a roupa e limpar a casa em uma manhã e por algum motivo não deu pra terminar tudo, você sofre? Por que tem que terminar tudo hoje? Tem alguém te cobrando ou é uma cobrança interna? Não acho que seja depressão, mas sim ansiedade ou transtorno depressivo ansioso, que é quando a pessoa, por não conseguir fazer as coisas do jeito que gostaria fica triste, se sentindo inferior, pensando que não dá conta de fazer as coisas. Por que você não conversa com um terapeuta? Ele pode te ajudar a reorganizar o seu tempo, priorizando as coisas mais importantes, fazendo o que de fato precisa ser feito e deixando as menos importantes para segundo plano. Quando estamos envolvidos com o problema não conseguimos ver onde estamos errando e o psicólogo pode ajudar nesse sentido. A Valeriana é um antiansiolítico natural, que funciona mais ou menos como um placebo, se você acredita que vai fazer bem, então ele vai fazer. Mas se vc já toma com desconfiança, aí não faz efeito. E como um último conselho, procure cuidar de você. Não é porque é dona de casa que não mereça uma ida ao salão de beleza ou ir ao cinema com uma amiga ou tomar um café. Cuide mais de você e procure algo que te motive, que te dê prazer.

Ordanael - Uberlândia - 28 anos  - Tenho cargo muito importante, trabalho como gerente. Tenho rotina muito cansativa. Não tenho folga há três meses. Estou muito estressado.

Kátia Beal - um cargo de tamanha responsabilidade pode sim trazer problemas, porque as cobranças podem ser demais, a rotina de trabalho estressante, desgastante, os prazos curtos. Normalmente gerentes têm responsabilidade e dedicação exclusiva não é mesmo?

Mas é importante tirar um tempo pra você, ainda mais tão jovem. Tente reorganizar seus horários de maneira que sobre um tempinho para você fazer o que mais gosta. Um jogo de bola com os amigos, por exemplo, ou uma saidinha depois do expediente para relaxar.

Lembre-se que trabalhar é importante, resultados e produtividade também. Mas, já parou para pensar que se o seu organismo adoecer, o único a sofrer com isso vai ser você? As empresas pensam e valorizam os seus funcionários, mas quando não tiver saúde para continuar, sua vaga será preenchida rapidamente, pense nisso!!! Não quero ser radical, mas a nossa saúde em primeiro lugar. Na verdade é preciso um equilíbrio . As folgas são importantes e todo funcionário tem direito a folgas semanais. Cuide-se, o seu corpo e mente agradecerão!

A partir da Rede Globo. Leia no original

CICATRIZES DO PASSADO

8/07/2012
Algumas pessoas carregam dentro de si marcas que a vida (e as pessoas que por ela passaram ou que ainda permanecem nela) deixou.Essas pessoas se dividem entre as que conseguiram passar por cima disso tudo e as que ainda vivem e remoem essas marcas,esses traumas,enfim.

Eu sou uma dessas pessoas que não conseguem superar as pancadas que a vida me deu. E graças a isso tenho Síndrome do Pânico e Depressão, resultados de inúmeras frustrações e constantes humilhações que vivi ao longo dos meus 20 e poucos anos.Alguns dizem que é preciso esquecer o que já passou,mas não é tão fácil quanto falar,é preciso ter uma força que muitas vezes não possuimos,e este mesmo comentário nos faz sentir o quanto somos frágeis e dá até uma sensação de impotência perante o resto do mundo.

Pessoas como eu,que foram (e são) vítimas de outras vítimas de traumas ou até mesmo da ignorância vivem buscando uma saída desse circulo,dessa prisão que é o passado.Digo passado porque muito do que vivemos em nossa infância e adolescência é acrescentado em nosso caráter ou no modo como vemos a vida.

Você,que assim como eu,vê o passado como causador de seus atuais problemas,acredite,você não é o único.
A.C.

PÂNICO E DEPRESSÃO TÊM CONTROLE E REMÉDIO

7/09/2011
Há vários anos tive síndrome do pânico. Na época, quando a doença ainda não era muito conhecida, passei por uma verdadeira peregrinação em especialistas médicos. Foi uma verdadeira ‘via crúcis’ em busca de um diagnóstico – a certa altura, estava tão desesperada em não saber o que se passava comigo, que preferia até ouvir o pior a não ouvir nada.

Pelo menos no meu caso, posso resumir a síndrome do pânico em uma sensação, entre tantas outras terríveis: a de morte iminente. Imagine-se acordando daquele pesadelo onde está caindo de uma enorme altura, levando um tiro ou se afogando... A sensação é parecida com essa, exceto pelo ‘alívio’ de acordar. A síndrome do pânico é uma espécie de ‘ante-sala’ do inferno. É horrível, mas o que vem a seguir parece ser sempre pior.

Taquicardia, falta de ar e de apetite, choro fácil e, como o próprio nome diz, pânico. De nada específico e de tudo ao redor: pânico de morrer antes de chegar ao hospital, pânico de existir, de tomar banho, de comer, de sair de casa... Pânico do real e do imaginário. Do máximo e do mínimo.

Durante os poucos meses (parecerem uma eternidade, é claro!) em que não fui diagnosticada, mas descartaram-se todas as possibilidades clínicas, a tristeza de não entender o que se passava comigo me paralisou e tive depressão.

Magérrima e debilitada física e emocionalmente, uma noite telefonei para a minha avó paterna, a figura que sempre foi meu porto seguro, mas quem atendeu foi uma tia que é médica. Costumo dizer, desde então, que ela salvou a minha vida. No telefone, enquanto ela perguntava o que estava acontecendo, eu só conseguia chorar e repetir que ia morrer. Pior: ia morrer sem saber o que tinha me matado, já que nenhum médico descobria a minha ‘doença terminal’.

Ela me levou à casa dela, conseguiu que eu tomasse água (neste momento, até isso era difícil para mim) e um calmante. Explicou que, pelo conjunto de sintomas, eu estava em depressão. Fiquei surpresa e, na hora, pensei: deprimida? Logo eu que sempre fui tão bem humorada? Estava terminando a faculdade de jornalismo, a profissão que sempre quis e, aparentemente, nada ia mal na minha vida.

Nesse dia, dormi pela primeira vez uma noite inteira. E, no dia seguinte, o diagnóstico da síndrome do pânico que evoluiu para uma depressão – ou vice-versa - foi confirmado por uma clínica geral, que me encaminhou a um psiquiatra. Esse, aliás, foi um novo desafio: vencer o preconceito em torno dessa especialidade da medicina afinal, eu não era ‘louca’. Mas, a essa altura, o meu desespero era tanto que nem pensei nisso.

Ele, o meu psiquiatra, foi a pessoa que salvou pela segunda vez a minha vida. Explicou tudo o que eu ainda não sabia sobre as ‘doenças da alma’ e até desenhou – literalmente – para que eu entendesse melhor, as diferenças entre o cérebro de uma pessoa sã e uma deprimida. Descobri, com ele, que as doenças da alma, causadas por um desequilíbrio na produção de substâncias no cérebro, eram tão físicas e reais quanto qualquer outra.

Desfez-se o mito em torno das frases que tantas vezes ouvi: “Isso é coisa da sua cabeça”... “Vai a um cinema... Se distrai que passa”. Sim, a síndrome do pânico e a depressão eram coisas da minha cabeça, mas, não da forma como muita gente pensava. A cura não estava em minhas mãos, nem está nas mãos, nem na mente de ninguém que sofra desse mal. É injusto, cruel ou simplesmente, desconhecimento total de causa colocar a solução do problema nas mãos de quem está sofrendo.

Após poucos dias de tratamento com antidepressivo e de meses de terapia, posso dizer que renasci. Voltei a me alimentar, a estudar e trabalhar – cheguei a perder o período na faculdade e o estágio devido à doença -, a sair e a sentir prazer nas atividades diárias. O medo também se foi e, junto com ele, a falta de ar, a taquicardia...

Desde então já se vão uns dez anos. Confesso que tive algumas recaídas, mas, nunca, nenhuma, comparada à primeira crise que descrevi aqui, quando sequer sabia o que estava vivendo. Andrew Solomon, o autor do livro ‘O demônio do meio-dia’, um tratado sobre a depressão, disse durante uma entrevista que, para quem já teve, a depressão está sempre à espreita.

Vanessa Alencar
Eu sei disso. Sei que ela está à espreita e reconheço seus olhos frios e traiçoeiros, mas, depois que você conhece os sintomas e os mecanismos da doença, fica mais fácil cortar o mal pela raiz, antes que ele se alastre. Por isso, não me envergonho de procurar ajuda quando, mais uma vez citando Solomon, “aquela sensação turva impregna a minha alma”.

A depressão tem controle e tem remédio e, muitos precisam desse controle para sempre, assim como qualquer outra doença. Se for necessário remédio, eu tomo. Se for necessário voltar para terapia, eu volto. Hoje, o meu ‘demônio do meio-dia’ está adormecido. Não tenho medo de ser feliz, nem tenho medo de acordá-lo.

Resolvi escrever esse artigo na tentativa de ajudar os que se reconheceram neste relato e, encerro, citando um depoimento que também consta do livro ao qual me referi. Se você está deprimido hoje, lembre-se: ‘Não vai ser sempre assim. É assim neste momento, mas não vai ser sempre assim’.


Vanessa Alencar

É POSSÍVEL CONTROLAR O PÂNICO, DIZ MÉDICO

6/29/2011
Falando sobre depressão e síndrome do pânico, o psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello, do Hospital das Clínicas, esteve no programa Bem Estar, da Rede Globo, e colaborou ao traçar um painel atual sobre as doenças. Informou, como demonstra o vídeo abaixo, que estudos mostram que o aumento de transtornos de ansiedade na família podem aumentar a probabilidade de uma pessoa ter algum tipo de síndrome. Uma boa dica para quem possui a doença é aprender a controlar a respiração.


No vídeo a seguir, você conhecerá os sintomas mais comuns da síndrome do pânico são tontura, falta de ar, taquicardia, medo e suor frio. O tratamento da doença é feito através de remédios e terapia. Segundo os médicos, é possível controlar a crise de síndrome do pânico.

DEPRESSÃO ATINGE 70% DAS PESSOAS QUE NÃO TRATAM O PÂNICO

6/27/2011

O psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello, do Hospital das Clínicas, tirou dúvidas da internet sobre síndrome do pânico ao participar do programa Bem Estar, da Rede Globo. Segundo o médico, em casos mais raros, crianças podem manifestar a doença com sintomas como medo (de ficar sozinha ou ir para a escola), choro e vontade de fugir dos lugares.

Mas geralmente o distúrbio começa a surgir na adolescência e, nessa fase, os jovens apresentam os sintomas típicos: taquicardia, desespero e sufocação. Desmaios durante as crises não são comuns, mas podem acontecer em uma porcentagem pequena de pessoas.

Figueira de Mello destacou que síndrome do pânico não é um “piripaque” ou algo sem importância, mas também não é necessário sair correndo atrás de um médico ou pensar que vai morrer. Se a crise não passar em 30 minutos, é bom procurar um pronto-socorro. Acalmar a vítima também ajuda.

O especialista explicou que é comum ter crises de pânico apenas em ambientes específicos, como no trabalho. Aí, há uma relação entre fobia e os ataques.

Já ansiedade e síndrome do pânico são problemas diferentes. O primeiro é uma defesa flutuante do ser humano e dos animais em geral. Ela antecipa o medo ou o que poderá acontecer: será que alguém vai à minha festa, vou chegar a tempo ao trabalho, me saí bem na entrevista de emprego? Já o transtorno de pânico se desenvolve e tende a ficar crônico. Porém, quando a ansiedade se torna rotina e atrapalha a vida, também vira doença: a ansiedade generalizada.

De acordo com Figueira de Mello, pânico, depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) são quadros paralelos, sem relação de causa e efeito. Apesar disso, 70% das pessoas que não tratam o pânico tendem à depressão.

A morte de um parente ou um acidente pode desencadear um caso de pânico, mas é mais comum que o distúrbio ocorra espontaneamente. Doenças como hipertireoidismo também podem causar crises de pânico e ansiedade, em que o indivíduo sofre “brancos”, desorientações e distúrbios de atenção.

TODOS PROCURAM PELA CURA

6/25/2011
Todos procuram pela cura. Ela se esconde como uma faísca de esperança em doenças e dores emocionais. Curar o stress, a ansiedade, a depressão, o diabetes, câncer, o mal-estar da civilização. É possível?

Partindo de um problema particular, o psicólogo e quiroprático Bruce Forceia começou a refletir sobre o assunto por conta de uma doença no coração que o surpreendeu quando tinha 24 anos. Insatisfeito com o modo infeliz que vivia, com surtos de pânico, angústia e medicamentos frequentes, começou a buscar meios para enfrentar de maneira digna sua enfermidade.

Após muitos anos de pesquisas, observações e transformações, reuniu dados suficientes para compartilhar o que ele acredita ser "O Código da Cura".

"Voltei-me para o mundo da medicina alternativa em busca de uma resposta. Nele, descobri vários sistemas de tratamento ligados a uma filosofia universal. A medicina alternativa é fundamentada na filosofia do vitalismo. Os que aceitam o vitalismo acreditam numa força vital que permeia toda a vida", destaca o profissional.

Compreender a força vital o fez entender que deve haver uma conexão entre os sistemas de cura convencionais e os alternativos. "A cura e a vida nada mais são que manifestações do mesmo processo. O mesmo ocorre com a doença e a morte. Todos os sistemas de cura podem ser compreendidos em termos de informação."

Unindo as informações das diferentes formas de cura, o autor, após cerca de dez anos, conseguiu que os sintomas desaparecessem por completo, fazendo-o perceber também que, além deles, toda uma insatisfação pessoal criada por seu psicológico apenas pioravam o estado emocional e físico.

Com isso, criou o que chama de "cura informacional", baseada em sete princípios que permite a qualquer um acessar as chaves básicas para a cura eficiente de qualquer particularidade.

"Este livro foi escrito para qualquer pessoa que necessite de cura. Você pode adotar os conceitos apresentados aqui e aplicá-los imediatamente. Também verá que este livro é útil para a compreensão, avaliação e elaboração de programas de tratamento que integrem sistemas de cura da medicina convencional e da alternativa," conclui o especialista, dando esperanças aos que buscam e acreditam na cura possível, no "Código da Cura"

* * *

"O Código da Cura"
Autor: Bruce Forceia
Editora: Cultrix - Páginas: 200
Preço: R$ 34,00

UM PEDAÇO DE MIM QUE NÃO É O TODO

7/02/2010
Sou a filha caçula. Isso fez cair em cima de mim clichês e etiquetas que eu não procurei. Fui fácil de rotular . Nervosinha , ansiosa, mania de perfeição, mania de ficar sensível com tudo. Minha mãe não me dá mais presentes porque disse que cansou de dar presentes e eu não gostar, eu falava, ela berrava e eu acabava no choro. Assim a família inteira chegou a essa conclusão.Essa menina é sensível demais ! Melhor não dizer nada ! Quando eu descobri que Papai Noel não existia a vida da minha mãe virou um inferno. Eu desmontava a casa, mas achava os presentes dias antes do Natal. Fazer o que ? Coisa de caçula mimada e ansiosa , quer tudo e quer agora.

O mapa astral já tinha avisado, é culpa do ascendente em sagitário . Fala o que pensa e pronto. Cresci nesse planeta. Convencida que eu, um ser humano inteiro, com todas as suas capacidades era só isso mesmo, ansiosa, nervosa, sensível . As coisas boas que aconteciam comigo eram porque eu era sensível e tinha percebido, as ruins eram porque eu era sensível . Se eu gosto é porque sou sensível, se eu odeio é porque sou sensível. Se fiz as pazes é porque sou ansiosa e não perco tempo, se briguei é porque sou ansiosa e não dei tempo. Tudo na balança pesa para esses lados.

Ainda bem que o tempo passa e a vida costuma dar tapas em todo mundo. Eu levei os meus. E demorei muito tempo, tenho até vergonha de dizer , mas demorei em perceber que nenhum ser humano é feito só de três defeitos que também são qualidades ou vice-versa. Eu não sou só isso . Ninguém é. Como o mundo seria simples se todo mundo só tivesse três pontos na testa, indicando o que são. Fui rotulada, tratada dessa maneira, que hoje pessoalmente considero uma falta de respeito . Aprendi a bater, depois de apanhar . Se hoje em algum Natal algum tio me recorda que sou ansiosa , eu faço questão de dizer que ele já bebeu demais .

Acho triste conviver com alguém e só ver isso .Não vou negar, sou ansiosa sim, se pego avião penso se o piloto teve uma noite de sono boa , penso besteira sim ,sou sensível aos horrores no mundo , não sou fria nem distante de nada .Mas sou um todo , um quadro completo , não uma peça solta de um quebra-cabeças. Sou um ser humano com todos os defeitos e qualidades possíveis ,não posso ser julgada por uma peça . Não posso ser julgada por uma síndrome . Não sou ela , nem ela me representa . Não é minha lua , nem meu sol . É uma estrela, que brilha distante, as vezes posso ver, as vezes não .Por isso gosto das noites claras, onde o céu brilha e vejo milhões de estrelas . Então eu vejo minha síndrome lá . Mas também vejo o resto, vejo as outras, vejo o todo. E vejo como o meu céu é perfeito e infinito .Vejo que não sou essa estrelinha perdida .Sou um universo, infinito, que não se define em três coisas , como qualquer ser humano. 

AIara D.
Atriz, escritora e roteirista. Autora do livro "Síndrome de Mim Mesma"

A partir do blog
Síndrome de MM. Leia no original
 
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