Estudos & Pesquisas

Últimas Postagens

Mostrando postagens com marcador felicidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador felicidade. Mostrar todas as postagens

PESSOAS FELIZES REDUZEM RISCO DE MORTE

11/05/2011

Felicidade está ligada a processos biológicos e fatores comportamentais. Um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences revelou que a felicidade pode ser a chave para uma vida longa, ou pelo menos mais longa do que se teria sem ela. A análise foi liderada por um cientista da University College London, no Reino Unido.

NÃO TENHO A RECEITA DE SER FELIZ

8/29/2011
Não se preocupem: não vou dar, pois não tenho, receita de ser feliz. Não vou querer, pois não consigo, dar lição de coisa alguma. Decido escrever sobre esse tema tão gasto, tão vago, quase sem sentido, porque leio sobre felicidade. Recebo livros sobre felicidade. Vejo que, longe de ser objeto de certa ironia e atribuída somente a livros de autoajuda (hoje em dia o melhor meio de querer insultar um escritor é dizer que ele escreve autoajuda), ela serve para análises filosóficas, psicanalíticas. Parece que existe até um movimento bobo para que a felicidade seja um direito do ser humano, oficializado, como casa, comida, dignidade, educação.

NÃO SE PREOCUPE, SEJA FELIZ

8/06/2011

É dele o hino para combater qualquer depressão, "Don't Worry Be Happy". Uma canção que transborda felicidade e boas energias. Basta assoviar a introdução que uma boa sensação emana pelo corpo. Mas nem mesmo seu autor está sempre sorridente. Ou despreocupado. O jazzista inglês, radicado em Nova York, Bobby McFerrin, de 61 anos, nem sempre está de bom humor. "Não tem ser humano que seja feliz sempre", disse McFerrin em entrevista recente.

O QUE SINTO TRAGO DESDE A INFÂNCIA

1/10/2011
"Pode ser inacreditável ver uma adolescente de 16 anos querendo morrer. Eu tava em uma das minhas depressões quando digitei no google, sem esperança de encontrar algo proveitoso, "QUERO MORRER" ! Pode ter sido por acaso, ou não.

O que sinto em mim trago desde a infância, quando vi as brigas horriveis de meus pais, pelas quais se separaram. Fui arrancada da minha mãe aos 6 anos pra morar com o pai que batia em minha mãe, e não a tive em meus momentos mais importantes.

Hoje, eu sofro e não a tenho ao meu lado para consolar-me. Meu pai não serve nem para dar um bom dia. Ele me sustenta, colégio bom, casa boa, comida. Não reclamei nunca. Mas eu prefiro catar lixo e ser feliz do que viver nesse inferno de dinheiro no qual vive minha familia. Não é a toa que a familia inteira é desestruturada.

Me sinto feia, despercebida, um verdadeiro patinho feio na frente de todos. Não sei se alguém vai ler isso, porque até eu mesma não li os outros depoimentos, mas confesso que não estava em um bom momento. Não sei o que é receber amor, a não ser de um namorado que eu tenho, e que na verdade, eu nem amo.

Enquanto ao meu pai, imagine uma filha repleta de medo do pai. Pois sou eu. Medo, angustia, insegurança, tudo isso me invade quando preciso lhe pedir algo, porque sei que o não é eterno. Uns dizem que ele me quer pra ele, outros dizem que é ciúmes, pois pareço demasiadamente com minha mãe, e ele foi deixado por ela, já que não aguentava mais apanhar. E eu apanhei, até essa tal Lei da Palmada surgir eu provei das mãos grossas e fortes de um homem que hora era o pai protetor, ora era o bicho papão do meu armário. Eu conto os dias pra minha maior idade, para só assim poder ir embora e morar com minha mãe, a única pessoa que poderá um dia me dar amor verdadeiro, reciprocamente. Ela faz falta :/ "

J.L.F.
Depoimento - Comunidade Q.M.

SOMOS PREDISPOSTOS A SER FELIZES

12/02/2010
David Lykken acredita em um componente genético para a felicidade. Para ele, todos nós somos predispostos a sermos felizes.'Ao longo da evolução de nossa espécie, parece provável que os tristes e rabugentos tivessem uma probabilidade menor de sobreviver por tempo suficiente para procriarem e, caso sobrevivessem, teriam desempenho inferior no jogo do acasalamento', opina Lykken.

Para comprovar sua teoria, o cientista realizou diversas pesquisas com irmãos gêmeos. Selecionou pares que foram criados pela mesma família e gêmeos separados no nascimento, que só se conheceram depois de adultos. Estudou gêmeos monozigóticos (idênticos, nascidos do mesmo óvulo e que possuem a mesma carga genética) e dizigóticos (nascidos de óvulos distintos, compartilham cerca de metade de seus genes). Lykken fez descobertas fascinantes. Entre elas, a de que gêmeos monozigóticos criados em famílias diferentes desenvolvem uma personalidade muito parecida. Ele cita como traços psicológicos que possuem alto grau de hereditariedade o QI, a extroversão, a tendência neurótica, o talento musical, a criatividade, os interesses científicos, a religiosidade, o autoritarismo e, até, a felicidade.

* * *

A produção da dopamina na região conhecida como substância negra é estimulada por situações prazerosas como comer ou fazer sexo A dopamina é liberada pelo nucleus accumbens, e deposita-se nos terminais dos neurônios Os neurônios liberam a dopamina, ligando-se aos receptores de células adjacentes, estabelecendo as sinapses para transportar sinais elétricos Os impulsos elétricos são transformados em sensação de bem-estar no córtex cerebral
* * *
1- Nucleus accubens
2- Substância negra
3- Neurônios
4- Eixo do neurônio 5- Liberação de dopamina
6- Giro cíngulo
7- Amídala
8- Hipocampo
Fonte: Dr. Ricardo Alberto Moreno, Hospital das Clínicas

* * *
Adaptação
Para Lykken, a seleção natural nos deu a capacidade de experimentar a felicidade não por generosidade, mas para que ela seja o estímulo que nos faz ter um comportamento construtivo, adaptando-nos ao nosso meio ambiente para sobrevivermos, para termos filhos e criá-los com segurança e saúde.

E a boa saúde depende também, em parte, da nossa disposição. Pessoas mais otimistas e satisfeitas com a vida são mais saudáveis, têm sistema imunológico mais forte, são menos propensas a ficarem doentes, e quando adoecem, recuperam-se mais rápido. 'O grau de satisfação melhora e estimula as condições físicas, a forma como o organismo está preparado para enfrentar o dia-a-dia', opina o psiquiatra Ricardo Alberto Moreno, coordenador geral do Gruda - Grupo de Estudos de Doenças Afetivas - do Hospital das Clínicas. Até o riso entra nesse jogo.

* * *
Injeção de ânimo
Baseado em 'A Mulher que Chora',
de Pablo Picasso
Além do riso fazer bem para a circulação do sangue no coração e o otimismo ajudar a fortalecer o sistema imunológico, especialistas são unânimes ao afirmar que pessoas mais felizes respondem melhor a tratamentos médicos. O Projeto Felicidade, sediado em São Paulo, é uma mostra disso. Sua missão: alegrar crianças portadoras de câncer e desenvolver sua auto-estima. Durante uma semana, as crianças enfermas, junto com um responsável e um irmão, hospedam-se em bons hotéis e têm uma programação intensa de lazer e atividades de integração. Ao retornarem para suas casas, continuam em contato com os voluntários do projeto por meio de cartas, e, caso morem próximos à cidade, recebem visitas em seus aniversários. Apesar de ainda não terem realizado nenhuma pesquisa científica que prove os efeitos na saúde das crianças, os médicos dizem em coro que os pacientes que passaram pelo projeto voltam mudados: mais afetivos, mais interessados, com mais ânsia de viver. E menos resistente aos tratamentos. 'As crianças chegam aqui sérias, sentindo dores, às vezes com febre. No final da semana, já estão muito mais dispostas', conta a diretora do projeto Flávia Bochernitsan.
* * *
O melhor remédio
Estudo divulgado por Michael Miller, da Universidade de Maryland, provou que, enquanto a depressão afeta negativamente todo o organismo, aumentando principalmente o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, quando rimos ocorre uma descontração no endotélio, fazendo o sangue fluir mais livremente, semelhante ao que acontece com a prática de atividade física intensa. O endotélio é o tecido que cobre a parte interna dos vasos sanguíneos, e é onde geralmente se iniciam doenças como aterosclerose, que se caracteriza pelo endurecimento das artérias. 'O riso combate o estresse e tira a mente de um estado negativo', conta o psicólogo Michael Mercer. 'Acredito que, quando rimos, tiramos o foco da preocupação, é uma boa maneira de modificar o modo como você está pensando e sentindo. É realmente o melhor remédio', defende.

'Não se conhece nenhuma civilização que não tenha o riso incorporado entre seus membros. Certamente o riso é inato, vem agregado no nosso código genético', acredita o neurologista Edson Amâncio, médico do Hospital Albert Einstein.

Circuito do riso
Ele conta o estranho caso da mulher que morreu de rir. Ocorreu com uma bibliotecária da Filadélfia que teve um súbito ataque de riso que se seguiu uma intensa dor de cabeça. Começou a rir e não parava mais. Levada a um hospital, entrou em coma poucas horas depois. Ela apresentou uma hemorragia cerebral: o sangue invadiu o terceiro ventrículo e comprimiu várias estruturas na base do cérebro. Em outro caso citado por Amâncio e publicado na revista científica 'Nature', uma paciente sob neurocirurgia com anestesia local teve uma crise de riso quando o eletrodo que mapeava as áreas cerebrais que deveriam ser operadas para curá-la de uma epilepsia tocou determinada região nos lobos frontais. 'Esses casos nos trouxeram a conclusão óbvia de que as áreas responsáveis pelo riso estão situadas no sistema límbico, um conjunto de estruturas que regulam nossas emoções. Isso nos faz supor que há no cérebro um 'circuito do riso'. Saber que há um circuito para o riso não nos dá a resposta da sua finalidade, da mesma forma que o bocejo e o prazer sexual. Provavelmente nossos ancestrais que adquiriram o riso se beneficiaram disso e ele deve ter tido um papel importante, de alguma forma contribuiu para a manutenção da espécie', acredita Amâncio.

Anatomia da felicidade
Existem três regiões importantes pela modulação do estado de humor no cérebro, pertencentes ao sistema límbico: o giro cíngulo, a amídala e o hipocampo, que concentram a produção de substâncias como a noradrenalina ou norepidefrina, a serotonina e a dopamina. Elas interagem modulando várias funções do nosso organismo: energia, interesse, impulsividade e ansiedade, por exemplo, mas todas são responsáveis por modular o humor, as emoções e a cognição (tudo que se refere à capacidade de adquirir conhecimento: memória, concentração, raciocínio, abstração, inteligência). O humor é o estado mais primário, implica na capacidade de mudar nossos afetos para o pólo da alegria e tristeza. Essa polarização também é responsável pelos sentimentos. Dos neurotransmissores, a dopamina é o que mais dá sensação de bem-estar. Está também relacionada com substância como cocaína e anfetamina, drogas que provocam sensação de euforia. É um efeito bifásico, já que depois de euforia pode haver esgotamento de dopamina, causando graves estados de depressão em usuários crônicos. A parte do cérebro mais estudada quando o assunto é felicidade é o córtex pré-frontal, região mais externa do cérebro, já que é onde ocorre maior convergência das vias de serotonina, norepinefrina e dopamina. 'Quando um indivíduo tem emoções positivas, o afluxo na região pré-frontal é muito grande', explica Ricardo Moreno.

* * *
Ditado Esperto
Baseado na obra 'O Filho do homem',
de René Magritte
Não é só uma frase conformista: dinheiro, de fato, não traz felicidade. Desde que uma pessoa tenha suas necessidades básicas atendidas, um bolso recheado não traz felicidade por si só. Uma pessoa pessimista, que não se valoriza, não conhece suas próprias necessidades e tem relações tumultuadas com outras pessoas dificilmente será feliz, mesmo que seja milionária. O psicólogo Martin Seligman mostra que o poder geral de compra do país e a satisfação com a vida caminham na mesma direção. Porém, assim que o Produto Interno Bruto atinge e excede 8.000 dólares por pessoa, essa correlação desaparece. 'Os suíços ricos são mais felizes que os búlgaros pobres, mas a riqueza tem pouca importância quando se trata de um cidadão da Irlanda, Itália, Noruega ou Estados Unidos', conta Seligman.

Memória seletiva
Tente se lembrar dos últimos acontecimentos da sua vida. Quais prevalecem, os positivos ou os negativos?Se você pensou em mais eventos agradáveis, ou você realmente passou por mais momentos bons que ruins, ou seu cérebro se lembra melhor dos positivos. Pesquisa da Universidade Estadual de Winston-Salem mostra que as lembranças boas tendem a permanecer durante mais tempo em nossa memória. Isso relaciona-se com um processo conhecido por minimização. Para voltar aos nossos níveis normais de felicidade, temos a tendência de minimizar o impactos dos acontecimentos. Isso acontece biológica, cognitiva e socialmente, e esse processo é mais acentuado em relação às experiências negativas.
* * *
Pet terapia

A felicidade que vem de relacionamentos bem desenvolvidos não ocorre somente de ser humano para ser humano. Quem tem um animal de estimação sabe muito bem como esses seres podem alegrar nossas vidas. E não é só do ponto de vista psicológico. Um estudo da Universidade Estadual de Nova York mostrou que a convivência com mascotes ajuda a baixar a pressão e acalmar. Karen Allen, autora da pesquisa, acredita que as pessoas sentem-se menos nervosas na presença dos animais porque eles não as julgam. Ter um animal de estimação ainda ajuda a diminuir o colesterol, aumentar as chances de recuperação após um ataque cardíaco e diminuir a solidão e sentimentos depressivos.

Aqui no Brasil, uma experiência iniciada em março do ano passado comprova os benefícios da convivência com animais. Uma vez por semana, Ventus e Barney visitam o Centro de Referência para os Portadores da Doença de Alzheimer, que funciona no Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília. Não, eles não são médicos. São cães-terapeutas. No centro, os pacientes brincam com eles, os acariciam e conversam com suas donas. Isso ajuda os idosos a ativar a memória recente, a mais afetada pela doença, além de melhorar o humor e estimular o contato físico. Ao jogar bolinhas para os cachorros, os idosos fazem exercícios físicos leves, de forma lúdica e divertida. Os participantes são estimulados a memorizar os nomes e cores dos cães, assim como relembrar passagens da vida despertadas pela presença do animal. O resultado: o humor e a atenção de todos melhoraram. Idosos antes calados passaram a conversar mais, melhorando até mesmo a relação com a família.

Felicidade sem culpa

Para o neurologista e psicoterapeuta Paulo de Mello, feliz é aquele que sabe encontrar oportunidades onde poucos encontrariam, mesmo nos momentos de tristeza. Afinal, é normal uma pessoa sentir-se triste diante de algum acontecimento desagradável. 'Tudo se resume em buscar relações de amor consigo mesmo, com os outros e com o mundo, buscar a verdade, ou seja, o fato como se apresenta e o perdão verdadeiro, desenvolvendo defesas psicológicas maduras para que possamos eliminar o sofrimento. A felicidade pode, sem dúvida, ser o resultado do desenvolvimento de uma maior tolerância às frustrações, maior habilidade em reparar os estragos que possamos ter causado em nossas vidas ou na vida de outros e sobretudo pela coragem de sermos nós mesmos a despeito de quem quer que seja', conclui.

Saiba mais

• 'Felicidade Autêntica', Martin Seligman. Ed. Objetiva. 2002
• 'Felicidade', David Lykken. Ed. Objetiva. 1999
• 'Happiness', Richard Layard. Penguin. 2005
Para navegar
• Ed Diener, www.psych.uiuc.edu/~ediener
• Arquivo Mundial da Felicidade, www.eur.nl/fsw/research/happiness
• Projeto Felicidade, www.felicidade.org.br


Imagens: Galileu e darkchacal (Flickr)
A partir da revista Galileu ( n.165-abril/2005). Leia no original

FELICIDADE DEPENDE DA MANEIRA DE ENCARAR A VIDA

12/01/2010
O que têm em comum mulheres e homens, negros e brancos, ricos e pobres, jovens e idosos? Segundo muitos cientistas, a possibilidade de serem felizes e atingir satisfação na vida, não importa em qual situação se encontrem. Personalidade, relações pessoais, carreira, renda, cultura, religiosidade, ambiente, são muitos os fatores que influenciam nosso nível de felicidade. Ao longo dos últimos anos, psicólogos e neurologistas vêm fazendo importantes descobertas sobre o que é e como funciona nossa felicidade. E as idéias que vêm surgindo corroboram pesquisas anteriores e acrescentam novas descobertas, que podem ser resumidas da seguinte maneira: a felicidade depende muito mais da maneira como encaramos os fatos da vida do que de fatores externos.

'Para mim felicidade é um estado físico, psíquico e psicossocial. É um estado de bem-estar e resultado do amadurecimento e do desenvolvimento pessoal', opina o neurologista Paulo de Mello, mestre em psicologia da saúde pela Umesp e professor associado da Unifesp. Para ele, a felicidade é um estado recorrente, que vai e volta, e é formado de momentos de saciedade e satisfação. É um sentimento, não uma emoção. A emoção (ex.: alegria) é mais passageira, já o sentimento felicidade é mais duradouro e depende de mecanismos neurais mais complexos.

É claro que o que nos torna ou não felizes depende também da cultura na qual fomos criados. 'Na medida em que os autoconceitos variam conforme a cultura, é de se esperar que a relação entre a personalidade e o bem-estar subjetivo varie também', explica o psicólogo Ed Diener, da Universidade de Illinois, conhecido como 'Dr. Felicidade' por ser um dos maiores estudiosos do assunto. Ele esclarece que, apesar da auto-estima ser freqüentemente correlacionada com a satisfação de vida, essa característica parece não ser tão essencial em meio a culturas coletivistas. 'No Japão, uma tendência autocrítica pode ser valorizada como uma maneira de melhorar a habilidade de uma pessoa conhecer suas obrigações sociais', afirma Diener.

Pesquisa realizada pelo psicólogo Kennon Sheldon, da Universidade de Missouri-Columbia, com estudantes universitários norte-americanos e sul-coreanos, mostrou que os valores mais importantes para atingir a felicidade em ambos os grupos são auto-estima, autonomia, competência e relações pessoais. O que muda é a ordem de importância desses fatores em culturas tão distintas. 'A Coréia do Sul é uma cultura coletivista, na qual o indivíduo tende a ser menos importante do que o grupo, e as relações com outras pessoas são mais importantes do que a auto-estima', descreve Sheldon. Porém, a auto-estima vem em segundo lugar para os coreanos. Na opinião do pesquisador, talvez isso aconteça porque a geração mais nova seja mais ocidentalizada do que seus pais e outras pessoas mais velhas.

Felizes para sempre?
Assim como para os orientais, as relações pessoais saudáveis são apontadas pelos especialistas como fundamentais para a busca pela felicidade. Alguns estudos mostram que pessoas casadas costumam ser mais felizes do que os solteiros. A explicação para esse fenômeno varia entre os especialistas. Alguns acreditam que o resultado se deve ao fato de que o casamento traz uma intimidade muito grande, e a certeza de que pode contar com o outro, aumentando assim o otimismo e a sensação de bem-estar. Outros, como Ed Diener, acham que pessoas que já são felizes quando solteiras têm maior probabilidade de se casar e se manterem casadas. O psicólogo realizou um estudo que mostrou que o casamento aumenta o nível de felicidade dos noivos em um primeiro momento, mas com o tempo costumam voltar ao nível de antes do casamento.

* * *
Espelho meu
A opinião que os outros têm sobre nós influencia nossa auto-estima e conseqüentemente nosso nível de felicidade. Como é de se esperar, pessoas com auto-estima alta são mais felizes. Estudo da Universidade Estadual de Ohio com universitários mostrou que os estudantes muito estimados por seus colegas de quarto são mais felizes e mais saudáveis do que os pouco apreciados. 'A falta de uma interação social pode criar estresse emocional', acredita o professor de psicologia Brad Schmidt. 'Quando uma pessoa é julgada desfavoravelmente, ela aceita ou rejeita essa opinião', explica Schmidt. A aceitação pode levar à depressão, enquanto a rejeição leva à raiva e até à agressão física.
* * *
Busca sem fim

O fato de as pessoas sentirem-se eufóricas com eventos extremamente felizes, como um casamento, e voltarem depois de um tempo ao nível de felicidade de antes não surpreende.

O sucesso profissional traz felicidade? Sim, é claro, mas a satisfação alcançada por um trabalho bem-feito não dura para sempre. Se o sucesso profissional trouxesse um sentimento de satisfação permanentemente, iríamos nos acomodar e deixar de buscar novos desafios. Isso acontece com fatos desagradáveis também. Se para você a frase 'o tempo cura tudo' parece complacente demais e típica daqueles que nunca sofreram um baque como a perda de um ente querido, saiba que, do ponto de vista psicológico, ela é inteiramente verdadeira. O ser humano tem a capacidade biológica de adaptar-se às condições mais adversas possíveis. 'Pela acomodação tanto à adversidade quanto à boa fortuna, continuamos mais produtivos, mais adaptáveis às circunstâncias e com maior probabilidade de ter uma prole viável', acredita o psicólogo David Lykken.

Porém, essa não é uma resposta definitiva para a função da felicidade. 'Emoções negativas - medo, tristeza e raiva - são nossa linha de frente da defesa contra ameaças externas. É estranho, entretanto, que não haja idéias aceitas acerca da razão das nossas emoções positivas', opina o psicólogo Martin Seligman, o principal divulgador da Psicologia Positiva, que prefere estudar a saúde mental em vez da doença mental.

* * *
Novos padrões
Hoje a felicidade está associada a coisas padronizadas, mas o ser humano é singular', acredita a psicóloga Alessandra Turton. A maioria das pessoas parece pensar que só serão felizes se seguirem o modelo consagrado de família ideal, com um pai, uma mãe e filhos. A realidade é diferente. Há casais que não estão preparados - e talvez nunca estejam - para ter filhos, por exemplo. No entanto, podemos apostar que devem sofrer pressão da família e dos amigos para que proliferem a espécie humana. Outros casais, por exemplo, preferem viver em casas separadas. Sem falar nos casais homossexuais, que ainda sofrem preconceito e dificuldades para adotar filhos. Além da pressão para seguir padrões, Alessandra aponta a chamada liberdade sexual que encontramos nos dias de hoje como uma possível fonte de angústia em vez de prazer, principalmente para as mulheres, que durante longo tempo foram muito reprimidas. As pessoas parecem não ter muita paciência para se conhecerem e descobrirem o outro, e isso pode até levar a problemas como a anorgasmia (incapacidade de atingir o orgasmo nas mulheres). 'Felicidade tem muito a ver com sexualidade bem resolvida', opina Alessandra.


Imagens: Galileu e por darkchacal (Flickr)
A partir da revista Galileu ( n.165-abril/2005). Leia no original

SOU 'FELIZ', MAS SÓ PENSO EM MORRER

11/09/2010
"Há cerca de um ano que venho me sentindo completamente estranho, com um vazio no peito, perdi completamente a vontade de viver, o tempo pra mim parece que nao está passando, estou completamente desmotivado de tudo. Tenho um filho de 1 ano e 5 meses. Ele é lindo, inteligente mas nem mesmo com ele estou conseguindo alegrar minha vida, estou fazendo pós graduação mas praticamente não irei conseguir concluir pois estou faltando muito, e tudo isto por esta angústia que estou sentindo e que nem sei de onde vem. Minha esposa é completamente dedicada a mim e não estou conseguindo retribuir o amor que ela me passa, pois a única vontade que passando em meu coração é de morrer.

Hoje parece que está pior. Não sei o que fazer. Estou desesperado e toda hora me vem na cabeça de pegar meu carro e, em alta velocidade, me jogar em muro, carreta ou sei lá o que.

Sei que pode até parecer bobeira mas realmente não sei o que fazer, pois sei que várias pessoas tem motivos para o suicídio, mas eu não tenho. Só que a vontade não sai de minha cabeça e do meu coração.

Espero que entendam este meu desabafo, pois aqui é o único lugar que acho que posso me abrir sem ter que me preocupar que caia no ouvido de minha esposa. Não sei até quando mais vou aguentar".

* * *

Quando criança, um livro me cativou, "O Profeta, de Gibran" .Li várias vezes, cada vez mais maravilhada e seria pouco dizer que este livro moldou boa parte do que sou hoje, muito mais do que a Religião, e me clareou um pouco a idéia do que é ser.

Quando procurava respostas pensava em algo pronto e imutável... ah... quão tola eu era... 

Assim como nada pode ser definido, pois se limita e se empobrece, também nós, seres em movimento, não podemos nos reduzir à qualidades, defeitos, somos todos produtos de nossas experiências, conhecimentos, desejos... medos... dúvidas! Quero ser sempre um ser cheio de dúvidas, mas ter argumentos esboçados sobre estas dúvidas. Se sou algo sou um ser em constante transformação e desordem, sou um ser vivo neste momento, mas não para sempre. Sou um ser em busca de atenção, sou um ser ignorante e aprendiz. O sentido de minha vida não é apenas passar por ela ou despedir-me dela precocemente..  Os anos passam rápido demais e quero dormir em paz todos os dias, embora com mil problemas para serem resolvidos. 

Quero contribuir e ser lembrada. Não tenho mais a pretenção de viver para sempre, mas sei que não quero morrer agora. Minha vida tem sentido sinto os sabores, escolho, grito, escuto, escrevo, me dou uma chance todos os dias, embora nem todos os dias o sol nasça para mim. 

Comentário de Ana Paula Barros 

 
Copyright © QUERO MORRER. . OddThemes