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O QUE DIZER (OU NÃO DIZER) A UMA PESSOA COM DEPRESSÃO

8/29/2017

Quando uma pessoa de que gostamos está em depressão, queremos fazer de tudo para ajudar. Mas, muitas vezes, é difícil saber como agir. O diálogo ajuda, mas falar as palavras erradas pode atrapalhar bastante. Com a ajuda de especialistas, listamos 8 frases que devem ser evitadas -- e o que dizer no lugar delas:

Não diga: "Você precisa procurar ajuda”


Prefira: “Posso te ajudar a buscar ajuda especializada? Eu vou com você!”

É claro que quem tem depressão precisa de ajuda: essa doença dificilmente se cura sozinha. Mas ao usar a primeira frase, o deprimido se sente atacado e pode se isolar ainda mais, por defesa. Dependendo do estágio em que está, a pessoa também não consegue procurar ajuda sozinha, por isso, é melhor se oferecer.

Não diga: "Como isso foi acontecer com você?"


Prefira: “Poderia acontecer com qualquer pessoa”

O transtorno tem diferentes causas -- biológicas, psicológicas e sociais -- e afeta 322 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Por isso, a primeira pergunta, na verdade, não tem resposta, e só fará o deprimido se sentir ainda mais culpado e derrotado.

Não diga: "Até quando você vai ficar assim?"


Prefira: "Nós vamos ajudá-lo pelo tempo que for preciso, até você melhorar"

A depressão não tem prazo de validade. Se o deprimido tivesse algum controle sobre a situação, sairia dela imediatamente. Portanto, perguntar até quando ele ficará assim é uma cobrança desnecessária. Você vai ajudar mais ao mantê-lo motivado: ao perceber qualquer melhora no quadro, faça um elogio. 

Não diga: "Por que você não sai dessa cama e vai se distrair?"


Prefira: “Vou abrir as suas janelas para entrar sol”

A sensação de inutilidade invade os depressivos e a frase só potencializa o sentimento. Não é ruim incentivar, mas dá para fazer isso sem lembrar o outro que ele não consegue sentir prazer. Pode ajudar expor a pessoa à luz natural, que deixa o organismo mais disposto ou ativo. Uma caminhada de mais de 20 minutos também é uma boa, porque libera endorfina.

Não diga: "Ah, para, as coisas não estão tão ruins assim!"


Prefira: "Eu imagino que não deva estar sendo fácil para você”

Na depressão, é como se o indivíduo enxergasse o mundo com lentes cinza: a perspectiva dele é muito mais sombria. Por isso, chamá-lo de pessimista não vai mudar o que ele sente. É sempre a melhor opção não menosprezar a dor do outro, depressivo ou não. Aposte na empatia: deixe claro que você entende que a dor é real, mas que ele não está sozinho para lidar com ela.

Não diga: "Você tem que se esforçar"


Prefira: “Vamos enfrentar isso juntos!”

Por mais que o deprimido se empenhe para melhorar -- e, acredite, ele sempre tenta -- é invadido por uma tristeza paralisante. Por isso, é muito importante que ele não se sinta sozinho nessa luta constante. Ajude-o a reconhecer pequenas conquistas e pequenos passos em direção à melhora, que é sempre gradativa.

Não diga: "Eu não te reconheço mais"


Prefira: “É uma questão de tempo para você voltar a ser como era antes”

É melhor dizer que as mudanças de comportamento são temporárias e fazem parte da depressão. Também vale reforçar: embora a doença o faça acreditar que ele não é importante, para você, ele é, sim! É importante ajudá-lo a reconhecer o que é real e o que é um pensamento provocado pelo transtorno.

Não diga: "Você tem que ter fé na cura"


Prefira: “Sua fé pode ajudar, mas vamos buscar ajuda profissional também”

Para quem crê em algo superior, a fé pode ajudar a passar pelo momento. Mas um médico deve ser consultado, sempre, para diagnosticar o caso e orientar o tratamento, que pode exigir sessões de psicoterapia, medicamentos, além da prática de atividade física.
A partir do UOL. Leia no original

Imagem : Pexels


Fontes: Fabíola Luciano, psicóloga do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Eduardo Ferreira Santos, psiquiatra e psicoterapeuta de adultos e adolescentes. Angelica Takushi Sanda, psicóloga. Fernanda G. Moreira, psiquiatra, psicoterapeuta e professora da Unifesp. Fernando Fernandes, psiquiatra do Programa de Transtornos do Humor do Instituto de Psiquiatria da USP.

'A DEPRESSÃO ME DEU COISAS EM TROCA', DIZ FERNANDA YOUNG

8/16/2017

Fernanda e Alexandre estão juntos há 24 anos. A parceria rendeu 15 séries televisivas, incluindo "Os Normais", comédia que modernizou a linguagem dramatúrgica da Globo no início dos anos 2000, além de "Separação?!" (2010) e "Como Aproveitar o Fim do Mundo" (2012), indicadas ao prêmio Emmy Internacional. 

"Sou uma autora contratada da Globo e tenho obrigações. Uma delas é fazer sucesso", explica. "Há erro e acerto. Essa moeda do sucesso é volátil".

A escritora sempre foi mais midiática que o marido. É atriz, apresentadora e posou nua duas vezes - para a Playboy, em 2009, e para a Top Magazine, em 2016. A relação quase nula de Alexandre com os holofotes originou comentários de que Fernanda seria apenas a "porta-voz" do casal. Ele, o "cérebro".

Fernanda, mesmo assim, não deixa de destacar a importância do companheiro. "Não sei nada de regra de português. Foi o Alexandre quem me ensinou a pontuar quando eu tinha 16 anos. Nossa parceira é tão antiga quanto nosso encontro".

Apesar de ser "extremamente apaixonado", o casal dorme em quartos separados desde o nascimento de suas filhas gêmeas, em 2000. Para Fernanda, fidelidade "é algo que não existe", o que importa é lealdade. "Tive pouquíssimos namorados e encontros sexuais. Minha 'reputação elástica' é mais sobre o que pensam de mim, do que aquilo que faço".

"Não acho a depressão charmosa. Mas ela me deu coisas em troca"
"A depressão é uma lente que distorce as coisas. A grande crueldade dessa doença é que você pensa que deveria morrer, porque é pior viver.

Não desejo a depressão de novo. Nem deixo que ela me domine. Não sou a doença. Depois de enfrentá-la durante toda a adolescência, posso dizer que agora a tenho controlada. Tomo 5 mg de Lexapro por dia e, para mim, é um efeito placebo.

Não acho a depressão charmosa, tive que sobreviver a ela. Mas a doença me deu coisas em troca. O gosto pelos exercícios físicos, por exemplo. A disciplina. Se não fosse a depressão, não teria feito nem 70% do que realizei na vida".

"Fumei por 21 anos e foi a coisa mais estúpida que já fiz. Experimentei tudo o que tinha em minha época e parei no LSD. Hoje, não uso nada.

Deixei de fumar maconha quando me dei conta de que ela fazia parte de um sistema do qual não quero participar. Defendo a descriminalização de todas as drogas. 

Se maconha fosse legalizada, fumaria de novo. Mas fumaria pouco, pois não quero me ausentar da realidade

Minha alegria é comer pizza com ketchup e chope. Cerveja também é muito legal. Aprendi a gostar de vinho rosé, mas não é a verdade absoluta do meu ser etílico. Tem umas coisas que não posso beber. Uísque, por exemplo. Fico homicida".


Greg Salibian/Folhapress
Greg Salibian/Folhapress

"Perdi a conta das piadas racistas que meus filhos ouviram"

Fernanda é mãe das gêmeas Estela May e Cecília Madonna, de 17 anos, e de Catarina Lakshimi, 9, e John Gopala, 8, que adotou em 2007. São crianças negras e a escritora sofre ao falar do racismo com que têm de lidar.

Teve uma época em que o John só desenhava menino loiro. Ele não entendia que era negro

Ela diz ter perdido as contas das vezes em que os filhos vieram se queixar das agressões que sofreram. "Me falam das piadas que fazem com o cabelo deles. Infelizmente acontece muito mais do que eu imaginava". 

Empoderar os filhos é a forma que ela encontrou de ensiná-los a enfrentar o preconceito. "Sabe essa coisa de gostar de habitar seu corpo? 'Eu reverencio o Deus que habita em mim'? É isso que tento passar para eles".

"Outro dia me perguntaram quais eram meus autores preferidos do momento. Percebi que só citei homens. Fiquei incomodada e me questionando depois. Com certeza meus escritores preferidos, em sua maioria, são homens. Mas por que será? É que os homens publicam mais e têm mais tempo de liberdade de expressão. Você vai estudar história da arte e não tem como não se perguntar: cadê as mulheres no Renascentismo?"

Fernanda autora

"O que considero bom em meus 12 livros? Nunca me censurei. Uma amiga, que também é escritora, certa vez me falou: 'você consegue algo raro, que é ter formado uma família e ao mesmo tempo ter mantido sua verdade de pensamento protegida'. E é verdade! Pouquíssimas pessoas conseguem manter sonhos românticos sem que isso seja um problema para sua liberdade. 'Como assim essa mulher fala essas coisa e tem filhos?'"

FÁBIO DE MELO FALA SOBRE SÍNDROME DO PÂNICO

8/09/2017

O padre e cantor Fábio de Melo, que atua na diocese de Taubaté, no interior de São Paulo, falou a respeito da síndrome do pânico da qual sofre atualmente em entrevista ao programa “No Ar”, na Rádio Globo.

“Eu sou extremamente aberto a contar minhas fraquezas. Acabei de te dizer que estou enfrentando uma síndrome do pânico. Não tenho medo da minha humanidade, sei que sou afetivamente exigido o tempo todo, faz parte do meu trabalho, as pessoas se aproximam de mim e chegam muito afetuosas, cheias de histórias. E é claro que há um desgaste emocional natural de tudo aquilo que eu faço”, contou.

“Estou vivendo um tempo muito difícil na minha vida, mas com muita disposição, também, não me sinto vítima. Não gosto desse ‘ai, coitadinho, tá cansado’. Quero continuar minha vida e fazer o que eu faço”, disse Melo.

Nas redes sociais do religioso, fãs dele estão pedindo correntes de oração pela melhora da sua saúde e enviando mensagens positivas. No programa, padre Fábio também falou sobre o sucesso que faz nas redes sociais.


"Gosto dos personagens que me ajudam no snap, me ajudam no Instagram a dizer o que nem sempre eu posso diretamente dizer. Mas eu sou eu. Não me escondo atrás de ninguém. Gosto dessa verdade. A autenticidade é a fatura que a gente tem que pagar com gosto todos os dias."

A partir da Revista IstoÉ. Leia no original
Imagem :  Divulgação

PÂNICO : ESTUDANTES CRIAM APLICATIVO PARA AJUDAR PESSOAS EM CRISE

8/02/2017
Be Okay inclui recursos para acalmar durante ataques e possibilita montar histórico
Gabriella Lopes (à esquerda) e duas colegas da PUC-Rio elaboraram um app para ajudar pessoas com crise de pânico

Três universitárias desenvolveram um aplicativo de celular para ajudar pessoas que têm crises de pânico ou de ansiedade. Batizado de Be Okay, o app já está disponível para aparelhos com sistema iOS, de forma gratuita. A intenção é ajudar tanto no exato momento da crise quanto a longo prazo. Quando o ataque está acontecendo, o usuário pode acessar uma animação para acompanhar um exercício de respiração — já que a falta de ar é um dos principais sintomas —; pode ver fotos que o acalmam, selecionadas previamente por ele mesmo; pode acionar uma discagem rápida para alguém capaz de ajudá-lo nessa hora, entre outros recursos.

Uma das criadoras, Gabriella Lopes, de 20 anos, conta que nunca experimentou ela própria uma crise de pânico, mas tem amigos e familiares que já passaram por tal situação.

— Conforme pesquisávamos para desenvolver o app, nos demos conta de que todos com quem nós falávamos conheciam pelo menos uma pessoa que já teve crise de pânico. É algo comum, e muitas vezes essas pessoas se veem sem qualquer ajuda — diz ela, que é estudante de Design de Mídia Digital.

A plataforma doi desenvolvida dentro do Programa de Formação para Desenvolvimento de Aplicativos iOS, coordenado pelo Laboratório de Engenharia de Software do Centro Técnico Científico (CTC) da PUC-Rio. Além de Gabriella, participaram da criação as alunas Ana Luiza Ferrer, do curso de Engenharia de Produção, e Helena Leitão, de Sistemas de Informação.

— Várias das funções do app foram fruto de sugestões de pessoas que já passaram por crises. Uma delas nos disse que o que a acalmava nessas horas era ver fotos de cachorrinhos pug — lembra Gabriella. — Então nós criamos a possibilidade de o usuário do app selecionar algumas fotos para que, nos momentos de crise, ele possa acessar. São as fotos que fizerem algum sentido para ele, que provoquem relaxamento. O app é uma zona de conforto, como gostamos de chamar.

Além da ajuda imediata, é possível fazer um histórico, por meio de registros com detalhes da crise que ocorreu. Passado o ataque de pânico, o Be Okay oferece a opção de preencher um formulário com hora, duração, local e sintomas. Essa ferramenta foi acrescentada com o objetivo de dar ao usuário a possibilidade de identificar quais são os gatilhos que o levam à crise e verificar qual a frequência que isso acontece.

— Todas as técnicas de auxílio são muito úteis no momento que você está tendo o ataque. Mas e depois? É aí que entra a parte de registros. Você tem um controle muito maior. E um dos pontos do nosso aplicativo é exercer esse controle sobre algo que afeta a sua vida como um todo — destaca Gabriella.

A partir de O Globo. Leia no original
Imagens : Divulgação 

SUICÍDIOS EM FAMÍLIA SÃO EXPLICADOS, EM PARTE, PELA GENÉTICA

7/30/2017
Getúlio Vargas (ao microfone) em cena do documentário "Imagens do Estado Novo"

Suicídios recorrentes na mesma família –como os do presidente Getúlio Vargas, de seu filho Manuel Antônio e, recentemente, de seu neto, também Getúlio – podem ser influenciados por um componente genético, dizem especialistas.

A relação entre esse aspecto hereditário e a decisão de pôr fim à própria vida, porém, é indireta, complicada e difícil de esmiuçar, sem nenhuma semelhança com uma suposta "maldição no DNA".

"Quando você olha de perto a questão, ela é sempre multifatorial", adverte o psiquiatra Carlos Cais, que é professor colaborador do departamento de psicologia médica e psiquiatria da Unicamp.

"Por mais sedutor que seja encontrar culpados, eles não existem", concorda Maila de Castro Neves, professora do Departamento de Saúde Mental da UFMG.

"É como a queda de um avião: em geral, ele cai por uma sequência de problemas. Essa coisa de dizer que o sujeito perdeu o emprego e por isso se matou, ou se matou porque estava com depressão, nunca conta a história toda", compara Cais.

Cerca de 90% dos casos de suicídio estão associados a algum tipo de transtorno mental, e é por essa via que os pesquisadores tentam elucidar a associação entre o ato e determinadas predisposições genéticas.


Numa análise de mais de 15 mil casos de suicídio, a ligação com transtornos mentais se mostrou comum

Em tais casos, a ideia é que variantes de determinados genes produzem problemas mentais e, de forma indireta, os sintomas desses problemas é que deixariam seus portadores mais vulneráveis a ideias suicidas.

A importância desse fator, porém, varia muito com o tipo de transtorno mental. Segundo Cais, o transtorno bipolar, seguido da esquizofrenia, parecem ter peso relativamente bem estabelecido no aparecimento de comportamentos suicidas. "Depois disso, os demais transtornos possuem uma força de evidência muito menor", diz.

Outra possível via pela qual os comportamentos suicidas se manifestam é a da impulsividade e agressividade mais elevadas, que não podem ser classificadas propriamente como doenças mentais, explica o psiquiatra.

Os métodos usados para investigar o tema do ponto de vista genético são, inicialmente, os que envolvem a comparação controlada de membros da mesma família.

O ideal seria estudar gêmeos idênticos separados no nascimento –cada um adotado por uma família diferente, por exemplo.

Numa situação como essa, embora os irmãos tenham basicamente o mesmo material genético, justamente por serem idênticos, o ambiente em que são criados é distinto, o que ajudaria a desemaranhar a influência da hereditariedade e o componente ambiental.

Também se pode comparar uma pessoa adotada com seus irmãos adotivos e seus irmãos de sangue (não gêmeos).

Se os irmãos idênticos ou os de sangue apresentarem uma propensão maior ao suicídio do que a de seus irmãos adotivos, mesmo que jamais tenham tido contato entre si, a tese de que há um componente genético ligado ao problema se fortalece. De fato, é o que algumas revisões da literatura científica sugerem.


Irmãos

Dados reunidos em 2008 por David Brent e Nadine Melhem, do Western Psychiatric Institute (EUA), por exemplo, indicam que o risco de um gêmeo idêntico cometer suicídio depois que seu irmão o fez é bem mais elevado do que o entre gêmeos fraternos (não idênticos): 15% versus 0,7%, respectivamente, e outras revisões apontam números semelhantes.

Em estudos de adoção compilados pelos mesmos pesquisadores, a probabilidade de que os irmãos biológicos de uma pessoa adotada que se suicidou também cometessem suicídio chegava a ser seis vezes maior do que a dos irmãos adotivos (em números absolutos, ainda assim a chance é baixa –a Organização Mundial da Saúde calcula que 11 em cada 100 mil pessoas morram por ano dessa maneira).

Maila cita um levantamento recente que aponta que a herdabilidade do comportamento suicida (ou seja, quanto da variação entre as pessoas nesse quesito pode ser atribuída a fatores hereditárias) seria de 43%. "Na minha opinião, é impossível e artificial separar a influência genética da ambiental."

A partir da Folha de S.Paulo. Leia no original

'SÍNDROME DO PÂNICO ME FEZ TER MAIS RESPEITO PELO SOFRIMENTO', DIZ PADRE FÁBIO

7/04/2017

Padre Fábio de Melo, famoso nas redes sociais por suas publicações divertidas e por ser amigo de celebridades como Evaristo Costa, Lucas Lucco e Alcione, deu detalhes sobre a síndrome do pânico, doença diagnosticada há dois anos e que voltou a se manifestar nos últimos dias.

"As vezes eu me pegava me escondendo debaixo da cama tamanho era o pavor que eu sentia", disse o religioso a Poliana Abritta, apresentadora do "Fantástico", da Globo –a entrevista foi ao ar neste domingo (20).

Segundo Melo, no auge da angústia, era à mãe a quem recorria. "Teve um dia que meu desespero era tão grande que eu não queria falar com outra pessoa que não fosse ela", disse.

"Eu sou o padre Fábio de Melo, eu tenho muita responsabilidade como o padre Fábio de Melo, mas eu continuo sendo o Fabinho da minha mãe", completou.

A doença, que afirma já está sendo tratada e acompanhada por especialistas, "abalou a sua fé" e o fez pensar em desistir da batina.

"Foram dias em que eu decidi tanta coisa rapidamente dentro de mim que pensei 'eu não quero mais ser padre, eu não tenho mais coragem de enfrentar as pessoas, eu não tenho mais condições de ser quem eu sou'."

Melo também afirmou que a doença o fez "mais confiante". "Retomei essa fé que me move. Eu acho que foi extremamente providencial eu ter vivido isso porque, se eu já tinha um respeito pelo sofrimento humano e pelo mistério que é o ser humano, hoje eu tenho muito mais".


OS SUICÍDAS, LIVRO DE ANTONIO DI BENEDETTO

5/22/2015
Antonio di Benedetto

Publicado pela primeira vez em 1969, o livro conta a história de um jornalista que, ao se aproximar de seu trigésimo terceiro aniversário, começa a recordar o suicídio do pai, que se matou justamente com essa idade. Para piorar a situação, o jornalista é incumbido de fazer uma reportagem justamente sobre suicidas. O livro, então, se desenvolve com a principal personagem caçando histórias de suicidas, visitando necrotérios e locais onde as pessoas tentam se suicidar e, até mesmo, testemunhando uma cena, descrita em ritmo quase vertiginoso, em que um rapaz ameaça saltar de um edifício. Como se não bastasse, o jornalista ainda precisa percorrer a literatura sobre os suicidas. 

O livro, assim, recolhe um grande número de citações da literatura, filosofia e ciências sociais, formando uma espécie de antologia irônica sobre o suicídio. Paralelamente, o jornalista recorda-se do pai e começa, sempre muito turvamente, a pensar no próprio suicídio. No dia do fatídico aniversário, a personagem principal acaba mergulhando em um torvelinho psicológico cuja conseqüência é completamente inesperada. 

O final do livro, tão surpreendente quanto sua estrutura formal, talvez deixe o leitor perplexo. Aliás, o engenho do autor se revela principalmente na capacidade de conseguir extrair sensações diferentes, como humor, ironia e perplexidade, de um tema não raro na literatura e muitas vezes trágico. Esquematizado em pequenos fragmentos, que conduzem a literatura a uma velocidade tão vertiginosa quanto a psicologia das personagens, a narrativa de fato reordena diversos tópicos literários: temos aqui um livro argentino que se passa na Europa, cuja trama reclassifica sua possível tragicidade em outros níveis, tudo por meio de uma estrutura inovadora e bastante diferente da que era praticada pelos pares latinos de Di Benedetto. 

O livro é traduzido por Maria Paula Gurgel Ribeiro, já experiente em trazer para o português autores argentinos, e conta ainda com um interessante prefácio do escritor Luis Gusmán, conterrâneo de Antonio Di Benedetto e uma das estrelas da atual ficção da Argentina. A Editora Globo publicará seus três romances principais – Los Suicidas, El Silenciero e Zama – e dois livros de contos. 

A organização da coleção é de Ana Cecília Olmos, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, especializada em literatura argentina. El Silenciero e Zama terão prefácio do escritor argentino de Juan José Saer. 

CRÍTICAS :  “O Brasil foi apresentado à sua obra somente no ano passado, com a tradução do singular Os suicidas (1969), romance que explora as diversas faces de seu tema, expresso no título: referências literárias, dados estatísticos, condenações religiosas, explicações filosóficas em torno do suicídio, obsessão pactual do narrador.” Elias Ribeiro Pinto, Diário do Pará, 9 jul. 2006, Caderno D.

Sobre o Autor

Antonio di Benedetto nasceu em Mendoza, Argentina, em 1922. Desde cedo exerceu o jornalismo e a partir da década de 195 passou a dividir seu tempo entre as redações e a literatura. Logo no primeiro dia da ditadura militar que assolou a Argentina a partir de março de 1976, foi preso, o que demonstra inequivocamente o prestígio que seu nome atingira. Depois de intensa movimentação de intelectuais no exterior, di Benedetto foi para o exílio. Em 1984, retornou à Argentina, vindo a falecer em Buenos Aires dois anos depois. Seu livro mais importante, Zama, recebeu, dentro outros, o prestigioso prêmio Itália-América Latina de Literatura. A obra de di Benedetto foi traduzida para, entre outros idiomas, o alemão, o francês, o italiano e o polonês.
 
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